Sangue Quente escrita por Tenneb


Capítulo 12
Feliz Aniversário!!




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Meus olhos arderam quando os abri. A luz branca me incomodava tanto que fiquei alguns minutos de olhos fechados, apenas escutando o que acontecia ao meu redor. Era um hospital, isso eu tinha certeza. Alguém entrou dentro do meu quarto, mas não disse nada. Se sentou do lado da cama e ficou lá. Tentei me virar para o lado, contudo encontrava em um estado de que era muito difícil de me mexer sem causar dor.

O médico entra dentro da sala, e enfia a agulha dentro do meu braço e sinto o líquido entrar nas minhas veias. Começo a sentir meu corpo pesado e tudo para. Acho que era uma injeção para me fazer dormir, mas não sei como, eu estava mais acordado do que nunca. Não me lembrava de nada que tinha acontecido. Só alguns flashes passavam pela minha mente.

O que aconteceu? Começo a contar os segundos para tentar descobrir quanto tempo estarei paralisado. Tinha se passado 3.600 segundos. Alguém segura minha mão. Era um toque fraco, a mão era fria como o gelo, parecia ter dedos longos e magros.

Thomas! Ele sobreviveu e estava do meu lado.

Junto todas as minhas forças e movo um dedo. Os movimentos dele param e não sinto mais suas mãos. Escuto um grito. Thomas estava chamando o médico. Escuto vários passos dentro do quarto. Tento outra fez mover meu dedo e consigo. Passa mais 200 segundos. Notei a mão de Thomas envolver a minha de novo. Mas eu já conseguia mover mais dedos. Sinto alguma coisa no meu corpo. Escuto a voz de minha tia, ela estava surpresa como todos. Só quero entender o por que disso tudo.

Sinto sono, e adormeço. Não sentia mais nada. Meu corpo parecia flutuar em um lago, calmo. Então veio a cena. Fausto matando a pobre garota, o sangue por todo o lado, o rosto destruído de Thomas. Depois o sonho fica confuso demais, só conseguia ver chamas azuis com verdes e cinzas no final de tudo.

Abro meus olhos devagar para não começarem a doer. Me acostumo com a luminosidade. Thomas dormia na poltrona do meu lado. O garoto estava diferente da ultima vez que eu o tinha visto. Feições mais jovens, além do mais, apresentava-se mais lindo, mais.... perfeito. Parece que o rapaz sente que eu acordei e também desperta de seus sonhos.

– Nicco! - Grita ele.

– Er... - Minha voz estava rouca e a garganta doía.

– Eu disse que você ia acordar, eu não estou louco. - Falou Thomas me abraçando e beijando ao mesmo tempo.

– ok... - Eu fiquei vermelho - Cadê minha tia? - Olhei pelo quarto, mas estávamos sozinhos.

– Ela está em casa - Seus olhos estavam vermelhos, mas de chorar.

– Calma - Afaguei seus cabelos, lisos e sedosos - Por que você esta chorando?

– Porque eu não podia acreditar que você nunca ia acordar.

– Mas...Por quanto tempo eu dormi?

– A mais ou menos 4 meses. - Falou, encarando o chão.

– Oi? - Eu não acreditei nas palavras que foram pronunciadas. - Mas eu lembro de ter acordado ontem de manhã.

– Não, você só fez um movimento, e foi a 1 mês atrás. Mesmo assim ninguém acreditou em mim - Thomas me abraça.

– Mas....

Eu não falei nada, simplesmente o abracei. Seus braços eram reconfortantes, eles me envolvem de uma maneira que eu me sinto seguro. Senti falta do seu cheiro, que era algo doce e viciante. Thomas afasta um pouco o seu rosto e me beija.

Seu beijo era bem melhor que o seu abraço. Quando nos beijávamos, eu senti que entravamos em conexão um com o outro. Parecia que ele podia entrar na minha mente. Seu hálito era uma mistura de menta junto de algo mais refrescante. Thomas era perfeitamente perfeito para mim.

