Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 41
Acertando os termos


Notas iniciais do capítulo

E ai?
Rapidinho né? hehe
Esse capítulo está em primeira pessoa, okay?
Enjoy



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10/04 – Trem em direção a capital de Faleq - Topo

Podia sentir meu sangue escorrendo livremente por entre minhas pernas. Eu ainda estava ajoelhado no mesmo lugar. Em um momento estava prestes a morrer nas mãos daquele homem que se chamava Seiyo, e no outro instante...BAM! O impacto daquele ataque foi tão forte que não havia deixado nenhum rastro daquele homem a minha frente, como se ele nunca tivesse realmente estado lá. Minha visão, no entanto, era turva. Lutei com todas as forças para permanecer consciente, mas a quantidade de energia que utilizei e os ferimentos que recebi foram demais para que eu pudesse suportar. Sabia que um vulto vinha em minha direção. Não fazia diferença se era algum aliado ou não, de qualquer forma, não poderia fazer mais nada a não ser fechar os olhos e me deixar levar.

—---

11/04 - ????

Dizer que acordei meio zonzo seria um termo um tanto quanto suave, a verdade é que eu não tinha a mínima ideia de onde eu estava e muito menos do que havia acontecido. Senti todo o aconchego e calor dos lençóis que me cobriam. Sentei naquela larga cama e examinei o lugar.

Um hotel?

O quarto era pequeno na verdade, nada do que eu estava esperando, considerando o quão larga era a cama em que estava. Não havia nada lá que pudesse me ajudar a desvendar o que havia acontecido comigo. Decidi me desvencilhar das cobertas e levantar. Observei um pequeno pedaço de papel em cima do criado ao lado da cama. Aproximei-me para verificar seu conteúdo.

“Suba”

Era a única coisa escrita. Com uma nota tão curta e direta assim, apenas uma pessoa veio em minha mente.

Maia.

Quase como se acionasse um gatilho, imagens começaram a brotar na minha mente. A viagem no trem, as pessoas mortas, aquele homem que quase havia me matado e...

Eu a matei.

Uma sensação horrível percorreu minha espinha. Eu havia jogado ela daquele trem. Havia matado ela sem ao menos hesitar. O quão longe eu cheguei? Um nó se formou na minha garganta. Nesses últimos dias, não, talvez desde que eu a conheci, eu não tenho tido mais tanto controle como eu deveria. Meus sentimentos começaram a me deixar absurdamente confuso.

Talvez, se eu não tivesse a conhecido.

Mas eu a conheci. Respirei fundo e amassei a nota em minha mão. Quem quer que seja que escreveu isso poderá me explicar exatamente o que aconteceu. Há muitas lacunas que preciso preencher e imagino que só conseguirei isso subindo, pra onde quer que fosse.

Andei a passos firmes em direção a porta do quarto. Uma vez no corredor, localizei uma saída de incêndio na lateral e me dirigi até ela. Um vento quente me atingiu, estava amanhecendo. Comecei minha subida até o ponto mais alto do edifício. Não podia deixar de me sentir aflito. Queria chegar o mais rápido possível, mas mesmo assim, optei por manter a calma em meus passos. Precisava disso, precisava provar meu autocontrole. Pisei calmamente no último degrau daquela longa escadaria, para então ter acesso ao telhado. Na verdade não esperava ver uma coisa daquelas na minha frente, pelo menos não nesse momento. Todo telhado era na verdade uma espécie de jardim. Havia diversos tipos de plantas ornamentais. Bem no centro do jardim, uma pequena estufa. De algum modo, sabia que encontraria a pessoa lá. Não poderia dizer como eu sabia, apenas me parecia certo. Fui em direção a entrada da estufa, não deixando e apreciar a beleza das plantas pelo qual eu passava no caminho. Era tranquilizante.

Chegando na frente da estufa, abri a porta lentamente, como se o barulho fosse um pecado mortal naquele momento. Havia um arvore maior no fundo da estufa e sentado entre suas raízes, uma pessoa. Eu podia identificar aquele tom de cor de cabelo de longe. Isso me fez relaxar, talvez como eu não fazia a um bom tempo. Alivio talvez? Parte de mim queria chegar próximo e pedir explicações. Outra parte apenas queria aproveitar o momento de felicidade que eu estava sentindo.

Aproximei-me da arvore. Se ela me notou chegando ou não, não posso dizer ao certo, pois ela ainda permanecia de olhos fechados. Os raios de sol acariciavam levemente sua face, o que a fez parecer angelical. Era como se eu já tivesse visto isso antes, mas não sei como isso poderia ter sido possível. Apenas fiquei olhando pra ela por um instante. Sabia que as coisas seriam difíceis depois disso, então por que não apreciar um momento de paz, apenas para variar?

— Estava pensando num acordo – ela falou

Sua fala me pegou desprevenido. Sabia que provavelmente ela havia me notado, mas não esperava sua fala tão cedo.

— Acordo? – perguntei me aproximando um pouco mais

Ela se virou em minha direção. Não havia sinal de reprovação ou irritação em seu olhar, o que me deixou um pouco espantado. Continuei caminhando até ficar de frente a ela. Ela não disse mais nada enquanto fiz meu trajeto em sua direção, porém não tirou os olhos dos meus. Uma vez que parei de andar, apenas sentei. Continuei olhando para ela por um instante.

