No outro dia, pela manhã, antes mesmo de levantar da cama, peguei meu celular e olhei o Whatsapp, como sempre, e para minha surpresa, ele respondeu:
–Também gosto de passar o dia com você, me divirto bastante ao seu lado, você é muito fofa!
Quase desmaiei quando visualizei a mensagem.
Levantei tão rápido, que parecia um vendaval, corri para o banho, me arrumei, nesse dia nem tomei café, e fui direto para o colégio.
Ele já estava lá, sentado, conversando com Ember.
Neste dia ele me tratou mais carinhosamente.
Eu, realmente, apaixonei-me pelo garoto, por causa dos seus gestos românticos, carinhosos e sedutores comigo. De fato, eu era uma ''manteiga derretida''.
Passei o intervalo com Laura e Victor.
Laura já não aguentava mais esconder sua sexualidade para Victor:
Laura: Victor, não consigo esconder isso de você.
Victor: Fala, agora você me deixou curioso.
Laura: Sou lésbica.
Por um breve momento o silêncio reina, até que:
Victor: Sério? Eu te amo. - E ele abraça ela.
No momento senti aquele ciúme, coisa besta, até porque Laura gostava de mulheres, contudo, a resposta de Victor gerou uma dúvida imensa em minha mente.
Mas acontece que eu sou muito detalhista e perceptora.
Não tenho muita experiência com garotos, mas algo me diz que tem alguma coisa de errado com ele, porém, não posso chegar a uma conclusão sem ter provas.
Sexta-feira à tarde, cabeça atordoada, dúvidas entre si. Logo resolvo conversar com minhas amigas no Whatsapp, porém aquela dúvida cruel não sai da minha cabeça, então resolvo chamá-lo:
–Victor, me responde uma pergunta?
–Respondo sim.
–Quando Laura disse que era lésbica, por que você disse que a amava?
–Porque eu lembrei da minha amiga.
–Legal. A única amiga lésbica que eu já tive na minha vida é a Laura.
–Conheço algumas.
Resolvi estender a conversa para o mais íntimo:
–Me fala o seu maior segredo, eu te falo o meu.
–Não tenho segredo.
–Todos tem segredos, já que é assim, também não te conto o meu.
–É sério, não tenho segredo, se quiser pode me contar o seu.
–O meu é muito importante.
–Sou todo ouvidos.
–Vou ganhar o que em troca?
–Você quer o quê em troca?
Neste momento meu coração gelou, estava certa do que queria pedir, mas não tinha certeza de que era seguro pedir naquele momento.
Continuando:
–Estou sem ideia, me diga alguma coisa que você me daria em troca.
–Não faço a mínima ideia.
–Eu ia pedir uma coisa, mas deixa quieto. Esquece não quero contar nenhum segredo.
–Fala, quero saber o que pensou para eu poder fazer.
–Acho melhor não, alguma coisa me diz que não devo pedir.
–Pode pedir. O que poderia acontecer de ruim?
–Várias coisas.
–Exemplo?
–Você.
–O que pode acontecer comigo?
–Eu quero falar, mas...
–Mas nada, basta falar. Prometo que vou te tratar da mesma forma.
–Tenho vergonha.
–Não precisa ter, diga.
–Não tenho certeza se é isso mesmo que eu quero, pois, tenho medo da sua resposta.
–Digo e repito: Não precisa ter, afinal somos amigos.
–Está bem, vou dizer o que quero.
–Prossiga.
–Nunca disse isso para um menino...
–Pode falar.
–O segredo é o seguinte, eu estou afim de você.
–Fico feliz em saber disso!
–Isso é recíproco?
E novamente ele não me responde.
Então resolvo mandar uma indireta, quase direta.
Coloquei no status: "Você prometeu me tratar do mesmo jeito."
Funcionou. Ele respondeu:
–Eu estou te tratando do mesmo jeito, apenas não sei como falar.
–Me fale da mesma forma como eu disse para você, com sinceridade. Seja o que for, vou entender. Relaxa, ainda somos amigos.
–Mas eu não disse que não queria.
–Tudo no seu tempo. Quando você quiser falar, tudo bem. Não estou com pressa.
Como de costume, ele não respondeu.
Passei o fim de semana pensando nele.
Mas o relógio estava de mal comigo, porque esse fim de semana parecia eterno.
Enquanto respostas não vem à tona, fico sofrendo por amor, ao som de músicas românticas.