As Cores do Inferno escrita por Ruby


Capítulo 1
Capítulo 1 – Vermelho escuro.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! *-*

Há tempos eu queria postar essa história por ser a minha preferida. Foi deliciosamente triste e empolgante escrevê-la e eu sinceramente espero que vocês gostem dela tanto quanto eu *-*

Por favor, comentem o que vocês gostaram/desgostaram. Receber comentários é delicioso e nos empolgam a escrever e postar cada vez mais. Saibam que estarei esperando avidamente pelos comentários de vocês, rs ♥

Enfim, queria agradecer às lindas Lice e Mandy, que sempre me empolgaram e me apoiaram a nunca abandonar esse universo lindo, que é o da escrita.

Obrigada pela atenção dispensada a essa história e espero não decepcioná-los (:

Boa viagem!
Ruby.



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O céu estava vermelho escuro. Vermelho como o sangue que seria derramado pelos nossos ideais. Escuro como o sabor da vitória mais do que merecida. O cascalho fazia barulhos estranhos sob meus passos estritamente ritmados, e meus sapatos, outrora brilhantes por causa da graxa, agora brilhavam num tom vermelho-sangue.

O ano era de 2027. O lugar era Washington, Estados Unidos. O que antes podia ser considerado um lugar belo, hoje era centro de uma batalha. Estávamos prestes a começar a Terceira Guerra Mundial. Nossos inimigos não eram a Tríplice Aliança ou os Nazistas: estávamos guerreando pela sobrevivência. O que nos fazia falta era água e o único país que a tinha em abundância era o Brasil.

Inglaterra, França e Alemanha – por incrível que parecesse – estavam do nosso lado. Tínhamos acordos comerciais a defender e nossa economia não podia ser abalada por um país anteriormente em ascensão. Nesses últimos anos, o Brasil se desenvolveu rapidamente graças à mão forte de um general, ameaçando o império que o nosso país havia construído desde antes da Primeira Guerra Mundial. Era contra eles e os países mais fracos – como Iraque, Argentina e Portugal – que estávamos guerreando.

Os bombardeios estavam ficando frequentes agora, e eu havia recebido informações de que mais países haviam se juntado ao combate. Fora preciso convocar mais soldados e, por causa disso, mais superiores inteligentes e experientes. Era por isso que eu estava aqui. Eu era o Major Masen e estava pronto para ajudar a liderar o batalhão que agora me esperava mais a frente, ao lado do Coronel Cullen.

- Bem vindo, Masen! – Carlisle me cumprimentara, os braços abertos. Eu tinha me preparado para a carreira militar ao lado dele, por isso tínhamos essa intimidade. Éramos amigos, ainda que eu fosse alguns anos mais novo.

- Coronel – bati continência e depois apertamos as mãos.

- Batalhão – ele disse, se dirigindo ao grupo de soldados parados à frente – Quero lhes apresentar Edward Masen, ou Major Masen para vocês.

Alguns soldados reviraram os olhos, impacientes. Não esperava por essa recepção, por isso corei e, disfarçadamente, tentei recuperar minha pose confiante.

- O Major Masen – ele continuou – apesar de ser um ótimo combatente, nos ajudará nos serviços de Informação, interrogando capturados e recolhendo informações que nos ajudem a melhorar nossas táticas. Gostaria de dizer algo, Major? – Carlisle perguntou e eu pensei ter ouvido um tom paternal em sua voz.

- Claro, obrigado, Coronel. – pigarreei e encarei os muitos olhos que agora me desafiavam – Posso parecer novo demais para estar entre vocês. Ter 26 anos ainda é ser novo, certo?

Alguns riram forçadamente da minha piada sem graça, outros simplesmente me ignoraram. Então, eu continuei.

- Posso parecer, também, menos experiente que vocês. Mas posso garantir que não fui convocado a toa. Não houve folgas ou piedade comigo. Força, coragem, punhos de ferro: é assim que nosso país será regido, começando por vocês.

Todos continuaram me encarando. Apenas um homem de cabelos loiros, na segunda fileira, sorriu maliciosamente, como se me desafiasse. Seguiram-se alguns segundos de silêncio desconfortável, até que Carlisle tomasse a palavra novamente.

- Estão dispensados.

Todos bateram continência e saíram em retirada, enquanto eu suspirava aliviado.

