— Espero que você tenha um plano. Deve ser bem chato morrer. Tipo, ouvi falar que funerais são muito depressivos.

Sou obrigado a rir com isso. Megan não perde o humor com nada. Eu, embora seja mais piadista, sou meio dramático mesmo.

Paro o Dodge em um terreno baldio nos arredores da cidade. Alguns prédios grandes ao redor, em sua maioria fábricas. Nada que vá nos tirar a privacidade.

— É, tenho um plano sim. Mas você não vai gostar dele. — Falo, saindo do carro e andando até o porta-malas. Megan me segue dizendo:

— E que plano é esse? Melhor, o que planeja realmente fazer?

— Você vai ver.

Abro a tampa do porta-malas. Dentro, está minha coleção de armas e apetrechos para combate ao sobrenatural. Tem de tudo. Desde armas até amuletos, passando por ervas e munições de alta tecnologia.

— Tenho em mente fazer um pequeno massacre lá no galpão onde eles estão. Hora de partir para a ofensiva.

— Sim, é claro. Sozinhos vamos ser a-ter-ro-ri-zan-tes. Cai na real Lian, vamos ser massacrados se atacarmos na cara dura.

— E quem falou em cara dura? — Pergunto me virando para ela com um sorriso no rosto. Um sorriso que ela conhece muito bem. — Vamos dividir e conquistar. Nem que tenhamos de pegar um por um.

— Um por um é demorado. Não é mais fácil tacar uma bomba logo? Não vão gostar de fogo, seja lá que criaturas estão lá.

— Tem mais uma coisa que não te disse. — Falo para Megan, me erguendo. Vejo com um pouco de reprovação que ela está sentada em cima do capo do carro. — Não estão todos num só local. Isso explica muita coisa. Bem que achei estranho que não se rompeu o exército, com brigas e etc. Então, vamos pegar um armazém, o que conhecemos, e depois vamos ver no que dá.

— Você acha que ele vai vir com tudo pra cima de ti. — Não era uma pergunta.

— Que afronta melhor do que exterminar seu exército?

Megan revira os olhos e começa a remexer no porta-malas, procurando armas do seu agrado. Hesito por um momento, então dou os ombros. Que se dane.

Vou até o banco do motorista novamente. Mexo abaixo do painel, até que abro um compartimento escondido. De lá, tiro um frasco de metal, do tamanho de um cantil. Tomo um rápido gole, sentindo o liquido descer queimando pela minha garganta. Uma onda de força percorre meu corpo.

— O que é isso? – A voz de Megan cai como água gelada em mim. Suspiro conformado e saio do carro, atarraxando a tampa do cantil.

— Sangue de Demônio. — Respondo.

— Não conheço essa marca de bebida. E de qualquer maneira, ainda não é meio jovem para beber? — Megan tenta fazer graça, mas sei que entendeu. Ao ver que não esbocei nenhum sorriso, ela fica séria. — Pelo que sei, não é a bebida mais saudável.

— É, não é. Mas aumentava os poderes de Sam. E faz a mesma coisa comigo. É mais fácil usar magia. — Respondo, desviando os olhos.

Quando não consigo mais aguentar o silencio, olho de volta para ela. Megan está com um meio sorriso, e sua expressão é um misto de divertimento e desapontamento.

— Você esperava uma bronca e que eu fosse brigar com você, acertei? — Megan se aproxima um pouco. — Já passamos por isso. Eu confio em você. Alguns atos que a maioria das pessoas repudiaria não serão o bastante para me afastar. Até por que, nós caçamos coisas que a maioria das pessoas acha que não existe.

Ela se aproxima mais um pouco. Sua respiração fazendo cócegas no meu rosto.

Rio sem jeito e recuo um passo.

— Se for seguir nossos... Antecedentes, é agora que uma horda de inimigos vai aparecer. Que tal primeiro cuidarmos dos bichinhos de estimação do Harren e depois nos focarmos no resto?

Megan me olha levemente desapontada, então sorri e dá os ombros. Se vira lentamente e volta para o porta-malas. Fico ali parado com vontade de me dar um chute. Por que diabos você foi recuar, Lian Dark? Tem que ser o sangue de demônio. Para mim fazer uma loucura dessas.

Olho desconfiado para o cantil. Então dou os ombros e tomo outro gole. Que se dane. Dá próxima vez não vou recuar.