Sangue Quente escrita por Tenneb


Capítulo 11
O Ritual da Morte e o Despertar do Anjo




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Não consegui acreditar. Eu era a tal da pedra, mas isso era possível? Nesse mundo tudo é possível, lembrei. Então se sou essa pedra por que Fausto não me raptou ainda? O que ele estava esperando?

Estive procurando algo, mas eu era o que estava procurando. Algo que não podia ser encontrado, que esteve escondido, só que escondido de mim. Se soubesse que a pedra seria eu, teria me matado ou coisa do tipo para Thomas estar livre para sempre.

– Miah... Eu...

– Nicco, calma, vamos achar uma saída para isso tudo. Eu j..- Ela foi interrompida pelo toque do meu celular.

Era Bruno me ligando. Meu ex-namorado, que ainda era apaixonado por mim, me ligando para saber o que estava acontecendo. Tentei ser o mais superficial possível, não poderia envolver ele nisso tudo. É muito arriscado e seria totalmente egoísta fazer ele ficar perto da morte. Bruno era apenas um garoto, perto disso tudo. Quanto menos ele soubesse melhor seria.

– Nicco! Por favor, fala, o que esta acontecendo com ti? - Disse do outro lado da linha.

– Nada Bruno, fica tranquilo, eu só ando meio ocupado... - Falei.

– Olha só, se eu ficar sabendo que você anda se drogando, juro eu te mato!

– Ta bom xerife, tenho que ir, beijo.

– Ok...Beijo Eu t...

Desliguei o telefone. Não podia perder tempo. Minha mente estava a mil por hora. Qual o plano mais sensato a ser feito? Miah e eu pensamos em coisas possíveis a serem feitas. O único jeito seria matar Fausto, porém como?

No livro existia um capitulo sobre ele, e a maneira de um caçador mata-lo. Contudo, ninguém o fez pelo fato de nunca ter existido um caçador forte o suficiente para tal tarefa.

– Eu vou tentar fazer isso - Falei

– Nicco, não, você pode morrer! - Disse Miah preocupada.

– Não a outra maneira. Só vou ter uma chance, talvez Fausto coloque eu em um lugar perto do Thomas e terei de arriscar. - Eu já estava decidido. Tentei acalmar Miah, porque a garota começou a chorar que nem uma criança.

– Deixa pelo menos eu fazer algo pra te proteger. - Miah vasculhou algo na bolsa.- Toma, esse medalhão é de proteção. Coloca. - Era um medalhão, com uma pedra âmbar e dentro dela tinha havia um simbolo de algo parecido com um olho. Era assustador, mas ao mesmo tempo me passava segurança.

– Tah, pronto. Feliz agora? - Disse e ela concordou com a cabeça.

O projeto seria eu ser raptado pelo bruxo e ficar no mesmo local em que Thomas encontrava-se aprisionado para.... Tomar uma quantidade razoável de seu sangue. Porventura seu sangue com o meu me mataria na hora, mas caso eu consiga resistir, seria o caçador mais forte de toda a história, e talvez até, poderoso como um anjo.

Andei pelas ruas de New Fall's, porém nada. Foi quando eu esbarrei em Bruno. O garoto me agarrou e me arrastou para o banco mais próximo e nos sentamos. O menino tentou retirar alguma resposta descente, e eu pensando em alguma mentira convincente para ele ir embora, pois o feiticeiro poderia aparecer a qualquer momento. Uma hora havia se passado e não aconteceu nada. Eu já tinha desistido da ideia.

"Vai para o beco entre as lojas" falou algo em minha mente, era ele! Me despeço com alguma desculpa idiota e corro para o beco. Fausto esta lá, vestindo as mesmas roupas que da ultima vez.

–Vejo que meu fogo não te machucou... - Ele me olhava com uma expressão enigmatística.

– Sorte talvez... - Tentei controlar a minha voz.

– É, talvez....- Ele me olhava com uma cara perturbadora. - Sabe, eu achei a pedra...

