A Year With Ian Kabra escrita por KidariChanboni


Capítulo 3
Boring movies, bad news, good friends.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Tive que entrar em hiatus por problemas pessoais! Compensei fazendo um capítulo meio grande, várias informações estiveram nele, estou orgulhosa por conseguir escrever tanto!



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Sexta-feira-feira. (Por que raios eu coloquei dois "feiras?"

Sexta-feira.

FINALMENTE ACHEI ESSE DIÁRIO! Você não acredita quanto tempo eu fiquei procurando você igual uma louca! E justamente quando minha vida começou a ir de mal a pior, eu não tenho sorte.

Tenho que atualizar este diário e vou escrever feito uma louca, aconteceram muitas coisas em pouco tempo, então esse texto talvez seja muito longo, um dos mais longos da história do meu diário, pode ficar meio monótono, mas eu vou ser a única que vai ler mesmo.

Depois do fatídico dia que foi Quarta-Feira eu fui tentar dormir, mas não deu certo por dois motivos: 1 - eu não conseguia dormir com a imagem de Ian Kabra dividindo minha casa e nós dois compartilhando o mesmo ar durante todos os dias. 2 - Dan estava jogando videogames no quarto ao lado e aqueles barulhos não me deixavam dormir.

Bing. Bong. Pong. BOOOOOOOM!

ALGUÉM CONSEGUE DORMIR COM ISSO?!

Resultado de eu ter ficado sem dormir: Acordei faltando quinze minutos para a aula começar com o Dan pulando na minha cama, coloquei uma calça jeans velha e uma blusa verde (que causou um efeito estranho com meus olhos da mesma cor) e um tênis vermelho, estava com olheiras e parecendo um zumbi, acho que foi meu pior dia na história do ensino médio! Dan não estava em uma situação muito melhor que a minha, bocejava toda hora e nem levou seu tão amado skate.

Como já era esperado, perdemos o ônibus escolar e tivemos que pedir ajuda para Nellie, que desde o começo já tinha notado que nós tínhamos sido substituídos por zumbis no meio da noite.

– VOCÊS NÃO VÃO COMER MEU CÉREBRO! - ela gritou, enquanto nós andávamos até o carro. - EU ASSISTO THE WALKING DEAD!

Eu e Dan nos entreolhamos, sempre conversávamos só com olhares.

"Podemos continuar fingindo que somos zumbis pra ver se enganamos ela?" ele perguntou.

"Não, idiota, ela só tá fingindo." eu respondi.

– O BANCO DA FRENTE É MEU! - gritou Dan, correndo para frente, mas eu fui mais esperta e entrei no banco de trás, saltando para o da frente no exato segundo em que Dan abriu a porta. - NÃO VALE! - ele gritou, eu sorri maliciosamente e ele mostrou a língua.

Tudo isso e o resto do meu texto comprovam uma teoria minha: que o Dan tem no lugar do cérebro uma caixa de giz-de-cera.

Olhei no meu relógio de pulso e faltavam três minutos para o sinal bater quando nós chegamos na escola, todos estavam comentando algo que ia acontecer hoje, cheguei perto das irmãs Holt e elas me informaram que nós iríamos assistir um filme, todas as classes juntas, e sorriram perguntando se eu queria que elas se sentassem comigo, obviamente eu disse sim, as gêmeas Holt são sempre educadas comigo, e com todos desde que fiquem fora do caminho delas, óbvio.

Quando o sinal finalmente bateu o Diretor Alistair Oh, um velhinho coreano simpático e com um sorriso doce, nos mandou para o nosso enorme auditório, que ao invés de ter o palco tinha um telão gigante, ouvi murmúrios de surpresa e nos foi ordenado para nos sentarmos. Eu e as gêmeas Holt fomos para o fundo da sala, Dan se sentou na nossa frente, no meio do caminho fui surpreendida por Natalie perguntando se poderia sentar conosco, olhei para as gêmeas Holt como se pedisse permissão e elas sorriram e acenaram positivamente com a cabeça, suspirei, pelo menos elas eram todas amigas.

