Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 42
A realização de um sonho 3 - A declaração de amor


Notas iniciais do capítulo

Última parte dessa "trilogia" ;-) ...
O último dia da primeira vez de Félix e Niko em Angra!



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Madrugada...

A água da piscina ainda se movimentava. Um caminho de marcas de pés molhados fora formado no chão, desde a beira da piscina até a parte de trás da varanda onde ficava uma rede grande e confortável. A rede na varanda balançava e pingava no chão a água que absorvia dos corpos molhados que haviam acabado de sair da piscina. No chão, a pequena poça d’água refletia o brilho da lua que os iluminava aquela noite.

Era possível ouvir música ao longe, da festa que ocorria na praia, mas, naquela varanda, naquele jardim, naquela casa, os únicos sons que se podia identificar eram os de beijos apaixonados, sussurros incompreensíveis e gemidos quase inaudíveis.

Quando o cansaço foi mais forte que o desejo, o casal adormeceu com o balançar da rede e com o aconchego do calor dos corpos um do outro.

Amanheceu...

Os primeiros raios de sol não foram suficientes para acordar o casal apaixonado que dormira tão profundamente naquela rede. O passarinho, então, fez o trabalho de galo. Acordou-os com seu cantar suave nas primeiras horas da manhã.

Um se espreguiçou enquanto o outro se aconchegou mais em seu corpo, abraçando-o por inteiro. O outro sorriu vendo que seu amado não queria levantar dali tão cedo. Então passou a mão em seus cabelos, deslizando os dedos por aquele cabelo escuro e liso.

– Félix... Félix... Acorda amor... – Chamava-o suavemente.

O outro gemeu reclamando:

– Hum... Não quero...

Sorriu de novo com todo aquele dengo do namorado.

– Levanta amor... Nós ficamos a noite toda aqui... Vamos para dentro...

Félix gemeu em reclamação de novo, mas levantou a cabeça para olhar para o rosto do seu carneirinho e, sem dizer uma só palavra, levantou. Esticou o corpo e percebeu que estava só de cueca boxer. Ele já nem lembrava que estava assim. Niko também estava. Os cabelos de ambos desgrenhados e embaixo dos seus pés o piso ainda estava úmido.

Olhou para Niko ainda com cara de sono e riu.

– Se quando voltarmos ficarmos os dois resfriados, carneirinho, não vamos explicar os motivos, ok?!

Niko riu.

– Não vamos ficar resfriados... A noite estava quente...

Félix conhecia muito bem aquele sorriso tímido e malicioso nos lábios do seu amado carneirinho. Estendeu a mão e lhe ajudou a levantar da rede. Assim que o levantou, puxou-o para junto de si colando novamente os corpos. Perderam-se no olhar um do outro e no ritmo dos corações batendo tão próximos, que selaram os lábios no primeiro beijo ao sol daquele dia.

– O que quer fazer agora? – Perguntou Niko.

– Ah carneirinho, sinceramente... Eu quero dormir mais um pouquinho! Estou exausto!

Niko sorriu. – Eu sei... Eu também! Mas, não quer que eu prepare nada pra gente comer... Ontem a gente nem jantou, nosso almoço foi o lanche que havíamos trazido...

Félix coçou a cabeça.

– Carneirinho, acontece que eu... Eu aprontei tudo para virmos pra cá, passarmos esses dois dias, mandei o caseiro arrumar a casa, mas... Eu me esqueci de mandar comprar comida, a despensa e a geladeira estão mais secas que o deserto do Saara!

Niko o olhou surpreso por um momento e depois riu.

– Ai, Félix... Você mandou arrumar a casa inteira e esqueceu um detalhe básico?!

– Tá achando engraçado é?! Acontece que eu sou novato nessa história de preparar surpresinhas românticas! Não pensei em tudo... Só no essencial...

Niko deu uma risadinha, pois sabia exatamente do que Félix estava se referindo ao falar “essencial”.

– Podíamos ir comer num restaurante daqui de Angra, aí a gente já aproveitaria pra conhecer a concorrência!

– Olha carneirinho... Como está empreendedor! É uma ótima ideia, mas, agora... Vamos para o quarto?!

– Para o quarto?

– É... Mas, para dormir mais um pouquinho, Niko! Eu estou morrendo de sono, não estou acostumado a acordar tão cedo e não quero ficar com olheiras!

Niko sorriu compreensivo. Foram de mãos dadas para o novo quarto do casal.

No quarto, Félix caiu na cama assim que entrou.

– Eu vou dormir mais umas duas horas no mínimo!

Niko engatinhou na cama chegando perto do amado e lhe deu um beijo delicado.

