Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 57
Festas Juninas - parte 2


Notas iniciais do capítulo

...que as festas continuem...



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Depois...

– Ai carneirinho, não acredito que você me fez vir usando esta roupa!

– O que tem essa roupa? Não gostou?

– Niko... Xadrez não combina muito comigo, não acha?!

– Ai Félix, todo mundo veio de xadrez, é uma festa junina, é comum... E você fica lindo com qualquer estampa, com qualquer roupa...

– Eu sei que fico... Mas, não sou comum, carneirinho, eu gosto de me destacar dos demais...

– Tá, então... Põe uma flor na cabeça!

Niko falou meio impaciente, mas com tom de brincadeira, mesmo assim, Félix cruzou os braços e fez cara de aborrecido encarando-o.

– Baixou a Tetê para-choque para-lama, criatura?!

O loiro logo remediou.

– Ai Félix, é brincadeira! Para, vai, não seja chato... Olha que lugar lindo, você está lindo assim de xadrez preto e branco, tá uma graça...

– E você também está uma gracinha... – Disse com sarcasmo. – Xadrez verde e amarelo, Niko?! – Reclamou, mas no fundo também achava que seu carneirinho ficava lindo com qualquer roupa. – Pelo visto também vou ter que ficar te dando uns toques sobre moda como eu faço com mami!

– Eu disse que seria temático da Copa, ora! Olha só, decoraram o local com bandeirinhas de São João verdes e amarelas! Eu achei legal! E o Fabrício veio parecido comigo, não foi, meu amorzinho?! – Falou brincando com o pequeno que estava no colo de Félix e que vestia uma roupa parecida com a do pai. – E olha as crianças, Félix, como estão se divertindo! – Niko apontou para um grupo. – Aqueles ali são da turma do Jayminho, eles vão fazer uma apresentação de quadrilha!

– Não vejo a hora...

– Não seja irônico! Até o Fabrício tá se divertindo aqui...

– Só porque ele gosta de ficar no meu colo, só por isso! Principalmente, quando eu o balanço assim ó... – Balançou as pernas mostrando como isso fazia Fabrício rir. - Aliás... Mais parecido com o papi carneirinho impossível!

Niko deu um tapinha no braço de Félix para ele ficar quieto.

A apresentação de dança da turma de Jayminho começou e Niko olhava cada passo do filho, como um verdadeiro pai-coruja. Até havia levado uma câmera para filmar tudo. Fabrício, mesmo pequeno para compreender o que se passava, batia palminhas e se mexia no colo de Félix com a música. Até Félix acabou rindo assistindo tudo, mesmo que não admitisse que a festinha acabou sendo divertida.

Apesar da alegria, Niko notava alguns olhares e cochichos para com eles. O preconceito de muitos e o estranhamento de tantos era um fator que, embora o fizesse pensar nas consequências para seus filhos, o fazia mais forte e decidido a demonstrar a força do amor de qualquer maneira. O amor não convencional, sem regras. E, no caso dele e de Félix, a grande diferença do de muitos é que o deles era sem medidas e sem condições.

Félix já era um perito em notar burburinhos a seu respeito. Afinal, passar a vida toda escondendo quem realmente é lhe deu uma experiência incomparável. Porém, já não se sentia incomodado como em outras épocas, quando seu próprio pai era seu maior reprovador. Agora, sentia com Niko força bastante para ter outra atitude. Ao invés de baixar a cabeça ou desviar o olhar, quando via alguém o encarando, encarava de volta. Sem medos, sem vergonhas por ser ele mesmo, com a cara e a coragem que sempre deveria ter tido, mas que era impossível de encontrá-la antes de encontrar o verdadeiro amor em sua vida.

A festinha acabou e eles voltaram para casa. Félix só ficou mais um tempinho com eles.

– Agora que já almoçamos, eu vou pra casa, carneirinho! Já fiquei muito tempo, tenho que ver o papi, e descansar também né?!

– Tá bem, eu também vou descansar, Félix! Os meninos também cansaram, o Jayminho dançou tanto que acho que vai acabar dormindo de novo!

– Pois é, e tadinho do Fabrício, veio dormindo no meu colo enquanto você dirigia...

– Foi, tão lindinho! Meu bebê não quis sair do seu colo... Ele gosta mesmo de ficar nos seus braços...

– Ah, a quem será que ele puxou... – Félix laçou Niko com os braços puxando-o para um beijinho de despedida.