Ficamos nos beijando por algum tempo, até tia Vivian entrar no quarto. Ela pigarra um pouco e nos separamos rapidamente. A mulher estava ao mesmo tempo me abraçando e chorando. Dizia que me amava, e não aguentaria me perder.

Tive que passar mais uma noite no hospital e recebi a minha alta na manhã seguinte. Parecia que eu não andava a anos. Levei um tempo para andar normalmente. Chegando em casa, sento no sofá e acabo adormecendo graças ao remédio.

Acordo na manhã seguinte, era dia de ir para a escola. Minha Tia me obriga a ficar em casa, porém eu decido ir para a escola, só para ver o que eu andei perdendo.

Algumas semanas depois tudo estava nos trilhos novamente. Sou surpreendido por Miah gritando meu nome no estacionamento e falando Feliz Aniversário. Coisa que eu tinha até esquecido. Todos no estacionamento começam a me parabenizar pelo dia.

– Tenho uma coisa para você no final do dia - Falou Thomas atrás de mim.

– O que é? - Disse me virando.

– Se eu contar, perde a graça!

Entramos na escola juntos. O mar de alunos estava bem agitado hoje. As pessoas me parabenizavam e perguntando se haveria festa. Coitadas, vivem sem saber em que mundo estão situadas. Mundo de trevas e escuridão, criaturas prestes para atacar elas a qualquer momento. Pobres seres que nem podem se defender. Se elas soubessem metade disso, não se preocupariam com algo tão pequeno. Enquanto andávamos, garotas olham para Thomas e eu, as ignoramos.

Entro na sala de aula. Thomas continua andar pelo corredor até chegar a sua sala. A professora começa a dar a sua matéria. Pouco me importa tudo. Hoje é meu aniversário, mas algo estava diferente em mim. Sentia como se fosse meu último. Confirmado, eu estou paranoico. Não vou morrer, não mais. Então, a única coisa que eu tenho o dever de fazer é viver a vida. As aulas passam rápidas.

Ando pela escola sem rumo. Não queria ver mais as pessoas, tenho a ideia de ir para as arquibancadas que existem na quadra do outro lado da escola. Me sento por lá. Percebo alguém me olhando e me viro para ver quem é. Era Bruno, ele via ao meu encontro.

– Oi Nicco, tudo bem? - Ele se sentou no meu lado.

– Tudo e com você? - Perguntei de volta.

– Tudo... Parabéns! - Ele me abraça.

– Ah - Me surpreendo - Obrigado -

Olho para o céu por alguns minutos. Ficamos em silêncio, parecia que estávamos com algum muro entre nós que era difícil de se comunicar um com o outro. Era totalmente estranho isso. Ventos começam a passar pelo campo.

– Posso fazer uma pergunta? - Bruno finalmente falou.

– Claro!

– Você e o...Thomas... Estão... Namorando? - Perguntou o menino encarando o chão.

– Eu...Eu não sei... Ainda não teve a pergunta...

– Ammm... - Ele abaixou a cabeça

– Mas saiba que eu te amo como um irmão, não importa quem eu namore.

– Eu também Nick!

Nos abraçamos por um longo tempo. Voltamos para o prédio. Ainda estavam todos pelos corredores. Então Thomas aparece em cima de uma mesa de concerto que tem no pátio e grita.

– HOJE, FESTA LÁ NA MINHA CASA PARA COMEMORAR O ANIVERSÁRIO DO NICCO! TODOS ESTÃO CONVIDADOS.

– Legal da parte dele - falou Bruno do meu lado.

Era essa a surpresa que ele me falou? Que coisa mais idiota! Eu gosto de festa, mas por que não me falou antes? Fiquei ansioso e com raiva. Precisava falar com ele.

Final da aula, fui andando para a minha casa junto com Miah. Um Porsche se aproxima de nós bem devagar e para a alguns metros à frente. A janela se abre, era Thomas.

– Oi Miah, Nicco

– Oi - falamos juntos.

– Er... Eu posso falar com o Nicco, Miah?

– Ta... Mas to de olho vampiro... - Pronunciou a bruxa, mantendo uma expressão de raiva.

