Half-Blood Love escrita por BlindBandit


Capítulo 1
Novo (Antigo) Lar




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- Percy! Levante-se. – eu ouvi minha mãe dizer na porta do quarto.

- Mãe – eu disse, sentando na cama e esfregando os olhos, meus cabelos pretos pareciam um ninho de rato.

- Suas coisas estão todas prontas – ela disse olhando para o chão, eu pude sentir um tom magoado em sua voz.

- Mãe, eu tenho dezenove anos, já era hora de me mudar você não acha? – eu disse me levantando.

- Eu sei, mas nunca pensei que seria tão rápido! Parece que foi ontem que você entrou no meu quarto, atordoado por causa de um pesadelo.

- Mãe, foi ontem – eu disse sorrindo.

Na verdade, meio-sangues costumavam ter muitos pesadelos, a respeito de profecias, mostros e coisas ruins, mas eu era um caso a parte, eu tinha muitos pesadelos, até mesmo para um meio-sangue. Depois da minha tortuosa estada no plano mais baixo do mundo ( eu prefiro não dizer o nome do lugar, mas você certamente sabe onde é ) os pesadelos aumentaram impressionantemente, e era muito frequente eu acordar gritando, suando e chorando. Annabeth partilhava do mesmo problema, e Nico também, provavelmente, não, é claro, que eu saiba.

Na noite passada, eu tive um sonho ruim com Annabeth, onde eu a perdia... eu imediatamente mandei uma mensagem de íris para ela, eram quatro da manha, eu so consegui ver ela dormindo no chalé de Atena, ela sequer acordou e viu minha chamada, então, depois de “ desligar” eu fui até o quarto da minha mãe, atordoado. Paul estava em uma viajem, então entrem, sem ao menos bater, e me joguei ao lado dela. Eu era muito mais alto que minha mãe, mas mesmo assim, ela me envolveu em seu abraço e ficou comigo até eu adormecer.

Eu realmente sentiria saudades dela.

- Mãe – eu a abracei, ela batia em meus ombros. Seus olhos estavam cercados por pés de galinha e algumas lágrimas. – Eu vou te visitar muito, prometo.

Ela assentiu. – Venha, fiz um café da manha especial para nós.

A mesa do café da manha de nosso apartamento estava repleta de coisas azuis. Para começar, a toalha de mesa era azul. Havia bolo azui, waffles azuis, ovos azuis, mel azul, chocolate quente azul e tudo o que você podia imaginar.

É, eu sei o que você está pensando, mas a comida não estava estragada, é só uma antiga brincadeira minha e da minha mãe. Ela foi casada com um homem nojento e asqueroso, chamado Gabe, e ele uma vez, disse que comida azul não existia, dês de então, minha mãe se esforçou o para fazer de tudo azul. Mesmo que Gabe agora estivesse sentado eternamente, jogando poker em algum jardim, cheio de coco de pombo na cabeça ( longa historia ) eu e minha mãe continuamos com a tradição.

Depois de comer, eu fui até meu quarto, e terminei de empacotar as minhas coisas, meu quarto estava estranhamente vazio, eu suspirei.

- Percy, você tem certeza que não quer que eu te leve? – ela disse me olhando triste.

- Não se preocupe mãe, eu já enfrentei coisas piores do que viagens de ônibus.

Ela assentiu, limpando as lágrimas, eu beijei o alto de sua cabeça e fechei a porta atrás de mim

A rodoviária ficava a duas quadras de casa, eu decidi ir andando, passei por uma creche, onde eu havia estudado quando tinha cerca de três anos, e é claro, eu fui expulso.

O ônibus de viajem para Long Island estava relativamente vazio. Eu rezei para que não houvesse nenhum mostro no meu encalço, de verdade, isso já estava ficando chato, eu só queria um pouco de paz.

Por sorte, os Deuses estavam de bom humor aquela manha, e eu não fui atacado nenhuma vez sequer. Um pouco suspeito, mas nada estragaria meu humor aquela manha.

Pedi ao motorista para parar, ele me olhou esquisito, tentando imaginar porque alguém gostaria de descer no meio do nada, mas eu dei a ele uma gorjeta e ele decidiu não discutir. Peguei minha mala e comecei a subir a colina meio-sangue.

- Peleu! – exclamei quando cheguei ao topo da colina. Um dragão tamanho GG levantou a cabeça – Como vai garotão?

