Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 35
A perda do controle


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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07/04 - Tribo Ubuh

O céu estava estrelado. Perfeito para uma noite de comemoração. Os preparativos já estavam finalizados e todos agora se arrumavam para se reunir em frente de uma grande fogueira montada bem no centro da tribo. Kurapika e os outros não tinham idéia de como seria essa tal “cerimônia” que todos os habitantes da aldeia falavam com tanto entusiasmo. O jovem Kuruta certamente perguntaria para Maia sobre isso se a garota estivesse por perto, porém ela não havia reaparecido desde a tarde, quando saíra da casa do velho ancião.

– Ei Kurapika, onde está a Maia? – perguntou Gon enquanto mastigava o que parecia ser uma carne no espeto.

– Não tenho idéia. Ela nos disse que seria falta de respeito recusarmos o convite de participar do festival, porém ela mesma não está aqui. – respondeu ele com certa irritação na voz.

– Hm. Bom, logo ela deve aparecer – respondeu o garoto se afastando do amigo para ir se divertir com os outros meninos.

Karapika decidiu deixar a irritação de lado e aproveitar a festa. Aos poucos iam chegando mais pessoas para se acomodar perto da fogueira. Crianças, adultos idosos. Até mesmo as crianças de colo estavam presentes junto ao abraço protetor de suas mães. Aquilo fez o coração do garoto se acalmar. Era um lugar aconchegante afinal. Mas porque, apesar de estarem todos com um semblante tão alegre, havia um sentimento de tristeza no ar? Suas reflexões foram interrompidas pela voz do Sr. Kouta pedindo a todos que fizessem um pouco de silencio.

– Como vocês sabem estamos aqui novamente reunidos para agradecermos aos Espíritos Antigos por nos protegerem por mais esse ano.

– TARKKU! TARKKU! TARKKU! –gritaram todos os aldeões em coro.

– Que os Espíritos Antigos continuem a nos proteger e a guiar nossas crianças que partiram ou irão partir. Que não nos deixem desviar de nossos caminhos. Que iluminem a chegada de nossos novos irmãos, frutos da união e do amor dos que compartilham nosso sangue.

– TARKKU! TARKKU! TARKKU!

– Que hoje possamos esvaziar nossas mentes e corpos de nossos pecados para assim recomeçar. Por favor, pedimos sua bênção.

– TARKKU! TARKKU! TARKKU!

– Obrigado a todos aqui reunidos. Hoje temos o prazer de compartilhar nossas alegrias com alguns convidados. Espero que os tratem com todo respeito e carinho que merecem. – disse o velho ancião olhando em direção aos 4 garotos e sorrindo – Bom, então o que estamos esperando. Vamos aproveitar – falou finalmente finalizando o cerimonial de abertura.

Assim que o Sr. Kouta terminou sua fala todos comemoram. Alguns se levantaram e se aproximaram ainda mais da fogueira. Kurapika observou que essas pessoas carregavam algo em suas mãos. Curioso, observou enquanto cada um deles ajoelhava próximo ao fogo para depois jogar o objeto em direção as labaredas. Notou a expressão de sofrimento de cada um ao repetir esse gesto, um atrás do outro.

– Essa é a despedida dos mortos. Cada um deles segura um objeto pessoal do ente querido que partiu e atira ao fogo. É como se dessem o aval para que os Espíritos Antigos apliquem a eles o julgamento mais justo, mesmo que o resultado seja uma punição. Dessa forma garantem o bem estar da tribo.

Apesar do ligeiro susto, Kurapika já estava mais do que acostumado com as chegadas repentinas da garota. Virou-se em sua direção com intenção de responder, porém perdeu a fala quando seus olhos alcançaram a garota. Ela estava vestida com uma yukata tradicional da tribo. Todos estavam utilizando a mesma vestimenta, com exceção é claro dos desenhos e tonalidades de cores que eram particulares de cada pessoa. Outra coisa diferente é que a garota estava com os cabelos soltos.

– É....bem, é....

O jovem Kuruta não conseguia elaborar uma frase tamanha foi sua surpresa. Não sabia dizer se foi pelo fato de vê-la vestida de uma maneira que nunca imaginaria ver ou se pelo fato da roupa ter lhe caído tão bem.

Linda

Logo sua autoconsciência fez seu rosto atingir uma tonalidade escarlate. Não sabia quanto tempo ficou encarando a garota, mas pelo olhar irritado da mesma, chegou a conclusão que foi por tempo suficiente.

– Caham...-pigarreou ele enquanto recuperava a postura – Você está diferente. Por um momento imaginei que tivesse ido embora.

– Não me importa o que você pensa – respondeu ela passando diretamente por ele e indo cumprimentar as outras pessoas ao redor.

Mais que....arrrrg.

– Uau, essa daí parece ter atravessado o peito até o outro lado. – disse Leório enquanto se aproximava do amigo.

– Puff – chiou ele em desdém – Como se eu me importasse com o que ela fala.

– Hm nem sempre você é bom em esconder as coisas meu amigo. – continuou Leório debochando do garoto.

– Onde está querendo chegar? - perguntou Kurapika olhando zangado para o amigo.

– Ei, não venha descontar em mim sua frustração. Ao invés disso, por que não admite a si mesmo que está interessado nela e tenta se aproximar? – respondeu na defensiva

– Interessado? Você está louco? – retrucou o Kuruta incrédulo

– Meu Deus....não sei até que ponto isso é fingimento ou ignorância mesmo – disse Leório rindo.

