Falcão Dú Mon escrita por Gjoo


Capítulo 14
Capítulo 14 Ataque do Louco




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Henry sorriu com a surpresa de Elisa. Zeta brilhava magnificamente naquela noite. As torres faziam sombra diante seu esplendor. Queria passar primeiro na diretoria, falar sobre o caso de Elisa, mas não queria que mencionassem sobre ele morar na Terra novamente. Aquilo estava deixando-o cansado. Queria ficar na Terra e também estudar em Capsilypson. Queria que Castrum Nubila fosse na Terra.

O elevador cromado se fechou atrás deles e desceu para o solo. Alunos surgiam por todos os cantos. Elisa se maravilhava ao ver cada um. Pensou que ela já queria estudar lá, mas ainda não a convenceu de sua segurança.

— Vamos! Precisamos ir à sala da diretora.

Elisa o olhou. Lhe pareceu difícil entender o motivo de estar lá. Mesmo assim prosseguiram. Andaram na calçada iluminada pelas lâmpadas brancas das luminárias e postes ao redor.

Zeta brilhava muito e estava inteira, como se dizia em Capsilypson. Seu anel reluzia em um branco amarelado enquanto o planeta estava azul claro. A grama verde ficava escura quando não tocada pela luz. Os jardins que haviam eram extensos e se encontravam em um caminho de pedras e concreto. Torres negras eram mais altas que os arranhacéus da Terra e mais luxuosas por dentro.

A torre que seguiam ficava atrás de um portão de madeira.

— Meu Deus! Quantas torres! — exclamou Elisa.

Alunos andavam por entre os caminhos. Henry levou Elisa até o portão aberto. Ela não pareceu se importar com os perigos, ou com alguma coisa do mundo afora. Estava maravilhada com tudo que encontrava em Castrum Nubila.

Estátuas saudavam os alunos, alguns respondiam devolvendo as saudações e fazendo reverências, outros somente resmungavam. Estrelas eram vistas no céu sem nuvens que o cobrissem, pois elas estavam muito abaixo do castelo. A luz da torre da diretoria estava acesa, como o amarelo reluzente do fogo.

Passaram por um campo aberto até chegarem na entrada inferior da torre. A pequena porta de madeira estava semiaberta. Henry a empurrou e entrou para uma sala pequena de quadros com uma escada de pedra branca em espiral. Subiram nela até chegarem no quarto andar e caminharam por um corredor que subia abruptamente até uma sala pequena. Lá tinha alguns móveis, como sofás de espera e uma mesa de vidro no centro, e três portas, uma à frente deles e duas na direita.

— Espero que ela nos ouça — disse Henry.

— Quem? — perguntou Elisa.

— A diretora — lembrou-a Henry. Pareceu que Elisa estava em um sonho em que acordara naquele exato momento. Demonstrou estar ouvindo agora — ela não me ouve ultimamente. É complicado...

— Ela sabe sobre mim? — Perguntou Elisa, parecendo nervosa.

— Não. Ainda.

Henry foi até a porta e bateu três vezes rapidamente. Abriu-a devagar e entrou com a cabeça. A sala da diretora estava somente com a lareira acesa enquanto ela guardava alguns materiais apressadamente. Estava usando capa de viagem verde-escura e uma roupa branca por baixo.

— Com licença, diretora, posso falar com a senhora um minuto?

— Desculpe, Henry. Estou apressada. Outra hora nos falamos — disse a diretora.

— É importante! — abriu a porta e pediu para que Elisa entrasse.

— Me desculpe, mas é importante. Estou com muita pressa.

— Isso também é importante — disse Henry, dando ênfase em "importante". A diretora notou Elisa.

— Henry, não posso falar agora. — disse a diretora, ainda percebendo a presença da visitante — Se for sobre aquele assunto, falamos depois. Quem é você, me desculpe?

Elisa pareceu nervosa outra vez. Olhou para Henry e depois para a diretora.

— Ah... é... Sou Elisa. Quer dizer, Falcão, Elisa Falcão.

— Oh, Elisa! Sou a diretora Halley, seja bem-vinda. Me desculpe não poder falar agora, mas quando voltar estarei aqui se desejar. É sua prima? — dirigiu-se a Henry desta vez.

— Não. É uma amiga — disse Henry — Eu vim falar sobre ela. Precisa me ouvir! — gritou quando ela lhe deu as costas.

A diretora parou o que estava fazendo. Virou-se para Henry.

— Henry! Eu preciso ir — disse ela, calmamente — Galactus...

— Ele já se foi! Estou falando de Elisa. Ela é a Falcão Dú Mon!

Um silêncio mortal caiu sobre o lugar. O olhar de Halley caiu em Elisa que pareceu incomodada com isso. Henry se acalmou, estava bravo com aquela situação, mas agora sentia-se calmo. A diretora estava chocada e se sentou na poltrona negra como carvão e com botões vermelhos.

