Sangue Quente escrita por Tenneb


Capítulo 4
Os Diários




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Já se passava sete dias, minha vida toda havia parado. Hoje é a missa para minha irmã. Isso não é justo, dizia a mim mesmo. Eu só conseguia ficar sentado na varanda olhando para o nada, Miah vinha todos os dias para saber como eu estava, Bruno também, mas nada me trazia para o mundo real. A cidade também encontrava-se de luto, perderam a sua princesa, a garota mais doce de todo o mundo. Isso não é justo, repetia isso todos os dias. A vida é isso? A pessoa mais boa do mundo morre enquanto pessoas ruins estariam caminhando por esse mundo? É assim a vida? Se for, eu não quero mais viver nela.

Subo as escadas em silêncio, indo direto para o meu quarto me arrumar para a missa. Minhas roupas estavam arrumadas na minha cama. Camisa social de algodão, Calça jeans, e tênis. Depois de sair pronto, esperar pela minha tia e chegar na igreja, eu desabo. É a primeira fez que tinha chorado, desde quando encontrei Rebekah na floresta. A menina estava suja, com filetes de sangue saindo de seu pescoço, seu cabelo louro, no chão sujo com lamas e folhas de árvores, aberto em forma de leque. Não conseguia largar do corpo dela, mesmo depois dos policias e dos médicos terem chegado, de toda a confusão e das sirenes...

– Oi, nicco - Bruno me traz de volta ao mundo real

– Oi... - disse enxugando os meus olhos

– Se quiser, pode encostar no meu ombro - falou no meu ouvido

Hoje eu não era o garoto forte que todo mundo pensa, hoje eu sou o menino frágil, fraco e que precisa de toda a ajuda do mundo. Encosto no ombro do Bruno, a missa havia começado. Miah está do meu outro lado, segurando minha mão, apertando forte. Tudo se passa, ia normal, até algo dentro de mim começar a ferver, parecia um fogo que estava emanando de dentro de mim. Eu ia encontrar quem vez isso com minha irmã, nem que isso seja a ultima coisa que eu faça, pensei comigo mesmo. As pessoas pensam que sou forte? Então eu vou ser muito mais forte. A missa acaba, e um novo Nicco surgia.

Chegando em casa, não fico mais parado olhando para o vazio, agora eu queria me mover, queria continuar a vida, era isso que Rebekah iria querer. Minha tia pede que eu limpe o sótão - coisa que eu devia ter feito a um mês. Subo as escadas que davam direto a ele, como eu previa, estava cheio de poeira e teia de aranha. Mas algo no fim do corredor me chamava a atenção, não sei porque, mas acabo indo ver o que era. Uma caixa, muito bem fechada com fitas durex. Tento rasgar com a faca que tinha pego, e vejo o que estava ali dentro.

Diários, quatro para ser exato, muito empoeirados, decido levar comigo para baixo quando terminasse o serviço. Duas horas depois, termino, completamente sujo e cansado. A noite já começava a nascer, a lua estava surgindo no horizonte. Depois de jantar com minha tia, decido subir para o meu quarto e ver o que tinha naqueles diários.

Eram da minha família, a mais antiga era do meu bisavô, tinha a do meu avô, do meu pai e uma com meu nome. Espera, meu nome? Como assim? Na minha não tinha nada escrito, mas as outras tinham relatos, bem diretos sobre acontecimentos estranhos. Então decido começar a ler o do meu bisavô.

Contava como era o dia-a-dia dele, mas as coisas começam a ficar estranhas quando ele menciona em criaturas mortíferas que andam por esse mundo, dizia também que o corpo dele havia ganhado "transformações". Não estava entendendo nada. Criaturas das trevas, era assim que estava em todas as páginas daquele diário.

Assim foi todos os relatos do meu bisavô, com certeza era loucura, mas o meu avô e até meu pai tinha escrito esses tipos de relatos. Mas que criaturas eram essas? Paro de ler, pois era muita informação para um dia só. Amanhã leio o resto, pensei. Eram 2:30 quando comecei a dormir, só que acordo com pesadelos terríveis.

Na escola, as coisas tinham melhorado um pouco. As vezes olhava para cada lugar daquele prédio e lembrava da minha irmã. O sinal toca, aula de biologia, não prestei muita atenção. O dia todo estava tedioso, até a hora do intervalo, andava pelo corredor cumprimentado a todos. Por que ele nunca aparecia no refeitório? Onde ele se enfiava? Vou para a mesa junto com Miah. O próximo tempo era o mesmo dele, de Thomas.

Já na sala, todos estavam sentado em duplas, fui o ultimo a entrar, mas parecia que o destino estava a meu favor, porque ele estava sem par. Ando calmamente para a cadeira ao seu lado, e me sento. A professora começa a passar a matéria:

– Minhas condolências - sussurrou ele.

– Obrigado - retribui.

– Desculpa, eu devia....eu... devo uma explicação - continuou ele.

– Não precisa - retruquei.

– Mas eu devo, eu não apareci no enterro ou na missa pois tive problemas fora da cidade - ele olhava para a mesa com uma expressão estranha.

– Tudo bem - disse sem interesse nenhum

– O que acha de sair comigo depois da aula?

– Adoraria - disse por fim.

Voltei a prestar atenção na aula, mas já com uma vontade maluca do sinal tocar e de poder ficar em algum lugar naquela cidade sozinho com ele. O tempo se arrastava, mas finalmente o sinal bateu significando que as aulas haviam acabado. Andava pelo mar de alunos até o estacionamento, onde Thomas já se encontrava. Ele abre a porta do carro para eu poder entrar, da a volta, coloca a chave e saímos.

O carro por dentro era magnífico. O garoto me levou para a lanchonete no centro de New Falls, eu gostava da comida de lá e não iria deixar minha tia preocupada pois enquanto estávamos a caminho eu liguei para ela. Sentados na mesa, Thomas olhava para mim com uma certa dúvida, eu acho - imaginei.

– Eu sinto muito por....- Começou ele a falar

– Já falei, não precisa se desculpar - O interrompi

– Deve ser uma dor grande perder um irmão...

– É... Você tem irmãos?

– Sim, uma irmã, Samantha e um irmão chamado Caius.

– Legal!

Passamos a tarde conversando, fomos para outro lugar da cidade. O Park Donw. Tudo ia bem até chegar a hora de eu voltar para casa. Thomas me deixou em frente a minha casa.

Depois de tomar banho e ir me deitar, lembro dos diários escondidos de baixo da cama. Começo lê-los, aquelas coisas que estavam acontecendo naquela época está ocorrendo hoje em dia. Criaturas da trevas, com beleza exacerbada, que se escondiam nas sombras e eram mortíferas, assim até parece que eles falavam de...

– Vampiros!

– Para Miah, essas coisas não existem - disse

– Eu também não acreditava que era bruxa, mas hoje eu acredito né - falou Miah cruzando os braços

– Você é maluca!

Estávamos debatendo esse assunto, que na minha opinião era ridículo pois isso é coisa de contos de fadas

Até que surge o barulho do motor do Porsche negro. Parecia uma pantera buscando uma vaga pelo estacionamento. O garoto trancava a porta do seu carro, e se encaminhava para o prédio.

– Bem, vamos falar com uma pessoa sensata então- disse , me encaminhando ao encontro do Thomas

– Hey, Thomas, precisamos da sua opinião - Miah se apressou para falar

– Oi, e o que devo a honra de vocês já tão cedo vierem falar comigo?

– Diz logo para essa maluca, você acredita que existam vampiros?....


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