Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 38
Cowboys fora da lei! ---parte 2


Notas iniciais do capítulo

Félix, Niko, e um monte de feno macio... Imaginem...
Boa leitura!!



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___

Passava das quatro da tarde quando Niko deixou Fabrício com a irmã, que pediu para deixá-lo brincando com o priminho de um ano, e deixou Jayme com o cunhado, que saiu para mostrar mais animais ao garoto. Niko saiu para passear a sós com Félix. Ana viu que Jonathan havia ficado sozinho e decidiu aproveitar sua companhia.

– Então... Por que não saiu com seu irmãozinho?

– Ah, ele é criança, estava entusiasmado para ver o resto dos animais... Eu não estava muito a fim...

– E meu irmão e seu pai foram para onde?

– Não sei... Acho que foram fazer um passeio a sós, entende?!

– Hum... Poderíamos fazer o mesmo!

Jonathan se surpreendeu com a proposta. – Hein?!

– Que foi? Não é nada demais, só um passeio... Eu odeio ficar dentro de casa muito tempo... – Vendo que Jonathan não estava querendo aceitar, ela o puxou pela mão. – Vamos, por favor, não seja tímido! Eu não mordo... Não de primeira!

____

Enquanto isso, Niko e Félix caminhavam de mãos dadas.

– Eu já disse como você ficou lindo assim?!

– Já carneirinho, umas dez vezes! Mas, não precisa parar de repetir...

– Não vou parar... Você está um cowboy bem sexy!

Félix deu um sorrisinho de lado e ajeitou com o dedinho a sobrancelha. Aproveitou e ajeitou o chapéu também. Parou e agarrou Niko pela cintura.

– Esse cowboy está louco pra te laçar, meu carneirinho lindo!

Estavam prestes a se beijar quando ouviram alguém se aproximando. Era Caio.

– Com licença... Desculpem, mas só vim porque vi o senhor e queria explicar porque o cavalo se agitou naquela hora... Eu descobri o problema, foi numa das ferraduras dele que estava se soltando e machucando ele... Aí, ele se estressou! Mas, se o senhor quiser montar de novo... Algum outro cavalo talvez...

– Por que você não vai, Félix? Tenta de novo!

– Carneirinho... É melhor não...

– Por que não, amor?! Vai lá...

Félix olhou rapidamente para o peão e voltou o olhar para Niko. Fazendo um carinho no rosto dele, pediu:

– Eu só vou se você for comigo, meu amor!

Niko sorriu. – É claro que eu vou com você! – Ele foi sorridente pegando na mão de Félix. Adorava quando Félix o chamava assim de modo romântico. Mas, não percebeu que Félix fez isso porque notou o olhar do peão para ele.

____

Ao chegarem lá, Niko também quis tentar para ver se tinha aprendido o que Félix o ensinou mais cedo. Caio ficou por perto olhando. Niko subiu num cavalo branco, o mesmo em que tinha montado antes, pois ele era bem manso. Félix subiu num cavalo preto muito bonito, e foi atrás cavalgando devagar.

Os cavalos estavam bem calmos, mas quando Félix se distraiu por um minuto, o cavalo de Niko se agitou e correu. Imediatamente, Félix notou que Caio não fez nada para que o bicho não corresse.

– Por que fez isso?! – Gritou.

– Eu não fiz nada...

– Você bateu no cavalo que eu vi...

O peão não respondeu nada, mas Félix não deu importância e fez seu cavalo correr para alcançar o de Niko que estava quase sem poder se segurar. Enquanto ia atrás dele, viu que a sela não estava bem presa. Félix se assustou. Se Niko caísse, naquela velocidade poderia se machucar muito. Félix acelerou. Ele tinha que reaprender a ser um cavaleiro se quisesse salvar seu carneirinho.

Conseguiu ficar lado a lado com ele e Niko se segurava do jeito que podia.

– Niko, segura... Eu vou tentar parar...

– Félix! Tá escorregando... – Gritava Niko.

– Se segura, carneirinho!

Félix tentou alcançar as rédeas do cavalo de Niko, mas parecia impossível fazer isso. Só tinha um jeito. Ele olhou para o que tinha a frente, chegou mais perto, deixando os dois cavalos bem próximos. Soltou as rédeas do próprio cavalo e estendeu os braços para Niko.

