Annabeth me olhou, com as sobrancelhas cerradas, a faca na mão, pronta pra o ataque. Os cabelos dela estavam presos, e ela respirava rápido. Eu sabia exatamente qual era o plano de Annabeth. Eu tirei contracorrente do bolso e assenti para Annabeth.

Então nós atacamos.

E investi contra Érebo, mas um cão infernal investiu contra mim, Eu vi Annabeth, pelo canto do olho, rolar para o berço. Daniele enfrentava um outro cão infernal. Ela estava se saindo muito bem. Lucas tentava alcançar Ébero.

Eu atravessei contracorrente no peito do cão, mas não antes de conseguir um belo corte no braço. Nessas horas eu desejava ainda ter a benção de Aquiles.

Eu vi Annabeth pegar Sam no berço. Ela não se demorou em um abraço, ou examinando nossa filha, como qualquer outra mãe faria. Não. Annabeth tinha suas prioridades no lugar certo. Ela sabia que teria tempo para isso mais tarde, então colocou a menina nas costas, naquela cadeirinha para bebes que os pais usavam quando tinham preguiça de carregar a criança. Ela correu até mim.

– Tem muitos deles – ela falou.

– Precisamos arrumar uma maneira... você é a inteligente – eu disse defendendo outro golpe. – Pense em alguma coisa.

– Ótimo, enquanto isso, tente manter o máximo de cães longe das minhas costas.

Enquanto não tentávamos passar pelos cães, Érbero estava sentado, com a lança em mãos rindo. Completamente insolente, deixando que os outros fizessem o trabalho por ele.

– Pobres semi-deuses. – ele disse com a voz sinistra. – Não conseguem nem derrotar alguns cachorrinhos. Vocês vão afundar semi-deuses! É só uma questão de tempo até minha irmã voltar! Então vocês sofreram! E a escuridão finalmente tomará seu lugar de direito!

– Cale a boca – disse Daniele, por um momento, eu vi Thalia nela. A menina investiu contra o gigante, e enfiou a faca no pé dele. Ébero soltou um urro de dor. Ele pegou a lança e tentou acertar Lucas, que cambaleou e caiu sentado.

– Não encoste nele! – Daniele gritou, um raio rompeu o ceu. Os cães infernais se encolheram, choramingando, e Ébero pareceu assustado.

– É isso! – Annabeth exclamou de repente. – Daniele, Lucas! Usem o raio... Érebo... a maior fraqueza dele é Zeus!

– Filha de Atena insolente! – Ébero rugiu.

– Eu não consigo! – Lucas disse.

– Nem eu! – Daniele concordou. – Foi sem pensar, eu estava brava e....

– Pensem então em como tudo o que vocês amam vai acabar ser Hébero vencer! – eu exclamei. – A irmã a quem ele se refere é Nix! Ela é a deusa da noite, da destruição! Se Hébero vencer, ele libertará a irma! E tudo o que vocês mais amam será destruído! Até mesmo o acampamento, o primeiro lugar que vocês puderam chamar de lar!

Eu vi Lucas fechar os olhos, os punhos cerrados. Um raio rompeu a escuridão, seguido de outro, e mais um. Os cães infernais correram de volta para as sombras, sumindo. Daniele pegou sua adaga, que agora estava azul, carregada de eletricidade, e enfiou na lateral da coxa de Ébero. Ele urrou. Lucas acertou um raio bem no grande olho dele.

A terra começou e engoli-lo. Ele riu.

– Vocês só atrasaram um pouco o renascimento, mas logo, vocês terão que enfrentar as piores criaturas, e seus piores pesadelos.

A caverna começou a tremer.

– Vai desabar, precisamos sair daqui!

Então nos corremos em direção a parede liquida pela qual tínhamos entrado, momentos antes da caverna se desfazer.

Eu sentei no chão, arfando. Já estava anoitecendo, por incrível que pareça, tínhamos passado o dia inteiro naquele lugar.

– Você está machucado – disse Daniele do meu lado. Ela estava com os cabelos negros todos para um lado, e um pouco queimados, como se tivessem recebido uma descarga elétrica... o que é bem verdade.

– Ah, isso? – eu disse – Não foi nada.

– Eu vou fazer um curativo – ela declarou, pegando algodão e começando a limpar meu braço.

