Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 55
Felixz Dia dos Namorados - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Reescrito, reinventado... Tudo para melhorar porque sempre é bom escrever sobre Feliko, o casal mais lindo, fofo, gostoso, apaixonante, viciante, admirável de todos os tempos!



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Horas depois...

Todos se divertiram muito, mesmo Félix tendo uma breve discussão com o pai que preferiu ficar trancado no quarto assistindo sozinho como sempre. Após o jantar, Niko ia voltar para casa com os filhos e Adriana também ia embora. Félix, surpreendendo, se ofereceu para levá-la. Jayminho pediu:

– Pai, posso levar a Adriana com o Félix?

– Hã... Peça ao Félix, meu filho! Pergunte se depois ele te leva pra casa!

Virando para Félix, pediu: - Félix, posso ir com você?

Félix sorriu e levantou Jayme lhe fazendo cócegas. – Claro que pode, depois eu te levo pra casa! Vem, sobe aqui! – Ele se abaixou e Jayminho subiu em suas costas.

Há pouco tempo Niko ainda mal acreditava que aquele era o mesmo Félix que havia conhecido, que parecia ter uma nuvem negra pairando sobre a cabeça. Mas agora, o loiro sabia que seu namorado era capaz de amar seus filhos, além de amá-lo também. E o mais importante, Félix estava conseguindo amar a si próprio como nunca antes.

Enquanto voltava para casa com Fabrício, Niko olhava para o anel que havia ganhado e não tinha mais nenhuma dúvida de que Félix era o ideal para sua vida. Sabia que ele ainda tinha muito para resolver, seu pai, sua família, sua própria percepção de vida, mas, também sabia que não o deixaria de jeito nenhum. Fosse como fosse, o desejo de Niko para o dia dos namorados era passar muitos outros dias ao lado do seu amado. Dias inesquecíveis, incontáveis... Anos, décadas... A vida inteira.

_

Pouco tempo depois, Félix chegou com Jayminho. Ambos chegaram tomando sorvete.

– Oi, pai!

– Oi, carneirinho!

Niko pôs as mãos na cintura. – Tomando sorvete?

Félix riu. – É para comemorar a vitória da seleção, carneirinho! Não reclama, eu trouxe pra você também!

– Seu bobo, não estou reclamando por isso, é que eu não gosto que o Jayme tome sorvete à noite!

Félix perguntou um tanto decepcionado: - Fiz mal?

Niko o olhou com carinho. – Não... - Controlou a vontade de chamá-lo de amor e pediu ao filho. – Jayminho, vai terminar de tomar esse sorvete na cozinha por que derrete e pinga no chão...

– Tá, pai! – O menino foi.

– Ah amor, você não fez mal, pelo contrário, adoro quando você passa um tempo com os meninos... Eu só não gosto mesmo que ele tome sorvete nem coma doces à noite e ele sabe disso!

– Hum... Mas não foi o Jayminho que teve a ideia do sorvete, fui eu!

Niko o abraçou e o encarou. – Tudo bem, amor, hoje passa... – Deu-lhe um rápido selinho e Félix exclamou.

– Olha o que você faz comigo! É tão caliente que só de chegar perto o sorvete já está derretendo na minha mão... Deixa eu ir pra cozinha também ficar com o Jayminho... – Félix foi se dirigindo a cozinha enquanto Niko ria contente com a relação com o namorado. Namorado que já sentia como se fosse noivo.

_

Mais tarde...

Os meninos já dormiam quando Félix e Niko foram para o quarto.

– Ah, carneirinho, acabei de me lembrar de uma coisinha... Lembra que eu trouxe um filme novo para o Jayminho assistir?

– Sim...

– Lembra que eu disse que também havia trazido um pra a gente?

– Aham... Mas... Você não quer assistir TV agora não, né Félix?! Por favor, diz que não...

– Nossa! Por que esse susto, Niko?

– Nada... É que... Ah, como você mesmo disse né?! Ficar vendo TV no dia dos namorados é o ó... E o dia ainda não acabou!

