Acordei no dia seguinte com meu despertador tocando. Tive um sonho muito louco mas não lembro do que era direito, só uns borrões de tinta que apareciam ao meu redor mas não conseguia enxergar direito. Levantei com aquela preguiça matinal, coloquei uma blusa de manga comprida cinza e uma saia azul. Não sei o porquê mas peguei o amuleto da minha mãe e coloquei em um bolso da minha blusa. E mesmo morrendo de sono, ainda fui preparar meu café da manhã.

–"Someday I wish upon the stars and wake up where the clouds are far behind me... And troubles melt like lemon drops..."– parei de cantar e ouvi um barulho na cozinha enquanto descia as escadas e corri até lá. Vi que algumas caixas de papelão estavam jogadas e a janela estava aberta. Deduzi que era o vento e fechei a janela para depois guardar as caixas de volta.

Saí de casa e meu vizinho, o marido da diretora, me olhou como se eu fosse uma ameaça ou alguém perigoso mas ignorei-o. Andando até a escola encontrei Pedro e Clara, que estava grudada no Max, mas não posso falar que eles não se mereciam. Acho que é isso que namorados fazem.

Na escola foi o de sempre, aulas chatas, gente conversando e eu olhando para a janela, pensando em tudo que aconteceu naquele dia. Como tudo aquilo aconteceu? Da onde surgiu tudo isso? Eu já não estava entendendo nada, só queria ficar em casa escutando música e lendo meus livros. Além de jogar o RPG que eu ainda nem tinha encostado direito.

– Não acredito que a senhora Westner vai nos dar trabalho para entregar semana que vem, fala sério!! - Pedro gritou no caminho para casa - Nós começamos as aulas ontem!! Odeio ela. E vc Kat?

– Desculpa, vc disse alguma coisa Pedro?

– Kat, vc está muito avoada. O que você está pensando?

– Não tô acreditando em nada que aconteceu ontem. Não entendo, parece que foi sonho mas eu sei que é real. Tem coisas que as pessoas não estão preparadas para saber.

– Brigado, você acabou de me lembrar que eu preciso te contar uma coisa muito importante mas eu não conseguia me expressar ou alguma coisa me atrapalhava. Então antes que alguém veja ou venha até aqui eu preciso te dar isso. - Ele me deu um papel dobrado, com alguma coisa dentro dele, um desenho talvez. Quando abri, vi que era realmente um desenho mas o que me chamou atenção foi a frase escrita na camiseta do menino desenhado com um buque de flores na mão: "Eu te amo" com uma seta para a menina com fones de ouvido e saia.

– Pedro, isso quer dizer que você me...

– Shhhh, não fale, por favor.

Nem terminei a frase e ele gentilmente tocou meus lábios com os seus. Depois de alguns segundos, olhei pra ele como se fosse chorar mas ao invés de me beijar de novo, como nos filmes, ele simplesmente secou minhas lágrimas com sua manga e me abraçou. Ele sempre sabia do que eu precisava. E naquele momento, a coisa mais importante para mim éramos nós.