— Henry... Isso é uma coisa muito séria... Não pode estar mentindo... — ela olhou Elisa novamente — Como... Como você sabe?

Henry não soube a quem ela perguntava, então resolveu responder pela Elisa, que também pareceu estar em dúvidas.

— Dú Mon me contou e ela afirmou. Ele era o falcão que me vigiava este tempo todo — Elisa o olhou e ouviu atentamente — Ele sabia! Sabia de tudo! E você sabe agora quem ela é, sabe que temos de treiná-la.

Outro silêncio abateu a sala, mas a diretora pareceu pensativa e não demonstrou estar surpresa. Elisa estava mais confusa que antes.

— Elisa... Você viu ele? Viu Dú Mon? — perguntou a diretora.

— S-sim... Ele veio até mim depois que recebi meus... meus poderes.

— Ele te falou... sobre o que você tem que fazer? — perguntou Halley, com o pesar na fala.

Elisa a olhou. Ficou em silêncio por um momento. Seu rosto pareceu sóbrio e confuso ao mesmo tempo.

— Sim! Sim, ele disse — falou como se estivesse triste em dizer, como se alguém morresse com a resposta e sentisse muito pelo que aconteceria depois. Não soube o porquê.

— Ótimo! — disse por fim a diretora, depois de um longo silêncio — não tem muito com o que se preocupar. Protegê-la-emos de tudo que for possível. Mas preciso saber mais. Vocês foram seguidos quando vieram?

— Não que eu saiba — respondeu Henry — Mas ontem fomos. Estivemos na Praça das Flores e alguns guardas apareceram...

— Que tipo de guardas? — perguntou Halley, preocupada.

— Os da Última Guarda — respondeu ele — Saímos logo que o vimos e ela voltou para casa em segurança. Dú Mon deve estar vigiando ela entre esses momentos, não sei ao certo. Resolvi levá-la hoje para cá. Precisamos que ela desperte os poderes e rápido!

— Sim, sim. Claro — assentiu a diretora — Mas também... — pensou por uns segundos — houve mais alguma coisa enquanto vieram?

— Bem... Tem um doutor na enfermaria da escola. Hoje, quando fomos, ele estava morto. Sei que há alguma relação com o Louco. Tem que ter.

— Eu acredito nele — disse Elisa por fim. Todos ali a olharam — eu... ele sabia, o doutor. Ele viu que tinha... que tinha algo estranho em mim. Mas não contou pra ninguém, ele me jurou que não iria.

— Meu Deus... — a diretora pareceu temerosa. Isso preocupou Elisa.

— Não... eu não pude conter quando veio os... os poderes. Ele teria de saber de alguma forma, não? — Elisa pareceu nervosa.

— Tudo bem, Elisa. Nós a protegeremos. Precisarei que fique aqui e me conte mais depois. Estarei indo ver a casa de Galactus. Quando voltar espero ouvir o que tem a dizer. Por quanto tempo ficarão?

— Pretendíamos voltar antes das seis, na Terra — disse Henry.

— Isso — afirmou Elisa — É... no máximo até às sete.

— Então tudo bem — a diretora puxou sua capa de viagem para trás — Voltarei em breve. Henry, hoje Zeta está inteira. Preciso que fique de olho no Sr. Gray. Sabe o que fazer.

— ok.

— Até mais Elisa — apertou a mão de Elisa — e Henry — fez o mesmo com ele — Mostre o castelo para ela se quiser. Isso deve animá-la. — e assim seguiu para fora da sala.

Os dois ficaram sozinhos. A lareira crepitava e o vento batia nas janelas fechadas.

— Quem é o Sr. Gray? — perguntou Elisa.

— É um dos funcionários do castelo. — disse Henry — Ele administra parte das coisas e manda e recebe cartas como um correio. A diretora me avisou para que ficasse de olho nele. Ele é um lobisomem — Elisa esbugalhou os olhos — sim, parece legal. Mas só quando ele se controla.

— Que legal!

Henry sorriu. Quis mostrar o colégio a ela. Pensou aonde deveria ir.

— Podemos visitar o colégio. Eu deveria ir à aula agora, mas acho que você acharia entediante — sorriu para ela novamente.

— Acho que não. Deve ser mais interessante que as aulas do professor Thor. — riram juntos.

Saíram e fecharam a porta. Desceram pela escada e chegaram na base da torre. Andaram para trás dela e encontraram um caminho de pedras com grama. Ouviram o uivo do Sr. Gray ao longe. Alunos andavam de um lado a outro comentando e rindo. Alguns corriam.

— Olhe! A diretora! — apontou Elisa para uma fila de três carruagens com um cocheiro de terno preto.

Hugo estava em uma delas. Henry virou-se, não quis vê-lo.

— É um zumbi! — sussurrou Elisa ao perceber.

— Sim. E os cavalos estão mortos — disse Henry — Os fantasmas podem voltar aos corpos se não estiverem totalmente mortos.