Félix deu um sorriso malicioso acompanhando o olhar de Niko ao terminar a frase. – Entendo, carneirinho voraz... Mas, vamos ligar sim a TV do seu quarto, mas você vai gostar do filminho que eu trouxe... Sabe, ele pode até nos inspirar...

– É? – Niko estava começando a entender o tipo de filme que Félix havia levado.

– É! Você vai ver, vamos acabar até perdendo o final...

Niko deu um suspiro de alívio que Félix não entendeu muito bem, mas Niko sabia muito bem porque e sorriu, sentando na cama e dizendo para Félix:

– Então, amor... Aperta o play!

_

Dia 13 de junho...

No dia seguinte, Félix e Niko tomavam o café da manhã com os meninos e ambos já planejavam passar o dia todo juntos. Cada um tinha uma perspectiva. Para Félix era a oportunidade de se ver convivendo numa família, a família com a qual ele queria conviver desde que falou para Niko sobre seus planos. Para Niko era a oportunidade de ver como Félix era em família, e imaginá-lo sendo o seu companheiro e pai dos seus filhos.

Porém, Félix recebeu uma ligação.

– Alô, mami poderosa! (...) Sim, estou na casa do carneirinho (...) É que nós vamos passar o dia juntos (...) Sim, mami, diga (...) Um contratempo? – Félix ouvia o que a mãe lhe dizia e seu sorriso se desfez e ele olhou para Niko com uma expressão um tanto decepcionada. – Ai mami, tem certeza? (...) Mas, não pode mandar ninguém? (...) Tá, tá bom, não, não atrapalha (...) Entendi, mami, entendi, eu vou então! (...) Não, sem problema, mami poderosa! Tchau! Beijo! – Desligou.

– O que foi, Félix? – Perguntou Niko.

– Ai, carneirinho, definitivamente, sexta-feira treze só dá azar...

– Por quê?!

– É que eu vou ter que passar no San Magno agora para pegar os últimos exames do papi! O especialista que ia revisá-los vinha na segunda-feira, mas como na terça tem jogo de novo, ele decidiu ir ao hospital logo hoje! A Paloma não foi, por causa da gravidez, sabe... E o Lutero, você viu ontem, estava gripado esses dias, e gripe em velho sabe como é né?!

– Félix, não fala assim! – Chamou sua atenção lembrando a Félix que as crianças estavam presentes.

– Tá... Só é chato que eu vou ter que ir, carneirinho! O combinado foi que, quando esses exames ficassem prontos, eu os levasse para os médicos que fazem o tratamento do papi, e esse especialista vai para os Estados Unidos em breve e não vou poder mostrar os exames do papi pra ele! É que é relacionado à parte oftalmológica, quero saber se o papi tem chances de voltar a enxergar melhor...

– Ah, então você vai ter mesmo que ir embora né? Que pena...

– É... – Félix sabia que podia demorar a tarde toda resolvendo as coisas e perderia de passar o dia com seu carneirinho. Mas, teve uma ideia. - Ei, Niko, a Adriana vem hoje?! Que horas?!

– Vem, daqui a pouco ela chega... Eu queria que ficássemos com os meninos, mas como ela não tem família aqui em São Paulo, meu plano era que ela ficasse um pouco com os meninos pra a gente poder...

– Pra quê? O que vocês vão fazer? – Perguntou Jayminho interrompendo o pai.

– É... Pra... Pra a gente sair, filho! É... O Félix e eu vamos sair agora à tarde, por isso, a Adriana vem ficar com você e seu irmão! – Disfarçou.

Jayminho se conformou com a resposta do pai e foi para a sala. Félix sussurrou com seu tom cínico de costume: - Boa disfarçada, carneirinho! Sair é? Pensei que estava querendo entrar...

– Félix! – O repreendeu envergonhado.

Félix deu uma risada e apertou suas bochechas. – Tão lindo quando fica todo vermelhinho.

