Caçador escrita por Lian Black


Capítulo 32
Acabamos com o Espírito da Sedução! Yep!




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Estaciono em frente a sua casa. Um belo edifício de dois andares, com telhado de telhas de barro e as paredes em cor pastel. As luzes estão acesas na sala de estar. Se eu estiver certo, John e Megan estão tentando convencer Jene sobre o sobrenatural ser verdade.

Entro de fininho na casa. A esposa de John não está a vista, mas imagino que esteja dormindo a essa hora. Vou até a porta da sala, e escuto a discussão.

Jene está em no sofá e Megan em uma poltrona. John está andando de um lado para o outro. Jene está de pijamas, e parece ter sido arrancada da cama. Megan está enrolando uma mecha de cabelo no dedo desinteressadamente enquanto John faz sua caminhada. Mas é Jene que está falando.

—... É que é tudo tão... Inacreditável. Fantasmas e toda essa história, e você Caçava eles com o agente do FBI que me interrogou e...

— Ele não é um agente. Nem eu. São apenas identidades falsas que usamos para facilitar. — Megan interrompe sem olhar para Jene.

— Que seja! — Ela exclama. — Mas se pelo menos eu tivesse uma prova e...

— Se quiser uma prova, tem um fantasma no meu carro. — Entro na sala. Jene me olha um pouco assustada e recua. Não dou bola. Em geral as pessoas fazem isso ao descobrir que está usando uma identidade falsa.

— O que quer dizer com “no meu carro”? — Megan estranha, me olhando surpresa.

Dou os ombros.

— Ela apareceu no banco de trás e tentou me seduzir. Enrolei ela até conseguir pegar um pouco de sal, e então prendi ela lá com um truquezinho antigo, que usei muito na nossa Caçada anterior.

Entendimento passa pelo rosto de Megan, mas apenas confusão no de Jene.

— Um o que?

Suspiro pesadamente.

— Venha.

Viro de costas sem esperar que me sigam. Paro do lado de fora. Megan surge imediatamente, com John um pouco atrás. Jene vem por último, meio receosa.

— Está no banco de trás. Não estranhe a escassez de roupas. Ela é bem atiradinha. E depois, e finalmente acreditar que Jéssica se tornou uma fantasma e matou dois de seus amigos, quero o pingente para destruir.

Jene me olha de esguela, provavelmente achando que sou maluco. Então vai até o carro lentamente. John começa a segui-la, mas seguro-o por um braço e balanço a cabeça. Ela precisa lidar com isso sozinha. É o melhor modo. Vai ser muita coisa para digerir.

Jene fica olhando pela janela por alguns momentos, então volta até nós, com expressão de choque no rosto.

— Ela... Ela... É ela. Está um pouco diferente, mas ainda é ela. Como? Como isso... Por que isso... — Ela deixa as frases no ar sem completá-las. Suspiro. É hoje. Pego o cantil de água benta no bolso e atiro um pouco nela. Não é por achar que está possuída. É que a água benta está gelada. — Para que isso?

Jene tira o cabelo molhado do rosto me encarando surpresa. Dou os ombros.

— Você estava entrando em choque. Ou um tapa ou um balde d’água. Preferi a água. — Sem esperar a resposta dela, eu pergunto: — Então, acredita em nós agora? Se a resposta for sim, eu quero o pingente. Se for não, bom, pode começar explicando como é possível sua amiga estar no banco de trás se ela morreu mês passado.

Jene continua me olhando como se pensasse que sou maluco, mas entra na casa. Presumo que vá pegar a pulseira. Chamar a policia não adianta, já que o policial está na minha frente me ajudando.

Megan dá uma olhada rápida pela janela do Dodge.

— É... Essa é das bem atiradinhas. Normalmente elas dão um beijo e arrancam o coração, sem tentar ter relações sexuais com a vitima.

Dou os ombros.

— Logo vai deixar de nos incomodar.

Ficamos em silêncio até Jene voltar, o que dá uns cinco minutos. Ela sai correndo de casa com algo prateado na mão. Ela entrega o pingente para John.

— Salgue logo e derreta a prata, só chamuscar não vai funcionar. — Eu aconselho.

John me olha irritado.

— Eu já Caçava quando você ainda estava nas fraldas. Acha que pode me ensinar alguma coisa?

— Sim. E quantos totens você já destruiu?

John parece desconfortável.

— Isso não vem ao caso. Nenhum caso é igual ao outro.

— Verdade, já vi uns bem estranhos. E agora, vá logo com isso antes que recomece a chover.

Nós vamos até a garagem, onde John tem um aparelho de solda. Antes de sair, faço um circulo em volta do Dodge. Precaução nunca matou ninguém. Fantasmas sim.

— Então... — Jene começa, enquanto observamos John salgar o pingente e acender a solda. — Você faz isso sempre? Tipo, correr atrás de fantasmas?

— Em geral, eles que me acham. Mas suponho que sim, é o meu trabalho.

— E não é estranho? Sabe, nunca quis um trabalho normal? — Ela parece genuinamente curiosa. Penso um pouco antes de responder.

— Não... Acho que a pessoa se acostuma. Isso é o normal para mim. Fantasmas, vampiros, lobisomens, zumbis, monstros, toda aquela ficção que todo mundo acha que não existe.

— Então o que é estranho para você?

Penso um pouco.

— Bom, alguns casos são mais estranhos que outros. Uma vez eu estava Caçando e topei com um fantasma que assombrava um banheiro químico. — Jene me olha cética, como se pensasse que estou brincando com ela. — É sério. Ele esperava as pessoas fazerem as necessidades, então “jogava de volta” o conteúdo da privada. Foi fácil acabar com fantasminha. O banheiro foi colocado em cima do tumulo do cara, então foi só queimar o corpo. Mas deu um trabalho desgraçado desenterrar o corpo no cimento.

Megan sorri com a história, mas Jene ainda me olha receando que eu estava fazendo uma brincadeira.

— Se você quer saber mais, e saber o que é verdade ou não, assista Sobrenatural. O criador sabia muito sobre Caça, e eu acho que era um Caçador antigamente.

Nesse momento John aponta o jato de folgo da solda para o pingente. Um halo de luz ilumina a garagem. Depois de alguns segundos, a prata começa a derreter e eu escuto alguns gritos vindos do carro. Tchau, tchau Jéssica.

Quando o pingente não passa de uma poça de prata liquida, John desliga a solda, deixando a garagem as escuras. Pisco algumas vezes até me acostumar com a escuridão.

Enquanto John, Jene e Megan entram na casa, eu vou até o Dodge. Nem sinal da Jéssica. Mas vou ter que fazer uma limpeza. Tirar o fedor de queimado, o sal e... Aquilo é lubrificação vaginal? Aquela porcaria de espírito estava se masturbando no meu carro? Que ela vá pro Inferno, ou então quem quer que seja que cuida do transito divino vai se ver comigo.


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Notas finais do capítulo

Sim, se estão se perguntando, aquela última parte é sério.



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