– Tchau!

– Tchau, carneirinho!

– Você vem mais tarde, não vem?!

– Vou fazer um esforço... – Disse sorrindo.

– Sei... – Niko lhe deu outro beijinho. – Eu que vou fazer um esforço pra descansar enquanto os meninos estão quietinhos! Mais tarde, quando o Jayminho se lembrar do jogo da seleção vai ficar elétrico, me chamando, pedindo pra fazer pipoca...

– E você aproveita e se joga na pipoca né?!

– Félix! Ora... Me jogo mesmo, e daí?!

– Nada... Só cuidado! Se em todo dia de jogo você comer uma tigela de pipoca, carneirinho, já vi que se o Brasil for hexa você vai comemorar com vinte quilos a mais!

Niko deu-lhe um tapinha no braço mais uma vez.

– Vinte quilos?! Quem que engorda vinte quilos comendo pipoca?!

– Tá bom, não está mais aqui quem falou!

– Você é um bobo! Minha tendência é só emagrecer agora...

– É?! Por quê?

Passeando com o olhar entre a boca e os olhos de Félix, respondeu com um tom ligeiramente malicioso: - Você não sabe?! Eu tenho um personal trainer ma-ra-vi-lho-so!

Félix riu quando entendeu a indireta de seu carneirinho. Deu-lhe outro beijo e sussurrou: - Comigo você vai se exercitar todos os dias, sou um ótimo personal trainer!

– Tenho toda certeza que é! – Piscaram um para o outro e se despediram com mais um beijo.

Assim que Félix saiu, Niko estava fechando a porta quando o telefone tocou. Para sua surpresa era...

– Márcia?! Oi!

– Oi, Niko! Me diz uma coisa... O Félix tá aí?!

– Estava, acabou de sair! Ele foi pra casa...

– Ah, por isso... É que eu liguei pra lá e disseram que ele estava aí com você, eu pensei: meu menininho não para mais em casa, só quer ficar com o carneirinho carneirão...

– Ai Márcia... – Niko riu. – O Félix, na verdade, fica muito em casa também durante o dia por causa do doutor César...

– É, durante o dia, porque à noite ele corre pra aí, né carneirinho?!

Niko riu de novo, agora meio envergonhado. – Ah... Isso é! Ele vem quase todos os dias... Sabe o que aconteceu hoje, Márcia? O Félix foi comigo a uma festinha da escola do Jayminho! Ele não queria muito, mas acabou se divertindo que eu sei!

– Não?! – Márcia exclamou surpresa. - Oh... Meu menininho tá mudado mesmo, hein?!

Niko suspirou apaixonado. – Ele está cada vez melhor, Márcia! O Félix é um sonho...

– Que lindinhos! Olha, Niko, eu tenho certeza que aquele meu menininho querido te ama muito! Sabe que, no dia dos namorados, o Gentil me fez uma surpresa que eu até me esqueci de tudo, mas no dia seguinte, que era dia de Santo Antônio, eu rezei muito e pedi por vocês dois, pra serem felizes, pra ficarem juntos, assim, sempre! Vocês merecem!

– Obrigado, Márcia! Acho que ele atendeu suas preces, viu! Nesse mesmo dia eu vivi momentos inesquecíveis com o Félix, e ele e eu não temos mais dúvida alguma de que queremos viver juntos e ser uma família!

– Que bom, carneirinho! Mas, olha, deixa eu dizer pelo que eu liguei senão eu falo, falo, e acabo me esquecendo do principal! Vai ter uma festa lá perto da minha casa, da que eu morava antes, e eu ia todos os anos, é tipo um arraial, sabe... Eu sei que meu menininho é todo chique, que é bem capaz de não querer ir, mas eu pensei em convidar você também, aí vocês podiam vir juntos... Você foi tão bom de nos convidar no natal e olha o tempo que já faz! Faz seis meses e eu nunca te convidei pra nenhuma festa, pra nada...

– Ah, Márcia, imagina, quando eu os convidei para passar o natal aqui em casa foi com todo o prazer! Não precisava me convidar pra nada...

– Você é muito fofo, carneirão! Mas eu também quis convidar vocês dois porque faz um tempinho já que não vêm me ver... Eu morro de saudade, meus meninos!