– Você não tem jeito...

– Eu sei! Mas, voltando ao assunto, foi até bom você dizer ao Jayminho que vamos sair... Por que você não vem comigo? Aí nós passamos o dia juntos! Eu resolvo tudo o mais rápido possível e depois nós vamos para outro lugar... Um lugar mais discreto, onde possamos fazer... Mais barulho...

– Hum... Até que não é má ideia!

– Sabia que ia gostar, seu carneirinho voraz!

– Para! Bobo...

Pouco tempo depois, Adriana chegou.

– Boa tarde, seu Niko, seu Félix...

– Oi, Adriana!

– Adriana, meu doce, que bom que você chegou...

Após tudo explicado a Adriana, Félix e Niko saíram, no carro de Félix. Ele foi primeiro a casa de Pilar.

– Vou só ver como papi está, trocar essa roupa e descer, viu carneirinho... Ah... – Algo veio a sua mente. – Não quer subir comigo pra me ajudar?

– Eu, te ajudar? Você é quem é o entendido em roupas pelo que sei!

– E quem disse que eu queria que você me ajudasse a escolher a roupa? Queria que me ajudasse a tirá-la!

– Você não tem jeito... É melhor não... – Dizia enquanto Félix segurava em sua mão levando-o para a escada. Quando puseram os pés no primeiro degrau, Pilar apareceu.

– Félix, meu filho! Niko, oi!

– Oi, Pilar! – Soltou a mão de Félix para abraçar a sogra.

– Não sabia que você viria com o Félix! Pelo que vi, iam subir, não era?!

– É... Bem...

– Não precisa se envergonhar, Niko! Sei muito bem que vocês queriam passar o dia dos namorados juntos, mas é melhor que o Félix não adie mais a revisão desses exames do César, são muito importantes, sabe... E nesse mês, muitos médicos tiram férias...

– Eu entendo, Pilar! Não se preocupe! O que o Félix tiver que fazer hoje, ele vai fazer!

– Está conseguindo colocá-lo na linha, não é Niko?! Muito bem, viu!

– Ah, Pilar... Imagina! Olha, você é uma inspiração pra mim!

– Oh, você é um fofo, Niko! É mesmo o genro que eu pedi a Deus!

Niko sempre ficava ruborizado quando Pilar lhe falava assim, Félix tratou de cortar o momento.

– Mami e carneirinho... Desse jeito eu fico diabético com tanta doçura!

Pilar e Niko se olharam. – Algumas coisas nunca vão mudar, Pilar!

– Isso eu sei, Niko! Conheço o Félix! – Virou para o filho e mandou: - Vá logo, Félix, senão você chega muito tarde ao hospital!

– Tá, mami, já vou!

Félix pegou numa mão de Niko para levá-lo, mas Pilar estava pegando na outra.

– Mami, solta o Niko!

– Não! Por quê?

– Ora, mami... O carneirinho vai subir comigo!

– Não vai não... Conheço vocês dois o bastante para saber que se vocês subirem não vão descer nem tão cedo, então, vá sozinho e o Niko fica aqui!

Ambos ficaram ruborizados, e Félix subiu sem dizer uma só piadinha. Pilar e Niko ficaram conversando na sala até que, pouco tempo depois, Félix desceu com outra roupa.

– Pronto, já dei uma olhada no papi, ele está... Enfim, como todos os dias... Vamos Niko?!

– Sim, vamos! Tchau, Pilar! – Niko abraçou a sogra, e logo antes de saírem, Félix ainda retrucou.

– Olha aqui, mami, não gostei nada da senhora poderosa ter deixado o carneirinho preso aqui, tá!

– Félix, eu gosto de conversar com sua mãe!

– Eu sei Niko, mas ela já tem o bofe magia dela, que deixe o meu, ora! Não aceito trocas, apesar de o Maciel ser tudo de bom!

– Félix! – Niko e Pilar exclamaram a uma só voz.