Elisa não entendeu aquilo, fazendo Henry se divertir. Insistiu para ir em outro lugar e ela aceitou. Caminharam entre as sombras das torres quadrangulares. Entradas de salões deixavam a luz interior se espalhar no lado de fora. Uma rua cortava o caminho, onde se passavam lambretas e pequenos carros que não tocavam o chão. Alguns alunos saudaram Henry e ele devolvia o cumprimento.

Um pátio enorme estava à frente deles. Alunos estavam deitados nas árvores e na grama. O caminho de pedras era amarelado como as luzes dos salões. Estrelas eram nitidamente vistas a olho nu. Um grupo de astronomia se encolhia num telescópio branco com a parte inferior azul marinho. Apontavam para o céu e anotavam o que viam em um caderno de capa de couro avermelhado. Um garoto beijara uma garota naquele momento.

Dois Obeliets corriam de um lado a outro, como uma brincadeira. Os leões de pedra rugiram. Um zelador regava as plantas e encontrara um garoto dormindo ali. Um mago pegou a varinha e usou como microfone para mudar sua voz e cantou, enquanto os alunos atrás dele usavam as varinhas para reproduzirem sons de instrumentos musicais.

Atravessaram o pátio e se encontraram num corredor com tantas portas quanto alunos. Todas abertas. Subiram uma com escada de ônix. As paredes de granito cinza eram iluminadas por tochas. O andar superior era extenso e com colunas de mármore envoltas em tochas multicoloridas. À medida que andavam para o fundo do enorme salão, as tochas ficavam avermelhadas, como um aviso para quem tentasse entrar na única porta que existia do outro lado. Mas Henry e Elisa seguiram um outro caminho. Passaram para outro corredor melhor iluminado e entraram numa sala de aula.

Mesas e cadeiras a enchiam. Não era grande, porém pareceria grande se tirassem todos os objetos dali. Haviam duas portas na sala, porém uma estava com uma carteira impedindo que abrissem.

— Essa é a minha sala de Física Avançada. Acho que o professor vai deixá-la ficar.

— Tudo bem, mas não conte que eu sou... você sabe... — Elisa tentou não falar alto, pois alunos passavam por eles.

A aula tinha acabado e Elisa não entendera muita coisa. Henry sorria para ela, mas não achava nada daquilo engraçado. O professor notara ela a aula inteira e perguntava se sabia algo como uma forma de se exibir. Não gostava daquilo. Pensou que já estava ficando tarde. Poderia ser noite na Terra. Não sabia quanto tempo a diretora demoraria para voltar.

— Gostou? — perguntou Henry pegando os livros e guardando-os debaixo de sua carteira.

— Foi... hum... interessante. — olhou para o professor que saía da sala — acho que ele zombava de mim — sussurrou quando pareceu que não poderia ser ouvida ou vista sussurrando — Ele me perguntava coisas sabendo que eu não sabia.

— Eu sei. Acho que só quis fazer isso pra demonstrar o quanto sabia ou o quanto o ensino daqui é eficiente. Já que todos de Capsilypson se gabam de saberem mais que "planetas pequenos" ou "inferiores".

— Achei que não subestimavam as criaturas e outras raças mais, como me contou.

— Bom, não se pode dizer que resquícios de orgulho da Velha Época ainda vivem hoje e aqui tão de perto — disse Henry observando a porta por onde saíra o professor — Anda, vamos para o pátio. Acho que podemos encontrar alguns amigos que te ajudarão.

Foram os últimos a sair. Passaram pelo longo corredor e desceram a longa escada do outro lado do salão. Desceram mais escadas até chegarem no pátio onde andaram antes da aula.

Mais alunos e criaturas apareceram ali. Henry cumprimentou alguns e outros mais. Elisa observava pessoas jogando cartas e soltando pequenos dragões do tamanho de uma mão aberta para lutarem. Uma geleia no formato de um sino gigante andava pelo corredor. Um velho com cajado corria tão rápido quanto sua idade parecia permitir. Nas árvores pessoas liam e discutiam coisas. Fantasmas flutuavam de um lado a outro.

— Hey, Henry! — disse um adolescente vindo em sua direção.

— Hey, Grant! — respondeu Henry de volta — Ei! Venha cá, preciso te falar uma coisa.

Grant veio mais depressa ao seu encontro. Já havia visto Elisa quando cumprimentou Henry, mas deixou-se notar quando se aproximou.

— Olá — disse ele.

— Olá — respondeu Elisa.

— Quem ser essa humanóide bípede de cabelos castanhos com quem anda? — disse Grant sorrindo — Não se preocupe, não falo assim.

— Essa é Elisa — apresentou-a Henry — ela é uma amiga da Terra.

— Olá, Elisa. Sou chamado Grant, como esse gritalhão sussurrou ao me ver — riram os dois.