– Carneirinho... Quando eu disser você pula!

– O quê?!

– Faz o que eu tô dizendo! Pula quando eu disser...

– Mas...

– PULA!

Na hora em que Félix gritou, Niko se jogou para o lado dele que o agarrou e ao mesmo tempo bateu com os pés no cavalo fazendo-o parar bruscamente. Os dois foram ao chão, mas caíram na terra fofa, e rolaram até a beira de um lago.

Ao se recobrarem do susto, Niko olhou para Félix que acabou ficando em cima dele e notou que saía sangue da testa dele. Niko se assustou mais.

– Félix, meu amor... Félix, por favor, fala comigo...

Félix soltou um gemido de dor e respondeu. – Ai... Eu devo ter roubado os cavalos de Roma... Ai, minha cabeça...

Niko o abraçou chorando. – Félix, meu amor, que bom que você está bem! Meu amor, meu herói... Você me salvou!

– Hum... Depois você me paga!

Niko riu e o abraçou mais ao ver que Félix continuava com o bom humor de sempre. Eles se levantaram e Niko pegou um lenço em seu bolso para limpar o sangue em Félix.

– É só um corte pequeno, ainda bem!

– Eu senti que bati em alguma pedra...

Niko o abraçou outra vez e olhou para o céu agradecendo por não ter sido nada mais grave. Com os olhos banhados em lágrimas, segurou no rosto de Félix, dizendo:

– Ah meu amor, você se machucou pra me salvar... Se tivesse acontecido alguma coisa com você eu não me perdoaria...

– Carneirinho... Se acontecesse algo com você, eu que não me perdoaria!

Eles se beijaram com lágrimas nos olhos.

Depois, Niko perguntou: - Mas, o que terá acontecido com esse cavalo? Eu não fiz nada de errado...

Félix falou sério. - Não, não foi você que fez algo errado, carneirinho...

____

Eles voltavam a pé, mas levando os cavalos quando Arthur apareceu com Jayme.

– O que houve com vocês? – Perguntou Arthur.

– O pai Félix tá machucado!

– É... Eu caí do cavalo, Jayme!

– Como você caiu, pai Félix?! Você montou tão bem de manhã...

Niko respondeu: - O seu pai caiu pra me salvar, meu filho! O cavalo se desgovernou e a sela também não estava muito bem presa...

– Mas, como isso foi acontecer?! – Perguntou Arthur. – Isso é responsabilidade do Caio...

– Irresponsabilidade dele, você quer dizer! E tem mais... – Denunciou Félix. – Mas, depois eu falo, porque como você diz Niko, xícaras pequenas têm asas grandes...

Jayme já era bem mais esperto para entender o que eles queriam.

– Vocês não querem falar na minha frente, é?!

Eles se olharam, pois era verdade. Arthur ajudou.

– Jayme, você não queria ver os patos que ficam aqui no lago? Olha eles ali na outra margem!

Jayme foi até lá e Félix, então, lhes explicou o que havia acontecido.

____

Antes de qualquer coisa, os três acharam melhor voltar para a casa, levarem Jayme. Niko e Félix precisavam trocar de roupa, para depois irem resolver aquele assunto.

Arthur entrou com Jayme pela porta da frente e Niko e Félix, como estavam sujos de lama, foram pelos fundos da casa e tiveram uma surpresa. Ana e Jonathan estavam se beijando numa espreguiçadeira na varanda. Ana estava inclinada como se ela tivesse tomado a iniciativa do beijo. Jonathan, por outro lado, não parecia recusar.

Niko tratou logo de cortar aquele clima. Félix também se pronunciou.

– Ana!

– Jonathan!

Eles se afastaram com o susto.

– N-Niko... Oi, maninho...

– Pai... – Quando Jonathan notou o estado em que eles estavam, levantou depressa. – Pai, Niko, o que houve com vocês?!

– Parece que rolaram na lama! – Brincou Ana.

Niko foi até ela, reclamando: - Não brinca, Ana, não brinca porque a gente quase sofreu um acidente... Mas, isso é o de menos, posso saber que ceninha foi essa que acabei de ver?!