Havia cadeiras do lado esquerdo e direito, separadas por um corredor. Eu estava na ponta da última fileira e vi uma figura se sentar na outra ponta, separando-nos apenas por um corredorzinho, olhei mais atentamente e dei um longo suspiro.

Obviamente, era Ian Kabra. COMO EU TENHO SORTE!

Ele deu um sorriso que a primeira vista parecia educado, mas depois revelava-se maldoso e virou a cabeça, eu fiquei totalmente vermelha de raiva e Madison, sentada do meu lado, me olhou preocupadamente. Dan virou-se para trás e disse:

– Mana, cadê os Cobras?

Natalie olhou pra mim como se perguntasse se estava se referindo à ela, eu acenei com a cabeça.

– A Natalie está do lado da Reg e o Cobra está do meu outro lado. - eu disse com os dentes cerrados.

– Ah, cuidado! - ele respondeu. - Oi Reg! Oi Maddie!

– Dan. - elas disseram, ao mesmo tempo e friamente.

Você deve estar se perguntando: Aonde está Sinead? Pois é, com o Hamilton. Muito estranho.

Quando o filme estava prestes a começar uma voz surgiu atrás de nós.

– Yo! Desculpe o atraso, sério mesmo. - disse a voz, reconheci automaticamente como Jonah Wizard. Se tinha alguém que poderia ganhar de Ian Kabra na popularidade, esse era o jovem Wiz. Todos o conheciam e amavam, sua voz era perfeita e tinha um carisma indescritível, mesmo sendo um pouco metido as vezes, era um ano mais velho que eu e estava no seu último ano no reino pessoal que era a escola, todos idolatravam Jonah Wizard e eu não tinha como negar, ele havia nascido para ser uma estrela. - Posso entrar?

– Claro, sr. Wizard, a coordenadora ainda não chegou e eu lhe darei uma chance. - Alistair disse, sorrindo, eu gostava muito dele, era como um avô.

– A coordenadora?! - perguntou um aluno, acho que seu nome era Evan. - Irina Spasky vai ficar aqui?!

– Sim, sr. Tolliver, e sinto muito por isso. - Alistair riu.

– Ótimo, a Espasmo vai ficar aqui falando igual uma gralha, que divertido! - ironizou Madison, revirando os olhos, eu e Reg caímos na gargalhada.

– Sempre achei que ela tinha voz de ganso. - comentou Reg, dando de ombros. - Só sei que vou acabar dormindo nesse filme, espero que não tenha nenhuma redação de cem páginas depois disso.

– Se prepare, vai ter! - disse Natalie. - Devia ter trazido energético, estou com medo de até eu acabar dormindo aqui!

– Tudo bem, nós podemos contar com a Amy nerd pra dar um resumo detalhado do filme depois! - comemorou Madison.

– Nada disso meninas, vocês vão prestar atenção e ME dar um resumo detalhado depois! - eu disse. - Não dormi nada hoje, pesadelos, se vocês pudessem fazer esse favor pra mim.

– Claro, Amy! - disse Reagan prontamente, ela me ofereceu seu casaco e eu aceitei. - Coloque em cima de você, Maddie vai te dar cobertura e qualquer coisa ela te cutuca, você precisa dormir, está com olheiras terríveis!

Eu concordei com a cabeça e agradeci aos céus por ter as gêmeas Holt e até mesmo Natalie, que concordava com tudo que Reg dizia, elas avisaram Dan e ele disse que se a Espasmo estivesse vindo ele tentaria distraí-la, fizeram uma cama improvisada com a bolsa prada de Natalie como travesseiro e o casaco de Reg como coberta, fechei meus olhos lentamente a tempo de ouvir Irina Espasmo falar:

– O filme vai começar, classe.

Dormi em paz pelo que pareceu meia hora, até que um aviãozinho de papel me atingiu, eu abri um olho e peguei o papel nas mãos, nele dizia:

Amélia Cahill dormindo no meio de uma aula? Oras, o que está acontecendo?