Elisa sorriu achando seu modo engraçado. Havia um sotaque diferente em sua voz, não muito diferente do que acreditava ser britânico ou turco, mas mesmo assim era distinto das duas línguas. O garoto era esguio e alto, com uma barba nascendo em seu queixo de cor castanho alaranjada. O cabelo era de tal cor e usava óculos brancos. Vestia-se com um jaleco preto por cima de uma camiseta vermelha e calças pretas. Não parecia ser um uniforme, mas também não parecia ser algo que ele usaria todo dia.

Grant tirou os óculos.

— Estava nas Operações? — perguntou Henry.

— Sim, sim. Hoje foi difícil. Falei ao Yaete que a luz me atrapalhava, mas ele achou que era uma desculpa minha pra não ler os números.

— Que pena. Mas foi bem?

— Sim, sim. Claro! Aliás eu anotei mais coisas substanciais para o desenvolvimento das tabelas. Nem os magos poderão prever essa minha — disse ele sorrindo e vangloriando-se com os resultados de algo que Elisa não entendia.

— Eu acho isso interessante, mas não entendo nada — disse Elisa por fim. Os dois voltaram a notá-la.

— Ah, Elisa. Grant! Preciso de sua ajuda.

— Fale, meu amigo — imitou, Grant, um senhor.

— Eu não vou poder ficar com ela o tempo todo, e... bem... ela vai precisar de ajuda quando vier para cá. Ela é importante para a gente. Você vai entender quando a Halley falar... se ela resolver falar.

— Hum... entendo. Então... Isso significa ação? — disse Grant, como se tivesse medo de pronunciar algo.

— Ação? — perguntou Henry e Elisa ao mesmo tempo.

— Sim, quer dizer... Aventuras e tals. Viagens e correr atrás de seres místicos e proteger alguém... Como antigamente!

— E arranjar confusões e dívidas? Você se lembra daquela vez da princesa? — lembrou-o Henry.

— Bom... Aquela vez foi meio... "difícil". Mas pagamos por isso. E nem todas as vezes princesas cobraram como agradecimento. Queria voltar a lutar e não como o Campeonato dos Trinta, e sim como a do Kraken ou da Línnifella. Foi muito legal... — Grant olhara para o nada, sorrindo.

— É... — Henry e Elisa se entreolharam — foi. Mas preciso que você cuide dela, entende? — perguntou Henry.

— Claro, claro. Por que ela é tão importante?

— Irá entender — respondeu Henry.

— Ok. Agora preciso ver o Sr. Gray. Ele parou de uivar faz um tempo.

— Então até mais — disse Henry.

— Até mais — disse Grant — e seja bem-vinda — dirigiu-se a Elisa.

— Obrigada.

Ao saírem do pátio subiram por uma escadaria do outro lado e desceram mais escadas. Elisa já não sabia a que ponto estavam.

— Por que pediu alguém que cuidasse de mim? Posso me virar aqui... ou é muito perigoso? — perguntou ela.

— Perigoso não muito, porém extenso é outro nível. Iria se perder. Grant conhece mais do que eu esse colégio, e mesmo assim não é o suficiente pra dizer que já visitou-o todo. Esse lugar é muito grande.

— Aonde fica a borda disso tudo? — Elisa estava curiosa para ver o grande abismo entre o colégio e o nada.

— Fica longe daqui. Estamos no meio de tudo ainda. Teríamos que pegar algum veículo pra chegar lá nessa noite.

— E para onde vamos agora?

— Se estiver com fome eu posso levá-la à lanchonete perto daqui. É de graça, não se preocupe.

— Se meu pai ouvisse isso... — parou de falar, lembrando-se do pai. De repente sentiu agonia de vê-lo ali. Estaria ele bravo com ela? Ou esqueceu-a de novo?

— Acho que seu pai se espantaria se visse tudo isso — falou Henry por fim, depois do silêncio de Elisa.

— Ah, sim. — Elisa despertara dos pensamentos do pai — Ele iria. Aliás, eu preciso que ele venha para poder estudar aqui?

— Não, tecnicamente. Na verdade, é preciso que algum responsável seu assine os papéis de condições para que fique e estude. Mas como você é terráquea a diretora teria de vê-lo antes ou algum representante dela. Pessoas de outras dimensões moram aqui por causa da distância e impossibilidade dos pais levá-las.

— Hum... — Elisa notara que aquela conversa o preocupava, ou pelo menos em algum ponto que não queria chegar — Acha que iriam me aceitar? Como... Bom... Eles iriam ver que não tenho condições de... sei lá... Teria alguma coisa faltando em mim para ser aceita ou coisa do tipo?

— Não é bem assim que as coisas funcionam. É claro que tem análises sobre o seu potencial. Mas isso não impede que entre. Cada um aqui estuda aquilo que o liga às suas habilidades. Como eu, por exemplo. Tenho aulas de controle dos poderes. Preciso delas para sair daqui sem causar dano a alguém.