– Brincadeirinha, gente! Ai... Eu devo ter... Esqueçam! Tchauzinho, mami! Vem, vamos, carneirinho, olha a hora... – Félix o puxou pela mão e saíram, deixando Pilar rindo na sala. Ela simplesmente adorava ver a felicidade do filho, e ainda mais, saber que Niko era a pessoa certa para ele.

_

No hospital...

– Pronto, chegamos! – Disse Félix ao estacionar.

Niko foi abrindo a porta para sair, mas Félix lhe puxou pelo braço.

– Espera... Olha, carneirinho, eu vou fazer o possível e o impossível pra terminar tudo isso o quanto antes para podermos ir a outro lugar!

– E a que outro lugar você vai me levar? – Perguntou se aproximando de Félix com um sorriso nada inocente.

– Ainda não sei... Vou pensar! Mas, eu te garanto que se não der tempo eu te arrasto para um dos quartos do hospital...

– Ai Félix... Que é isso? Seu louco...

– Louco por você, carneirinho!

– Ah, dessa eu gostei!

Começaram a se beijar dentro do carro, mas Niko parou quando sentiu as mãos de Félix indo além das suas coxas.

– Ei, já chega... Vamos sair... Quanto mais cedo você for, mais cedo termina, não é?!

– É, tem razão!

Saíram do carro, mas assim que Niko deu o primeiro passo, Félix o prendeu contra a parede do estacionamento.

– Espera... Só mais um pouquinho...

– Félix! Aqui não...

Félix o levou para trás de uma parede onde não dava para quem estivesse atravessando o estacionamento ver os dois. – E aqui?! – Perguntou sem ao menos deixar Niko responder, beijando-o intensamente.

Alguém chegou e estacionou o carro. Ao descer, se deparou com um casal se beijando encostados numa das paredes do estacionamento.

– Patrícia e doutor Michel!

O casal se separou pelo susto.

– Ai, doutor Eron, oi... Boa tarde! – Falou Patrícia.

– Boa tarde, Patrícia! Já devia estar lá em cima no escritório, não acha?

– Sim, sim, claro... Eu já vou agora, estava só me despedindo do Michel!

– Sei... Ainda mais hoje que é dia dos namorados, né?! Mas, Patrícia, você é minha secretária e se eu puder dar um conselho... Não é bom para nenhum dos dois ficarem dando showzinhos no estacionamento do hospital!

– Não, imagina, doutor Eron! Não fazemos mais isso! Aliás, eu até já vou entrar agora! Você vem Michel?

– Claro!

Os dois acompanharam Eron até que, passando pelo estacionamento, viram a sombra de outro casal se beijando. Pararam, porém não dava para ver quem eram.

– E ainda dizem que só a gente que faz isso! – Exclamou Michel.

Patrícia lhe deu uma cotovelada de leve, mas também ficou curiosa. - Quem será? Parece que o negócio tá bom...

– Não importa! – Exclamou Eron com um suspiro. – Se forem médicos ou enfermeiros, todos vão ficar sabendo mais cedo ou mais tarde! Vamos, Patrícia, que a sua hora de almoço já acabou faz tempo!

– Sim...

Eron foi mais à frente e Patrícia e Michel foram andando mais devagar atrás.

– É impressão minha ou seu chefe está de mau-humor hoje?! – Perguntou Michel.

– Só hoje?! Não te contei a última? O Eron e o doutor André brigaram e agora o André foi naquele congresso de médicos e meu chefe vai passar o dia dos namorados sozinho! Por isso que ele está assim...

Enquanto Patrícia contava a fofoca para Michel, eles não viram Félix e Niko saindo de detrás da parede.

– Félix! Como é que você sai me beijando assim? Se alguém visse? Você não ia mesmo me agarrar num estacionamento, ia?

– Claro que não, carneirinho! Coisa mais brega... Só não resisti...

– Ai ai Félix...

– Prefiro te levar num motel... Quatro estrelas, no mínimo...

