Já era dia, o despertador berrava às seis em ponto.
Levantei com um terrível sono, me arrumei e fui para o colégio com minha prima.
Eu era uma das primeiras a chegar, mas ele (Victor) sempre chegava antes de mim.
Não tive vontade de sentar perto dele, acabei sentando atrás de uma garota chamada Ember, e fiquei conversando com ela até ser interrompida:
–Bom dia garotas.
–Bom dia Victor.– Ember e eu falamos em coro.
–Duda, vamos ao bebedouro?
–Sim.
Ele me puxou pelo braço, e segurou o mesmo, mas dessa vez de uma forma mais carinhosa.
–Sabe Duda, eu não sei beber água nessa coisa.
–É fácil, só apertar o botão e sugar a água.
–Vou tentar, mas não olha, tenho vergonha.
–Se você deseja assim, então tudo bem.
O maldito sinal toca, ele coloca seu braço em volta do meu pescoço e seguimos para a sala.
Laura já estava lá, ela sempre senta atrás de mim.
Foi aí que lembrei que ela tinha algo para me contar. Peguei um post-it e escrevi:
–O que você tem para me falar?
–No intervalo te conto, agora presta atenção na aula.
Obedeço e volto a atenção ao professor de Redação, minha matéria preferida.
Já era intervalo, todos saem da sala, exceto eu e Laura:
–Duda, resolvi te contar isso porque achei que podia confiar em você, mas eu só lhe direi se você prometer segredo.
–Pode confiar em mim, seu segredo estará bem guardado.
–Sou lésbica.
–Tinha percebido, mas esperei até que você se sentisse segura para me contar, e, pode relaxar, não tenho preconceito algum.

Saímos da sala e fomos comprar nossos lanches.
Depois de comer, avistei o Victor e nem precisou chamá-lo:
–Posso me sentar com vocês?
–Senta aí, larga de modéstia.
(Risos à parte)
Laura: Gente fiquem aí, vou no banheiro.
Depois que Laura saiu ele chegou mais perto de mim, pegou minha mão, e ficou alisando-a.
Por um momento, senti algo inexplicável, vindo dentro de mim.
Ele era muito carinhoso, e eu gostava disso, me sentia bem.
Mas ele não fazia nada além de abraços, beijos na bochecha e toques carinhosos.
Senti que estava começando a gostar daquilo.
Na volta do intervalo, eu não parava de pensar nele.
Criava fantasias em minha cabeça, olhava discretamente para ele, suspirava.
Pela tarde resolvi chamá-lo no Whatsapp:
–Oi gato, qual seu Facebook mesmo?
–Oi! Victor Henson.
–Vou te adicionar.
–Certo.
–Qual sua idade mesmo?
–Igual a sua, quatorze anos.
–Legal.
–Me fale a precisão de ter aula de manhã e de tarde!?
–Nem me fale, mas acho que é para não precisar-mos ficar no colégio até doze e meia todos os dias.
Resolvi ser um pouco fofa:
–Uma das vantagens que eu adoro de ter aula a tarde é que além de te ver pela manhã, ainda posso te ver a tarde, isso é ótimo!
Passaram-se horas e nada do garoto responder, pensei que ele poderia ter tido algum desmaio ao ver a mensagem ou se apenas não sabia como responder, ou algo assim.