Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 4
Morte


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei...
Desculpa mesmo a demora para postar, mas é que eu tive uns pequenos problemas com o capítulo.
Bem, espero que estejam ansiosos..



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Draco, venha para mim. Draco Malfoy, venha.. Suas palavras eram escorregadias e molhadas, elas não tinham cheiro nem cor, era apenas a morte e a podridão. Eu não podia ver seu rosto, mas sabia quem me espreitava na escuridão, sabia que ele me esperava para que eu aceitasse o mal em existia em mim.

Acordei com o sol entrando pela janela, era domingo e eu tinha o dia inteiro para fazer absolutamente nada. Era estranho estar na escola outra vez sem Crebe e Goyle, me atrevo a dizer até que os idiotas faziam falta. O salão comunal estava vazio por causa dos jogos de quadribol. Eu não fazia mais parte do time da Sonserina, na verdade, acho que nem existia mais um time da Sonserina. Com todos os alunos expulsos ficava meio difícil montar um time com duas ou três pessoas.

Não era estranho estar sozinho, era estranho perceber que eu não queria estar. As coisas haviam mudado depois da guerra e estar do lado de fora dessas mudanças era frustrante. Era como se houvesse um ponto fixo onde cada um pertencia, onde se encaixavam perfeitamente. Mas eu não encontrava o meu, só tinha a certeza de que não o iria encontrar ali.

Já estava perto da casa dos gritos quando me dei conta do quanto andara. Aquele lugar tinha um brilho étereo, como se guardasse as almas de todos que morreram, era um santuário grifinórico com todas as exigências da palavra. Havia cartazes mágicos com os dizeres: Sentimos saudades, ou Nos lembramos de vocês.

– Patético. - murmurei.

Eles acreditavam mesmo que aquilo faria a dor passar. Acreditavam que depois da morte havia algo bom, ou que era coragem o que sentiam quando estavam de cara com o fim. Mas eles eram os covardes que preferiam se enganar a encarar a verdade, se soubessem como era a morte. Se soubessem de verdade como era não abrir nunca mais os olhos... Fariam as mesmas coisas que fiz, sem nem pensar duas vezes.

Flashback on:

Tia Bellatrix se encarregou pessoalmente de me escoltar até a presença de Você Sabe Quem. Até aquele momento, eu só ouvia rumores sobre uma missão que ele tinha para mim, algo sobre espionar Dumbledore. Ela me levou até um salão amplo, o piso de linóleo negro e as janelas bloqueadas por pesadas cortinas de veludo. Uma figura de capuz se ocultava nas sombras ao lado da lareira acesa, era incrivelmente alta e assustadora.

– Draco, eu o esperava a muito tempo. - a voz tinha um tom metálico, como unhas arranhando um quadro negro. - Fico feliz que tenha vindo ao meu encontro.

Como se eu tivesse outra escolha, pensei. A figura se aproximou revelando seu rosto, parecia ter sido desfigurado com uma faca ou um feitiço poderoso. Recuei.

– Não tenha medo de mim, apenas os sangues-ruins devem temer minha grandiosidade. Somos amigos, quase uma família na verdade.

– Não tenho medo de você. - menti.

Ele sorriu, fazendo que sua pele se repuxasse nos ossos do rosto. No momento seguinte Bellatrix já estava atrás de mim, uma dor aguda me atingiu fazendo com que eu me ajoelhasse no chão.

– Para que você viva Draco, você precisa morrer primeiro. - não entendi suas palavras, mas sabia que algo iria acontecer. O terror invadiu minha mente, o suor escorria pelo meu rosto colando fios de cabelo em minha testa.

Não entendi o feitiço que ele pronunciou, mas senti o frio me invadir e congelar o sangue em minha veias. A dor era excruciante, a escuridão tapava meus olhos me fazendo gritar para o vazio. Eu podia ouvir sua risada metálica ecoando, mas não tinha a consciência de estar no salão. Eu estava em outro lugar, eu estava no vazio escuro e profundo, flutuando num poço de dor.

Draco, venha para mim. Draco Malfoy, venha.

A voz me puxava no vazio me trazendo para a luz. Era como se eu estivesse num buraco apertado demais para sair e tivesse que me espremer, cada célula do meu corpo gritava numa agonia insuportável. Meus olhos se esforçavam para abrir, anciando por luz.

– Não seja molenga, garoto. - a voz aguda de Bellatrix me tirou da escuridão.