– Ah Niko, por favor, foi só um beijo... Eu já estou bem grandinha para você querer controlar minha vida!

Niko a pegou pelo braço e a levou para dentro.

– Bem grandinha?! Você ainda parece uma adolescente de tão maluca que é! Olha aqui, pensa que eu não percebi seu interesse pelo Jonathan desde que eu os apresentei?! Eu não quero que você fique com ele...

– Ah Niko, chega tá! A época que você mandava em mim já acabou há muito tempo!

– Mas, eu ainda sou seu irmão mais velho, caramba! E além do mais, o Jonathan é bem mais novo que você!

– Ah ah... Grande coisa! Eu perguntei a idade dele e a diferença entre mim e ele é menor que entre você e o Félix!

– Vai Ana, fala sério, você não quer nada de verdade com o Jonathan...

Ela virou e não o ouviu mais, e saiu dali. Niko voltou para a varanda onde Jonathan contava como tudo aconteceu para Félix.

– E aí, pai, depois que a gente conversou... Bom, ela é simpática, e é muito bonita e... Enfim, nós nos sentamos na espreguiçadeira e ela chegou mais perto e acabou rolando o beijo... Foi quando vocês chegaram...

– Típico dela... – Niko foi até eles. – É... Jonathan, não é por nada, mas eu não quero que você fique com a minha irmã!

– Não entendo, Niko...

– Confia em mim! É melhor!

Jonathan franziu a testa, suspirou e foi para dentro.

Félix também não entendeu bem porque Niko ficou assim.

– Oh carneirinho... Porque tudo isso? Foi só um beijo, nada demais! Eles são jovens... O Jonathan só tem vinte e dois anos e sua irmã... O quê?...

– Vinte e sete... Mas, não tem nada a ver, Félix... Acredite, eu não gostaria de ver o Jonathan interessado pela Ana!

Félix cruzou os braços. – Por quê?! Meu filho é pouca coisa para a sua irmãzinha?!

– Ai, Félix, não é nada disso... Muito pelo contrário, o Jonathan que é bom demais para ela!

– Como assim, Niko?!

Mariana vinha descendo com Fabrício no colo. – Gente, o que houve? A Ana se trancou no quarto! O Jonathan está logo ali, parecia pensativo! E o Jayme disse que vocês sofreram um acidente!

– Não foi nada demais, Mari! – Niko respondeu. – Foi só um probleminha com os cavalos, mas o Arthur vai conosco resolver depois! Quanto a Ana e ao Jonathan, eu te digo depois o que houve!

– Está bem! Vou levar meu sobrinho de volta porque ele brincou muito com o priminho, deve estar com sono! Meu filho já dormiu! – Ela saiu levando Fabrício que estava mesmo quase dormindo no colo dela.

Niko foi, então, explicar para Félix. - Félix... Você viu como a Mariana é responsável?! Ficou esse tempo todo cuidando super bem do Fabrício e também do filhinho dela que é ainda mais novinho e ficou tudo bem! Já a Ana, não ficou nem duas horas aqui e quase agarrou o Jonathan...

– Ainda não entendi, Niko!

– Félix, eu conheço minhas irmãs... A Mari e a Ana tem personalidades completamente distintas! A Mari é assim, super caseira, meiga, poucas vezes perde a calma, a compostura... Já a Ana sempre foi a mais inquieta de nós! Félix, ele já deve ter ficado com tantos caras que ela já perdeu a conta, e ela não se liga de verdade a ninguém! Não que minha irmã seja uma periguete, mas ela nunca gostou de compromisso com nada... Ela não consegue nem passar mais que um mês no mesmo lugar, vive viajando... Das quatro, é a que nós menos nos comunicamos, porque nunca sabemos onde ela está!

– Entendi, carneirinho! Você se preocupa com o Jonathan, não é?!

– É, Félix! Eu não quero que o Jonathan acabe se interessando por ela e saia machucado!

Félix o abraçou. – Como você é fofo, carneirinho! Gosto de saber que você se preocupa com meu filho... Mas, quem está machucado sou eu!

Félix o lembrou do ferimento na testa e Niko o levou para o quarto.