Lucas juntou algumas madeiras e deu uma pequena descarga elétrica, fazendo o fogo acender. Annabeth estava com Samanta no colo, ela não tinha tirado os olhos da garota até então.

– Ela está bem? – eu perguntei.

– Ela está ótima – Annabeth declarou. – Acabou de adormecer.

– Onde está Tsumani... se não fosse por ela... – eu disse e com a deixa, um vulto branco apareceu ao meu lado. A potra relinchou, feliz.

“ Oi Percy! “ ela disse em minha mente.

– Ei Tsunami! – eu afaguei sua crina. – Obrigada por manter Samanta a salvo, se não fosse por você...

“ Não foi nada! É meu dever proteger a pequena Sam. Estamos ligadas! Mas alguns cubos de açúcar não seriam nada ruins! “

– Assim que voltarmos para o acampamento você terá sua recompensa – eu disse.

Ela relinchou e abriu as assas, rodopiando no ceu estrelado até sumir de vista.

Algo se mexeu nos arbustos, eu peguei contracorrente e me coloquei na frente de Annabeth. Um grande lobo branco saiu de lá. Ele ficou me encarando, pacificamente, com seus grande olhos dourados. Então uma garota saiu de trás dos arbustos. Thalia estava com o braço enfaixado, mas não parecia nada serio.

– Ah, finalmente! – ela disse – Estava procurando por vocês a horas! – ela olhou para Sam, no colo de Annabeth. – Está é...?

– Thalia – Annabeth disse. – Quero que você conheça Samanta.

Thalia pegou Sam no colo, a bebe abriu os olhos verde mar e sorriu banguela para Thalia, A filha de Zeus tocou o rosto de Samanta com as costas do dedo, passando por seus delicados cachos loiros.

– Ela é.. linda – Thalia disse. Eu pude ver uma lágrima escorrendo dos olhos dela. – Venham – ela disse – Artêmis quer falar com vocês, e oferecer uma confortável noite.

Quando Thalia chegou carregando Samanta, varias caçadoras exclamaram simultaneamente.

– Calmem suas cabeças de amêndoa – ela disse – Essa é Samanta, a filha de Annabeth.

O grupo de caçadoras cercou Thalia, fazendo exclamações como “awww” e “ que lindinha” Mas elas logo se afastaram, dando passagem a uma garota com aparentemente dezessete anos. Os cabelos cobre caindo soltos pelas costas, ela usava um vestido prateado, e olhos marrom-esverdeados que me davam calafrios.

– Lady Artêmis – Annabeth se curvou, e nós imitamos.

– Ah, querida Annabeth – Artêmis disse. – Você se tornou uma grande mulher, uma excelente guerreira. Uma das poucas garotas que eu lamento de não ter no meu grupo. Mas você sabe seu lugar, desempenhou seu papel do jeito certo. Todos os deuses sentem orgulho de você, principalmente sua mãe.

Annabeth corou. Artêmis tocou a testa de Samanta, a bebe sorriu, agarrando uma madeixa do cabelo da Deusa. Artêmis sorriu.

– Uma menina muito especial, muito abençoada – ela disse. – Seu marido me fez um sacrifício para ajudar no parto dela, eu me lembro.

Artêmis parou em mim, me examinando dos pés a cabeça. Eu senti minhas mãos suarem.

– Percy Jackson – ela disse cada silaba cuidadosamente – Derrotou Cronos pessoalmente, recusou a imortalidade por uma mulher – ela olhou de relance para Annabeth. – Atravessou o tártaro, protegendo o seu amor, derrotou gaia. Deu a ela uma filha... eu vou lamentar a eternidade por ter dito isso, mas você se tornou um grande homem Perseu. Poseidon está orgulhoso. E eu sou particularmente interessada em você, o primeiro rapaz na historia, que vale a pena, e que eu não lamento por ter tirado uma a excelente caçadora que Annabeth poderia ter sido, de mim.

Ela parou na frente dos gêmeos.

– Oh papai - ela exclamou para o céu. – Pensei que você tivesse dito que daria um tempo nas crianças. Gêmeos do raio, vocês tem um futuro importante pela frente, tomem cuidado com suas escolhas.

Artemis se voltou para todos nós.