Acorde antes que eu fique cansado de te ver quebrando as regras e conte para a srta. Spasky.

Ian Kabra.

Revirei meus olhos e quase me levantei disposta a dar um tapa tão grande em Ian Kabra que ele ia esquecer o próprio nome! Suspirei irritadamente e Madison pegou o papel de minhas mãos, logo seu rosto ficou da mesma forma que o meu e eu me permiti um sorriso, pensando em como seria para Ian Kabra receber um tapa de Madison Holt.

Ela acabaria com ele. Mas eu não a quero em problemas, então acenei negativamente com a cabeça e ela assentiu.

– O que o meu irmão fez dessa vez? - perguntou Natalie.

– Wow, você é boa em adivinhação! - eu exclamei.

– Não é muito difícil adivinhar quando ele está com aquele sorriso maquiavélico. - ela apontou para ele. - Sério, aquilo me dá medo.

Reagan riu, já sabendo do que tudo se tratava, Dan trocou um olhar rápido com ela, o que me fez suspeitar muito.

– Sobre o quê é o filme? - perguntei.

– Ah, nem queira saber! - Reagan deu um tapa em sua própria testa. - É uma comédia ridícula e educativa para crianças de 2 anos sobre alimentação, chama-se: Os Nutricionautas contra as Gororobas Gordurosas. É HORRÍVEL!

Todos nós rimos, o Cobra observava atentamente e eu me senti tentada a fazer a ele um sinal com a mão não muito apropriado, mas deixei pra lá. Irina Espasmo estava passando por perto e nós fingimos estar concentradíssimos no filme podre sobre alimentação saudável. Um papel rosa foi passado a mim, e nele dizia:

Melhor conversarmos por aqui, senão todos vão suspeitar. Recebeu a notícia bombástica, Amy?

Natalie.

Já sabia qual era a notícia, peguei minha caneta e escrevi.

Sim, eu soube. Não me leve a mal, Nat, mas não é uma coisa que eu queria, foi por isso que tive pesadelos, mas a culpa não é sua e sim dele.

Amy.

Passei o papel à ela por trás de Reagan, que nem pareceu notar Natalie leu atentamente e deu um sorriso triste, depois de uns minutos passou o papel.

O idiota do meu irmão vai estragar tudo mais uma vez, é por isso que eu não tenho amigos.

Admito que sinto pena de Natalie, ela é incrível e tem um irmão tão... tão...

E aí eu cheguei a uma conclusão: Não consigo descrever Ian Kabra. Peguei o papel e respondi Natalie.

Meu irmão também não vai facilitar as coisas pra você, Nat, somos as únicas normais.

Enquanto ela lia, olhei para os dois lados e vi o Cobra me encarando com uma expressão confusa e depois mudando o olhar para Nat, como eu já sabia como ler expressões, o que ela queria dizer era “Se mamãe soubesse você seria deserdada!”, Isabel Kabra nunca havia parecido alguém boa, ela era igual Ian, mas eu não me deixaria levar pelo sorriso de aparência inocente de Isabel assim como havia feito com ele, isso nunca.

Notei que Natalie estava segurando o papel e Maddie já olhava para ela, se perguntando o porquê dela estar inclinada em sua direção, então peguei o papel numa velocidade digna de The Flash e abri.

Amy, teria problema se eu enforcasse seu irmão? Ele é insuportável! Sem ofensas, claro.

Natalie.

No momento que eu ia responder fui surpreendida por uma bolinha de papel atacada na minha cabeça, peguei-a do chão e desamassei, lá estava escrito:

Não polua a mente da minha irmã com suas teorias idiotas sobre o motivo de me odiar, Amélia Cahill, ela tem mais o que fazer e você... bem, você não.

Ian Kabra.