– Pensar que essa cama será nossa cama de agora em diante, Félix, me deixa tão feliz...

– Só por causa da cama, carneirinho?

– Ah claro que não, seu bobo! É pelo fato de que vou dividi-la com você... Todos os dias!

Félix se apoiou com os cotovelos na cama e ficou olhando para ele, sorrindo.

– O que é que você tá rindo? – Perguntou Niko.

Félix respondeu num suspiro:

– Ai nada... É que eu fico meio bobo com você, às vezes... Você é lindo...

Niko corou e sorriu timidamente.

– Ah Félix...

– É verdade, Niko! Quando que eu ia imaginar que alguém como você entraria na minha vida... Para mudá-la completamente... Da água pra o vinho!

Ambos riram.

– Mudei tanto assim sua vida?

– Você sabe que sim! E... Sabe carneirinho... Eu poderia me embriagar desse vinho!

Félix terminou a frase demonstrando emoção no olhar. Niko também logo se emocionou com aquela declaração, mas não conseguiu encontrar palavras para responder à altura. Assim sendo, apenas aproximou seu rosto ao de Félix e selou seus lábios aos dele.

– Sabe o que vou achar melhor? – Disse Félix com o tom de brincadeira de sempre. – Não vou mais precisar contar carneirinho pra dormir! Vou ter o carneirão chefe ao meu lado!

Niko riu. – Vai, vai sim... Ai Félix, você tá me fazendo ter um dos dias mais felizes da minha vida!

– Você merece, afinal...

– Afinal, o quê?

– Você não... Deixa pra lá! – Ele notou que Niko havia esquecido certo detalhe.

– Ah, não... Fala!

– Não, melhor não... Vem cá! - Félix o puxou para que deitassem juntinhos. Antes ainda sussurrou ao seu ouvido: - Aproveita... Que hoje o dia é todo seu, meu carneirinho!

Niko estava se sentindo extremamente realizado com tudo aquilo, apesar de que ainda estranhava um pouco tanto romantismo da parte de Félix.

Dormiram...

Algumas horas depois, Niko acordou. Olhou para o relógio na cômoda e viu que já era quase meio-dia. Ele nunca havia dormido tanto. Estranhou ao ver que Félix não estava mais na cama ao seu lado.

– Cadê ele? Ele estava com mais sono que eu...

Levantou e parou um instante para lembrar onde era o banheiro.

– Ah! Ali, claro! – Pensou. – Como poderia esquecer...

Sorriu pensando como poderia esquecer o local no qual havia passado momentos maravilhosos e apaixonados com Félix na banheira.

Foi até lá e ao entrar notou uma toalha molhada pendurada. O cheiro do sabonete ainda permanecia lá. Aquele cheiro inconfundível de Félix após tomar banho.

– Hum... Ele acabou de tomar banho e nem me chamou?! Pra onde ele foi?

Aproveitou, então, para tomar banho também. Viu que havia outra toalha igual, limpa, provavelmente deixada por Félix para ele.

Após o banho, Niko saiu com a toalha enrolada na cintura. Foi até a mala pegar uma roupa para trocar quando viu algo em cima da cama. Uma rosa branca, da cor dos lençóis, se sobressaltava. Junto a ela, um bilhete.

Sorriu apaixonado ao ver que Félix estava lhe preparando alguma surpresa. Afinal, aquela rosa não estava lá antes do banho.

Pegou o bilhete.

Perdi o sono e levantei, mas preciso saber uma coisa: Você quer mesmo dividir a cama comigo todos os dias? Se não, vá embora agora, se sim, vá pegar o bilhete na porta...

Niko leu e gostou do mistério. Foi imediatamente à porta do quarto e olhou para todos os lados para ver se Félix não estava por ali. Sem sinal dele, mas, havia um bilhete colado na porta.

Como sei que você não vai desistir de mim nem eu vou te deixar tão fácil assim, leia esse bilhete: Siga as flores!

Dessa vez Niko não entendeu muito bem o que ele queria dizer com “siga as flores”, mas, avistou mais duas rosas brancas nos degraus da escada, então percebeu o que tinha que fazer. Entrou novamente no quarto, vestiu-se e desceu, pegando as rosas. A primeira estava logo em cima, a segunda no meio da escada e, no último degrau, mais um bilhete.

Li que as flores brancas representam pureza. Essas três rosas representam o que de mais puro ocorreu na minha vida: você e seus dois filhos. Não sei se sou digno de ser pai deles, mas, se você estiver mesmo disposto a dividi-los comigo... Vá à cozinha!

– Vá à cozinha? – Se perguntou Niko.