– Eu sei... Melhor ir pega-la...

– Qual é o seu plano em? - Fausto avança em mim com uma rapidez tão magica, que pareceu um andar de vampiro.

– Eu não tenho plano, só que, se for me matar, ande logo com isso. - Pronunciei com o máximo de coragem que tinha.

– Não farei isso agora... Mas tenho que te levar... - Falou olhando me de baixo para cima.

– Esperando o que? - Articulei o mais debochado que consegui.

O mago pronunciou algo e uma nuvem densa e negra surgiu do chão, abaixo das suas botas. Tudo ficou embaçado, até conseguir ver que eu estava em um galpão.

Me encontrava preso em algo. Olhei para os lados e pude ver Thomas na minha esquerda e a garota do meu lado direito. O rapaz habitava-se muito longe para eu tentar algo. O que fazer agora? Pensa, pensa, pensa...

Tive um insight! Como Fausto era bem velho, talvez ele ainda fosse daquele tipo de carrasco que permite um ultimo desejo. Caso ele fosse, eu já teria em mente o que pedir.

– Acordem todos - Gritou o bruxo. - Temos mais um convidado - Thomas me olha com um rosto de preocupado. - Esperei tanto por esse dia. Lembro me como se fosse ontem. Inglaterra. Minha filha, Elizabeth, com apenas 16 anos, foi cruelmente assassinada pela sua família THOMAS CASTELLANI! E daqui alguns minutos será minha vingança.

–Como assim alguns minutos? Ainda é de manhã - Falei.

– Meu caro Nicco, você dormiu bastante sabe. Como um bebê para falar a verdade. Tinha que ter visto a cara de Thomas quando ele percebeu que você estava aqui. haha. Pobre coitado! Vejam, já vai dar meia-noite, precisamos nos apressar logo com isso.

O nigromante desenhou um circulo a sua volta, e vários símbolos dentro. Parecia algo retirado de um filme de terror. O bruxo tinha um sorriso maligno estampado no rosto. Seus olhos de águia pareciam habilidosos e olhavam tudo com uma forma de perfeccionismo.

– Primeiro, a garota... - Ele andou até ela e a pegou pelo pescoço - sanguine virginis, occidere faciam hoc daemon cum angelis amet - pronunciou em latim.

– NÃO, LARGA ELA SEU MALDITO! - Comecei a gritar e tentar a me soltar. Ele estava começando o ritual. A primeira coisa seria... matar a humana virgem.

Fausto a arrasta para dentro do círculo. A menina parecia estar em transe, encarando com olhos vagos, para o nada. O feiticeiro pega uma adaga azul, com símbolos em latim, acreditei. As coisas não iam ficar boas, pensei comigo. O mestiço agarra a garota pelos cabelos, levanta-a para ficar na altura dos seus olhos. A menina parecia não sentir dor nenhuma.

– Offero sanguinibus virginis - Fausto corta a garganta da garota. O sangue começa a sair pela ferida, vermelho escuro. Podia sentir o cheiro que emanava. Ela estava entrando em hemorragia.

O liquido caiu no circulo, e um fogo verde-marinho rodeou-o junto com o cadáver da garota. Ele solta o corpo e deixa cair no chão sem nenhum respeito. Como se fossemos apenas peças descartáveis, que só serviam para algo e depois são jogadas foras. O monstro encaminha até mim. Seu sorriso ainda estava encontrava-se na sua face. Como ele podia ser tão insensível ?

– Sua vez Nicco... - Essa seria a hora.

– Espera - Comecei.

– O que foi seu pirralho? - Sua voz estava diferente. Parecia mais grave, quase demoníaca. Seus dentes cresceram e suas íris estavam vermelhas sangue

– Você é dos velhos tempos,certo? Se é um carrasco que se prese, deixe-me ter pelo menos meu último desejo. - Fausto me olhou com uma cara de que estava pensando em algo.

– Que seja, o que você quer antes de morrer?