Amassei a bolinha novamente e joguei no Cobra com toda a força que tinha, mas neste momento a Espasmo estava passando na frente dele e a pior coisa que poderia ter acontecido, aconteceu:

O papel acertou Irina, ela me lançou o olhar mais irritado possível e leu o conteúdo.

– Amélia Cahill e Ian Kabra – ela disse em alto e bom tom. – Passando bilhetes? Os dois para a direção, agora.

Gesticulei desesperadamente pra Dan soltar uma daquelas bombas fedorentas, ou tirar uma tartaruga do bolso, ou começar a berrar que estava morrendo, ele pareceu entender e pegou uma bombinha que explodiria se fosse derrubada com força no chão, exatamente o que ele fez, e em poucos segundos a sala estava coberta por um cheiro horrível e uma nuvem de fumaça amarelada.

– DANIEL CAHILL! VOCÊ IRÁ CUMPRIR DETENÇÃO JUNTO COM OS OUTROS DOIS, MAIS ALGUÉM QUER VIR?! – gritou a Espasmo, cobrindo o olho, o que fez Reagan e Madison caírem na risada. – POSSO SABER DO QUE AS DUAS ESTÃO RINDO, HOLTS? – gritou, novamente.

As duas gêmeas trocaram um olhar divertido.

– Estamos rindo do seu espasmo, Srta. Spasky. – disseram, juntas.

– Isso está ficando cada vez mais divertido, outras duas alunas para a detenção, mais alguém? – retrucou... ah, você já sabe quem é!

E neste momento Jonah e Natalie, que estavam segurando o riso, explodiram em gargalhadas exageradamente altas, Espasmo ergueu uma sobrancelha constatando:

– Mais dois, agora vamos de uma vez antes que eu tenha de levar o auditório inteiro.

Já estava tonta de tanto ouvir a voz de ganso dela, então dei graças a Deus que estávamos finalmente de saída, woo hoo! Maddie e Reg saltitavam o caminho inteiro, felizes por finalmente terem saído daquele filme retardado pra bebês sobre alimentação saudável. Você deve estar se perguntando o porquê de nós estarmos assistindo aquilo, simples assim: Ano passado havia sido a nossa primeira avaliação física, e tivemos de andar na esteira e fazer flexões, depois foi feito um ranking de todas as escolas da região e, adivinha? A nossa foi a pior, Hammer havia sido o único que conseguira uma nota boa, mas os outros trezentos e tantos alunos haviam sido péssimos, e esse ano tiraram os refrigerantes e trocaram por água, não vendem mais chips e chocolate no refeitório (só barras light de cereais) e começaram a pegar beeeem pesado nas aulas de educação física, ou seja: tudo era uma droga!

EU NÃO PODERIA SER EDUCADA EM CASA?! SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL ASSIM?! Mas nãaaaaaao, meu pai nunca ia deixar!

A sala de detenção era assustadoramente tediosa, nós não tínhamos nada pra fazer, somente sentar: não pode falar, comer, dormir, rir, escrever, ler, nada! Só sentar e fingir que você é uma estátua de cera, o que eu gostaria de ser. Felizmente a Espasmo nos deixou sozinhos e quem ficou nos observando foi Alistair, o velhinho bondoso que ama crianças e come doritos no meio da detenção... e também deve ter uns mil tipos de venenos dentro daquela bengala sinistra, bizarro!

Todos nós ficamos olhando Alistair com cara de parede, até que ele riu e anunciou:

– Podem conversar, crianças, eu sei que jovens como vocês não conseguem manter a boca fechada! – e continuou comendo despreocupadamente.

– Nós te amamos, Sr. Oh! – gritaram as Holts, ao mesmo tempo, com sorrisos de orelha à orelha.

– Eu te odeio, Amélia. – anunciou Ian, com os dentes cerrados, eu gargalhei.