O ar se forçava a entar em meus pulmões, enquanto eu me levantava com dificuldade. Queria sair daquele lugar, correr o mais rápido que conseguisse para longe daquelas pessoas, mas eu não podia. Tinha que permacer e suportar o que precisasse para não passar por aquilo de novo, só que sem a certeza de que iria abrir os olhos no final.

– Você renasceu Draco, finalmente, está pronto para sua missão. - Voldemort havia colocado o capuz novamente, escondendo seu rosto medonho.

– E... Qual é a minha missão? - perguntei ainda arfando.

– Você vai matar Dumbledore. - a frase saiu cortante, sem uma gota de sentimento ou remorso. Era fria e calculada. Eu mataria Dumbledore.

Quando dormi, as sensações voltavam em meus sonhos. Era como um lembrete noturno do que aconteceria se eu não o obedecesse, se eu me recusasse a aceitar qualque um de seus pedidos. Eu morreria, outra vez.

Flashback off

Era bom viver sem me esconder, sem me importar com o que os outros iriam pensar das minhas atitudes. Era como se um peso houvesse sido tirado das minhas costas, um peso que ameaçava voltar toda vez que eu fechava os olhos.

Voltei para o castelo, encontrando Astória em frente ao meu quarto. Ela não estava de uniforme, vestia um vestido vermelho e um blaser preto meio grande demais. Estava com um livro pequeno nas mãos qua tomava toda sua concentração.

– O que está fazendo aqui? - perguntei.

– Estava esperando você. - ela guardou o livro no bolso do casaco e me abraçou. - Faz mais de dois dias que você não fala comigo. Achei até que estivesse zangado por alguma coisa que eu fiz.

– Não estava com cabeça para nada, ultimamente, não é nada com você. - respondi. Minha voz saiu sem emoção, mas se ela percebeu, não demonstrou.

E como se um raio caísse no meio do salão, eu a vi. Hermione parecia uma entidade, em um vestido branco e batom vermelho nos lábios carnudos, o cabelo castanho caía em ondas fazendo as pontas se enrolarem em sua cintura. Seus olhos se prenderam aos meus com tanta intensidade que fiquei tonto.

– Vem. - puxei Astória ao meu encontro que não hesitou nem por um segundo quando meus lábios se fundiram aos dela com voracidade. Ela arfava e gemia ao meu ouvido enquanto eu beijava seu pescoço tecendo um caminho tortuoso para só então encontrar seus lábios de novo.

Vi os olhos de Hermione me encarem antes que eu entrasse dentro do quarto, eles não pareciam magoados como eu esperava. Algo parecido com surpresa e um pouco de divertimento brilhava neles, como se ela não se incomodasse com a cena, apenas a achasse engraçada. Empurrei Astória para dentro e fechei a porta, ela me encostou na madeira fria e me encarou.

– Por que fez isso? - perguntou com determinação.

– Porque eu estava entediado, e você estava ali. É só ligar os pontos, acho que até você consegue entender. - ela pareceu meio magoada, mas não se importou em me corrigir.

– Bem, já que estamos aqui... - ela envolveu seus braços em meu pescoço, os lábios tentando capturar os meus. Mas só em pensar em tocá-la outra vez já me deixava enjoado.

– Acho melhor você ir agora. - falei, enquanto me afastava.

– Mas...

– Vou visitar meus pais amanhã e preciso acordar cedo. - disse tentando não ser rude. Ela fez um beicinho e assentiu com a cabeça.

Assim que ela saiu do quarto deu de cara com Hermione sentada nas escadas com um livro grosso no colo. Ela se afastou para que Astória pudesse passar sem dar muita atenção.

– Foi rápido, heim? - sua voz tinha um tom divertido que eu não estava acostumado a escutar. Era relaxante.

– Não aconteceu nada, Granger. - respondi evasivo.

– Eu sei. - ela se levantou com o livro nos braços, um sorriso travesso brincava em seus lábios. E imaginei qual seria o gosto deles.

Ela piscou antes de ir embora, seu rosto fragmentado e colado em minha mente com aquele mesmo sorriso travesso. E um desejo que insistia em pulsar em mim. Afinal, por que eu havia beijado Astória? Eu queria que Hermione visse, queria que se sentisse mal por não ser ela ali em meus braços. Eu a queria ali em meus braços? Não, claro que não. Eu queria que ela quisesse estar ali.


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Notas finais do capítulo

Bem, apesar da demora acho que mereço comentários..Heim????
Ah, e leitores fantasmas, apareçam, PLEASE...



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