– Ok...

Entrei dentro do carro.

– Ela não gosta muito de mim né? - Começou a falar o menino.

– Não... Mas depois melhora... - Olhei para ele - O que foi aquilo?

– É uma comemoração por várias coisas. Uma delas é o seu aniversário.

– Ammm... Então era essa a sua surpresa. - Falei olhando para a janela.

– Não diga isso, o dia ainda não acabou....

Thomas me deixa em frente a minha casa. O garoto avisa que é para eu chegar umas 7 horas da noite na mansão. Já como era sexta, não me preocupei muito com o horário.

Miah me liga à tarde para falar que ia passar na minha casa antes de ir para a festa.

A noite estava começando a nascer. Os últimos raios solares estavam invadindo o meu quarto, e deixando ele em vários tons de laranja. Últimos indícios do dia encontravam-se esgotado. As aves começaram a ir descansar e eu estava em frente ao meu Notebook vendo algumas coisas.

No chuveiro, a água começou a cair em meu corpo. Temperatura quente, pois sempre me acalmava. O que vai acontecer hoje? Pensei.

Termino de amarrar o meu coturno e desço as escadas. Miah me esperava no hall da casa, estava bem bonita. Vestindo uma saia longa estampada e uma camisa branca. Dou um beijo em minha tia e saímos.

A garota comenta que eu estou bem bonito. Bem, só estava usando a minha calça preta rasgada nos joelhos, meus coturnos. Vestia uma camisa cinza desbotada do Batman que eu gostava e meu casaco de couro. Não achei nada de bonito, mas não queria discutir sobre isso.

Chegamos a mansão. A festa estava bem animada, porque já tinha pessoas bêbadas na porta. Miah comenta que vampiros sabem dar uma boa festa. Entramos na casa, Thomas aparece um segundo depois. Odeio essa velocidade de vampiros, digo a mim mesmo.

– Pensei que você não fosse vir. - Comentou

– Desculpa pela demora.

– Você ta bem bonito. - Diz ele me olhando de baixo pra cima. - Vem.

Thomas me puxa pela casa toda. Pessoas me desejando felicidades, a mesma coisa de sempre. A mansão estava cheia de adolescentes bêbados, drogados ou fazendo sexo. Tipica festa de Ensino Médio. O garoto me puxou praticamente pela casa toda, e nenhum lugar isolado. Então pensamos na biblioteca.

– Mais que merda! - Exclamou o garoto, irritado por ter algumas pessoas trepando na biblioteca. Eu também fiquei surpreso - Vem comigo.

Thomas e eu em menos de dois segundos chegamos ao telhado. Era estreito, mas consegui me equilibrar. Poderes de caçador as vezes caem muito bem. O menino começa a se aproximar do meu rosto. Eu podia sentir o hálito doce e altamente viciante. Ele me beija. Nossos lábios se encostando, me faziam sentir uma eletricidade percorrer meu corpo.

Então Thomas tira uma caixa do bolso da calça.

– O que é isso? - perguntei

– Bem, ainda não foi oficializado, mesmo sabendo que já estamos, mas... - Ele abre a caixa. Tinha um pequeno anel de prata com uma pedra azul escura. - Niccolau Bennet, você quer namorar comigo?

– Claro! - Me joguei em seus braços.

Parecia loucura, entretanto agora eu sentia mais firmeza nele. Descemos para a festa, Miah estava fora de alcance, talvez ficando com alguém. Eu bebi bastante, como se não houvesse um amanhecer no dia seguinte. Talvez não existisse mesmo. Uma das coisas que aprendi com tudo que já vivi por enquanto é que sua vida pode mudar de uma hora para outra. Mais uma garrafa de alguma bebida.

A ultima coisa que me lembro é que Thomas levou Miah e eu para casa, e de ele me colocar na minha cama. Eu estava muito feliz para pensar em alguma coisa. Só lembro de mais uma coisa.

– Fica... - Eu disse. - É meu ultimo pedido de aniversário...

– Está bem, eu ficarei... - Thomas se deita ao meu lado e pego no sono...


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