— Se continuarmos assim, inevitavelmente um de nós irá acabar morrendo, não acha? – perguntou ela calmamente

Eu tinha que concordar, ela tinha um ponto. Nossa relação parecia uma montanha russa do terror. Num instante era apenas um passeio calmo e relaxante. Então o carrinho começava a subir, assim como a desconfiança. Até chegar no topo. Mas não teria graça se ele simplesmente descesse, ela teria que ficar um tempo la em cima, se movendo devagar, dando uma pequena ideia do que estava por vir. Nesse ponto era onde as emoções chegavam a um limite torturante, para só depois, despencar abruptamente. Então toda frustração emergia.

— Você está certa – tive que concordar tristemente.

— Faremos um acordo. Daqui pra frente, terá que confiar em mim – propôs ela

— Como poderia? Eu não sei nada sobre você. – comecei a responder – Você não me diz nada e ainda exige que confie cegamente em você?

— Posso não ser boa com palavras mas, já não provei o suficiente para você?

Por um momento eu refleti. Pensei em todas as vezes em que estivemos juntos. De fato ela me ajudou, me salvou, salvou meus amigos...mas...

— Com quem conversava na floresta? Por que esta interessada em verificar a filha do meu empregador? Quem era aquela pessoa no trem? – disparei tentando manter a postura. – São tantas perguntas que cercam você, e cada vez mais, cada vez mais, elas aumentam. Se você pudesse confiar em mim também, talvez eu pudesse fazer o mesmo.

Tentei ser o mais sincero que pude. Estava entalado com isso a muito tempo, decidi que precisava dizer a ela e não vi momento melhor para fazê-lo se não agora. Senti que se não resolvêssemos isso agora, não resolveríamos nunca mais.

O olhar dela continuava sereno. Pisquei algumas vezes, esperando ansioso por sua resposta. Ela fechou os olhos e suspirou, abrindo-os logo em seguida.

— A definição vem antes da visão. Talvez as coisas não se tornassem tão dramáticas se você não as julgasse com tanta antecedência. – seu olhar era ardente – O porquê é tão importante para você?

— Saber o porquê me deixa seguro – admiti - Achei que compartilhasse da mesma premissa, uma vez que considera apenas o observável, não é?

— Considerar um fato concreto e fazer um pré-julgamento são coisas bem distintas – devolveu ela.

— Como você pode ser assim? – perguntei sorrindo – Onde está a verdadeira Maia? Quem é você e o que fez com ela?

Ela piscou algumas vezes. Talvez eu tenha ido longe demais com a brincadeira afinal.

— Er...bem, desculpe – me apressei a dizer – Bom, talvez possamos chegar em um acordo. Porém, tenho algumas coisas a acrescentar.

Ela apenas continuou me encarando, esperando que eu continuasse.

— Primeiro, preciso de fato de algumas respostas. Não irei pedir nada pessoal, porém preciso saber o que houve exatamente naquele trem, isso está me matando! – esperei ela balançar a cabeça em sinal de aprovação para que pudesse continuar. – Segundo, preciso que seja mais razoável também.

Dessa vez pude ver sua habitual carranca se formando. De alguma forma, de uma forma bem estranha na verdade, aquilo me confortou. Estava tendo um pouco daquela Maia de volta.

— Explique-se – ela me pediu

— Bem, deixar de me ignorar seria um bom avanço. Não me sinto bem falando com uma porta. – vi que sua testa se enrugou mais um pouco – Talvez se pudesse me dizer o que esta pensando as vezes também, iria ajudar. Não leio mentes e não tenho como adivinhar o que está pensando ou sentindo, uma vez que usa essa expressão para quase todas as situações – disse apontando para ela.

— Isso é uma expressão de desagrado, caso não tenha notado – acrescentou ela

— Sim, eu notei. Mas você não pode se sentir desagradada a todo o momento, não é?

— Sim, eu faço. – completou ela ainda carrancuda

— Tudo bem. O ponto aqui é, preciso que verbalize mais as coisas, entende? – disse a ela quase em tom de súplica.

Maia considerou minhas palavras por um momento. Pela primeira vez desde que a conheci, senti que estávamos chegando a um entendimento. Até o momento sempre senti como se tivesse dando socos na ponta de uma faca. Como se minhas palavras não tivessem o menor efeito e importância para ela. Mas agora, parecia diferente. Comecei a me sentir como um igual, e não como um qualquer.

— Se eu aceitar suas condições, irá confiar em mim? Não importa o quão estranho possa parecer a situação, confiará cegamente em mim? – perguntou ela me olhando seriamente.

Parte de mim, talvez a parte racional, gritava dizendo que aquilo era uma completa insanidade de minha parte. A resposta era obvia, “não aceite”, meu lado racional bradava. Mas se eu não aceitasse, as coisas voltariam a estaca zero, certo? E eu não queria voltar aquele ponto, não queria andar para trás.

— Sim, eu irei.


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Notas finais do capítulo

Ahhhhh ia postar uma do Zeit, mas decidi postar essa antes, para aliviar um pouco a tensão.
E ai o que acharam? Achei que colocar essa parte em primeira pessoa seria mais interessante, espero que tenha acertado rs.
Sinto cheiro de evolução no ar? Acho que as coisas estão melhorando um pouco. Meu coração está mais brando eu acho. Bom, tenho um plano para equilibrar a fic com a historia original, exatamente onde ela está agora. Então tenham paciência, okay? Logo chego lá.

Obrigada :*



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