Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 3
Curiosidade


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpe pela demora e prometo não fazer isso outra vez, mas é que eu estive muito ocupada com as provas escolares e tudo mais.
Bom,, aproveite o capitulo!!!!



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O boato que circulava era que alguns membros da Lufa-lufa haviam se perdido na floresta negra durante a noite, mas por mais que todos acreditassem nisso havia um ponto falho na história. Primeiro, o ataque a sangue ruim e agora desaparecimentos estranhos que por algum motivo Minerva tentava abafar. Seria paranóia se eu dissesse que as duas coisas pareciam muito mais do que interligadas? Talvez cometidas pela mesma pessoa?

Astória se sentou ao meu lado na aula de defesa contra as artes das trevas como de costume. Ela não parecia nem um pouco feliz, e mais irritada ainda por eu não parecer me importar.

– Dino foi ao meu quarto ontem. - sua voz saiu meio afetada e parecia que estava a beira das lágrimas.

– E daí? - perguntei, sabendo que que se eu não perguntasse ela não sairia do meu pé.

– Ele estava todo sujo e dizia que tinha ido na floresta com umas garotas da Lufa-lufa para uma fogueira. - ela deu um sorriso percebendo meu súbito interesse. - Estava todo estranho.

– Onde ele está agora? - perguntei.

– Levei ele até a enfermaria e Minerva disse que eu não deveria falar isso para ninguém. - ela se aproximou. - Mas achei que você iria querer saber.

– Aposto que a fofoca já rodou todo o castelo, né?

– Só contei para você, e só fiz isso porque queria ser gentil. Mas você prefere desconfiar de mim, não é mesmo? - ela deu de ombros, fingindo estar ofendida. - Tudo bem, eu não me importo.

– O que ele disse que aconteceu? - perguntei, um pouco mais rípido do que esperava.

– Disse que ele estava com uma garota quando tudo aconteceu, só se lembra de ter visto uma luz cegante e quando acordou todos haviam desaparecido. Parecia mais desorientado que o normal.

– Por que a diretora iria querer manter segredo sobre isso? Sobre o que está acontecendo? Pelo que todos sabem, não há nem ao menos provas dos ataques. - pensei alto.

– Não faz muita diferença, estamos seguros aqui dentro. - ela murmurou em uma tentativa ineficaz de parecer sedutora. Fiz esforço para não rir.

A história do Dino ficou na minha cabeça durante o dia inteiro. Tentei ir na enfermaria para encontrá-lo, mas tudo que havia lá era um bando de jogadores de quadribol. Madame Pumfrey havia dito que ele nunca estivera ali e nem sabia o que estava acontecendo. Algo estava muito errado nesta história.

Andei pelo castelo sem saber onde exatamente iria, só sabia que não poderia aguentar uma aula sequer. Estava em um corredor que dava para a parte antiga do castelo, onde a maior parte da destruição da guerra foi conservada como um lembrete, na verdade, parecia mais um monte de escombros para mim. Ouvi vozes baixas, me escondi atrás de uma pilastra que dificultava minha visão.

– Não podemos deixar isso acontecer outra vez. É inadimissível. - era Minerva.

A outra voz era grossa e potente, eu não reconheci, mas tinha a absoluta certeza de que não era a primeira vez em que eu a escutava.

– Concordo, Minerva. - ele soltou um suspiro. - Me dê alguns dias e vou tentar descobrir o que está acontecendo.

– Uma semana, é o máximo que eu consigo manter a situação sobre controle. - ouvi passos pesados, e me perguntei se ele andava quando queria pensar.

– Tudo bem, uma semana. - ele respondeu, com um tom firme.

O barulho de passos aumentou enquanto eles passavam por mim na direção da saída. Não consegui ver o rosto do homem, na verdade, eu não via nada além da pilastra a minha frente.

– Ouvir a conversa alheia, não é uma coisa muito bonita de se fazer. - a voz entrou em meus ouvidos provocando um misto de sensações que arrepiaram minha pele. Raiva, surpresa, desejo.

Desejo?

– Não estou ouvindo conversa de ninguém, Granger. - respondi sério.

– E o que está fazendo atrás da pilastra? - sua sobrancelha se ergueu e um sorriso de triunfo brotou em seus lábios.

