O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 3
Capítulo 3 - Operação: Conhecer Mateus


Notas iniciais do capítulo

*Cara, esse capítulo foi meio ruim de escrever, eu sou completamente ao contrário da Alex,mas eu gostei de escrever, foi um lado de mim que eu não conhecia, cara, que reflexivo....



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Capítulo 3 –

 

Operação: Conhecer Mateus.

 

 

 

   Levantei-me anormalmente cedo pra um sábado sem aula, mas eu não conseguia pegar no sono de novo, eu me mexia pra todo lado, mas não deu certo, eu estava esperta, eu estava anormal, tomei meu banho e vesti um pijama com uma calça longa, branca com listras pretas, e uma camisa preta, que eu adoro passar os sábados de manhã. Saí do meu quarto, tinha um bilhete na mesa.

 

“Querida,

Eu fui trabalhar hoje, meu chefe está me pressionando com a matéria do acidente de carro, não se preocupe, eu vou chegar de tarde.

Beijos,

Sua Mãe.”

Amassei o bilhete, é claro que ela estava mentindo pra mim, ela tinha ido passar a manhã na casa do inseto em forma de gente, não é que eu desconfie da minha própria mãe, mas isso é típico dela, passar a manhã de sábado trabalhando não é dela, eu puxei essa preguiça de me levantar dela mesmo. Comi meus cereais ao leite, porque nem fritar um ovo eu sabia, eu odiava isso, o cereal ficava mole e nojento, mais não tinha outra coisa pra comer. Peguei minha guitarra, meu caderno de letras de músicas e fui até o jardim. O sol estava fraco, não daqueles de torrar a cabeça, mais aqueles só de iluminar o dia, o que eu adoro. Sentei no chão do meu jardim  e comecei a tocar uma música que eu mesma escrevi, testando pra ver como ficava.

 

Sentada, no meu quarto.

Sem nenhuma diversão,

Sem fazer nada,

Só perdendo meu tempo.

 

Pensando na vida,

Ou cantarolando minha música favorita

Que passa direto na televisão.

 

O que uma garota tem pra fazer,

Que não é apaixonada por ninguém

Esse ninguém, não pode

Te beijar loucamente,

Abraçar num aperto quente.

Me diga, o que uma garota desapaixonada faz?

 

   Suspirei, fechando os olhos. Ouvi aplausos, peraí...  Aplausos? . Abri os olhos, do outro lado do rio de tijolos, estava Mateus me aplaudindo, eu corei, de novo, eu não era disso. Ele atravessou o rio e veio até o meu quintal.

- Legal sua música – Ele sorriu pra mim, lindo.

- Obrigado – Eu sussurrei

Ele sentou no chão a minha frente e pegou meu caderno cheio de rabiscos. Joguei-me em cima dele pegando o caderno de volta dando a língua.

- Que foi? – Ele olhou pra mim confuso, mas com um sorriso na cara.

- Você não pode ver, é confidencial meu caro. – Senti o impulso de dar língua mais uma vez, mais não deixei.

- Alex, olhe aquilo – Ele disse apontando pra casa dele

Eu de burra e besta olhei, e ele pegou meu caderno enquanto eu estava distraída, que merda! Ele sai correndo pelo jardim igual quando o ladrão rouba o doce da criancinha, mais eu não sou criancinha! Saí correndo atrás dele, igual a gato e rato a gente ia correndo. Eu parei, de joelhos arfando, eu não tinha essa resistência pra correr.

- Merda! Me dá o meu caderno Mateus – Merda,eu falei um palavrão pra ele

Ele parou na minha frente com um sorriso malicioso na cara.

- Divertido não? –Ele disse orgulhoso de si mesmo

- Divertido é isso. – Pulei em cima dele igual a uma gata subindo num muro alto rindo.

Peguei de volta o meu caderno e me sentei em cima dele, é eu sou do mal. Mateus ficou olhando pra mim, ainda deitado no chão e depois se sentou.

- Você tem vergonha é? Das suas letras, Alexandra?

Isso me fez pensar um pouco.

-Não – Respondi firmemente

- Então porque não deixa ler?

- Bom, você não pediu permissão. – Eu sorri

Ele ficou de joelhos, como alguém pede uma mulher em casamento, tremi por dentro.

- Senhorita Alexandra. ... – Ele hesitou -  Sei lá mais o quê, me deixa olhar seu caderno?

Eu ri e assenti, entregando o caderno.

Ele deu um riso abafado e olhou o caderno por um bom tempo, e eu? Eu fiquei roendo minhas unhas pretas com expectativa como um aluno esperando que o professor corrija sua prova. O vi arregalar os olhos no papel, eu roí mais, o meu estoque de unhas estava acabando.

- Nunca se apaixonou? – Ele falou com os olhos ainda no caderno.

- Nunca – Sussurrei, coçando o meu braço, nervosa.

- MATEUS, vem almoçar – Era a avó dele chamando pra comer, tirando a gente do transe e eu de uma situação difícil

- Eu já estou indo – Ele sussurrou se levando, e indo pra casa dele e eu fiquei olhando

Depois dele não estar mais visível, eu me levantei apanhando o meu caderno e pegando minha guitarra no canto e levei as coisas de volta pro meu quarto e fui fazer meu miojo na cozinha. Comi devagar, sem sentir direito o gosto, pensando em algumas coisas. Depois de passar um tempo assistindo TV, finalmente minha mãe chegou a casa. E como sempre, saltitante e feliz, era sempre assim depois dos encontros com o inseto em forma de gente.

- Você não pense que com a queda do muro, você se livrou do castigo mocinha – Minha mãe disse passando pela porta.

- À qual é mãe? Eu só estava escutando música! – Eu me rebelei me levantando do sofá.

- VOCÊ ESTAVA É TENTANDO EXPULSAR O GABRIEL DE CASA! – Ela gritou.

- EU ESTAVA NA VERDADE TE FAZENDO UM FAVOR, AQUELE INSETO SÓ QUER É SUGAR NOSSO DINHEIRO! NOSSO NÃO, DO PAPAI!

- ELE ME AMA, ELE NÃO É INTERESSEIRO!

- Sabe mãe? Você não se enxerga pra ver como está iludida por essa doença chamada de amor platônico, isso é uma DOENÇA!

Bati a porta do meu quarto, me trancando. Ouvi minha mãe chorar do outro lado da porta, tive vontade de voltar lá pra consolar ela, mais eu estava com meus hormônios pra fora nesse momento, acabei sentando no chão, chorando também. Como minha mãe podia ficar tão iludida? A sim... O amor que sentia pro ele. Aquele homem nem olha pra minha cara, nem pra a da minha mãe, olha a carteira dela e o prazer sexual de si próprio. Ele é igual aquele pilantra que eu vi em “Caminho das Índias”, pois é. Tomei um banho pra me acalmar, e meus hormônios de adolescente também. Coloquei meu pijama confortável, apesar de ainda ser de tarde, passei o resto do dia no refúgio do meu quarto, escrevendo músicas, tocando minha guitarra, adormeci na minha cama, com o mp4 tocando KISS nos meus ouvidos.


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Notas finais do capítulo

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