Acordei com o sol irritante no meu rosto, revelando mais um dia chegando à droga do Ceará, me virei e coloquei o meu outro travesseiro no meu rosto, ignorando o sol.

- Alexandra! – Grita minha mãe atrás da minha porta trancada, porque antes que ela jogava água no meu rosto.

Ignorei.

- Alexandra, eu vou chamar os bombeiros de novo! – Isso mesmo, ela já fez isso comigo.

- Eu não vou à aula hoje, mãe! – Gritei com minha voz totalmente rouca

- Pode me explicar o porquê, senhorita?

O porquê? Assim, eu fiquei até uma hora da manhã baixando música do meu notebook ilegalmente.

- Eu to doente, não ta vendo minha voz rouca?

- Aham, eu vou cair nessa Alex, você sempre teve essa voz rouca.

Credo, que droga de mundo.

- Tá bom, eu já estou em pé, você venceu mãe. - Me rendi

Tirei meu pijama, coloquei no monte de roupa suja e vesti a farda horrível do colégio, mas com a calça jeans, eu vou inventar qualquer desculpa mesmo. Meu cabelo, bom, ele de todo jeito parecia uma bucha, eu não vou me esquentar com isso agora. Molhei meu rosto na pia do meu banheiro, meu rosto estava cheia de olheiras, coisa que já estava virando permanente.  Peguei meu mp4 encostado perto do meu notebook e coloquei pra tocar bem alto, me preparando para mais um dia de aula chata, peguei minha mochila e saí do meu quarto.

 Minha mãe estava na cozinha, preparando uns ovos, já vestida pro seu trabalho. Comemos o silencioso o café da manhã, eu estava atrasada pro colégio. Levantei-me sobressaltada, eu já ia perder a primeira aula. Dei minha ultima mordida no sanduíche e saí apressada da cozinha.

- Tchau pra você também – Minha mãe gritou

Ignorei de novo, peguei minha bicicleta e abri o portão. Na corrida de bicicleta até a escola, eu só podia pensar no quanto eu estou lascada, pessoas me xingavam por trás, mais não liguei, continuei pedalando rápido, com uma música barulhenta no meu ouvido. O sol estava esquentando minha cabeça até demais. Cheguei ao velho portão da escola. Coloquei minha bicicleta no canto das bicicletas, sei lá, e prendi-a com o cadeado.  Passei pela coordenadora correndo e ela gritando no fundo, entrei na sala e me sentei na cadeira mais perto, eu nem preciso comentar sobre a cara feia do professor.

- Bom, antes de a senhorita Atrasada chegar à sala, estava falando como... – Ele começou e eu parei de ouvir.

Fiquei rascunhando umas letras minhas novas sem sentido no meu caderno quando de repente tocou pro recreio. Fechei meu caderno e me levantei da cadeira. Sabrina tampou minha visão da porta.

- Por que você atrasou? De novo? – Ela falou com o Leo atrás dela, me observando.

- Nada demais – Eu falei rabugenta.

- Eu nem quero saber o que você andou fazendo na internet até 2:00 da manhã -  Ela deu ombros

 Como ela adivinhou da internet? Dei ombros também. Fui os três pra fila do longe, bom, eu fui, porque o casalzinho ficou de mãos dadas e de risadinhas melosas, era melhor quando eles brigavam. Aguardei impaciente na fila enorme de sempre do recreio, pedi minha lata de coca cola e os outros dois pegaram o seu lanche também. Sentamos numa mesa, peguei meu mp4 de novo e me distrai com o rock pesado enquanto o casal se beijava loucamente, de maneira super nojenta, o amor nos torna tão lúcido, eca. O recreio acabou e subimos pra sala, agüentar mais duas aulas de química, meu deus, alguém tem um travesseiro aí?  Depois de das duas aulas torturantes, finalmente tocou de fim a mais de um dia de aula. Sem fazer muita cerimônia, peguei minha bicicleta com o meu mp4 descarregado, quase jogo ele no lixo por impulso. Então eu me concentrei mais no chão e a velocidade que eu pedalava. Cheguei em casa primeiro do que minha mãe, o que é inesperado, ela deve ter saído pra almoçar com seu namorado nojento que ver? Eu mal cheguei e o telefone tocando.

- Alô?

- Alex, eu não vou almoçar em casa hoje, vou num restaurante com o Biel.

- Ai mãe, quando você vai se tocar que esse homem não presta?

Ela desligou o telefone, coisa mais esperada do mundo, coloquei o telefone na base. Cara, mamãe não consegue enxergar que aquele cara não presta, ele só está interessado no dinheiro, ta na cara! Depois, eu que eu não avisei! Hum, mais nada impede deles ficarem gemendo no quarto de mamãe que é logo ao lado do meu, o amor é uma coisa nojenta, uma doença, igual aquela que atingiu os meus dois melhores amigos. Eu tenho saudades do meu pai, que agora mora em São Paulo, longe daqui, parece que passou 2 anos em vez de dois meses e minha mãe já arrumou um namorado! Uma coisa que eu nunca vou é me apaixonar, nem quero imaginar isso. Fui tomar banho e vesti meu short escuro com minha camiseta dos Gun’s Roses, num rabo de cavalo, esse é o estilo mais normal que eu posso ter, revirei meus olhos no espelho do banheiro. Minha guitarra estava encostada na parede, vermelha e brilhante, me convidando a tocar um pouco. Sorri e peguei ela e toquei um pouco, despreocupada no meu quarto, tocar ela é única coisa que me faz sorrir realmente aqui. Depois de uma hora, fui inventar na cozinha um almoço para eu comer, quando a minha barriga realmente roncou de fome. Depois de comer meu miojo mal feito fui assistir um pouco de TV, a MTV está piorando de tempos em tempos, que droga. A tarde de hoje passou lenta, e entediante, na TV ou na minha guitarra, ou algumas vezes tocando no meu livro fazendo o dever de casa. A noite chegou e minha mãe também.

- Oi querida – Ela chegou sorridente na porta da sala quando eu estava deitada assistindo o acesso MTV.

Acenei pra ela, e de resposta ela bufou.

- Eu trouxe um jantar especial! Mc Donald’s, eu pedi seu hambúrguer de frango, que você adora. – Ela disse indo pra sala com uma sacola nas mãos

Eu a segui por causa do cheiro e realmente eu adoro hambúrguer de frango. Sentamos na mesa e comemos silenciosas.  Depois de comer fui direto pra cama do meu quarto, eu estava de barriga cheia e morta de sono. Minha quinta feira acabou ali.