- McCarty, pode esperar um instante? – Carlisle chamou alguém e, na mesma hora, um homem grande e forte voltou-se e se dirigiu a nós. Seus olhos eram de um azul intenso, mas não demonstravam medo ou presunção. Apesar de ele ser muitos centímetros mais alto do que eu e ter muito mais músculos, o avaliei como "apenas um garoto".

- Coronel – ele bateu continência outra vez e esperou com ambas as mãos nas costas.

- Major Masen, quero lhe apresentar o Cabo McCarty. – apertamos as mãos cordialmente e, pela primeira vez desde que cheguei aqui, vi um sorriso sincero. – Estou indicando McCarty como seu ajudante. Ele é um dos nossos melhores homens e tenho certeza que te ajudará muito.

- É muito bom ter com quem contar. – respondi.

McCarty sorriu outra vez e minha simpatia por ele pareceu aumentar.

- Bom, estão dispensados, garotos.

Olhei para Carlisle, as sobrancelhas levemente erguidas.

- Não me olhe assim, Edward ele riu. Para mim, você continua sendo um garoto.

Ele saiu, deixando-me sozinho com o Cabo McCarty.

- Ouvi muitas histórias a seu respeito, Major. – ele começou a falar, enquanto andávamos na mesma direção para onde o resto do Batalhão tinha seguido. – O Coronel Cullen o trata como um mito do Exército entre os soldados.

- Não sabia que ele mentia tanto assim.

Nós dois rimos. O som soou estranho aos meus ouvidos. Diante do chão manchado de sangue e de bandeiras americanas estendidas por onde quer que olhássemos, era difícil acreditar que ainda existia humor. O sorriso foi sumindo de meus lábios enquanto andava em silêncio.

- Parece tão antigo, não parece? – McCarty disse, me tirando de meus devaneios.

- Desculpe? – eu não estava prestando atenção, e sua linha raciocínio parecia ter seguido um rumo diferente do meu.

- Quero dizer, estamos quase em 2030... As pessoas sempre me diziam que, a essa altura, seríamos mais desenvolvidos. Mas aqui estamos nós, em um cenário de 1945.

Eu engoli em seco.

- Daqui a pouco aparecerão prisioneiros. Torturas, espiões, traição... Tudo isso fez parte da nossa história, e é óbvio que as coisas se repetirão agora. Não aprendemos nada com isso. Percebe o quanto é irônico? Quero dizer, às vezes...

Ele parou de repente ao perceber que estava falando da seção da qual eu fazia parte.

- Major, perdoe-me, eu não queria... eu não pretendia...

- Não se preocupe – eu o interrompi, sorrindo. – Também compartilho seus pensamentos.

Eu não estava sendo falso para ganhar a confiança dele, ou fazê-lo se sentir melhor. Estava sendo sincero. A verdade é que McCarty falara todas as coisas que lutavam para chegar à minha língua, mas eram impedidas pelo peso das medalhas em meu uniforme.

- Mas... seu discurso... – seus olhos eram confusos.

- Deixe eu te ensinar uma coisa – disse, olhando agora para frente, sem querer encarar seus olhos. – Às vezes precisamos mentir. Não que eu goste disso, mas faz parte da minha profissão. Convivo constantemente com mentiras, ameaças, torturas e chantagens. Eu trabalhei no Serviço Secreto dos Estados Unidos, e posso te garantir que não há satisfação nenhuma em matar pessoas.

- Então por que escolheu essa carreira, Major? – ele perguntou; não como uma afronta, mas com uma sincera curiosidade.

- Talvez por falta de outras oportunidades.

Havíamos nos aproximado do galpão onde a maioria dos soldados se preparava para mais um fim de dia. Estaquei, já que meu dormitório e gabinete ficavam em outro prédio.

- Creio que já nos familiarizamos a ponto de podermos trabalhar juntos. eu disse Agora descanse. Acredite em mim, o dia será longo amanhã.

Ele riu e, em seguida, bateu continência.

- Sim, Senhor.

Estendi minha mão, que ficou parada no ar por míseros segundos enquanto ele estranhava a repentina intimidade.

- Edward sussurrei, enquanto ele apertava minha mão. Pode me chamar de Edward.

-Emmett – ele respondeu, sorrindo – Será uma honra trabalhar ao seu lado.

Enquanto Emmett me dava as costas, percebi que, talvez, o inferno não fosse tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Por favor, deixem seus comentários! ♥

Até o próximo capítulo! o/

Ruby.