Acordei com uma dor de cabeça terrível depois do sonho estranho. Estava deitado no gramado do acampamento meio-sangue olhando para as estrelas. Sentia aquele cheiro de fogueira de terça feira, quando nós sentávamos a volta do fogo para trocarmos história e em alguns casos Annabeth dormia em meu colo.

–Ah! A princesa acordou rapazes.

Gelei. Aquela não era a voz de ninguém que conhecia. Mais que rápido me sentei e estava numa clareira, não no acampamento. Virei-me para onde vinha a claridade do fogo e vi os mesmos homens de antes do desmaio. Comiam algum animal assado.

–Que cena foi aquela, Perseu?

Confesso que quando disseram meu nome, me deu um frio na barriga. Quem são eles?

–Como vocês sabem meu nome?

–Toda a Grécia sabe. Não banque o idiota. Você sabe bem que Otavian odeia isso.

Grécia? Isso não pode ser real. Estava em Nova Iorque a pouco tempo. Passei as mãos pela cabeça e aquilo não parecia com meu cabelo. Olhei meu corpo. Estava usando aquelas roupas estranhas. Puxei o cós da saia e dei uma olhadinha lá. Ele não era meu.

–Vem, cara. Coma alguma coisa.

Andei até eles, e um cara de cabelo loiro transado me entregou uma costela. Peguei-a e mordi. Era um sabor incrível. Estava suculenta e com um molho diferente. Cara, isso é bom! :-)

Devorei meu pedaço em poucos minutos. Depois que terminei, todos ficaram me encarando.

–O que houve? -perguntei.

–Estamos esperando suas ordens, Perseu.

–Minhas ordens? -pensei por um segundo- Quero que se apresentem.

–Oque? -perguntou o da transa.

–Seus nomes.

Continuaram em silêncio. Suspirei.

–Eu começo: Olá, meu nome é Perseu e tenho 18 anos de idade...

–Parem com a palhaçada. -Disse um homem saindo da proteção das árvores. Era alto e usava roupas vermelhas. Tinha cabelos na altura dos ombros castanhos e barba branca.

Parou a minha frente e me deu um tapa na cara. Fiquei surpreso.

–O que você pensa que está fazendo, seu bastardo. Estamos em missão. Vamos para Argos, obviamente. Estamos cerca de 60 quilômetros de lá. Começaremos a jornada ao amanhecer. E você -disse apontando para mim- vai falar com um curandeiro quando chegarmos.

Acenei com a cabeça e ele simplesmente se deitou no chão e fechou os olhos. Os outros fizeram o mesmo. Eu fiquei estático por alguns minutos. Onde estava? Que corpo é este? Que missão é esta?

Comecei a juntar os pontos. Me chamo Perseu, mesmo estando na ''Grécia''. Aquele corpo não era meu.

Bati nas roupas procurando minha caneta, mas tudo que achei foi um dracma. Já o havia visto em algum lugar... Suspirei desapontado com minha memória. Joguei-a para cima e surpresa! Se transformou numa espada de ouro. Era a mesma espada que Jason usava. Só os filhos de Zeus conseguiam isso.

Cheguei a um a conclusão: Havia voltada ao passado por algum motivo e eu era o verdadeiro Perseu. O Original, filho de Zeus. Que derrotou o Kraken e salvou Andrômeda.

Com a lâmina da espada olhei meu rosto e quase morri. Tinha olhos azuis! Azuis! Meus olhos eram verdes da cor do mar. Meu rosto era fino e pálido. Não era eu.

–Apenas um sonho ruim! Um sonho muito ruim!

Fui até uma árvore e me encostei nesta. Fechei os olhos para tentar dormir. Não demorou muito.

Adivinha quem apareceu? Se disse Hera, acertou.