O Conto dos Dois Irmãos escrita por Pedro H Zaia


Capítulo 4
Capítulo 3 - Um amigo inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, por favor perdoem qualquer erro mais grotesco de português, pq meu amigo láaa da faculdade de letras da UFPR ainda não conseguiu revisar o capítulo (não dá muito certo um estudante de farmácia escrevendo sem auxílio técnico :P )
E finalmente tem imagem, Taciana elegeu uma favorita huhahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476819/chapter/4

Os irmãos ainda avançaram cautelosamente alguns passos antes que o Troll os notasse... Depois de tê-los visto, a criatura parou de chorar, levantou-se e deu um passo a frente, fazendo Edgard e Edward recuarem de medo. Ao ver a reação dos dois, o troll também parou, acenou a mão em sinal de paz e disse, com sua voz grave e um tanto abobada:

– Oi. Sem medo, Rudolph não machuca pessoas como os outros.

Edgard ainda estava receoso, mas Edward acenou de volta, agora mais confiante.

– Huhh... Oi... Hummm... Então você que é o Rudolph?

O troll confirmou acenando a cabeça. Agora haviam entendido o receio do homem que os disse que Rudolph poderia ajudá-los... "Quase isso" Disse ele quando Edward questionou se Rudolph e Gilda eram como guias da montanha; o homem não queria ser taxado de louco pelos dois.

– Ahnn... Rudolph, você poderia nos ajudar a huh... - Edgard não estava exatamente confiante, afinal estava falando com uma criatura que até segundos atrás seria capaz de jurar que não existia... Vendo a indecisão do irmão, Edward resolveu continuar.

– Precisamos chegar à estrada do outro lado da montanha, a vida de nosso pai depende de conseguirmos a Água da Vida - Despejou ele - Nos ajude, por favor... - Seu tom era quase de suplício ao final da frase, e Edgard não sabia se era fingimento ou se o irmão estava realmente desesperado. Talvez um pouco dos dois

O troll suspirou para dissipar a cara de choro antes de responder

– Rudolph gosta de ajudar, mas só conhece essa montanha... Não pode ajudar mais depois.

Edgard estranhou o comportamento prestativo do troll. Mesmo não acreditando mais nessa que ele pensava se tratar de uma lenda, não se lembrava de ter ouvido histórias de um troll que ajudasse seres humanos... Mas agora não tinha mais volta, Edward havia resolvido confiar no humanoide, então Edgard era obrigado não a confiar também, mas a pelo menos juntar-se ao troll naquela jornada.

– Vem - Rudolph chamou, dando passos pesados e indo em direção à lateral de sua gigantesca cabana.

Naquele momento Edward notou algo estranho... Na cabana haviam duas gigantescas camas, mas apenas um troll, que no momento em que chegaram, chorava. Além disso, lembrava-se de que o homem que os havia mandado para aquele lado os dissera dois nomes - Rudolph e Gilda - mas apenas Rudolph estava ali quando chegaram... Suspeitando qual era o motivo do choro daquele ser imenso, Edward sentiu-se impelido a perguntar o por que do sofrimento e, se possível, oferecer ajuda, mas conteve-se ao ver o semblante preocupado do irmão... Edgard definitivamente não confiava no troll.

Mesmo assim, Edgard seguiu Rudolph à frente do irmão, pronto para tentar protegê-lo caso o troll resolvesse que os queria como almoço.

Eles andaram até cerca de quinze metros a diante, onde havia um pequeno desfiladeiro no qual corria um rio, e ao lado havia uma escarpada cujas laterais eram lisas demais para os irmãos escalarem. Rudolph abaixou-se deixando as mãos posicionadas como se fosse para pegá-los pelo tronco.

– Podem vir. Rudolph já disse que não machuca humanos. - disse ele, confirmando a intenção. Edgard começou a se aproximar cautelosamente, mas Edward foi de imediato ao encontro do troll. Já confiava o suficiente naquele ser choroso para isso.

–Ed! - Chamou Edgard, quando viu a mão do troll se fechando em volta do tronco do irmão mais novo e içando-o do chão. Quando o mais velho viu o irmãozinho sendo arremessado para o alto não sentiu fúria, pois estava atônito demais para isso, e quando o susto imediato estava prestes a dar lugar à ira, ele escutou as risadas do irmão mais novo, a salvo sobre a escarpada.

Edward nunca havia experimentado sensação melhor na vida. Por dois segundos, sentiu-se como um pássaro, voando para um lugar relativamente baixo, porém inalcançável se tivesse simplesmente pulado. Não conseguiu deixar de gritar, sentindo seu coração bater mais rápido e aquela espécie de frio no estômago característica de uma queda, e quando chegou ao chão também não conseguiu parar rir.

– Isso é bom de mais, Ed! Deixa de ser medroso! - E voltou a rir, agora da confusão e do alívio estampados no rosto do irmão, cinco metros abaixo.