Ambos foram rindo até entrarem no hospital.

_

Duas horas depois...

Félix saia de uma das salas e Niko o esperava do lado de fora.

– Ah! Até que enfim!

– Acabou tudo que tinha pra fazer?

– É, quase, esse com quem acabei de falar foi o especialista! Nossa! Acho que nunca rodei tanto nesse hospital!

– Ficou cansado foi? – Félix percebeu segundas intenções na voz de seu carneirinho e logo deu uma risada digna de vilões.

– Claro que não... Não estou nem um pouco cansado!

– Me prova!

– Hum... É gostoso, claro que provo!

Niko começou a rir.

– Ai, Félix, você me mata!

– Nem que eu tivesse roubado as lamparinas da santa ceia! Quero meu carneirinho bem vivo!

– Vai com calma... Ah, já decidiu para onde vamos?

– Ai não... Eu fiquei ouvindo as explicações dos exames do papi, das sequelas que as substâncias que ele tomou provocaram e agravadas pelo AVC, tem os remédios que tenho que comprar pra ele, é tanta coisa Niko que nem pensei...

– Tudo bem! E esses papéis? – Perguntou Niko sobre o envelope que Félix tinha em mãos.

– Ah, é um último documento que tenho que levar lá na sala da lacraia... Como aquilo se diz diretor e o médico especialista não trabalha no San Magno, tenho que levar esses comprovantes da consulta pra ele, enfim, pura burocracia! Tenho certeza que aquele lá vai me fazer esperar horas, ainda mais se souber que estou aqui com você! Vai acabar ficando tarde e... Quer saber, não vou levar hoje não, depois entrego...

– Mas, Félix, não é melhor resolver isso tudo logo?

– Agora eu só quero sair rápido desse hospital, Niko... Sabe que ele me traz péssimas recordações... E também, eu queria fazer outras coisas...

– Oh amor, eu sei, mas, por isso mesmo... Se você fizer tudo hoje não precisa voltar depois! E eu disse pra sua mãe que você ia fazer tudo que tivesse pra fazer!

– Ah carneirinho, só você...

Félix olhou para um lado e viu seu primo Pérsio e Rebeca saindo da sala de descanso dos médicos. Uma ideia lhe veio á cabeça.

– Hum... Talvez não precisemos sair tão rápido do hospital, carneirinho!

– Como assim?

– Podemos ficar num lugar mais discreto, só para relaxar um pouco...

– Que lugar aqui no hospital?

– Vem cá... – Foi devagar até onde os doutores estavam e Niko o seguia.

– Primo Pérsio! Doutora Rebeca! Como vão?! – Félix chegou por trás assustando-os.

– Oi... Oi, Félix! – Respondeu Rebeca.

– Félix?! O que faz aqui?! – Perguntou Pérsio.

– Priminho, eu que pergunto... Por acaso, agora o descanso dos médicos é revezado em duplas é? Ou melhor, em casais?

Pérsio entendeu a ironia de Félix e logo tratou de dizer:

– Olha, Félix, a gente só deu um tempo aqui, tá bem, e estava sim na hora de descanso da Rebeca, ela está de plantão hoje, eu que estou só passando por aqui... Mas, vê se não fala pra ninguém, ou vai dar problema... Pode ser?! Sabe como os boatos correm aqui...

– Claro, Pérsio, imagina se sou de espalhar boatos, eu não os vi fazendo nada de errado... Eu só quero um favorzinho... A chave dessa sala!

– A chave? Pra que você quer a chave? Resolveu virar médico a essa altura da vida?

– Ah ah, que bonitinho, quando meu priminho resolve ser irônico cai como uma bomba...

– Félix... – Reclamou Pérsio.

– Brincadeirinha... Mas, então você tem a chave aí ou não?!

– Tenho... – Pérsio tirou a chave do bolso e entregou a Félix. – Mas, depois devolve porque essa chave é da enfermeira Joana!

– Pode deixar... E obrigado!