– Não é da sua conta. - falei, as palavras saíram meio enroladas. - Faz se fosse, diria que estou esperando uma pessoa.

– Um lugar meio incomum para se esperar uma pessoa. - ela deu de ombros e sorriu. - Bom, vou deixá-lo esperar sozinho.

Ela virou as costas, mas por um instante não quis que ela se fosse. E o simples fato de querer que ela ficasse me deixou com raiva e ódio de mim mesmo.

– O que estava fazendo aqui? - perguntei ríspido.

– Esperando uma pessoa. - ela respondeu, seus olhos se cravaram nos meus não deixando lugar para escapar.

– Quem? - minha pergunta saiu com um fio de voz. Eu não deveria estar perguntando isso, não deveria conversar com ela, e com toda a certeza não deveria estar tão confuso quanto eu ficava quando estava com ela.

– Não sei, qualquer um. Poderia ser até mesmo, você. - ela se aproximou, ficando apenas a alguns centímetros. Ela cheirava pergaminho e perfume, seus olhos castanhos me prendiam e todo meu corpo parecia formigar com a proximidade. - Mas acho que está ocupado.

– O que você quer de mim? - perguntei, a raiva voltando outra vez. Ela sorriu e tocou meu rosto com o polegar, seu dedo contornando cada traço e cada linha.

– Quero me lembrar de você. - Essa garota realmente não era normal.

– Por quê? Eu só fiz mal a você e a todos os seus amigos. - gritei. - Por quê quer se lembrar de uma coisa que a fez mal?

– Não quero me lembrar de como você era no passado. Sei que você fez o possível e o impossível para me machucar. - ela tirou a mão do meu rosto, mas cada ponto onde havia tocado estava em chamas. - Quero me lembrar de você agora, do que eu vejo em seus olhos neste exato momento. Se existia maldade em você, agora não existe mais.

– Você está enganada. - sussurrei.

Ela não poderia saber, não havia como ela ver o que tinha dentro de mim. Eu era mau, era odiado e não tinha amigos. Eu era um pária, se contentando em coexistir pelas beiradas. Meu único talento era causar sofrimento.

– Pensando bem, acho que estou enganada mesmo. - estávamos tão perto que nossos narizes se tocavam de leve. Me assustei ao perceber que eu que havia me aproximado. - Você não gosta de ficar sozinho, apenas tem medo de ter e depois perder.

– O que você sabe sobre perder? - minha voz saiu rude. E assim que pronunciei essas palavras, quis retirá-las.

– Acho que sei o suficiente para afirmar com toda certeza que a única coisa que o impede de amar alguém, é o medo de que aquela pessoa não o ame. Então você, simplesmente, odeia todo mundo.

O cheiro dela me deixava tonto, o calor que emanava de seu corpo acendia meu desejo. A forma como seus olhos me prendiam me deixavam hipnotizado. Parecia um controle mental, que eu não conseguia fugir. Ela me despia com cada olhar e me acendia com a simples visão das roupas agarradas em sua pele.

– Por que você me odeia, Malfoy? - as palavras saíram num tom baixo e sensual, quase um sussurro. Uma chama se acendeu em mim ao ouvi-la dizer meu nome daquela forma, me surpreendi ao desejar que isso se repetisse.

– Eu não sei. - sussurrei em seu ouvido, retomando o controle.

E era verdade. Não sabia o exato porquê do ódio que eu nutria por ela, costumava pensar que o simples fato de andar com o santo Potter já era motivo suficiente para que não merecesse minha atenção. Mas nunca me perguntara porque a odiava, ou porque tudo que eu sentia por ela era tão ao extremo, variando desejo com raiva.

A sombra da pilastra nos ocultava, quem passasse naquele corredor não nos veria. Que mal poderia haver em satisfazer uma curiosidade, um beijo não faria mal. Os lábios dela estavam tão perto, que eu quase podia imaginar que gosto eles teriam.

– Quando descobrir, me avise. - ela disse, antes de dar as costas e sair correndo pelo corredor oeste que levava a sala comunal da Grifinória.

Uma onda de frustração me abateu, ela estava tão perto. Eu tinha absoluta certeza de que se eu beijasse ela, tudo que eu pensava que sentia por ela iria desaparecer. Era apenas curiosidade, não é?


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Notas finais do capítulo

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