Falcão Dú Mon escrita por Gjoo


Capítulo 2
Capítulo 2 Os Falcões




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Elisa estava brava com a mudança e agora em seu primeiro dia tinha perdido um monte de coisas que deveria levar. Seu pai não quis saber se ela havia arrumado suas coisas ontem ou hoje, queria levá-la logo pois também era seu primeiro dia. O trabalho na qual ninguém sabia se realmente o realizava ou estava roubando do banco. Marty era perito em roubar coisas, por isso Elisa achava que poderia ser seu pai quem as tinha pegado. O pensamento poderia parecer cruel a uma pessoa normal, mas os Falcões eram bons no roubo e assassinato. Essa segunda parte já havia sido oculta por muito tempo, e mesmo assim dava medo na família se algum vizinho soubesse o motivo da mudança. Era estranho como as "famílias más" se multiplicavam rápido. Era provável que todos os Falcões fossem originados de uma família única. O nome Falcão era nobre, mas havia tantos que pareciam ser os mesmos.

Era estressante ser a única pessoa normal numa família de pessoas sinistras. É claro que era difícil para ela se relacionar com alguém quando se mudava toda vez que seu pai estava prestes a ser descoberto. Não a agradava saber que ele iria ser preso, mesmo pela suas ações, mas viver aquela vida o tempo todo era cansativo. E a bobagem de ser "O Chefe" dominava a mente das famílias de crimes. As antigas amigas de Elisa nunca souberam o verdadeiro motivo de suas idas, exceto Carmen que fazia parte da família Toman na qual a conheceu quando o seu primo se casou com Estella, unindo assim as duas famílias.

"Eu podia muito bem sair desse hospício" pensava Elisa "e viver mais feliz talvez..." Não se podia prever o futuro, achava ela, e o seu era incerto de que seria algo bom mesmo vindo daquela família. Quando arrumou o máximo possível das coisas perdidas, seu pai já se encontrava na porta, com a chave do carro nas mãos. O dia estava ensolarado quando saíram, e as folhas estavam verdes vivas. Ela estava vendo o mundo que não possuía, ou que não fazia parte. O velho carro parecia já estar morto, a tinta já descascara faz muito tempo e as rodas nunca enchiam o suficiente, nem se podia saber se aquele carro era roubado.

Passaram por estradas novas, e em algumas vezes, voltavam, pois tinham se perdido. Ainda era cedo demais pra escola abrir, mas não se encaixava com o tempo do seu pai ir trabalhar. Estavam quase perto da escola e o pai parou ali mesmo. A próxima rua que prosseguiria não seguia em frente. Elisa saiu do carro, despediu do seu pai e antes de fechar a porta ela desconfiou.

– Devolve minhas chaves pai! - ele a devolveu com um sorriso de desculpas no rosto, porém era falso.

– Eu tinha perdido as minhas... Mas vou te buscar antes de chegar em casa... Tchau.

Não tinha muitos alunos lá. Haviam dois ou três conversando, o restante estava sentado refletindo ou dormindo acordado. Elisa não sabia o que faria ou o que encontraria, mas podia apostar que não poderia se deixar influenciar por acontecimentos ruins. Sua vida já estava ruim o bastante. Saberia as horas se seu relógio ainda estivesse consigo. "Aposto que foi papai, ou o Jazer". O tempo passava devagar até que os primeiros ônibus passavam devagar. A escola tinha somente um andar, com um campo verde como aquelas folhas que havia visto e as árvores davam sombra ao sol amarelado e forte da manhã fresca. Mais alunos surgiam dos ônibus, alguns alegres, outros sérios e um menino saiu cheio de ovo quebrado na cabeça com as gemas escorregando e grudando na roupa. "Deveria ser uma peça pra um novato ou era aniversário dele" pensou Elisa. Estava sentada na escada quando as portas abriram e os alunos entraram aos poucos. Dava para ver o pátio da porta, e os corredores largos davam a sensação de mais espaço. Algumas garotas gritaram do lado de fora da escola, parecia que alguém tinha vomitado em outra pessoa. Continuando a andar, Elisa viu os armários lacrados, as portas das salas, o quarto do zelador, os banheiros e o bebedouro.

Ao lado do bebedouro tinha um quadro de avisos com somente três. O primeiro localizado mais ao canto superior à esquerda dizia sobre os horários de aula, o segundo mais ao centro mostrava a longa lista de alunos de determinadas salas, a terceira também que estava ao lado do centro. Elisa já observou que ia começar a acumular pessoas ali, então procurou logo seu nome e quando o encontrou fez esforço pra sair da multidão que não parava de aumentar, até que um garoto bobo gritou "briga, briga" e lotou mais ainda aquele espaço. Um rapaz bateu na nuca do garoto resmungando algo, mas antes que Elisa pudesse ouvir com os sons de outras vozes, ela já tinha saído e uma menina estendeu a mão para ela cumprimentando-a.

— Olá! Sou Irma Clay. Vi que estava sendo esmagada — e puxou-a da multidão na qual o pé tinha sido preso.

— Obrigada.

— Nada!

— Hum... Sou Elisa Falcão... ahn, queria saber como conseguimos os armários que estão lacrados.

— Ah, sim. É só cortar ou pedir pra cortá-los aí e já é seu... e a senha está no lacre.

— Ah, vou cortar depois. — assim Irma continuou a conversar com ela até o megafone com a voz de um homem avisar para todos irem à quadra.

Irma a levou passando pelos corredores indo para o outro lado da escola, lá se achava uma parte com grama cortada que divisava a escola da quadra. Era bem alta e as arquibancadas eram pintadas de amarelo e vermelho. Parecia que aquilo foi pintado recentemente, provavelmente uns dois dias, e o sol transpassava o teto de telhas translúcidas.

— Shanna!!! A quanto tempo!! — gritou Irma à uma garota menor e de sorriso largo, elas se abraçaram — Shanna, essa é Elisa, acabou de chegar.

— Olá — disse Shanna — Seja bem-vinda.

Após alguns minutos conversando os alunos iam chegando, e o diretor se postou no centro da quadra que estava com um microfone sendo ajustado por uma pessoa. Depois de ter testado o som o diretor falou:

— Sejam bem vindos novos alunos e os que regressaram para mais um ano de aulas. Para quem chegou meu nome é Sr. Lattes — ele prolongou com discursos dos horários e tempo em cada aula, também falou dos intervalos em que seriam entregues lanches grátis e por fim disse — Muitos de nós, professores e funcionários, estamos felizes com a vinda de vocês e esperamos que esse ano seja bom para todos — muitos alunos falaram "oh" como se achasse lindo — sejam bons com os novatos, pois eles ainda não conhecem tudo pela escola, então boa sorte.

Com aquele aviso o tumulto começou, pessoas riam e outras só comentavam, Elisa tinha ido com suas duas novas amigas para a sala. Como a sala da Irma era diferente elas ficaram na porta conversando até o momento que os professores iam chegando.

Elisa colocou a mochila na sala e perguntou ao professor se podia pegar um armário logo antes da aula. Meio aborrecido ele deixou e ela foi rapidamente e quando, com a tesoura que tirara da bolsa, cortara o lacre, viu que não estava sozinha no corredor. Havia um menino que se despedia dos amigos e também abria um armário. Ele percebeu ela e se virou olhando-a. Seu coração começou a bater mais rapidamente. Seus olhos viam um ao outro. E do lado da boca dele surgiu um sorriso e se virando os dois foram para direções opostas.


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