– Vocês estão convidados para passar a noite aqui, amanha, acho que gostariam de acompanhar Thalia até nova Roma. Percy, você passara a noite em uma tenda separada com o filho de Zeus.

Eu assenti.

– Posso tomar conta da sua bebe? – disse uma das caçadoras para Annabeth. – Aposto que você está muito cansada.

– Não, deixa ela comigo – disse uma outra.

– Eu vou passar a noite com minha filha – eu disse, pegando Sam no colo. Annabeth parecia agradecida. – Se vocês quisessem tanto uma dessas, não deviam ter se tornado donzelas imortais.

Thalia segurou uma gargalhada.

– Venha Jackson ,vou te mostrar sua tenda.

Thalia nos acomodou em uma tenda no fim do acampamento. Lucas adormeceu assim que encostou a cabeça no travesseiro. Eu fiquei ninando Samanta, até que ela também caiu no sono. Eu a coloquei na rede ao lado. Então eu me deitei, e também cai no sono.

Estávamos nas portas de Roma.

Eram cerca de dez horas da manha. Tínhamos deixado as caçadoras algumas horas antes. Estávamos todos descansados e limpos. Eu carregava Samanta. O machucado em sua covinha já tinha cicatrizado, deixando uma cicatriz branca, que eu acho que a acompanharia pelo resto da vida.

Uma mulher de pele negra, cabelos enrolados e grandes olhos dourados apareceu. Ela usava uma toga, a roupa de praetor. Hazel tinha tomado o posto depois que Reyna decidiu morar em nova Roma. Ela parou na minha frente.

– Oh céus Percy! – ela disse pegando Samanta no colo – Ela é linda!

– Ela é a minha cara, não é? – eu disse sorrindo.

– Definitivamente não – Hazel disse. – Ela é a cara da Annabeth. Menos os olhos, ela tem seus olhos.

Uma figura usando um vestido branco apareceu. A menina de pele morena correu ate nós, seguida por um rapaz loiro.

– Percy! Annabeth! – Piper se jogou em nossos pescoços, nos abraçando. – Ah, graças aos Deuses! Sam está a salvo! Eu fiquei tão preocupada!

– Jason Grace! – Thalia exclamou. Jason se encolheu. – Você por um acaso não tem nada para me contar?

Jason me olhou feio – Eu disse para guardar segredo Traseiro de Coral!

– Ainda bem que contamos sobre a Sam por mensagem de íris – eu sussurrei a Annabeth.

– Quando você esperava me contar que eu ia ser titia? – Thalia disse.

– Bem eu... – Jason começou a se explicar, mas Thalia correu até ele e o abraçou. Ela era muito mais baixa que ele, mas mesmo assim tirou os pés dele do chão.

Todos nós começamos a rir, Sam bateu palmas, animada.

As semanas passaram, estávamos todos no acampamento meio-sangue. Hazel, Frank e Jason tinham vindo passar alguns dias. Estávamos na fogueira, cantando. Samanta dormia no colo de Annabeth, quando Rachel apareceu. Ela parecia que tinha engolido uma laranja inteira. Eu sabia o que estava por vir, assim como todos. Um dos campistas já pegou o banquinho. A musica parou, e a nevoa verde começou a sair da boca dela.

“ A vingança da noite se aproxima,

E meio sangues, ou não, todos devem seguir sua sina.

O mundo cairá em grande escuridão

Os filhos da noite, soltos estarão.

E a lamina estelar, muito ceifara.

E o grande inferno só acabará,

Quando pela mão do guerreiro,

O sacrifício final for feito por inteiro. “

Então Rachel caiu sentada no banquinho. O silêncio prevaleceu.

– Bem – Quiron pigarreou. – Acho que acabamos de ouvir a próxima grande profecia.

Todos começaram a murmurar agitadamente.

– Fiquem calmos – ele disse. – Ela pode demorar décadas para se realizar, enquanto isso, terminem seus jantares.

– Eu espero que essa não tenha nada a ver com a gente – eu disse a Annabeth.

– Eu acho que dessa vez estamos livres – Annabeth disse. – Vamos finalmente ter nossos anos de paz.

Eu a abracei. E ela me beijou. Um pouco de paz, finalmente, não seria nada ruim.