– Como se eu me importasse, Cobra. – ergui uma sobrancelha e me virei, encarando minhas unhas. Dan e Natalie tinham uma discussão sobre a casa que os Kabra e Cahills iriam dividir, Natalie cismava de que precisava do maior quarto da casa para seu estúdio particular de ballet e, do outro lado, Dan defendia que ELE deveria ficar com o maior quarto da casa para sua enorme TV e seus sete consoles de videogame, sinceramente eu queria que Dan jogasse seus videogames bem longe de mim e de preferência em um quarto a prova de som. Mas Ian se meteu na conversa (como sempre) e decidiu que o maior quarto deveria servir de biblioteca, o que eu queria muito apoiar, mas ficar ao lado de Ian Kabra em uma disputa? Nunca.

– O que você prefere, Amy? – perguntou Dan, dizendo com os olhos “Não fique do lado dos Cobras, apoie sua família!”

– Ahn... eu estou do lado do Dan! – respondi prontamente. – A maioria venceu, Dan fica com o maior quarto.

Natalie suspirou e encarou tudo como uma adulta, Ian me lançou um olhar mortal e afundou na cadeira, provavelmente pretendendo dormir. A meia-hora seguinte foi absurdamente chata, as Holts conversavam sobre assuntos banais, Natalie pintava as unhas, Ian dormia, Dan jogava em seu DS (escondido de Alistair, óbvio), Jonah cantarolava com sua voz perfeita e eu tentava lembrar de cada segundo pra anotar no diário depois, já que esse caderninho virou meu melhor amigo. Sr. Oh resolveu sair para ver como andava o filme e nos deixar sozinhos, e foi quando Dan teve uma ideia brilhantíssima.

– VAMOS FUGIR! – ele gritou após uns três minutos sem sinal de Alistair. – Sério gente, eu sei de uma passagem secreta que dá pra fora do colégio, ou vocês querem morrer de tédio na detenção e depois ir pra uma aula sem noção, huh?

– Eu topo! – disse Madison, Reagan parecia mais apreensiva, concordando depois.

Quando Dan ia começar sua explicação da passagem secreta a porta se abriu e Alistair entrou com Sinead e Hamilton.

– Crianças, trouxe mais amiguinhos para brincar! Comportem-se, tio Alistair já volta! – ele disse, se retirando logo em seguida.

– Aaaaaaaaaaaaamyyyyyyy! – Hammer correu e me levantou num abraço de urso, quase quebrando minhas costelas.

– Preciso de aaaaaaaaaaar! – gritei. – E é bom te ver, grandão! O que vocês fizeram para vir parar aqui?

– Yo, aquele filme era muito podre! – disse Jonah. – O que os dois trutas fizeram pra serem expulsos? Sorte grande, não?

– Eu estava jogando no celular e o Hammer dormiu, depois de uns minutos a Espasmo viu e nos mandou pra cá! – declarou Sid.

– E ainda nos chamou de casal! – disse Hammer, ele e Sid estremeceram.

– Oras, é muito estranho ela chamar vocês de casal, não é mesmo casal? – sorriu Dan, Sid fez uma careta. – Tá, continuando: EU TENHO UM PLANO PRA NÓS VAZARMOS DAQUI! Quem topa?

– Só se for agora! – disseram Hammer e Jonah em uníssono.

– Eu topo se todos toparem! – disse Natalie.

– Ahn.... – eu e Sid dissemos juntas, nós sabíamos que seria péssimo perder aulas, mas nenhuma de nós queria ficar na escola. – Topamos, mas se nos pegarem a culpa é de vocês! – dissemos ao mesmo tempo, na maioria das vezes nós éramos como a mesma pessoa.

– Ian? – perguntou Natalie.

– Eu topo! – ele respondeu prontamente.

Dan sorriu e começou a nos falar do lugar: se você saísse pela janela da sala dos funcionários e subisse no telhado veria uma rampinha que daria até o primeiro andar, e se você pulasse passaria pela cerca elétrica e cairia no toldo, então só precisaria deslizar e já estaria fora do colégio. Era arriscado, mas Dan disse que já fez isso muitas vezes (papai vai a-do-rar saber), decidimos que iríamos para a casa de Sinead, onde no momento só estariam Ted e Ned (desafio semanal: descobrir qual é o Ted e qual é o Ned).