– Rudolph disse que não ia machucar. - o troll falou, em tom de censura...

Edgard sentiu-se envergonhado. Não só por ter desconfiado tanto do troll, mas também por ter deixado o irmão correr tamanho perigo... Justamente em decorrência de seu... Por que não admitiria a si mesmo? Medo. Era isso o que impedia Edgard de confiar no troll que acabara de se provar tão justo e digno.

–Desculpe - murmurou Edgard. Rudolph deu de ombros, como se não fosse novidade o fato de pessoas sentirem medo e não confiarem nele. Depois disso, Edgard passou a confiar no troll e deixou que ele o jogasse. Estava tremendo, tamanho o medo que ainda sentia, o que ainda abalava um pouco sua confiança no troll... Um pouco a mais de força e Rudolph poderia esmagá-lo, mas não o fez, cumprindo com a palavra de que não machucaria humanos. E por dois segundos, Edgard voou, assim como o irmão... Não sentiu mais medo, mas sim uma mistura de alegria e ansiedade... Aquilo era bom de mais! Tão bom que nem notou o quanto estava rindo, assim como o irmão, que dizia:

– Viu, seu bobo? Você devia ter visto a sua cara! - e imitou a expressão que o mais velho fez quando Edward foi jogado por Rudolph. Edgard riu e empurrou o irmão de leve... Nenhum dos dois havia pensado que poderiam acabar se divertindo durante uma viagem como aquela... E Edgard teve enfim a prova de que precisava para confiar plenamente no troll.

Rudolph estava dando a volta por algum lugar cujo acesso lhe era mais fácil - aquela formação rochosa era alta demais até mesmo para ele - e pelo o que os irmãos estavam vendo, ia ficar cada vez pior... A frente deles se erguia uma montanha colossal, cujo pico estava branco pela neve, tamanha sua altura... Quando o troll estava chegando, Edward disse:

– O que é aquilo? - Ele apontava para uma pedra incomum perto do topo da montanha... Quase como uma entrada - não como uma caverna, mas uma entrada construída por alguém do tamanho de... "Será que todo o resto das lendas são verdadeiras?..." pensou Edgard. Se fossem, os irmãos estariam em sérios apuros.

Edgard deixou o pensamento de lado quando viu que Rudolph os estava esperando... Ele estava ao lado de algo que parecia muito com a cabana do troll, da qual haviam saído pouco tempo antes... Mas não era apenas parecida, os irmãos se deram conta de que era a mesma, que provavelmente se estendia por debaixo das rochas sob seus pés. "Bem que eu achei que aquela cabana era pequena demais para um troll..." pensou Edward, enquanto era içado pela enorme mão de Rudolph, que pedia-os para que segurassem na borda do teto da Toca, como ele a chamou.

– Haha, nome legal! Você que inventou, Rudolph? - perguntou Edward, enquanto ele e o irmão rastejavam pelo muro até uma área mais livre de árvores e pedras para que pudessem subir.

– Sim, Rudolph e... - O troll calou-se, como se lembrasse de algo doloroso. Edward resolveu não tocar mais no assunto, e Edgard novamente sentiu-se envergonhado... Rudolph os estava ajudando, como poderia ele não oferecer-lhe ajuda?

– Hã, Rudolph - Disse ele depois de pensar um pouco sobre no que aquela proposta acarretaria - Você quer que a gente te ajude com seu problema?

O rosto do troll pareceu iluminar-se um pouco, e Edward parecia surpreso, já que ele mesmo não havia proposto isso por causa do irmão...

– Vocês vão ajudar Rudolph? - perguntou o troll, e os dois acenaram positivamente a cabeça após uma rápida conversa não verbal. - Então vem... O caminho é o mesmo, só mais curto um pouquinho - disse Rudolph, com seu jeito confuso de falar.

– Ótimo, quanto mais curto o caminho, melhor... - comentou Edward

Os três seguiram em frente... Eles escalaram, caminharam e rastejaram pelos caminhos pedregosos das montanhas, utilizando raízes de árvores como escadas e Rudolph muitas vezes se fazendo de ponte, ou erguendo-os em lugares mais altos e vez ou outra os lançando como já havia feito anteriormente - parte que os irmãos achavam a mais divertida.

Na montanha nasciam vários rios que se juntavam em maiores e vez ou outra formavam cachoeiras, e embora não tivessem se deslocado realmente muito, Edgard começava a sentir uma leva mudança de temperatura... Ele sabia que mais ao norte, ou ali mesmo durante a noite, os rios deveriam ser frios demais para se conseguir sair e não sofrar razoavelmente com as roupas molhadas, mesmo para quem estava acostumado... "Se tivermos que nadar mais uma vez nessa viagem, que seja logo" pensou ele, que quase não notou que Rudolph havia parado no que parecia uma borda de um enorme fosso aberto na montanha, onde três rios desaguavam.