– Oh, é mesmo... Vem Félix, vamos tomar um banho e eu cuido dos seus ferimentos, meu herói!

____

Mais tarde...

– Eu não soltei a sela! Eu não agitei o cavalo! Eu não fiz nada!

Caio usava vários argumentos para convencê-los de que não tinha feito o cavalo de Niko correr.

– Foi esse o problema, você não fez nada! Não fez nada para impedir que o cavalo do carneirinho desse a louca e saísse correndo! – Reclamou Félix. – Você nem tentou segurar como quando o meu se agitou mais cedo!

– A culpa não é minha se ele não sabe montar! Ele deve ter batido os pés no animal ou puxado as rédeas errado...

– Ele não fez nada errado e você sabe muito bem disso... Você estava vendo...

– Quem disse que eu estava olhando para ele?! – Respondeu Caio com um olhar cínico para Félix.

Niko notou e ficou com mais raiva do que já estava, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Arthur, como dono da fazenda, falou:

– Caio, sua atitude irresponsável poderia ter causado uma tragédia! Eu não vejo outra saída senão demiti-lo!

O peão jogou o chapéu no chão e saiu com raiva. Foi embora, mas não sem antes lançar um olhar enigmático para Félix.

____

À noite, no jantar corria tudo tranquilo, porém Ana e Jonathan não falavam uma só palavra. Niko notou que ela estava mais evitando falar com ele. Todos conversavam menos os dois, quando Ana resolveu se pronunciar.

– Eu vou embora!

Todos pararam. Mariana perguntou: - Embora? Pra onde?

– Ah não sei direito ainda...

– Vai por aí sem rumo, como sempre? – Perguntou Niko.

– Isso é problema meu!

Eles começaram uma pequena discussão que Mariana tentou conter, em vão.

– Gente, vocês dois não vão brigar né?! – Pediu Mariana.

– Não, Mari, eu não pretendo brigar com a Ana, até porque como ela mesma me disse mais cedo, a época em que eu mandava em vocês já acabou há muito tempo...

– E acabou mesmo, e não tem porque você se intrometer na minha vida! – Retrucou Ana.

– Então não se meta com as pessoas que eu amo! Ana, você é minha irmã, e eu também te amo, mas você é uma inconsequente...

– Para de falar assim de mim!

– Ana, você não sabe a ideia que você passa para as pessoas com essa maneira que você vive, parecendo uma nômade, não para num lugar... Parecendo uma adolescente quando você já passou da idade pra isso, você comete cada loucura...

Ana levantou da mesa. – Cala a boca, Niko! Você vive aí no seu mundinho de purpurina achando que tudo é perfeito e certinho, mas tem um monte de gente falando de vocês, ou você acha que todo mundo aceita numa boa você ser casado com outro homem e ainda ter filhos?! Por favor, Niko, acorda, essa vida que você tem não é perfeita... Então, deixa a minha!

Ela foi para o quarto fechando a porta com força. A batida da porta doeu no coração de Niko, que baixou a cabeça enquanto o silêncio se instalou no local.

Ninguém sabia bem o que dizer naquele momento. Mas, Mariana tentou remediar a situação.

– Meu irmão, você sabe como ela é... Ela não quis dizer por mal...

– Eu sei muito bem o que ela quis dizer, Mari... – Niko enxugou uma lágrima que caia e levantou. – Eu... Eu vou falar com ela...

Félix segurou em sua mão. – Carneirinho... É... Eu posso falar com ela antes de você?!

– Você, Félix?! – Niko se surpreendeu. – Ela é minha irmã, você não a conhece...

– Carneirinho, lembra que você também não me conhecia muito bem quando começou a me dar conselhos, a me ouvir, a me ajudar... Às vezes, alguém de fora entende melhor um problema de família...

– Você tem razão!

Félix levantou e foi até o quarto.

Apenas as crianças acabaram o jantar aquela noite. Niko foi para a varanda esperar Félix e Jonathan foi até lá.

– Niko...

– Sim, Jonathan...

– Eu ouvi o que você falou pra o meu pai!

– O quê?

– Sobre sua irmã...

– Ah... Você ouviu?! Então, Jonathan acho que você entende minha preocupação...