Tivemos uns pequenos “problemas técnicos” no caminho, quando o vestido caríssimo de Natalie ficou preso na grade de um dos grandes portões, ela fez o maior escândalo e por sorte nós não fomos pegos (precisa dizer? Dan quase enforcou-a), pulamos no carro de Sid e fomos até sua casa, aliás: mansão! A mãe de Sid era cientista e o pai, biólogo, a casa era ultramoderna e causaria inveja em qualquer um, até mesmo Ian e Natalie ficaram boquiabertos. Sinead recitou uma senha enorme e a garagem se abriu, entramos por uma porta de vidro que dava ao salão principal, onde haviam somente alguns sofás, uma TV com um jogo pausado e um vaso com flores, Sid disse para ficarmos somente de meias dentro da casa (já que toda sua família era maníaca por limpeza) e fomos até a sala de estar, onde encontramos a cena mais bizarra da história das cenas bizarras!

Ted estava desvendando uma nova espécie de borboleta em uma mesa cheia de papéis e anotações, Ned estava sem camisa e sem os óculos lendo “The Walking Dead” (o que me fez lembrar de Nellie ainda neste dia, e também me deixou confusa: Ned é um gênio, achei que ele leria alguma obra de um naturalista famoso, ou Júlio Verne, não um livro famoso), os olhos de Maddie quase saltavam das órbitas e Sid deu um cascudo no irmão, que pulou do sofá e correu em velocidade campeã até seu quarto.

– Err.... – começou Natalie.

– Embaraçoso! – declararam as Holts.

– Nojento! – eu declarei.

– Vou apagar isso da minha memória – declararam os garotos.

Então, querido diário, você deve estar se perguntando: Ele é magricelo como todos os nerds? NÃO! Não mesmo! Isso é perturbador, quem possuiu Ned Starling?!

Depois de uns dez minutos em um silêncio mortal Ted declarou que descobrira uma nova espécie de borboleta e isso era um grande salto para sua carreira de naturalista e seus pais ficariam orgulhosos e que ele ganharia um prêmio Nobel... e ninguém ligou a mínima pra isso. Ned desceu e ficou conversando sobre nerdices com o irmão... e ninguém ligou a mínima pra isso também.

Por Deus, já estou escrevendo há mais de duas horas! Melhor resumir antes que eu acabe com todas as folhas do meu caderno e a tinta da minha caneta! Pois bem, o resto da tarde passou rapidamente, eu e Sid nos divertimos na biblioteca (sim, bibliotecas são divertidas, não comente absolutamente nada sobre isso!), os outros resolveram jogar Just Dance e Dan caiu em cima de um copo de vidro e agora está com um galo enorme na cabeça. Boa, Dan!

No meio-tempo começou a chover, havíamos passado mais de cinco horas na casa de Sid e resolvemos comer algo, o que resultou em: 50% de comida para todos nós e os outros 50% de comida para o Hammer (como sempre). Dan lembrou que nos tínhamos uma reunião de família, Ted concordou em nos levar (tive que ficar no mesmo carro que Ian Kabra, e ao lado dele, saaaaaaaaaco!), todos os outros resolveram ir também, nos amontoamos no carro, que era grande, a viagem ia bem até que...

– Mãos na cabeça! É um assalto!

Quatro homens com máscaras, armas e moletons estavam nos cercando, pedindo as bolsas, carteiras e qualquer quantia em dinheiro, os Holt saíram do carro e deram tudo que haviam pedido, mas um dos homens (o maior deles, provavelmente o líder) tentou quebrar a janela para pegar a bolsa Prada de Natalie, que começou a chorar, Ian dirigiu-se até Natalie e limpou as lágrimas dela, aninhando-a em seu peito.

– Shh, vai ficar tudo bem Nat... eu compro uma bolsa nova pra você quando nós sairmos dessa porcaria, sim? – ele disse, parecendo realmente preocupado.