Pérsio e Rebeca saíram e Niko finalmente perguntou: - Félix, ainda não entendi o que você está planejando!

Abrindo a porta da sala disfarçadamente, olhando para os lados, Félix respondeu:

– Carneirinho... Só você ainda não entendeu! Hoje esse hospital está um deserto, não tem quase ninguém, então creio que não seremos incomodados!

– Não entendi...

– Mas, vai entender, já já...

Assim que Félix entrou puxou Niko para dentro e trancou a porta. No mesmo instante, Eron passava pelo corredor quando viu a enfermeira Joana.

– Joana, você não viu o Félix por aqui?

– Não, não vi...

– Eu tinha que receber uns documentos do especialista que veio dos Estados Unidos e que estava vendo os exames do doutor César, mas pelo visto, o médico foi embora e o irresponsável do Félix foi também!

Eron notou que ela parecia procurar alguma coisa.

– Aconteceu algo, Joana?

– Ah, sim, doutor Eron... É que eu não consigo achar a chave da sala de descanso dos médicos...

– Onde ela estava? Como perdeu?

– Não sei... Só não acho...

– Não estará na própria sala?

– Não sei, ainda não fui lá! É que estava comigo, achei que pudesse ter caído por aqui...

Eron e Joana se dirigiram para a sala de descanso no mesmo corredor. Eron bateu na porta e do lado de fora puderam ouvir barulhos lá dentro como se alguém derrubasse algo por causa com o susto. Era a prova de que tinha mesmo gente trancada ali.

Eron bateu mais uma vez, impondo autoridade:

– Aqui é o diretor do San Magno, e exijo que abra a porta agora! E, seja quem for, levará uma punição...

Puderam ouvir uma risada alta e alguém começando a girar a chave do lado de dentro. Eron reconheceu aquela risada cínica.

– Félix?!

Félix abriu e se encostou no canto da porta com uma cara de poucos amigos, perguntando:

– Quem é que vai levar punição, lacraia?!

– O que você estava fazendo trancado aí, Félix? Resolveu virar médico agora e se trancou aí para aumentar a experiência?

Num instante ele pensou na resposta e respondeu baixando o tom de voz.

– Virar médico de verdade... Não! Mas, digamos que eu pretendia brincar de médico até você chegar para atrapalhar!

– Mas, do que você está falando... – Revoltado, Eron empurrou a porta e se deparou com Niko que ajeitava a roupa.

– Oi... – Disse Niko com um sorrisinho envergonhado.

Eron estava surpreso demais para falar qualquer coisa. O ar lhe faltou mais quando voltou novamente o olhar para Félix e este estava claramente segurando o riso.

Virou de costas, respirou, e fechou a porta ficando dentro.

– O que pensam que iam fazer aqui?

– Ah, você nem imagina o que eu queria fazer aqui, lacraia...

– Isso é um desrespeito, você não pode chegar aqui como se fosse o dono de tudo e fazer o que quer...

– Eu sou um Khoury que, por acaso, são os donos do hospital, mas o que isso tem a ver? Você que acha que manda demais porque tem uma plaquinha de diretor na mesa e fica rebolando a bunda naquela cadeira lá em cima...

– Na ausência da Paloma e do Lutero sou eu quem manda aqui, tá ouvindo?!

– E daí?! Na minha vida você não se mete, lacraia do olho de bola de gude!

– Chega! – Gritou Niko impondo sua voz mais grave que a deles.

Ambos olharam para ele e Eron falou: - Niko... Nunca pensei que logo você se prestaria a isso! Como que você deixou o Félix te arrastar pra cá?!

Félix o olhou indignado. – Ei lacraia furta-cor, eu não arrastei ninguém, o Niko é meu namorado e sabe muito bem o que faz...

– Calados! – Niko se impôs de novo. – Vamos esclarecer isso, ok! – O loiro respirou e voltou ao tom de voz normal. – Pra começar, Eron, não aconteceu nada demais, tá! Sei o que parece, mas não houve nada aqui! E, Félix, eu disse que era melhor a gente sair daqui, não devíamos nem ter entrado!