– Eu entendo, Niko! De verdade! E... Eu agradeço por se preocupar comigo! Naquela hora eu me deixei levar por um impulso e, geralmente, eu não sou assim! Acho que eu tenho uma sina com Anas, por que eu estou com saudades de uma e quase fiquei com outra...

Eles riram. – É... Sabe, Jonathan, nas vezes que você e sua namorada foram lá em casa eu pude sentir que vocês se amam mesmo! Então, não se deixe levar por impulsos, ainda mais com mulheres como a minha irmã que, sinceramente, é sem juízo...

– Eu sei, Niko! A partir de agora vou me controlar mais!

– E quer saber mais?! Você está ficando cada vez mais parecido com o seu pai! Só que você tem uma serenidade que o Félix não tem! Cultive isso e no futuro você vai colher muitas coisas boas, Jonathan! Eu tenho orgulho de ser seu padrasto!

– E eu acho muito legal ser seu enteado, Niko! O mais legal é que você também é meu amigo!

Niko sorriu. – Pode contar sempre comigo! Mas... Como amigos, me responde uma coisa... Você gostou mesmo da minha irmã?!

Niko ainda não havia percebido, mas, do mesmo modo que Félix ajeitava a sobrancelha, Jonathan coçava a sobrancelha quando tinha que responder certas coisas.

– É... Bom, Niko... Suas irmãs são bem bonitas... A Ana, em especial, é bem interessante... Se bem que pelo pouco que conversamos não temos nada em comum...

Niko se pôs a rir. – Ai ai, garoto... Você parece mesmo muito com seu pai... Os mesmos gestos... E como todos sempre acharam minhas irmãs e eu muito parecidos, digamos que você é a versão hétero do Félix!

Os dois riam, mas Niko ainda estava triste com o que a irmã tinha dito. Porém, naquele instante, ela foi chegando com Félix e deu um abraço em Niko.

– Desculpa, irmão fofo! Você sabe que eu sou uma doida que fala sem pensar...

Niko se surpreendeu, mas seus olhos brilharam.

– Ah, minha irmãzinha... Imagina, eu não levei nada daquilo a sério...

– Ah vá, eu te conheço, esses olhinhos verdes choraram por minha causa, não foi?!

– Sua boba! Eu te amo, não gosto quando a gente briga! Vai, chama a Mari, vamos ficar aqui só nós três como quando éramos pequenos e eu tinha que ficar cuidando de vocês, segurando pra que não saíssem correndo...

A outra irmã foi e eles ficaram os três na varanda, conversando calmamente e aproveitando o momento. Jonathan e Félix saíram para deixá-los a sós.

Algum tempo depois o bebê de Mariana chorou e Fabrício acabou acordando também. Ela foi vê-los e Félix foi pegar Fabrício. Niko ficou com Ana na varanda. Perguntou: - Maninha... O que foi que o Félix te disse para te convencer a vir aqui, hein?!

Ela riu. – Ah Niko... Se, um dia, eu resolver parar quieta e me casar, eu quero que você me ajude a encontrar um homem feito o Félix... Hetero, claro!

Eles riram. Ela continuou: - Ele além de bonito é inteligente... Que cowboy, hein, maninho... Que inveja...

– Para, você ainda vai encontrar um assim...

– O filho dele não é assim?

– Ana...

– Brincadeira, Niko... Eu não vou mais dar em cima do seu enteado, que coisa! Mas, até que eu gostei, ele beija bem...

– Ana, esquece o Jonathan! Ele tem uma namorada, que também se chama Ana, e eles não terminaram, só estão dando um tempo!

– Ok, entendi... Bem que eu senti que ele estava meio carente...

– Ai, maninha, você... Mas, me diz, o que você e o Félix conversaram, afinal?!

– Não foi muita coisa... Ele só me mostrou um pouco mais do irmão maravilhoso que eu tenho... Ele é bem sincero, sorte sua...

