Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 82
Confissões - O diário de Niko -- parte 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira parte dessa fic que contou com uma ajudinha especial do grupo Feliko no Facebook para acontecer! Vocês sempre, de um jeito ou de outro, me dão forças e cada vez mais vontade de continuar escrevendo sobre esse nosso amado e lindo casal!



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Uma vez, numa das noites na casa do seu amado namorado carneirinho, Félix despertou levemente quando viu que Niko não estava dormindo ao seu lado. O loiro estava sentado na cama, escrevendo em um caderninho que logo o fez pensar:

– Um diário?! O carneirinho tem um diário?

Fechou os olhos rapidamente antes que Niko notasse que ele o vira. O loiro terminou de escrever e guardou o diário na última gaveta da cômoda, e como tinha um sorriso suspeito enquanto escrevia, deixou Félix curioso.

– O que será que o carneirinho tanto escrevia nesse diário?

Niko voltou a deitar ao seu lado, bem pertinho dele, passando uma mão por sua cintura e ambos adormeceram.

No dia seguinte, tomavam o café da manhã quando Félix, curioso, comentou:

– Percebi que você não dormiu logo, carneirinho! O que foi? Não te cansei o suficiente? – Perguntou com sorriso malicioso e a curiosidade em erupção.

– Claro que cansou, amor! – Respondeu com sorriso igual. – É que a noite foi tão boa que eu fiquei mais um tempinho acordado... Te observando...

– Me observando?

– É! É que você é tão lindo que eu não consigo tirar os olhos de você... Às vezes fico sonhando acordado com o que a gente faz embaixo dos lençóis...

– Embaixo, em cima, de ladinho, de tudo quanto é jeito né, carneirinho?!

Ambos riram. Mas a curiosidade de Félix permanecia. Ele só não sabia como perguntar.

Os dois ficaram namorando um pouquinho na sala já que era segunda-feira, o dia de folga de Adriana e o dia em que Niko não vai trabalhar. Jayminho estava na escola. Estavam apenas os dois no sofá e Fabrício no berço, mas o pequeno logo começou a chorar chamando seu papai.

– Já volto, Félix! Vou ver o que meu fofinho tem!

– Vai lá, carneirinho!

Foi só Niko se distrair no quartinho de Fabrício que Félix correu para seu quarto. Logo abriu a gaveta e viu aquele caderno. Era mesmo um diário. Pegou e começou a ler da primeira página. A partir da data lá escrita, descobriu:

– O carneirinho tem esse diário desde quando ainda vivia com a lacraia do olho colorido?! E por que ele ainda guarda isso?! – Mas, logo qualquer sinal de ciúme se desfez e ele pensou que poderia ser interessante ler o conteúdo daquele diário: - Hum... O que será que o Niko escreveu aqui sobre aquela lacraia? Já sei muito bem que aquilo não era de nada, mas... Espera aí... O que o carneirinho estava escrevendo ontem? Será que era sobre mim?

Félix abriu numa das primeiras páginas e começou a ler.

“Julho de 2004. Está fazendo frio essa tarde. Eu estava em casa com meus pais e nem imaginava que ele viria me visitar. Mas ele veio. O Eron é tão amável. Ele chegou e me convidou para um café, e eu aceitei, claro...”.

Félix mal tinha começado a ler e aquilo já havia lhe dado um embrulho no estômago.

– Coisa melosa... Tinha que ser o carneirinho mais novinho babando enfeitiçado por aquela lacraia da boca-mole!

Passou umas páginas e abriu mais pra frente.

“Setembro de 2004. É primavera. Estação das flores e do romantismo. O amor está no ar. E agora é oficial, o Eron e eu estamos namorando. Nunca pensei que teria um relacionamento com um cara mais velho e bem mais sério que eu, mas acho que me apaixonei. Além disso, é inacreditável como até meus pais simpatizaram com ele. Acho que é porque ele transmite responsabilidade, sei lá... Só sei que já sonho com nós dois morando juntos. Meu primeiro relacionamento sério... Sei que será maravilhoso...”.

– Pelas contas do rosário, como o carneirinho era iludido! – Félix já estava ficando irritado lendo aquelas coisas, mas a curiosidade falava mais alto e ele continuava.