— Uou. Exames para poderes. Isso nunca tinha passado na minha mente. Tipo... Nunca imaginei que eu poderia ter isso — disse Elisa, lembrando-se de seus sonhos de criança e objetivos que tinha como adolescente. Não se lembrava de alguma vez planejar ter poderes e sair do planeta por portais para salvar a Terra. Mal conhecia o planeta direito e teria de salvá-lo.

— No início ninguém imagina. As coisas acontecem assim. Oton teria uma bela explicação, com insultos a mais, para isso.

— Quem é Oton? — perguntou Elisa.

— É um velho amigo meu. Bem velho — suspirou — e bem rabugento também.

Isso a fez lembrar de seu irmão, Jazer. Depois, Charlie e depois, inevitavelmente, sua mãe. Toda lembrança de Charlie era com a mãe a seu lado.

Andaram por túneis e caminhos de pedras transparentes. O castelo não parecia ter um padrão de estilos. O único padrão era ser diferente do anterior. Algumas torres eram quadradas, mas de tamanhos variados. Outras eram redondas e algumas hexagonais. A torre mais alta era redonda e um telhado cônico com um estandarte ao vento e longínquo. As estrelas enfeitavam o fundo da torre. Podia-se ver alguns objetos astronômicos encaixados nas paredes. Aquela torre era tão alta que podia dizer que ultrapassava a camada de ar, literalmente.

Uma pequena estalagem era vista enquanto caminhavam. Era a lanchonete que Henry mencionara. O letreiro da lanchonete estava escrito em outra língua com luzes de neon, porém não eram lâmpadas que produziam a luz. Alunos aglomeravam-se ali e saíam com lanches e bebidas. Alguns Elisa não sabia dizer se eram alimentos. Um gigante peludo levava aos braços cinco bandejas para uma mesa pequena com seus amigos humanos.

— Espere aqui — disse Henry quando chegou numa mesa de pedra branca vazia — acho que já sei o seu gosto.

Andou por entre as pessoas e desapareceu ali. Elisa ficou sentada no banco de pedra cravado na grama. Um tabuleiro de xadrez foi desenhado na pedra branca da mesa. Olhou para o céu e viu estrelas vivas e felizes em ser vistas sem nuvens. Sentiu a alegria daquela estalagem-lanchonete. Os alunos conversavam em voz alta e uma música de rock era ouvida bem longe. Não se sabia de onde vinha, Elisa reconhecia a música, porém não se lembrava do nome ou de quem cantava.

Um pequeno ser azul pulava para alcançar o lanche que Henry trazia em mãos. Era narigudo e calvo. Tinha olhos totalmente pretos e pequenos como bolinhas de gude. Seus braços e pernas eram finos, as orelhas eram longas e pontiagudas.

— Xô! Sai! — Henry não conseguia pará-lo com as mãos e usava as pernas para afastá-lo — Isso não é seu. Sai daqui.

Enfim a criatura se convenceu, porém foi buscar de outra pessoa.

— Esse Lobert é um diabo! Até parece uma versão azul de um.

— Conhece ele? — surpreendeu-se Elisa.

— Quem não conhece? Se vier aqui duas vezes, saberá o que te aguarda. Tome. Trouxe o mais próximo de um sanduíche pra você.

Na Terra, Zulu caminhava com Ambror ao seu lado. Estavam atrás de casas brancas e algumas tinham a bandeira dos Estados Unidos. Estava entardecendo e precisavam achar um abrigo rápido, antes que os policiais os achassem. Havia alguns mendigos reunidos num canto de uma casa amarela. Mas antes que pudessem chegar lá, uma sirene tocou. Eram os policiais que fizeram os mendigos correrem.

Eles tentaram outro lugar. Era pesado demais as bolsas que levavam. Mas a maioria delas tinham o necessário para sobreviverem. Remédios, roupas, alimentos achados e pouco consumidos, lençóis e dois colchões de acampamento que acharam numa floresta.

Chegaram em Denver clandestinamente, subindo em caminhões e carros que encontravam no caminho. Algumas pessoas na estrada viam eles, porém não pareceram que iriam criar casos durante a viagem. Se passaram muitos dias para chegarem no local que queriam. Quase não dormiram direito. Souberam que estavam sendo seguidos quando ouviam o rádio dos postos e dos caminhões. Na maioria das vezes que andaram em cima de um, o caminhoneiro expulsava e ameaçavam-nos. Era perigoso seguir adiante desse jeito e resolveram ficar na cidade por um tempo, a menos que sejam descobertos.

Andaram o suficiente para longe dos policias. Encontraram uma casa velha que parecia abandonada. Entraram pela porta escancarada e procuraram o dono. Quando revistaram os dois andares, viram que não havia alguém e dormiram ali naquele dia.