Ele foi e no balcão onde os dois trocaram carícias no dia anterior havia mais uma rosa, agora cor-de-rosa, com mais um bilhete.

Sabia que se pode oferecer uma rosa cor-de-rosa por agradecimento? Por isso, eu quis te oferecer essa rosa. Só para te dizer Obrigado! Obrigado por você existir! Mas, não pense que esqueci que também fiz coisas para você... Assim sendo, se tiver algo para me agradecer... Vá até aquela poltrona que você gostou tanto!

– A poltrona... – Pensou Niko consigo, indo em direção à poltrona na sala.

Enquanto ia, lembrava o momento maravilhoso que passara com seu amor no dia anterior naquela poltrona. Félix o havia levado para a sala dizendo que havia comprado uma poltrona reclinável ótima e que eles tinham que testá-la. Niko sorria lembrando e seu sorriso aumentou ao chegar à poltrona e se deparar com mais uma rosa, agora vermelha, e mais um bilhete.

Nem preciso dizer o que rosas vermelhas significam, não é? Vermelho é uma cor excitante e cabe muito bem com o que houve nessa poltrona ontem... Se você quer, assim como eu, que esse momento se repita, vá ver na rede!

Niko saiu para a varanda e foi até a rede na qual passaram a noite. A rede ainda balançava suavemente. Não era só com o vento, Félix havia acabado de passar por ali. Niko olhou para todos os cantos, mas não o viu. Abriu a rede e no meio dela, não mais uma rosa e um bilhete, mas, uma tulipa vermelha e uma carta. Niko as pegou e sentou na rede para ler a carta.

Acho que você já percebeu que não é só de finanças que eu entendo, mas de flores também. Tulipa é uma flor considerada luxuosa, com grande charme e requinte, assim como eu. A tulipa já foi símbolo de loucura e na Idade Média os médicos usavam a tulipa vermelha como símbolo de que uma pessoa havia sido curada e estava sã. Eu me sinto são e salvo quando estou com você Niko. Você é meu melhor médico. Sabe o que a tulipa vermelha significa também? O amante ideal e o amor perfeito... Acho que não preciso dizer mais nada. Essa flor é perfeita pra você!

E, apesar de você ter flertado ontem com um surfista, saiba que eu já te perdoei. Mas, acho que você já sabe disso... Aliás, tem um lugarzinho da casa que eu disse que não ia te mostrar mais, mas mudei de ideia. Vai lá!

– Um lugarzinho? – Niko pensou e lembrou: - O divã!

Pegou todas as flores e bilhetes e foi até onde Félix falou que era o escritório.

– Acho que é aqui... – Abriu a porta e se deparou com a melhor surpresa que poderia ter.

Seus olhos brilharam, marejados, e um sorriso emocionado surgiu, ao ver Félix sentado no divã. Em suas mãos, uma cartolina onde estava escrito:

Me desculpa...

Niko lembrou que ele mesmo já havia sugerido a Félix um dia que fizesse um cartaz assim para mostrar sempre que quisesse pedir desculpas. Porém, agora, ele não tinha motivo algum para isso, muito pelo contrário.

– Félix... Que lindo... Mas, por que tá me pedindo desculpa? Vou te desculpar por que, amor? Isso tudo foi tão, tão fantástico... Por que te desculpar?

Félix respondeu sem falar uma palavra. Apenas virou o outro lado do cartaz.

... Por demorar tanto para te amar!

Niko se surpreendeu e não segurou mais as lágrimas.

Colocando o cartaz de lado, Félix levantou.

– Carneirinho... Toda essa casa será nossa... Tudo isso, todo aquele jardim lá fora... Mas, tudo que eu realmente quero é... – Ele pegou cada uma das três rosas brancas que Niko tinha na mão.

Niko entendeu sem que ele precisasse dizer mais nada. Deu-lhe um beijo cheio de amor e ficaram abraçados. Ao ouvido um do outro, sussurravam:

– Esse é nosso último dia aqui antes de nos mudarmos, então... Temos que aproveitar até o fim, né, carneirinho?!

– O fim, Félix, é só o começo... Só o começo da nossa história!

– Quero fazer deste um dia inesquecível pra você!

– Já está fazendo! Eu nunca vou esquecer isso tudo, essa surpresa linda...

– Mas você esqueceu que dia é hoje, né, Niko?! – Perguntou rindo.

Niko o olhou com uma interrogação. Félix, então, lhe entregou o último bilhete, no qual apenas uma frase resumia a surpresa.

Feliz Aniversário, Meu Amado Carneirinho!


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Notas finais do capítulo

FIM!!!



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