Pulou mais algumas páginas. Leu, e não gostou nada. Parecia que não estava dando muita sorte nas páginas que abria.

“Dezembro de 2004. Hoje marcamos de nos encontrarmos para um passeio pela cidade para vermos a decoração de natal. Mas eu sei que esse encontro é para algo mais... Vamos passar a noite toda fora. Hoje, tenho certeza, será nossa primeira noite juntos. Nossa primeira noite de amor. Pra onde será que ele vai me levar depois do passeio? Um motel talvez? O apartamento dele? Estou tão ansioso...”.

Félix já estava a ponto de rasgar aquele diário. Fechou com toda força e já queria jogá-lo pela janela quando viu que havia um pequeno marcador de página dentro dele. Abriu bem naquela página e a folha estava dobrada. Notou que havia uma foto colada nela. Ele abriu a página e viu a foto.

– Mas... Sou eu!

Era uma foto dele mesmo. Ele estava muito arrumado e elegante. A ocasião: o casamento de Paloma.

– Espera aí... Essa foto não é da renovação dos votos matrimoniais da Paloma, é do casamento mesmo... Mas eu e o carneirinho nem nos conhecíamos direito naquela época...

Ele começou a pensar no dia em questão. Lembrou que mesmo sem se conhecerem bem, eles dançaram lado a lado durante a festa. E dançaram muito. Lembrou-se até que sua falecida amiga Glauce chegou a pegar o terno de Niko e dançar com ele provocando Félix.

– Há que horas o carneirinho terá tirado essa foto que eu não vi?

Foi tirado de seus pensamentos por Niko que o chamou da sala.

– Félix, cadê você?

Félix depressa guardou o diário de volta no lugar e gritou:

– Aqui, carneirinho! Já vou! – Voltou para a sala.

– O que você estava fazendo no quarto, amor?

– Hein?! Eu... Nada... – Niko notou que Félix estava bem mais sério com ele.

– Tem certeza?

– Será que eu dei o nó na forca de Judas pra você duvidar de mim?!

– Ai Félix, só perguntei! Por que você ficou tão arisco comigo de repente?

Félix cruzou os braços e respirou fundo.

– Não foi nada!

– Não? Então... – Niko se aproximou com um sorrisinho, lhe acariciando. – Desfaz essa cara amarrada e vamos continuar o que paramos?

Mas Félix não estava mais com clima para ficar com o carneirinho. Tirou as mãos de Niko dele e começou a dar desculpas.

– É... Eu ainda estou meio cansado, Niko... Eu acho que vou pra casa descansar um pouco...

O loiro ficou confuso.

– M-mas... Eu pensei que fossemos passar a manhã juntos Félix? O que deu em você? Por que vai assim tão de repente?

– Por que... Tenho mais o que fazer!

– Tem mais o que fazer? Algo mais importante que eu?

Félix não podia resistir muito àqueles olhinhos de carneirinho pidão lhe perguntando uma coisa dessas. Não havia nada para Félix mais importante que seu carneirinho.

– Não Niko... Só... – Suspirou. – Tá bom, ok, vou falar! Ou melhor, você que vai me falar! – Cruzou os braços e bateu o pé no chão. – Pode me responder por que o senhor ainda guarda um diário com recordações de quando vivia com aquela lacraia do olho furta-cor?

Niko passou de confuso para olhar reprovador.

– Félix! Você leu meu diário?!

– É... Não, não li... Não li tudo, por que só as três páginas que li já me deram vontade de vomitar!

– Que páginas foram essas? As que estão antes ou depois do marcador de página?

– Antes! Ah, e... Por falar no marcador... Eu abri na página que estava marcada e tinha uma foto minha! Por quê? A foto é da época do casamento da Paloma! A gente ainda nem se falava direito, mas se conhecia...

Niko passou da expressão reprovadora para um sorriso faceiro.

– Talvez você não me conhecesse... Mas eu...

– Que papo é esse, carneirinho?

Niko deu um sorriso tímido, mas seu olhar não era nada tímido. Ele se dirigiu para o quarto e voltou de lá com o diário em mãos.

– Tá tão interessado? Lê! – Pôs o diário nas mãos de Félix.