Seria uma noite tranquila se não fosse os sons que ouviram de repente no lado de fora da casa. Nenhum deles tinha medo de fantasma ou coisa parecida. Mas não se arriscariam a algum ataque surpresa de policiais ou dos inimigos que soubessem onde estavam. Zulu se levantou do colchão e avistou pela janela quebrada o jardim malcuidado. Um gato comia algo da lata de lixo.

Voltou e falou para Ambror o que era. Voltaram a deitar, mas não a dormir. Estavam mais atentos agora. O som ficou mais perturbador e os dois saíram de cada colchão e pegaram as espadas. Zulu foi até a porta, enquanto Ambror guardava os colchões e se preparava na janela.

Dois segundos de silêncio e uma risada tão sinistra que eriçou os pelos dos dois.

— É ele! — disse Zulu.

— O Louco — disse Ambror ao mesmo tempo.

Se afastaram das paredes e correram até a escada. Um silvo agudo e repentino quebrou o silêncio. O som de explosão ensurdeceu todos que estavam ali e a luz amarela avermelhada tomou conta da porta e das duas janelas que acompanhavam a frente da casa. Se protegeram indo para a cozinha que ficava atrás da casa. Som de madeira desmoronando e a risada novamente. Uma luz piscou. Outra explosão pelo lado esquerdo deles. Foram lançados até a parede oposta. Zulu não conseguia ouvir direito.

A casa cedeu. O teto caiu inclinado e pedaços de madeira estalavam em feixes de tábuas. Fendas surgiram de todos os cantos e poeira caiu e levantou. Se levantaram e correram o mais rápido que puderam para fora da casa. A saída mais próxima estava na cozinha. O riso voltou e mais agudo. Zulu conseguiu sair puxando Ambror com sua mão escorregadia. A espada ainda estava na outra. Protegeu-se do impacto do pulo quando saltou antes do teto encostar na pia da cozinha e cunhos penetrassem nas paredes para abatê-los.

Caíram estendidos no jardim atrás da casa. Por sorte não houve sangue, mas a risada se tornava mais grave. Odiava aquilo. Ambror se levantou rapidamente. Vizinhos ligavam as luzes das casas. Um cão latia ao longe e o gato da lata de lixo sumira havia muito tempo. Um vulto passou na frente deles e uma lança dourada no formato de um raio voou na direção onde estavam.

Estalos da casa se misturaram com o zunir da lança. Ambror parou-a com sua espada fazendo-a cair ao lado deles. A de Zulu não conseguiu chegar na mão a tempo. O vulto verde chegou perto e a risada chegou aos seus ouvidos. Ambror pegou a lança do chão e a arremessou contra o Louco.

Explosão tomou conta do ar onde a lança esteve. Não era uma lança. Era uma bomba. Os dois voaram para trás. Zulu conseguiu se manter de pé e correu com um braço sobre o nariz, evitando que a fumaça entrasse. Golpeou onde achava que estaria a risada. Uma luz verde passou pela sua orelha.

Os vizinhos gritavam. A sirene da polícia pôde ser ouvida dali. A fumaça se desvanecia enquanto o rosto sorridente e verde da criatura mais odiada por Zulu apareceu para matá-lo.

— Lembra-se de mim. Hahahaha! — riu o Louco.

Zulu nunca esqueceria o rosto verde e sorridente, com sobrancelhas chamativas e nariz empinado. Aquele que conspirou contra seu pai. Aquele que tentou matá-lo. Um dos cinco e o mais perigoso. Um tentáculo saía de sua cabeça com uma bolota na ponta. Os olhos eram amarelos com íris amarela acastanhada e pupila amarela enegrecida. Os lábios eram verdes avermelhados e dentes tão brancos quanto a luz. Usava uma roupa verde escura colada à pele. Os dedos eram verdes com unhas grandes e afiadas. Como toda sua roupa a pele também era uma armadura. Tudo era verde com exceção dos olhos amarelos e o sorriso branco.

O primeiro golpe de Zulu não o atingiu. Louco andara para o lado, com temor na espada.

— É de seu pai? Parece legal — outro golpe falho na sua cabeça — Ha ha! Que elegante! — andou para trás — Que charmosa! — Desviou a perna de uma espadada — Me empresta? — riu longamente, se desviando dos golpes de Zulu.

Ambror tentou atacá-lo por trás, mas Louco pareceu esperar isso. Girou e o tentáculo bateu no rosto de Zulu, enquanto Ambror foi chutado para longe, quebrando a cerca dos vizinhos.

A polícia chegou em um dos lados da casa destruída. Um homem loiro apontou a arma para eles.

— Aquele homem tem um sabre! — exclamou o policial mais jovem, de rosto com sardas e cabelos castanhos.

— O que é aquela coisa? — comentou alto demais um policial carnudo de bigodes grandes.

— Parados! — gritou o loiro — Eu disse parados, senão eu atiro.