– Muita sorte... – Niko ficou de frente para ela para falar sério. – Olha, minha irmã, quanto ao que você disse... Eu, mais que ninguém, sei o que as pessoas geralmente falam de nós, digo de mim e do Félix! Existe muito preconceito nesse mundo e a maior parte é simplesmente fruto de uma sociedade enraizada na ignorância e na falta de conhecimento no outro! Eu sei que você adora viajar, se divertir, mas tudo tem um limite, Ana! Acredite, eu também não falei por mal... Se você tivesse me deixado terminar, eu só ia dizer para você se cuidar, se preservar e se proteger! Esse mundo é lindo, mas é cruel, minha irmã... Principalmente, para quem não se encaixa num padrão imaginário que a sociedade inventou...

Ela o abraçou de novo. – Eu sei Niko! Já perdi as contas de quantas vezes fui chamada de periguete, e isso foi um elogio comparado a outros nomes... Mas, eu não saio pegando qualquer um não! E se for comprometido eu caio fora! Eu sei que não passo uma imagem muito “aceitável”, mas, quer saber, não tô nem aí... É assim que eu sou feliz!

– E eu não quero mandar em vocês, só quero que você e nossas irmãs sejam felizes, tá! – Eles sorriram e ele pediu. – Vem, deita aqui no meu colo como quando vocês eram pequenas! Quando a Mari voltar quero que faça o mesmo... Ah, mas ainda estou curioso sobre o que o Félix falou com você lá dentro...

____

Algum tempo antes, no quarto de Ana, alguém bateu na porta.

– Eu não quero falar com você, Niko! – Gritou ela lá de dentro.

– Não é o Niko! – Félix respondeu.

Ela estranhou e foi abrir.

– Félix?!

– Posso entrar?

– Pode... Senta! Mas, se veio defender seu companheiro vai perder seu tempo! Ele é meu irmão, mas às vezes, me tira do sério!

– É... O carneirinho vive me tirando do sério também... Ontem mesmo, ele me chantageou só para me fazer vir aqui! Eu não queria, mas ele praticamente me obrigou!

– Tá vendo... O Niko sempre foi muito mandão! Só porque ele ficava cuidando da gente quando éramos pequenas e enquanto nossos pais trabalhavam, isso não quer dizer que ele pode continuar mandando pelo resto de nossas vidas!

– É, não pode... Mas, ele não faz isso por mal, é que o Niko tem essa mania de se preocupar com todo mundo...

– Félix, desculpa tudo que eu disse lá na mesa...

– A quem você deve desculpas não é a mim! Sabe, o carneirinho faz de tudo para ver quem ele ama feliz, e ele foi capaz de me chantagear só para poder vir aqui, ver vocês! Ele ama muito as irmãs... Eu o invejo!

– Inveja? Por quê?

– Ah... Você deveria ver a ansiedade que ele fica quando uma de vocês liga pra ele! Quando seus pais ligam, então, ele até chora! O carneirinho é assim, sensível... É genioso também, isso não se pode negar... Mas, acima de tudo, ele ama muito a família, e ele as ama muito! Eu... Eu o invejo porque vejo o amor e a proteção que ele tem por vocês e... Bem, eu tive uma relação muito conturbada com a minha única irmã! Só tenho ela e um irmãozinho novinho, da idade do Fabrício! E quando eu penso que, se eu não tivesse sido tão egoísta, olhado só pra mim, eu poderia ter tido uma relação tão boa com a minha irmã quanto o Niko tem com vocês! Eu poderia ter sido amigo dela, mas tudo que eu fiz foi... Odiá-la!

– Você odiava sua irmã?

– Sim... Comigo foi tudo ao contrário do que foi a vida do Niko! Os seus pais o aceitaram como ele é, comigo não foi assim! Eu achava que meu pai só amava minha irmã e que nunca me aceitaria! O Niko... Ele as ama e fala maravilhas de vocês... Eu as conheço melhor do que vocês imaginam, só pelo que o carneirinho conta, das brincadeiras de vocês quando pequenos, das bagunças, das histórias... Eu não tenho histórias assim pra contar!

Ela o ouvia atentamente e emocionada. Félix continuou: - Olha, eu não sei o que você vai fazer, mas, se eu tivesse um irmão como o Niko... Nossa! Eu não perderia um segundo da vida brigando com ele! Somente há alguns anos eu descobri como minha irmã Paloma é uma mulher maravilhosa... Que me perdoou depois de todo o mal que a fiz... – Félix também estava com lágrimas nos olhos. – E, eu me arrependi por não ter descoberto a maravilha de ter uma boa irmã antes!

