Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 9
Visita noturna


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476622/chapter/9

03/04 - Floresta de Kobi

Ao entrarmos no quarto de Maia esta noite, deparamo-nos com uma cena bastante inusitada, para não dizer, improvável. Maia estava sentada bem no meio da cama, coberta de suor. Notamos que sua respiração estava descompassada e se apurássemos nossos ouvidos a um nível sobre-humano, saberíamos também que seus batimentos cardíacos estavam incrivelmente altos. A garota olhava fixamente para um ponto ao pé da cama, porém não parecia realmente que ela estava “enxergando” aquele local, na verdade parecia que ela estava, como diríamos no popular, “olhando sem ver”. De fato seus pensamentos estavam em outro lugar.

Um sonho?

Ela parecia completamente desnorteada com a situação. Que tipo de sonho teria mexido tanto com ela afinal? Possivelmente um pesadelo, poderíamos deduzir. De qualquer forma a situação já estava instaurada e o que nos importa de agora em diante é observarmos como ela agirá em seguida. Rapidamente nossa curiosidade começa a ser saciada ao vermos Maia se movimentar lentamente. Ela ainda sustentava uma expressão que misturava espanto com desorientação. Com movimentos cautelosos, como se estivesse em piloto automático, ela se levanta da cama e se dirige em direção a porta. Se Saito estivesse aqui provavelmente ele a seguiria, porém naquele momento só haviam dois moradores naquela casa. Sem fazer quase nenhum ruído, a garota tomou o corredor a direita a caminho da sala. Adentrando ao novo recinto sua primeira visão foi a de um garoto de cabelos loiros deitado no sofá, dormindo profundamente. Mecanicamente seus pés a guiaram para mais perto, até ficar bem a frente dele.

Kurapika dormia virado em direção ao restante do aposento, tendo assim suas costas voltadas para parede. Nessa posição tinhamos o privilégio de examinar a fisionomia do garoto enquanto dormia. Sua expressão era calma e relaxada, bem diferente da que estávamos acostumados a ver. Porém, como Hunter, o jovem Kuruta não podia se dar ao luxo de dormir com a guarda completamente baixa, afinal a natureza de seu trabalho exigia atenção constante. Entretanto, desde que se alojara naquela cabana ele passou a se sentir mais relaxado, provavelmente devido ao fato de ser praticamente impossível alguém chegar até aquele local no meio de uma tempestade. Mesmo estando em um sono profundo, algo dentro dele entrou em estado de alerta, o que o levou a abrir seus olhos.

Demorou muito até ele entender a situação. Maia estava parada bem a sua frente, olhando-o diretamente. Mesmo confuso, após analisar melhor a situação, pôde perceber que o olhar da garota estava perdido e que provavelmente sua mente estava em outro lugar. Para não assustá-la decidiu não realizar nenhum movimento brusco. Lentamente e sem desviar os olhos dos dela, foi se sentando no sofá. Mesmo após concluir sua tarefa, Kurapika apenas continuava a encará-la. Ele nunca havia visto a garota daquela maneira. Seu olhar era opaco e estava visivelmente abalada. Ver Maia em uma situação de completa fragilidade e vulnerabilidade o deixou aflito.

O que está acontecendo? – pensou ele.

– Maia? – sussurrou para ela.

Nada. Maia não demonstrou nenhuma reação, como se não tivesse nem ao menos ouvido sua pergunta.

Será que está em um estado de sonambulismo? Se esse for o caso tenho que agir de forma sutil para não assustá-la.

– Maia. – disse um pouco mais alto.

A garota permaneceu imóvel. O Kuruta então decidiu se movimentar. Levantou-se para ficar na mesma altura que a garota. Durante todo o processo, desde que acordara, Kurapika não havia nem mesmo por um segundo desviado o olhar do dela. Ele não sabia explicar exatamente o motivo disso, mas sentia que esse era o único tipo de comunicação que a garota mantinha com o mundo externo naquele momento. Vagarosamente balançou uma das mãos em frete a seu rosto. Novamente não houve resposta.

Parece que ela está hipnotizada.

Após refletir por um instante sobre a situação, decidiu realizar um ato mais arriscado. Sutilmente levou a mão direita até o ombro esquerdo da garota, repousando-o no local. Começou a chacoalhá-la levemente na esperança de que ela saísse daquele estado de transe.

– Maia – tentou chamá-la novamente.

Aparentemente seu gesto estava surtindo algum efeito. Ele notou que o brilho de seus olhos aumentava gradualmente. Decidiu parar seu ato, entretanto não removeu sua mão do ombro da garota. Maia então piscou. Como se tivesse levado um choque, os músculos da garota se contraíram, enrijecendo os membros. O Kuruta notou essa reação.

– Maia, está tudo bem – sussurrou à garota.

Só agora pareceu que ela havia realmente notado a presença do garoto a sua frente. Naturalmente sua primeira reação seria de afastá-lo o mais rapidamente possível, mesmo que de maneira brusca. Mas por algum motivo que não sabíamos explicar, Maia permaneceu parada no mesmo lugar encarando-o, e dessa vez podíamos constatar que ela de fato o enxergava.

Por conhecê-la bem, Kurapika esperava uma reação pouco amistosa por parte da garota e ficou surpreso pela sua reação contrária. Olhar diretamente nos olhos de alguém por um longo período de tempo nunca havia sido algo que o deixasse confortável, pelo contrário, ele se sentia completamente exposto. Mas diferentemente dos outros olhares que Maia lançava à ele, esse não continha censura, na verdade, ele sentia que ela apenas o olhava. Apesar da sensação de exposição o Kuruta não se sentia perturbado com esse gesto, na verdade ele se sentia de certa forma, confortável.

Quanto a Maia não podemos saber ao certo o que se passava e nem se ao menos ela refletia sobre o assunto. Na realidade, nenhum dos dois parecia pensar racionalmente sobre aquilo. Aparentemente os sentidos eram os únicos a trabalhar naquele momento.

A situação se sustentou por mais algum tempo. Se foram segundos, minutos ou horas, não importava de fato. E mesmo se tivéssemos cronometrado a situação, a percepção de ambos sobre isso seria tão particular que nem o melhor dos relógios os convenceria do tempo real decorrido. De qualquer forma, Maia foi a primeira a esboçar alguma reação. Sem dizer um única palavra ela se desvencilhou do olhar e da mão do Kuruta em seu ombro, e marchou em direção a cozinha. Kurapika ainda permaneceu parado na mesma posição.

O que foi aquilo? – perguntava ele a si mesmo.

Ao longe ele podia ouvir a garota colocando água para esquentar. Obviamente ela estaria preparando um chá. O Kuruta não ousou se mexer até vê-la novamente de volta à sala segurando seu copo. Ele fez menção de se dirigir até ela, porém afastou essa ideia da cabeça.

– Se quiser contar, estarei aqui para te ouvir – disse ele se sentando no sofá.

Ela apenas olhou rapidamente para ele antes de refazer seu caminho de volta à seu aposento. Kurapika percebeu que não adiantava refletir mais sobre o assunto e decidiu esperar até que ela o procurasse, mesmo tendo certeza de que ela não o faria. Mesmo decidindo esquecer o assunto, o jovem Kuruta não conseguiu dormir naquela noite. Toda vez que fechava os olhos podia ver duas órbes cristalinas encarando-o profundamente.

Deus! O que tem esses olhos?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capitulo foi escrito em meio a uma rodoviária lotada e barulhenta, espero não ter muitos erros! rs

Digam o que estão achando! Isso me incentiva e escrever mais e mais =)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ströme der Seele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.