Zulu estava alerta, os policiais poderiam atirar em qualquer um cegamente. Ambror saiu da cerca e pegou a mochila que estava no chão. A de Zulu estava ainda em suas costas. O Louco não perdeu tempo e tirou uma das bombas em sua roupa. Apertou um botão e jogou em quem atirara contra ele. Correu. A bomba explodiu. A casa se incendiou e quebrou mais. Os policiais se protegeram no lado errado da casa, alguns se machucaram e outros foram mortos na hora.

Zulu e Ambror aproveitaram para fugir, as balas não os atingiram. O Louco riu e puxou-os para trás enquanto escalavam as cercas. A espada de Zulu raspou a crosta verde do braço direito que o segurara. O riso se tornou grito. Ambror perfurou-o no tórax com a sua. Louco pareceu se engasgar no próprio sangue, mas isso terminou no súbito golpe que Louco deu na perna de Zulu.

Mais tiros puderam ser ouvidos. O fogo aumentava, porém a madeira pesada abafava a fumaça. A vizinhança se assustava. Os policiais tossiam e uma sirene diferente repercutiu no ar. Era o caminhão de bombeiro. Louco caiu ao chão. Zulu se levantou manco e se apressou quando saíram daquele quintal. Ambror retirou sua espada presa em Louco e limpou o sangue na moita. Pularam a cerca e fugiram para a rua.

Atravessaram o quintal de uma casa e pularam atrás de uma caminhonete que vinha em sua direção. Deixaram de andar enquanto estavam seguros ali, porém o motorista parou para mandá-los embora às pragas.

O Louco não apareceu durante isso. Correram para uma casa.

— Não podemos continuar! Ele vai nos achar — disse Ambror — sua perna está machucada...

— Eu estou bem. Posso continuar a correr até amanhã, se quisesse — disse Zulu determinado em derrotar um dos conspiradores assassinos de sua família.

O céu estava negro com nuvens a esconder as estrelas. Suados e sujos os dois correram para um prédio com lixo atrás de um muro. Ao lado do prédio havia outro parecido.

Henry e Elisa estavam voltando para a torre da diretoria após visitarem as salas de aula e quadras vazias ainda inativas. Elisa percebeu que o tempo se passava devagar. Os uivos do Sr. Gray já tinham se cessado e, pelo que ouvia dos amigos de Henry, ele já estava bem.

— O que vai acontecer com o Sr. Gray agora? — perguntou Elisa.

— Ele vai ficar bem. — respondeu Henry — Isso sempre acontece quando um satélite fica cheio. Ele é um lobisomem que se controla.

— Existem tipos de lobisomem?

— Sim. Em Capsilypson tem um festival Caça aos Lobos. É tipo uma defesa contra os lobisomens. — deu um suspiro — às vezes tem mortes. O bom é que você conhece alguns tipos de lobisomens incontroláveis. Sempre acontece quando Zeta fica inteira o mês inteiro.

— E que de bom tem nisso?

— Você os conhece — argumentou Henry.

Elisa não achou isso um bom argumento, mas não comentou. O céu era bastante estrelado, isso era bem notável, mas havia algo que a fazia pensar que a manhã estava chegando. Precisava chegar logo em casa, antes que o pai fique furioso.

— Acha que a diretora vai chegar a tempo?

— Se ela se atrasar então é algo a mais para se preocupar. — disse Henry — O seu caso é sério. O Falcão Dú Mon é a esperança de muitos planetas.

— Mas eu nem sei o que eu tenho que fazer — Elisa se desesperou por um momento.

— Acalme-se! Vão te ensinar o máximo possível. E eu ainda posso mostrar um dos segredos dos meus amigos serem tão bons em luta.

— Vou ter que lutar? — desanimou Elisa.

— Só um pouco. Vai ser legal — reconfortou-a Henry.

Ao chegarem na porta inferior da torre viram a caravana que levou a diretora e outros para a casa de Galactus. Elisa se perguntava sobre a importância de Galactus e de Devor, o anterior Falcão Dú Mon. Estava vazia, o que queria dizer que a diretora já os esperavam. Correram pelas escadas o mais rápido que puderam e chegaram ofegantes na sala.

— Se divertiram? — perguntou a diretora sorrindo. Estava com três cortes no rosto, com um fiapo de sangue no do meio. O cabelo estava normal em algumas partes, nas outras estava uma bagunça. Apesar das pontas das mangas estarem rasgadas a diretora estava feliz.

— Oh... Eh... Sim. O que aconteceu? — surpreendeu-se Henry.

— Ah, nada demais. Algumas aventuras reavivam pessoas. Hoje descobri muitos segredos, mas não o suficiente para poder prever o que acontecerá. — olhou séria para eles. Tinha se sentado e estalou os dedos acendendo a fogueira. Elisa não entendera como ela fizera aquilo — Henry, o Sr. Gray esteve bem?

— Sim, sim. Grant também nos ajudou a encobri-lo.