Ele virou para Ana e completou: - Você não poderia ter um irmão melhor... Não desperdice nenhum momento com ele!

Ela sorriu, emocionada. – Puxa... Obrigada, Félix! É... E quanto ao Jonathan...

– Não precisa falar nada! – Ele ajeitou a sobrancelha com o dedinho. – Meu filho tem uma pitada do meu charme...

Ambos riram. – Tem mesmo... Eu gostei do Jonathan, mas, prometo que não vou mais dar em cima dele, tá!

– Tudo bem... Se o Jonathan te beijou é porque também gostou de você! Mas, tem uma menina de quem ele gosta muito e sente muita falta dela, pode ser isso também, entende?!

– Entendo... E, obrigada mais uma vez, Félix!

– De nada... – Ele levantou e foi saindo. – Quando você quiser vai falar com seu irmão, tenho certeza que ele vai te ouvir... Ele sempre me ouviu! E, olha que eu nem era a companhia mais agradável, mas ele sempre me ouvia...

– Você é modesto, Félix! Você é super agradável!

Félix riu. – Ah, será que eu fiz ombré hair na peruca de Maria Madalena para toda a família Corona simpatizar comigo?!

Eles riram e saíram, e ela foi até onde Niko estava para pedir-lhe desculpas.

____

Já passava das onze da noite quando todos foram dormir. Niko, porém, chamou Félix para um passeio ao luar. Como Félix não resistia àqueles olhos verdes lindos, eles foram.

– Ah, Félix, olha que lindo é o céu visto daqui! – Dizia Niko enquanto eles estavam sentados na relva, encostados a uma árvore.

– O céu também é lindo visto da praia, carneirinho!

– Ah, claro, mas olha a sombra que a luz da lua cheia projeta através das folhas das árvores daqui... É maravilhoso...

– Você se encanta com cada coisa, Niko!

– O que me encanta é estar aqui com você! Meu amor, você é maravilhoso!

Eles se beijaram. Um beijo cheio de amor e paixão iluminados pela luz do luar.

Estava ventando muito e o chapéu que Niko levava voou. Félix levantou.

– Deixa que eu pego, carneirinho... Não sei por que você trouxe isto esta hora!

– Eu nem percebi... Mas, eu quero levar de lembrança desse final de semana!

Félix foi até perto da estrebaria onde o chapéu tinha voado e ouviu um barulho. Chegou mais perto, mas decidiu não se arriscar e voltar. Tarde demais! Alguém o agarrou por trás, pondo a mão em sua boca e puxando-o para dentro do estábulo.

Levou-o até o local onde eram guardadas as selas e se revelou.

– Você?! – Exclamou Félix.

– Sim, lembra meu nome?

– C-Caio?

– É... Eu também não me esqueci de você...

– Q-que você quer?

– O senhor... – Falou ironicamente. – Fez com que me demitissem! Só que eu não vou embora sem minha indenização!

– Que indenização?! Você quase causou um acidente...

– Com o seu companheiro, eu sei! Eu só queria assustá-lo para ele não querer montar de novo! – Ele abriu a camisa e pegou na mão de Félix, passando em seu próprio peito. – Vai me dizer que não sou mais gostoso que o irmãozinho da patroa...

Félix tentava sair, mas o local apertado dificultava e o peão estava pressionando o corpo dele contra o seu, prendendo-o ali. Caio segurou com força na nuca de Félix e disse: - Eu quero minha indenização e quero agora!

Avançou para tentar beijá-lo a força, mas Niko chegou na hora.

– Solta ele!

– Vai fazer o quê?! Também pode ser parte da minha indenização se quiser... – Respondeu Caio com um sorriso malicioso.

– Ei! – Reclamou Félix.

– Cala a boca! – Caio se voltou outra vez para Félix e apertou seu pescoço, e quando encostou sua boca na dele, Niko entrou lhe agarrando pelo pescoço.

Ele soltou Félix, mas bateu com Niko na parede. Félix saiu de perto e respirou, mas logo voltou para tentar ajudar seu carneirinho que, naquele momento, estava brigando igual um lobo selvagem.

– Niko...

