“Pela última vez, Blaine, para de fazer esse barulho horrível.”

“Sam, eu estou digitando. Como você espera que eu digite sem fazer barulho?”

Blaine olhou para seu melhor amigo que estava deitado na cama olhando para o teto. Sam andava de mau humor havia algum tempo e Blaine não sabia o motivo e nem mesmo como ajudar a resolver o problema. Ele tentou fazer com que o loiro falasse sobre o assunto, tentou animá-lo com filmes, músicas ou quadrinhos, até mesmo com pizza, mas o garoto continuava carrancudo. Agora Blaine precisava muito terminar um trabalho para o dia seguinte e Sam não estava ajudando.

“Você não está apenas digitando. Você está espancando o teclado furiosamente.” Sam sentou-se olhando para Blaine. Blaine apenas rolou os olhos e voltou a se concentrar no trabalho. “Oh, você não rolou os olhos pra mim!”

Blaine deliberadamente rolou os olhos uma segunda vez, o que fez com que sua cabeça doesse mais do que já doía, mas ainda assim, valia a pena. “E se eu rolei?”

Sam bufou alto, jogando as mãos na cabeça. “Sério, como é que eu convivo com você?”

Blaine simplesmente voltou-se para o computador digitando ainda mais forte do que havia feito antes. Era imaturo, claro, mas Sam já estava dando nos nervos e a pior parte era que Blaine não sabia como consertar o problema uma vez que parecia não haver motivos no comportamento do loiro.

“Aaaaaah chega, chega, chega!” Sam gritou, tapando os ouvidos.

Alguma coisa atingiu Blaine em cheio na cabeça. Como se ela já não estivesse explodindo, Sam tinha que lançar um livro nela.

“Se eu estou te irritando tanto assim, talvez você devesse ir embora.” Blaine disse com raiva, completamente falhando na tentativa de ignorar o mau humor do amigo.

“Se você está me expulsando não devia ter me convidado para vir aqui em primeiro lugar.” Sam levantou indignado. Seus olhos mostravam uma raiva que Blaine achou atraente de uma forma estranha. Wow, foco.

“Então cala a boca e me deixa estudar em paz. Tenho que entregar esse trabalho amanhã, e achei que você gostasse da minha companhia por isso te chamei aqui. Sinceramente não sei o motivo de você estar me tratando desse jeito, mas já chega.”

Blaine notou que estava gritando e que ambos estavam de pé em lados opostos do quarto. Quando isso aconteceu?

Com um pouco de dignidade que lhe restava, Blaine virou de costas, sentou-se novamente e pôs-se a digitar. Houve silêncio por um tempo.

“Como é?” Sam disse, soando mais indignado do que antes.

A cadeira de Blaine girou com a força que Sam impôs no ato, e então Blaine se deparou com dois olhos bravos o encarando.

Blaine levantou e desafiou Sam a fazer mais algum movimento, e secretamente esperando um soco na cara do melhor amigo. (Sério, como Sam, o Sam dele, havia se tornado essa pessoa tão irada e ressentida?). O garoto apenas o encarou.

“Qual o seu problema?” Blaine perguntou frustrado. “Você tem andado mal humorado a semana toda e agora age assim comigo e não quer nem me contar o porquê do problema. Então ou você me conta ou você conserta isso.”

“Você quer que eu conserte o problema? Ok, aqui está o problema: eu te amo, seu idiota! E tenho que te ver todo dia sabendo que você é gay e não sente o mesmo por mim. Mas ao mesmo tempo você age como se gostasse e isso é realmente confuso e desgastante. Então eu tenho que andar por aí, esperando você tomar alguma atitude em relação a isso, mas eu já cansei de esperar por você. Então sim, talvez eu esteja agindo de forma estranha e talvez ande um pouco mal humorado, mas é que eu estou cansado de –”.

O cérebro de Blaine deu uma travada e seu coração esqueceu-se de bater por um segundo. Ele me ama? O rapaz pensou. Seu corpo entrou em piloto-automático e quando Blaine se deu por si, estava do outro lado do quarto, de frente para Sam se aproximando cada vez mais.

Seus lábios finalmente se tocaram e a sensação foi incrível. O beijo começou firme, com os lábios pressionados e os corpos juntos, toda a raiva e frustração fluindo para longe, mas à medida que o tempo passava, o beijo aumentava o ritmo. Por fim, os dois se separaram, mas não muito distantes. O loiro com as mãos na cintura de Blaine e esse com a mão no rosto do rapaz que sorria igual um bobo e Blaine corava do que nunca.

“Acredite em mim, se eu soubesse que você estava interessado eu teria investido mais cedo. Acontece que eu te amo também, Sam.”

“Você ama?” Sam perguntou sorrindo. Blaine sorriu e volta e fez que sim com a cabeça. Sam ficou sério de repente. “Desculpa por ter ficado tão irritado. E desculpa pelo livro, eu nunca vou te machucar de novo.”

“Deixa pra lá. Estamos bem, certo?” Blaine perguntou.

“Que tal eu te pagar um café para compensar o que aconteceu?” Sam ofereceu um sorriso ao rapaz.

Os olhos de Blaine brilharam e ele puxou Sam para mais um beijo. Melhor namorado do mundo.