— Muito bem. Agora preciso que me conte, Elisa. Tudo o que souber falar seria ótimo para meus ouvidos — sorriu bondosamente para ela e cruzou as pernas por baixo das saias de pontas douradas rasgadas.

Elisa contou a história sobre o colégio e como esteve se sentindo. Contou de como reagia quando acordava, quando estava muito brava e outras coisas em que seus poderes apareciam. Contou sobre o chamado de Henry para Capsilypson e sobre o Festival das Rosas. Contou sobre os dias em que passara conversando com Dú Mon e como ele aparecia para ela. Por fim, contou sobre a morte do doutor até a vinda deles para Castrum Nubila. Tudo isso a professora ouviu atentamente, sem ao menos interromper com perguntas. Henry complementava algumas coisas que dizia, como no festival e na vinda para o castelo.

— Hum — a diretora pensava com as duas mãos entrecruzadas sobre a boca, apoiando os cotovelos na mesa que ficava à frente deles. — tudo isso parece-me estranho, até mesmo a fuga de vocês depois dos guardas terem aparecido. Tenho minhas suspeitas, mas não posso contá-las agora. Minha viagem até a casa de Galactus não parece ter sido em vão agora.

— Então conte-nos o que aconteceu — ansiou Henry.

— Tudo a seu tempo, Henry. Até amanhã poderá vir ao castelo como visitante. Estarei assinando os papéis para sua entrada nos portais e assim estudar aqui como bem queira. Porém terei de ter a assinatura de seus pais, e o mais importante, terei de enviá-la um acompanhante para os portais. Até o momento Henry está disposto e Maes gostará de visitar a Terra novamente. — mesmo não sabendo quem era, Elisa ficou feliz. Estaria estudando em Castrum Nubila e conhecer algo diferente do que sempre viu. A diretora prosseguiu — Cuidado, pois haverá mais perigo do que imagina.

Elisa se arriscaria mesmo assim. Olhou nos olhos da diretora.

— Ok. Mas acho que meus pais não gostarão muito da ideia.

— Não se preocupe — disse Henry — eu e Grant daremos um jeito.

— Nada de travessuras! — alertou a diretora sorrindo.

Quando saíram da torre um vislumbre de luz solar saía do horizonte.

— Acho que está tarde lá na Terra. —Henry olhou para o horizonte — Vamos!

Correram pela grama ao invés do caminho de pedra. Praticamente saltavam em vez de darem passos. Atravessaram o portão e correram para uma torre gradeada com a porta do elevador cromado se tornando branco, com exceção de duas linhas horizontais de cromo.

Apertaram o botão para descer e entraram quando abriu o elevador, após cinco minutos. A demora era uma eternidade para Elisa, até que por fim chegaram ao solo. Henry correu na frente para duas árvores entrelaçadas. Elisa chegou quando as árvores se abriram formando um portal entre elas. Entrou se abaixando para não agarrar-se nos galhos baixos. Apareceram no outro lado numa praça com a noite ainda escura, não se via nenhum vislumbre de sol ali. Henry a levou passando por lojas na calçada do outro lado e viraram uma esquina.

Correram mais e mais sem descansar, porém Elisa queria parar. Quando ia dizer a Henry que estava cansada um barranco apareceu na outra rua. Atravessaram-na até subirem no barranco rochoso. O Muro de Capsilypson se estendia no topo, e não se via o começo nem o final daquela construção.

— Xis O Capsilypson — gritou Henry no silêncio da noite, quando nenhum carro passara por eles.

O Muro se abriu e outro portal estava em sua frente. Atravessou e se viu no Muro da Terra, entre dois prédios semelhantes. Não havia mendigo algum e as caçambas de lixo estavam vazias, porém um líquido malcheiroso saía debaixo delas.

O portal se fechou e Henry já havia atravessado. Um raio apareceu no céu e o trovão veio segundos depois arrepiando sua nuca. Elisa se assustara com um homem que apareceu no exato momento que a luz iluminou o beco onde estavam. Usava um jaleco, calça e camisa pretas. Mais negro que a noite e parecia mais terrível que ela. Perceberam que ele usava óculos escuros e observava-os por detrás deles.

Não parecia fácil ignorá-lo, pois estava no meio do caminho.

— Ah... é, com licença. Precisamos ir... — um trovão interrompeu a frase de Henry. O homem pareceu não se mover.

Algo caíra de cima de um dos prédios e quando Elisa olhou o que foi viu que era outro homem, vestido de forma idêntica. Uma mulher caiu do outro prédio e pousou com menos brutalidade que o outro. Usava roupas góticas com uma saia de pontas rasgadas, e a cor era de rosa pálido como o cinza.

— Essa não — sussurrou Henry para Elisa. Isso a fez ficar com medo.

— O que foi? — falou no mesmo tom, assustado.

— Hickers! — exclamou baixo Henry. O trovão quase fez com que sua voz fosse inaudível.


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