Não adiantou muito o quê Niko disse. Os dois continuaram a discussão.

– Claro que não aconteceu nada, por que eu cheguei a tempo!

– É, a tempo de atrapalhar! Eu não pretendia fazer nada demais...

– Não... Félix, de você eu posso esperar qualquer coisa! Tenho certeza que foi você quem trouxe o Niko pra cá para satisfazer suas fantasias insanas!

Félix deu uma risada irônica. - Me poupe, lacraia... Se você não sabe tudo que o carneirinho é capaz de fazer, foi por sua própria incapacidade...

– O Niko era muito inocente antes de cair na sua...

– Ah, mas ele já caiu muitas vezes na minha, pode ter certeza...

– Chega! Será que eu sou o único homem daqui?! Vocês dois parecem dois moleques! Com licença!

Niko passou por entre eles e ia saindo quando Félix agarrou em seu braço.

– Não, carneirinho, não sai... – Ignorando completamente a presença de Eron, Félix mudou completamente de atitude. – Me desculpa? Eu sei que sou meio impulsivo às vezes, mas é que eu gosto tanto de ficar com você, carneirinho, eu queria muito ficar esse dia inteiro com você, na verdade, todos os dias se eu pudesse... Mas, aí sempre aparece alguma coisa, isso me frusta, quando não é o papi que precisa, é a mami que me manda fazer alguma coisa... – Nessa hora, Félix pegou nas mãos de Niko e Eron ficou boquiaberto com o que ele continuou falando. – Niko, eu te dei essa aliança de compromisso porque eu quero firmar um compromisso de verdade com você! Compromisso de te fazer feliz e nunca te decepcionar!

Niko estava completamente hipnotizado com aquela repentina declaração.

Eron interrompeu. – Vão demorar muito ainda?

– Shh... – O próprio Niko pediu silêncio.

Mesmo depois dessa, ele ainda comentou: - Como você mudou, Niko! Cair nessa conversinha barata... Você acha mesmo que o Félix não vai te decepcionar?!

– Ué, eu caí na sua, não foi?! E, sinceramente, achei que você não ia me decepcionar!

Aquela resposta fez Félix segurar o riso de todas as maneiras e conter a alegria que sentiu.

Eron, completamente frustrado, virou de costas, respirou, e pediu: - Quando saírem... Devolvam a chave para a Joana, se não for pedir muito!

– Pois não! – Respondeu Félix, que ainda segurava claramente o riso ao notar que Eron estava saindo bufando de raiva, mas antes se lembrou do envelope.

– Ah lacraia... – Chamou ao pegar o envelope. – Sem ressentimentos, tá! Olha, esses documentos são pra você! Não rasgue porque são importantes para o papi soberano! Assina tudo que amanhã eu venho pegar!

Com o tom de voz claramente frustrado, Eron fez um esforço para responder: - Eu estava esperando por isto... Posso fazer isso agora mesmo!

– Eu sei que pode, mas não vou poder esperar, sabe como é dia dos namorados é sempre cheio de surpresas! – Falou Félix com um sorriso largo e ar vitorioso.

Eron pegou o envelope e, se controlando para não rasgar tudo na cara de Félix, respondeu: - Dia dos namorados foi ontem!

Félix finalmente foi mais Félix ao responder: - Eu sei, mas pelo menos eu tenho alguém com quem comemorei ontem, vou comemorar hoje e muitos dias mais!

Eron saiu sem dizer mais uma palavra sequer, e Félix, que, por sua vez, não conseguia disfarçar a satisfação pelo que tinha acontecido, pegou na mão de Niko e saíram do hospital.

_

Ao chegarem ao estacionamento, assim que Félix entrou no carro não aguentou mais com o ataque de risos que estava contendo.

Niko também ria, mas, bem mais discretamente. - Félix, para! Eu fiquei morrendo de vergonha!