– Pare com isso Leório! – falou irritado – As vezes suas brincadeiras passam do limite, sabia?

Leório suspirava enquanto via o amigo se afastar irritado.

Como pode ser tão cabeça dura? – Pensou o jovem estudante voltando sua atenção para festa.

Kurapika caminhava apressado por entre as casas da tribo. Estava visivelmente irritado, deixando afastada qualquer tentativa de conversa por parte de algum aldeão que por ele passava. Foi então que Gon avistou o amigo se afastando da tribo.

– HEY, KURAP....

A tentativa do garoto de vestes verdes foi interrompida por uma das mãos de Killua em sua boca.

– Deixa ele. – disse Killua

– Mas...-respondeu Gon preocupado.

– Ele sabe o que faz Gon.

–Tudo bem então. – respondeu o garoto claramente triste.

– Vamos, tem um monte de coisa pra gente comer ainda! Aposto que consigo comer todas as comidas mais rápido que você – falou Killua com um sorriso desafiador nos lábios

– O que? Até parece! Ei Killua....espera ai!! – respondeu Gon correndo atrás do amigo que já havia partido na sua frente.

.........

Kurapika não havia se dado conta do quanto havia se afastado da tribo. Lembra-se de andar sem rumo por entre as casas da aldeia e entrar em uma parte da floresta logo em seguida, porém não sabia dizer a quanto tempo esteve andando. Sabia que estava a uma distância considerável uma vez que nem mais ouvia o barulho de comemoração vindo do local. Também podia sentir a queda na temperatura.

Merda, acho que exagerei. Melhor voltar logo.

Enquanto pensava em que caminho deveria pegar para voltar à tribo, algo dentro dele acendeu um sinal de alerta. Sabia que não estava só.

Algum aldeão? Não. Posso sentir sua animosidade.

O Kuruta logo assumiu sua pose de luta. Estava completamente concentrado a tudo ao seu redor.

Poderia ser a mesma pessoa que me atacou aquela vez?

Seu corpo estava a mil. Por algum motivo estava apreensivo. Mesmo sabendo de sua capacidade, algo naquela presença o deixava inquieto. Como se pudesse perceber sua inferioridade mesmo sem conhecer seu adversário.

Não é hora pra isso. Tenho que me focar.

Uma rajada de vento fez sua espinha tremer. Estava com medo. Estava com muito medo.

Mas por quê? O que está acontecendo?

Era sabido que o garoto repudiava sua incapacidade de poder controlar seus sentimentos. Treinou tanto para ser centrado. Treinou tanto para ser intimidador. O que era aquilo afinal? Quem conseguia fazer aquilo com ele sem ao menos vê-lo?

Foi então que seu coração disparou. Um grito dilacerante atravessou seus ouvidos. Por instinto correu o mais rápido que pode em direção àquele som que fez seu coração doer. Não demorou muito para chegar ao local exato do barulho. Nele, uma pequena construção desabada e na sua frente uma garota encolhida. Havia muito sangue sobre o chão e sobre suas roupas, porém não era possível ver seu rosto, encoberto entre seus joelhos.

– Garota...você está bem? O que aconteceu? – perguntou o Kuruta se aproximando lenta e cautelosamente.

A menina não respondeu. Continuava parada na mesma posição em que foi encontrada. Kurapika sabia que ela estava viva devido ao movimento de respiração de seu corpo. Foi então que notou uma pequena lâmina em uma das mãos da garota. Parou imediatamente de se aproximar no momento em que viu o artefato.

– O que aconteceu? Não posso te ajudar se não me disser – perguntou ele mantendo distância.

Kurapika estava tremendo. Talvez fosse pela descarga de adrenalina...talvez fosse pelo frio. O fato era de que aquela situação estava lhe causando uma angustia violenta. O que estava acontecendo naquele lugar afinal?

– Ajudar? Ajudar você disse? – respondeu a garota com a voz baixa, quase inaudível.

– Sim, eu quero te ajudar. Mas você tem que largar isso e me dizer o que aconteceu – falou Kurapika tentando parecer calmo.

Até que percebeu algo estranho.

Por que meus sentimentos não estão em sincronia com o que está acontecendo?

Havia uma criança ensanguentada bem na sua frente. Havia destroços. Havia sangue. Por que não sentia comoção? Por que não se mobilizou no mesmo momento para ajudá-la? O que estava fazendo ele ter tanta cautela?

– Eu estaria mais preocupada em ajudar a si mesmo se fosse você – respondeu ela olhando em sua direção.

No lugar onde deveriam estar seus olhos havia apenas um vazio escuro. O terror começou a invadi-lo rapidamente. Porém não houve tempo de ao menos se virar, quando sentiu uma forte pancada na nuca que o fez perder a consciência antes mesmo de tocar o chão num baque surdo.


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Notas finais do capítulo

Isso ai pessoas. Não estou muito satisfeita com o que tenho escrito ultimamente. Acho que por ter deixado passar um tempo não estou com a mesma disposição de antes. Espero que essa sensação passe logo e eu possa escrever algo que realmente me agrade.

De qualquer forma aprecio o comentário de vocês. Talvez isso me anime mais rs.

Quanto ao capítulo, será que fui muito má em terminar dessa maneira? kkkk Apesar de tudo acho que ainda estou tentando preservar minha linha suspense hehe.

Até mais!



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