– Eu quero dar meu ultimo beijo no Thomas - Falei

– HAHA, que fofo você. Anda logo então, não tenho o tempo todo.

Ele agarrou meu braço com muita força e me levou em encontro a Thomas. Começo a pronunciar palavras na minha mente, torcendo para o vampiro ter forças o suficiente para me ouvir. Eu te amo Thomas, sussurrei em seu ouvido antes de beija-lo.

Nossos lábios se encontram. Poderia até ser perigoso, mas foi um dos melhores beijos da minha vida. Contudo algo estava estranho, a cada segundo eu sentia um gosto estranho na língua de Thomas e na minha boca. Algo parecido com ferro, uma substancia espessa. Ele tinha lido, o vampiro conseguiu! Sua boca estava cheia de... sangue!

Sou levantado e afastado. Eu já comecei a sentir meu corpo diferente. Minha temperatura estava aumentando muito rápido. Percebo que a visão começa a ficar turva e azulada. Parecia labaredas crescendo dentro de mim. Eu entrei no circulo. Fausto começou a pronunciar as palavras para o sacrifício. Foi quando tudo parou. O tempo parecia ter dado um pause.

Meu coração acelerou muito, feito de um pássaro e depois simplesmente parou. Fechei os olhos, a dor era imensa, meu corpo estava sendo massacrado por algo invisível . Sinto meu pescoço ser solto. Eu abro meus olhos para ver o que aconteceu. Vi o rosto de espanto dele. Seus olhos estavam com a coloração normal, seus dentes também voltaram ao normal.

Eu estava diferente. Com músculos ressaltando pela camisa, minha pele estava quente, mas normal. Minhas costas estavam pesadas, só que ao mesmo tempo leve. Tinham surgido... Eu tinha asas! Asas grandes e totalmente brancas. Iam até a altura do meu calcanhar. Eram penas grandes também. Não tinha palavras para descrever como eu estava me sentindo. Minha visão estava perfeita, eu conseguia enxergar até uma bactéria se quisesse. O mundo parecia algo novo, com meu olhos novos, minha carne nova. Meu corpo novo.

– O que... com.... Como ? - Tentou pronunciou Fausto, enquanto se afastava.

– Digamos que eu aprendi alguns truques - Demonstrei um sorriso, que fez ele se estremecer de medo.

– Se afasta de mim - O bruxo me joga um feitiço, mas a mágica não me atinge graças ao campo de proteção do amuleto que Miah me deu.

– Hora da minha vingança. - Avancei calmamente.

O necromante me ataca com vários feitiços, e todos são repelidos. Uns atingiam o chão, outros o teto. O feiticeiro não conseguia acreditar no que via a sua frente.

O maldito começou a correr e tentar fugir, foi, então, que meu corpo reagiu em uma velocidade surpreendente, até mesmo para mim. Quando percebi eu estava na sua frente.

Ele tentou me ferir, mas dei um tapa em sua mão que fez este largar a adaga. Eu abri minha mão, senti o poder se concentrar nas pontas dos meus dedos e atingi sua carne; senti o sangue gotejar da ferida. Enfiei a mão ainda mais fundo e senti o órgão que eu tanto queria . Arranquei o coração sem pena ou piedade. Seu corpo começou a ficar flácido. Fausto me olhava com uma cara de aceitação e surpresa, depois simplesmente virou pó.

Começo a andar para o Thomas. Eu o solto, e ele me beija e me agarra, mas meu corpo vacila, sinto que estava tremendo. Identifico que iria perder o controle a qualquer minuto. Sirenes soaram fora do galpão. O mundo parecia que voltara a vida, porém, para mim, poderia acontecer uma guerra que eu não iria ligar. Thomas vai para fora, pedir ajuda, enquanto eu me sento em uma caixa.

Entretanto sinto que meu tempo acabou neste mundo. Tudo fica escuro e sinto o chão ir de encontro ao meu corpo.

Será que esse é o meu fim?


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