– Vocês querem mesmo ajudar Rudolph? - Perguntou o troll - Por que, o caminho é menor, só que mais perigoso...

"Perigoso..." pensou Edgard "Não quero que Edward corra perigo desnecessário..."

– Vamos te ajudar sim - Disse Edward antes que o mais velho completasse o pensamento - Isso é o mínimo que podemos fazer por você... Além de que, se esse é o caminho mais rápido, como disse, esse é o caminho que temos de pegar.

– Bom, isso é verdade... - Edgard pensou em voz alta. - vamos então...

O troll pegou os dois pelo tronco e, para completa surpresa dos irmãos, jogou-se no fosso...

Eles sentiram o vento em seus rostos e ouviram o rugir da água batendo na pedra abaixo deles ficando cava vez mais alto... Depois de alguns momentos sentiram um baque, gotas de água no rosto e escutaram um grande splash, e notaram que estavam em uma espécie de lago subterrâneo que batia na cintura de Rudolph.

O troll deixou-os sobre uma rocha que dividia aquele lago em dois, uma parte mais rasa, de onde havia acabado de sair, e uma parte mais funda - realmente funda.

A água dos lagos era tão cristalina que podia-se enxergar com clareza o fundo do lago maior, muitos metros abaixo... Ao lado havia uma saída, uma abertura natural na parede da montanha que deixava a luz do sol entrar, iluminando o local de uma maneira quase mística. Edgard esticou o pescoço para tentar ver a abertura de onde tinham pulado... Parecia mínima daquela distância.

Rudolph havia andado para o outro lado do lago, pisando em algumas pedras que os irmão julgaram grandes, redondas e lisas demais para serem escaladas.

– Vocês tem que entrar aqui, se quiserem ajudar Rudolph... - Ele apontava uma pequena abertura na parede da caverna que parecia curvar-se suavemente para a direita. Uma fagulha de desconfiança brotou no peito de Edgard - Rudolph não vai obrigar vocês, se não quiserem mais... Mas, por favor... - Os olhos do troll ficaram marejados e assim como não havia histórias do trolls que ajudassem seres humanos, não haviam histórias de trolls que conseguissem mentir direito.

Edgard resolveu continuar confiando em Rudolph, e Edward nem tinha dúvidas quanto à inocência daquele ser. O mais velho entrou no lago, e sentiu a água fria envolvendo-o até a cintura... Se tivessem que se molhar a partir dali, Edgard esperava que só fossem os pés... A água ficaria cada vez mais fria para o norte, além de que ficaria cada ves mais difícil de aguentar o frio depois de sai da água... Obviamente, este lago não contava muito com a luz do dia para manter a temperatura, mas seria pior quando o ar também estivesse mais frio.

– Venha Ed - ele chamou o mais novo.

– Mas... Esse é mais fundo... - Sua voz demonstrava o medo que sentia. Edgard suspirou

– Só bata os pés para me ajudar... você lembre da como fizemos da última vez... Nada de ruim vai acontecer. Eu prometo. - E então entrou no lago e esperou Edward segurar-se nele antes de nadar até a outra margem do pequeno lago, onde Rudolph os esperava.

– Boa sorte... Huh, Rudolph espera vocês na saída. Fica em cima da entrada. Obrigado... - Rudolph abriu os braços, e então se lembrou da diferença de tamanho entre ele e os irmãos e trocou o abraço por um simples aceno de mão.

– Até lá, Rudolph. Mas... o que exatamente você quer que a gente faça?

– Vão saber quando ver... Rudolph não gosta de falar sobre isso...

Os irmãos decidiram não discutir. Afinal, por que Rudolph iria querer o mal deles? Uma das características mais conhecidas dos trolls pelas lendas era de que estes eram péssimos mentirosos. Eles entraram na passagem com Edgard na frente, tendo de andar curvado devido à altura do teto. O túnel parecia curvar-se bastante para a direita e então nivelar, indo sempre reto até a saída, muito a frente...

– Onde estamos? - Perguntou Edward, quando saíram em uma caverna que parecia não só grande como também clara de mais.

Edgard não sabia com certeza, mas se sua noção de espaço estivesse certa, ele sabia onde estavam...

– Dentro da montanha... Aquela em que você viu uma entrada perto do topo... - Edgard pensou nas lendas que ouvira quando era criança. Todo o resto deveria ser real, pelo que estava vendo. - Estamos nas Minas dos Tolls...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, desculpem algum erro que tenham notado (já expliquei ali em cima...)
Até o próximo capítulo :D
P.S.: Eu sei que o fim desse capítulo ficou meio ruinzinho, mas se eu não parasse ali ia ter que emendar o próximo capítulo inteiro nesse, aí ia demorar, hehe



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Conto dos Dois Irmãos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.