– Félix, vai! Chama ajuda!

– Mas...

– VAI!

Félix saiu correndo e chegou a casa. Chamou Arthur, que por sorte estava acordado. Ele logo tratou de contar uma novidade para Félix.

– Eu acabei de saber pelo jornal que aquele Caio é, na verdade, um bandido, um fugitivo...

Félix se preocupou mais: - Carneirinho! O Niko... O Niko ficou brigando com ele!

Eles correram até a estrebaria enquanto Mariana chamava a polícia. Ao chegarem, Félix se desesperou. O bandido estava caído de costas no chão e Niko caído, virado pra cima, em cima de um monte de feno.

Arthur mexeu em Caio e constatou: - Ele está desmaiado! Levou uma surra e tanto...

Félix correu para Niko. Ele estava com os olhos fechados e alguns arranhões.

– Carneirinho, acorda! Carneirinho, por favor, não brinca comigo, acorda... – Félix levantou sua cabeça e lhe deu um beijo, chamando-o: - Carneirinho, por favor, não me deixa...

Após o beijo Niko começou a abrir os olhos e ouviu o chamado de Félix.

– Hum... Eu nunca vou te deixar... Eu não sei viver sem você!

Félix o abraçou mais forte, muito emocionado. – Eu que não sei viver sem você, carneirinho!

Beijaram-se de novo e Félix o ajudou a levantar-se. Niko explicou: - Eu fiquei cansado e quando o levei a nocaute acabei caindo aqui nesse feno... É macio...

Félix sorriu lhe fazendo um carinho no rosto. – Ah, só sendo um carneirinho mesmo...

A polícia chegou alguns minutos depois e Caio ainda não tinha recobrado os sentidos. Niko disse que entendia de artes marciais e assim conseguiu desmaia-lo. Eles o levaram.

____

Na noite do dia seguinte...

– Félix, quer terminar o nosso passeio de ontem? Já que nós vamos embora amanhã...

Félix nunca resistia àqueles olhinhos verdes...

– Claro carneirinho... Vamos!

Saíram de mãos dadas e pararam sob a mesma árvore do dia anterior. Abraçados, ficaram alguns segundos olhando nos olhos um do outro.

– Pelo visto você acabou gostando dessa roupa que eu te dei... Hoje já a vestiu de novo e até trouxe o chapéu...

– É, carneirinho, até que eu fiquei muito bem assim... Como você mesmo disse, um cowboy sexy!

– Hum... Isso é verdade... E, meu cowboy, você não disse que queria me laçar?

Félix colocou o chapéu com charme e laçou a cintura de seu carneirinho com os braços.

– Félix, meu cowboy, meu herói...

– Será que eu lacei um dos bois da arca de Noé para receber tantos elogios?

– Ah, seu bobo, você merece! Ontem você me salvou quando o cavalo correu...

– E você me salvou quando aquele peão tarado tentou me agarrar...

– Foi! Ele quase te beijou e eu fiquei possesso naquela hora!

– Eu vi carneirinho, você deixou aquela carinha bonitinha dele toda inchada...

– Você o achou bonito? Eu nem reparei...

– Ah vá, carneirinho...

– É sério, Félix, eu não reparei... Quem ficou olhando para ele enquanto cavalgava foi você, pensa que não vi?!

– Ah... Não foi tanto assim...

– Tá, Félix, mas ele se interessou por você!

– O que eu posso fazer se todos me querem?!

– Félix... Já chega, não vamos mais falar disso...

– E o que você quer fazer hein, carneirinho?! – Perguntou com um sorriso malicioso e lhe dando vários beijinhos no pescoço.

Niko ficou calado, pensando, enquanto um sorrisinho malicioso surgia em seu rosto.

– Está pensando em quê, carneirinho?

____

Logo depois...

Sussurravam:

– Hum... Carneirinho... Esse feno é mesmo macio...

– Eu te disse...

– Não tem medo que nos peguem?

– Estão todos dormindo, Félix...

– Hum... Ótimo...

– Para de falar e me beija, meu cowboy!

– Hum... Hum... Acho que vou laçar um carneirinho...


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Notas finais do capítulo

FIM de um fim de semana i-nes-que-cí-vel!



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