– Você quer que eu leia seu diário, carneirinho?

– Faça o que quiser! Eu vou cuidar do meu bebê, com licença! Mas faça o favor de ler algumas páginas depois de onde está sua foto, ok?!

Niko foi para o quarto de Fabrício e Félix sentou no sofá com seu diário. Abriu, então, em uma página antes da que estava com sua foto colada e leu. Pela data não era de muito tempo atrás. Já era de uma época bem posterior ao casamento de Paloma. Era de quando Niko havia descoberto sobre a traição de Amarylis e Eron.

“Nunca me senti tão triste, tão decepcionado com alguém. Mas hoje minha maior decepção chama-se Eron Torgano. Lembro-me de quando viemos para esta casa e ele prometeu me fazer feliz. Hoje eu só sofro. Mas não sofro tanto por ele. Nosso caso já era um caso perdido há muito tempo. Sofro por essa situação. Por ter permanecido nesse relacionamento frustrado tanto por tempo. Eu poderia ter sido mais feliz se o tivesse largado. Mas não. Eu fiquei com medo de ficar sozinho, e aqui estou... Mais sozinho que nunca. Nunca passou pela minha cabeça ser traído dessa maneira por meu companheiro e minha melhor amiga, pelo menos que eu achava que era amiga. Aquela cobra. Só estava esperando o momento certo de dar o bote. E aqueles dois ainda foram capazes de dizer que fizeram isso por mim. Mas eu fui muito burro mesmo de confiar nesses dois vigaristas. Nunca fiquei com tanta raiva e tão magoado quanto agora. E o pior de tudo é que eles dizem que o bebê, que o meu Fabrício, não é meu filho. Depois do quanto eu esperei por ele... Isso não é justo. Isso é o que mais me dói...”.

Félix respirou fundo e começou a pensar em como Niko sofreu, mas também em como era feliz agora que estavam juntos. Mesmo eles não tendo muito tempo de namoro, já tinham uma cumplicidade incrível e uma confiança inabalável. Sem falar no sentimento maior que os unia. Aquele que Félix ainda sentia dificuldades em expressar, mas tinha certeza que sentia: o amor. O amor pelo seu amado carneirinho; que era maior e mais importante que quaisquer palavras escritas num velho diário. Então, sem precisar ler mais nada, Félix fechou o diário e foi atrás do seu loirinho querido.

– Ei carneirinho... – Chamou ao chegar a porta do quartinho de Fabrício. – Vem cá!

Niko deixou seu bebê no berço e foi.

– Que é?... – Antes que pudesse acabar a pergunta, Félix o agarrou pela cintura e lhe deu um beijo apaixonado e profundo.

Após o beijo se olharam nos olhos e o loiro perguntou:

– Félix... O que significa isso? – Mas lembrou. – Ah! Já sei! Você ficou feliz com o que leu, não foi?!

Félix sorriu. – Fiquei, carneirinho! Fiquei, e só precisei ler uma página! E me fez lembrar o que você me disse um dia, que o passado não importa, que eu não posso ficar atrelado ao passado! O que importa é o presente e que estamos juntos, e que agora você me faz feliz e eu... Eu quero muito te fazer feliz como você nunca foi!

Niko abriu um largo sorriso. – Você já me faz feliz como nunca fui! Mas, se você está dizendo isso... Tem certeza que não leu mais do que diz?

– Pelas barbas do profeta, carneirinho, eu não li mais do que devia tá?!

– Mas eu te deixaria ler, Félix! De verdade! Senão não teria te entregado o diário, teria brigado com você por ter pegado sem permissão!

– Ai carneirinho... – Riu, mas lembrou de algo que não entendeu muito bem. – Espera... Por que você achou que eu tinha te beijado por ter ficado feliz com o que li? Tinha coisas lá sobre mim?

– Ué, se tem uma foto sua é porque tem coisas sobre você... Você não leu mais nada?

– Não, já disse que não... Por quê? Eu ficaria feliz se lesse por acaso?

– Provavelmente...

Félix gostou da vozinha um tanto maliciosa do seu carneirinho e correu de novo para o sofá para ler o resto do diário.

... ... ...


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Notas finais do capítulo

Continua...