– M-Mas e-essa e-era u-uma d-das... – ela respirou fundo – É uma das únicas feitas, só existem trinta destas pelo mundo inteiro...

– Ahn... a janela é a prova de balas, só avisando. – disse Ted, que havia mantido a calma, Hammer se envolvera em uma briga com um dos homens e as gêmeas tentavam separá-los, pulando rapidamente no carro e gritando para Ted dar partida antes que eles reagissem. Dan ficara jogando naquele DS o tempo inteiro, nem se tocara que havíamos sido assaltados e o Hammer correra risco de morte numa briga com um armário 1Om maior que ele! Mas o mais assustador era: Ian Kabra demonstrando preocupação perante outra pessoa que não fosse ele, quem era aquela pessoa e onde estava o verdadeiro Cobra?!?!?!

Ted nos dirigiu até nossa casa rapidamente, todos pulamos do carro e nos despedimos, meu pai e Isabel já nos esperavam quando chegamos.

– Onde estiveram? – perguntou Isabel, diretamente para os filhos. Ela era tão bonita quanto eles, ou até mais, seus olhos tinham um brilho... diferente, quase assustador, sinistro.

– Passamos um tempo na casa dos Starling, mãe. – respondeu Ian, sorrindo.

– Ah sim, Starling... boa família, renomados cientistas e biólogos, e os três filhos são gênios. – murmurou Isabel, Ian respondeu algo e meu cérebro automaticamente desligou deles.

– Crianças! – disse meu pai, sorrindo e nos abraçando. – Como foi na escola?

– Um tédio... – respondeu Dan, sem animação, mas depois de ver a expressão do nosso pai abriu um sorriso e continuou. – Mas fácil, sempre fácil! – Arthur sorriu, eu fiz um sinal positivo para Dan.

– Pirralhos, desculpa por não ter ido buscar vocês na escola, fui solicitada para outro serviço. – disse Nellie, aparecendo de sabe-se-lá-onde.

– Que serviço? – perguntou Dan.

– Ah, não... nada. – gaguejou Nellie, desaparecendo tão rápido quanto aparecera.

Isso me fez suspeitar um pouco de Nellie, diário, mas ela não é do FBI e nem da CIA, então acho que está tudo bem.

– Podemos começar a reunião, querido? – Isabel perguntou para meu pai, que assentiu com a cabeça e fez sinal para que nos sentássemos.

“Hey, ela não falou nada com a gente, nem disse oi” Dan disse com um olhar.

“Eu sei, não acho que esse namoro vai rolar” respondi.

“Eles chamaram uma reunião, deve ser sério” Dan respondeu.

“Não sei, vamos prestar atenção, suba pro meu quarto depois e falamos sobre isso.”

“Noooooooojo, seu quarto é todo de menina, roxo e cheio de livros e...”

“Eu sou uma menina, Dan, agora presta atenção.”

Papai começou a falar como conheceu Isabel, que os dois estavam em um café e por acidente pegaram os pedidos trocados e foi amor à primeira vista e... tá, diário, eu não vou chatear você contando essa história sem noção, já estou entediada só de narrar. Depois veio a mais chocante notícia: Eles estavam noivos. Nem tinha percebido que Isabel usava um anel de diamante com rubi, Dan e eu arregalamos os olhos, mamãe havia sido enterrada com seu anel, então ela e papai deveriam estar casados pra sempre, ele prometera que nunca ia querer nos dar uma madrasta, e agora isso... Tente explicar para uma menina que perdeu a mãe que ela terá uma madrasta! Eu estava segurando as lágrimas e lembrei de Dan, anos mais novo que eu, ele permanecia firme e apertava as mãos uma na outra com uma força sobrenatural, fiz o mesmo e vi que ajudava muito.

– Crianças, sinto muito mas eu tive de seguir em frente, sua mãe gostaria de ver que nós vamos formar uma nova família, e Isabel é uma pessoa muito boa, os filhos dela são adoráveis e educados e... – Dan e eu engolimos o riso. – Por favor, digam que vão aceitá-la.

