Estava com os olhos abertos...ainda num estado se semi-sono,caindo num buraco sem fim...vagando pelos confins de sua mente,questionando sua existência,questionando quem um dia ela foi .

Esse estranho sentimento se pois fim quando sentiu,pela segunda vez no dia,que sua cabeça tocou,sem dar aviso,o chão. Porém dessa vez não foi a mesma coisa...ao invés do baque profundo e seco que ouvira e na mesma manhã,esse som poderia ser comparado com o barulho de vários sinos tocando em uníssono uma melodia fúnebre,e a dor de bater a cabeça no assoalho de madeira foi trocada pela estranha sensação de cair sobre uma plantação de lavanda na véspera do solstício de verão.

É...mas definitivamente não era verão.

E sim...ela se encontrava deitada numa plantação de....digamos....lavandas.

A neve branca que se apresentava pura e gélida tratava de encobrir rapidamente seu corpo,depois de avaliar a situação perplexa,levantou-se com dificuldade e ouviu pela primeira vez o som do vento batendo nos estranhos corpos botânicos que se levantava em arbustos ordenados em filas,como uma plantação de lavanda, exatamente como via nos cartões postais que sua tia Satome lhe enviava de Provence,onde morava com seus três filhos e seu marido,que conhecera numa viagem a França,se apaixonara e passou a morar com ele na região do Plateau de Valensole,mulher de sorte,mas isso é outra história.

As pequenas plantas tinham o aroma e a aparência da tal lavanda,porem contavam com pequenos sinos no lugar de seus pistilos,que combinados com o movimento do vento,que soprava ferozmente sobre as pobres plantas,sacudiam-se e criavam o tom fúnebre que lhe arrepiava a espinha,a neve era tão intensa que não podia ver nem 2 palmos a frente de seu nariz,o fato de não saber o que viria pela frente era terrível e assustador,estando em um mundo desconhecido logo o que lhe esperava era somente o desconhecido,já quase toda coberta de neve,sentou-se no chão afofado pelas estranhas plantas,abraçou os joelhos e embalada pelos som fúnebre,pós-se a chorar.