– Ah, Márcia, nós também morremos de saudade... O Félix de vez em quando se lembra de algum momento com você! Já que é assim, eu adoraria ir! Eu só preciso saber quando é e a que horas pra pedir para a Adriana, a babá, ficar com os meus filhos!

– A festa é hoje, Niko, depois do jogo do Brasil...

– Hoje? Ah tá... E a que horas termina mais ou menos?

– Ah, aí eu não sei... Geralmente, essas festas não tem hora pra acabar, vão até o sol raiar!

– Sei...

– Mas, claro, não precisam ficar até o final, até porque você tem seus menininhos né?!

– Tá bom, Márcia, eu vou ver justamente isso, porque hoje a Adriana está de folga e não tenho com quem deixar os meninos! De qualquer maneira, vou avisar ao Félix, e se ele quiser ir...

– Tá bem, carneirinho, não se preocupe! Se não puder vir não tem problema, viu! Agora, se você quiser vir e o Félix não quiser, insista! Convença meu menininho!

Niko riu. – Pode deixar que eu sei como convencer seu menininho, Márcia! Mais uma vez, obrigado, viu! E se eu for, nos vemos mais tarde! Tchau!

Em casa, Félix mal tinha acabado de entrar em seu quarto quando seu celular tocou. Na tela a foto daquele de quem ele havia se despedido há minutos o fez abrir um sorriso.

– Oi, carneirinho! Não me diga que já está com saudade de mim...

Félix pôde ouvir o sorriso do seu carneirinho do outro lado da linha, enquanto começava a desabotoar a camisa e tirar a roupa, preparando-se para descansar.

– Saudade sempre... Desde que você foi embora! Mas, eu te liguei por que acabei de receber um convite para nós dois!

– Um convite?

– É! Você nem acredita quem ligou para mim...

– Quem?

– A Márcia!

– Ex-hot-dog queen?! O que ela queria?

– Ah, ela disse que nunca nos convidou pra nada e queria convidar agora para uma festa junina que tem todo ano lá perto da casa que ela morava antes!

– Lá... Naquela rua? Ah, não, carneirinho...

– Por que não, Félix?! Deve ser legal essa festa! Olha, a Márcia disse que vai todo ano, e deve ser algo simples, organizada pelas pessoas que moram lá e essas festas assim, geralmente, acabam sendo muito mais divertidas que qualquer festa da alta sociedade! Eu já fui à festinhas assim de comunidade quando era mais novo! E tenho certeza que a Márcia ia gostar muito que a gente fosse, sabe que ela te ama como a um filho, e também disse que estava morrendo de saudades da gente, que nunca mais fomos visitá-la...

– Ai, que exagero! Também tenho saudade dela, mas não é pra tanto... – Félix deu um profundo suspiro. – Já vi que você vai usar todos os argumentos para me convencer a ir nessa festinha também, né?! Mas, agora, que eu não estou aí com você, o que o senhor carneirinho pensa em fazer para me seduzir de novo, hein?!

– Félix... – Niko deu uma risadinha bem perceptível do outro lado da linha. – Meu querido... Eu posso usar meus truques pelo telefone, sabia?!

– Pelo telefone?! Se fosse pelo webcam eu entenderia...

– Como assim pelo webcam?

– Ué, carneirinho, por webcam você podia, sei lá, fazer um strip-tease pra mim, de repente... Mas, pelo telefone... Essa eu quero ver...

Niko só balançava a cabeça, sorrindo.

– Você só pensa nisso... Vai ser pelo telefone sim, você vai ver, ou melhor, ouvir, então, ouça bem... – Niko fez de novo a voz manhosa e infantil que fez à noite. – Félix... Vamos brincar hoje à noite?! Você veste a camisa xadrez que eu te dei, fica bem bonito, cheiroso como sempre, nós vamos à festa e depois...

– Essa não cola, carneirinho!

– Ah não?! Se você não quer brincar de festa hoje à noite comigo, eu também não brinco de outras coisas com você de madrugada!

Félix ria do outro lado. – Será que eu soltei balões durante o sermão da montanha para ter um carneirinho tão chantagista?!

– Que coisa feia me chamando de chantagista!

Félix já estava conhecendo todos os truques de sedução do seu carneirinho, mas simplesmente ria, pois não sabia como não conseguia mais resistir a nenhum truque sequer, nem mesmo a voz daquele homem.

– Ai, Niko, quê que você fez comigo, hein?

– O quê?

– Não, nada...