Depois de muito rir, Félix finalmente se controlou e começou a dirigir.

– Não precisa ficar com vergonha, carneirinho! Aquele quartinho já foi alvo de muitas fofocas daquele hospital, mas hoje, sem dúvida, foi inesquecível!

– Você não pretendia mesmo ter alguma coisa comigo lá dentro né?!

– Hum... Por que não podíamos brincar de médico, hein?!

– Félix!

– Ai ai, ninguém entende minhas brincadeiras! Claro que não, Niko, por favor... Já disse que sou muito mais te levar num motel cinco estrelas... Quatro se o dinheiro não der...

Depois de mais algumas risadas, Niko comentou:

– Você adorou o Eron ter praticamente nos pego em flagrante né?!

– O que eu adorei mesmo foi você fazendo “shhh” e o que disse depois... Mas, a lacraia não deu flagrante nenhum, não fazíamos nada demais, ele que é uma bicha histérica!

– Pensa que eu não ouvi o que você disse antes de ele sair da sala, nem você se segurando para não rir na cara dele?! Eu confesso que também falei num impulso, mas falei o que sentia... E você adorou ouvir isso, que eu sei!

– Ai, carneirinho, você me conhece tão bem... – Respondeu rindo, mas depois falou mais sério. – E como te conheço bem também, não pense que me esqueci de te levar a algum outro lugar especial, ainda temos o resto do dia para curtir o dia dos namorados atrasado! Ah, e ainda vou pensar em algum presente pra te dar, já que o anel foi ideia da mami poderosa!

– Ah, Félix, não precisa me dar presente nenhum... Você é meu presente!

– Eu sei, eu sou muito bom, não sou?!

– É maravilhoso... E tão modesto! – Respondeu tão irônico quanto Félix. – Se você viesse embrulhado em papel celofane com um laço, Félix, eu acho que nem ia querer abrir a embalagem de tão lindo!

– Sei... Duvido! Do jeito que você é, aposto que ia rasgar a minha embalagem com os dentes!

Niko riu alto, era a mais pura verdade.

– Olha... Será que eu vou ter a oportunidade de ser seu médico, hein? Examinar cada centímetro desse corpitcho... Vê se não tá faltando um parafuso nessa cabecinha de cachinhos dourados...

– Hum... Você pode me examinar quando quiser!

Félix riu dessa vez. – Ai ai... Sabe que observando bem aquela lacraia, eu cheguei a uma conclusão!

– Qual?

– Que mesmo sendo atrasado e numa sexta-feira treze, este está sendo seu melhor dia dos namorados, não é não?! Coitadinho de você, carneirinho, devia ser decepcionado em todos os aspectos!

Niko virou o rosto e riu discretamente de novo. – Pra falar a verdade... Está sendo um dos melhores dias da minha vida! Adoro a adrenalina que você me faz passar, e essas coisas lindas que você diz assim de repente, sem nem pensar, como o que você disse sobre a aliança de compromisso...

– Também adoro! Acho que quando eu falo assim, de repente, sem nem pensar como você diz, sai mais sincero... Eu consigo dizer exatamente o que queria! Também está sendo um dos melhores dias da minha vida, carneirinho!

Niko ficou ligeiramente de lado no banco do passageiro e levantou a mão. Félix pegou em sua mão e continuou dirigindo com a outra. Rapidamente olhou para o lado e viu aqueles olhos verdes o encarando. Deu um sorriso e Niko lhe desejou, romântico, o que já estava acontecendo.

– Feliz dia dos namorados, amor!

– Mesmo atrasado?

– Sim... Pelo de ontem... Mas, adiantado pelos anos que virão!

Félix entendeu bem o que seu carneirinho estava desejando. O mesmo que ele desejava no seu íntimo naquele momento: muito mais dias assim, com seu grande amor, como eternos namorados.

– Feliz dia dos namorados, meu amado carneirinho!


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Notas finais do capítulo

FIM!!!



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