– Eu não quero uma nova família – disse Dan. – A que tenho é o suficiente, obrigado.

– Mas Dan, você tem que entender que precisam de uma figura materna e... – começou papai.

– Nós já temos uma! – interrompi, ajudando Dan. – Lembro da mamãe, temos fotos dela, você ainda nos diz os conselhos que ela pedira para você dar a nós nessa idade, é como se ela ainda estivesse aqui... é como se você estivesse traindo ela.

– Amy! Para com isso! – ele repreendeu. – Me escute!

– Não queremos ouvir nada! – dissemos eu e Dan ao mesmo tempo, subindo até meu quarto, ele começou a chorar.

– Vamos ter outra mãe, eu não quero outra mãe! – ele disse.

– Shhhhh... calma, mamãe ia adorar saber que nós ainda amamos ela, mas ela também ia querer a felicidade do papai. – respondi.

– Mas ele joga a novidade na nossa cara e quer que nós fiquemos felizes? Foi do nada, nós nem conhecíamos Isabel antes! – ele retrucou.

– Conhecíamos sim... – murmurei.

– Ah, dane-se, se ela não fosse a mãe dos Cobra nós não teríamos a conhecido antes! Imagine que linda a cena: Eu sei que vocês acabaram de conhecê-la, mas ela será a nova mãe de vocês! – ele disse, não pude deixar de rir. – O que é tão engraçado?

– Você consegue caçoar até dessa situação, Dan! – respondi, rindo, ele me acompanhou. – Ainda temos um ao outro, certo?

– Sempre. – ele disse. – Mesmo você sendo chaaata!

– Hey, eu não sou chata! – retruquei.

– É sim! Mas eu te amo, Amy.

– Também te amo, Dan.

– Awwwwww, amor de irmãos! Isso me faz querer ter irmãos também... mentira, teria que dividir comida com eles – disse Nellie, abrindo a porta e sorrindo de orelha à orelha. – Trouxe comida!

– Nellieeeeeeeeeee! – gritamos, juntos, ela nos deu pacotes de doritos (o que me fez lembrar de Alistair, o que também me fez lembrar que eu matara aula pela primeira vez na minha vida) e pudim de chocolate, sentou-se em uma cadeira e disse:

– Pirralhos, eu sei que pra vocês é difícil aceitar a Srta. Kabra e eu não vou dizer pra vocês tentarem, só não exploda um rojão no quarto dela, okay Dan? – Dan riu e concordou. – E não vandalize o quarto do Ian, okay Amy? – eu assenti. – Bom, assim mesmo!

– Mas e a nossa mãe, Nellie? – perguntamos juntos.

– Ela vai continuar sendo a mãe de vocês, oras! – ela respondeu, sorrindo, nós sorrimos também. – Só sejam bonzinhos, eu nunca vi o pai de vocês tão feliz, ele até canta no chuveiro, o que é claramente irritante! – todos rimos.

– Você é a melhor, Nellie! – verbalizou Dan, abraçando-a, eu fiz o mesmo.

– Acho que eu nem preciso ter irmãos de sangue, vocês já são quase meus irmãos, pirralhos! – ela disse, sorrindo.

A alegria durou pouco, Nellie saiu e eu e Dan comemos o que ela trouxera, mas depois de uma meia-hora Isabel subiu e teve uma agradável conversa conosco, ela parecia gentil, e no final disse que ela e meu pai compraram uma casa onde todos nós moraríamos juntos, e a mudança seria no dia seguinte! E este dia seria hoje! Então cá estou eu, levando caixas com minhas coisas para o caminhão de mudança, típica cena de filme, consegui um tempinho para relatar tudo no meu diário, mas agora é hora de ir, faltaram um ou dois fatos, porém eu lembro muito bem e sou a única pessoa que vai ler isso!

P.S: Diário, eu odeio Ian Kabra, muito mesmo, depois você entenderá porquê.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :) Comentem!