– Então, amor, você quer ir ou não? – Voltou a falar com a voz normal. – Olha, agora sério Félix, eu já te convenci a ir à festinha do Jayminho, se não quiser mesmo ir a essa que a Márcia nos convidou, tudo bem... Eu ligo de volta pra ela e digo que não vamos, tá?!

– Sério mesmo, Niko? Você não vai ficar chateado? Nem vai insistir?

– Não, amor... É sério! Eu não vou ficar chateado, nem vou mais insistir!

Félix se calou por um momento e voltou respondendo: - Ah... Por que não? Você não tá a fim de insistir mais um pouquinho?! – Perguntou, surpreendendo-o. – Eu gosto tanto dos seus métodos para me persuadir!

Niko riu. – Gosta dos meus métodos de persuasão?! – Niko mordeu os lábios e voltou com a voz manhosa. – Então, me diz, Félix... Tá a fim de brincar comigo essa noite de novo ou não?!

...

Mais tarde, na casa de Pilar...

– Mais uma vez, muitíssimo obrigado, Pilar! Eu não quis ligar para a Adriana porque além de hoje ser mesmo o dia de folga dela, é também dia festivo né, então...

– Eu sei, Niko, não se preocupe, eu fico com o Jayminho e o Fabrício com todo prazer! – Pilar se aproximou mais dele e baixou o tom de voz. – Sabe, desde que o Félix me falou sobre os planos de vocês morarem juntos, eu já me imaginei como avó desses meninos! Eu sei que você e meu filho tem futuro... E vejo nos olhos do Félix o quanto ele curte seus filhos!

– Ah Pilar, não sabe como me emociono ao ouvir isso de você!

– Eu sei, meu amor, vejo nos seus olhos também... – Pilar pôs as mãos no rosto de Niko e o olhou nos olhos. – Eu nunca vi o Félix tão entusiasmado com nada nem com ninguém, nem tão feliz como agora... Eu nunca vou cansar de repetir, Niko, que você é o genro que eu pedi a Deus!

– Pilar... E você é a melhor sogra do mundo!

Eles se abraçaram e, quando Félix desceu, saíram deixando os meninos com a mami poderosa.

Já no carro...

– E aí, carneirinho, falou de novo com a Márcia?

– Falei, ela disse pra a gente procurá-la lá perto da antiga casa dela, a festa é por lá... Ah, Félix, achei maravilhosa a ideia de sua mãe ficar com os meninos...

– Carneirinho, quando eu perguntei a mami se ela cuidaria deles por essa noite, ela não pensou duas vezes... Me respondeu que sim, que ficaria com eles, na hora! Ela acha os dois muito fofos, aliás, ela te acha fofo também... Mami e eu temos os mesmos gostos... Pelo menos, para algumas coisas, já para outras...

– Que coisas, por exemplo?

– Ah... – Pensou um pouco e respondeu: - Para combinar roupas, por exemplo, mami é poderosa, mas às vezes, faz cada combinação cafona que só você vendo... Já... – Félix sorriu. - O nosso bom gosto para escolher bofes lindos é igualzinho!

– Você me comparou com o Maciel?

Félix deu uma risada cínica. – Ah, não é assim... Entre você e o Maciel, carneirinho, tem uma grande diferença...

– Grande diferença? – Cruzou os braços. – Não tô entendendo...

– É... – Pigarreou. – Não é tanta diferença assim... Mas, é! Você não me entendeu... Eu quis dizer que vocês dois são pessoas completamente diferentes, mas ambos são bonitos igualmente... Fisicamente... Bem, também não têm nada a ver fisicamente, mas... Os dois são dois bofes lindos, sensuais... De modos diferentes... – Vendo que tinha se atrapalhado todo, Félix completou logo: - Ah, quer saber, Niko, não fica me encarando que me deixa nervoso! Eu nunca vi o Maciel pelado pra comparar, acho que deve ser muito bom, mas você deve ser melhor, pronto, falei!

Niko simplesmente começou a rir sem saber o que dizer.

– Ai, Félix... Você é louco!

– Louco por você! - Falou sem tirar os olhos da estrada. Falou como tinha falado “eu te amo” de manhã, no mesmo tom de “saiu sem querer, mas era isso que eu queria dizer”. De relance olhou para Niko e viu por um segundo a risada de antes se transformar num sorriso e num suspiro apaixonado, e seus olhos verdes ainda o fitavam.

...


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Notas finais do capítulo

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