Eu cocei seu queixo, e ele soltou uma lufada de fumaça morna contra o meu rosto, eu sorri, e encostei minha mão no grande pinheiro de Thalia, onde o Velocino brilhava. O acampamento se estendia abaixo da colina. A casa grande brilhava com a luz do sol, campistas, de todas as idades, corriam de um lado para o outro, alguns usavam armaduras, outros roupas de acampamento, haviam filhos de Apolo no arco e flecha, e filhas de Afrodite nos estábulos, Alguns filhos de Hefesto andavam para lá e para cá com engenhocas que eu nunca entendi. Ao fundo, depois dos chalés e perto da praia, havia uma construção enorme ( do tamanho de uma cidade ) em andamento.

Eu respirei fundo, aquele lugar tinha cheiro de lar, e corri colina abaixo.

Eu deixei minha mala nas escadas de entrada do chalé 3. Nesse ano, eu tinha certeza ( ou quase ) de que ninguém iria mexer nas minhas coisas. Depois de sete anos, eu finalmente tinha algum respeito no acampamento.

Varios campistas me cumprimentaram. Antigos amigos, e algum dos campistas novos. Um filho de Hefesto, que estava com onze anos, e tinha entrado no acampamento ano passado, estava com varias ferramentas nos braços, e usava um crachá escrito : Ajudante de Leo Valdez.

Eu baguncei os cabelos do garoto, e ele me olhou com olhos enormes e arregalados, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar um grande presente.

- Percy Jackson! - ele derrubou as ferramentas. – Percy Jackson chegou ao acampamento! - Ele saiu correndo, provavelmente para contar para os outros campistas.

Eu fui até a construção perto da praia. Dezenas de campistas trabalhavam lá, na maioria filhos de Hefesto e de Atena, cheios de projetos, mas também se via alguns filhos de Demeter, fazendo jardins e praças florescer, e vários ciclopes, amigos de meu irmão Tyson, carregavam enormes pedregulhos brancos e mármore para todos os lados.

Bem no meio de toda essa bagunça, estava a garota mais linda de todo o acampamento, pelo menos no meu ponto de vista. Ela usava calça jeans e a blusa laranja do acampamento. Seus cabelos loiros cacheados estavam presos em um coque folgado no alto de sua cabeça. Ela tinha uma caneta atrás da orelha e uma prancheta nas mãos, além de uma bolsa cheia de projetos enrolados. Seus olhos cinzentos estavam tão focados em um dos prédios que ela nem notou minha aproximação.

Eu abracei Annabeth por trás e por um momento seu corpo enrijeceu, mas ela logo relaxou, e se virou para mim, os olhos brilhando.

- Para a filha da da deusa da estratégia, você parece bem distraída. – eu disse.

Ela revirou os olhos.

- Venha cabeça de alga, tenho trabalho para você.

Annabeth me fez encher varias fontes ao longo da cidade, e mudar o curso de um rio para passar por uma ponte que ela havia projetado. As coisas funcionavam assim para Annabeth. Ela projetou a ponte, mas não há agua. Tudo bem, basta chamar o namorado que controla a agua e voialá! Um rio exatamente no lugar certo.

Depois de terminar o trabalho duro, decidi tomar um banho. Eu estava melado de suor. Quando finalmente me senti limpo, decidi dar uma passadinha no chalé de Atena, mas encontrei Annabeth imersa em um de seus projetos. Eu comecei a falar com ela, mas ela apenas balançava a cabeça, como as mães fazer aos filhos pequenos. Eu decidi testa-la.

- Annabeth, o acampamento foi invadido por Cronos e pelos romanos, liderados por Jason.

- Aham Percy, tudo bem, mais tarde tudo bem? – ela disse sem sequer me olhar.

Os outros filhos de Atena conteram uma risada, e eu dei de ombros. Esse era um dos desafios de namorar uma filha de Atena.

Eu estava caminhando meio sem rumo pelo acampamento, passei pelo chalé de Afrodite, e uma garota de pele morena, cabelos lisos castanhos trançados com uma pena e olhos multicoloridos correu até mim, com um enorme sorriso no rosto.

- Percy! – Piper exclamou. Ela me abraçou.

-Ei Piper! A quanto tempo! Como vai Jason?

Ela suspirou.

- Resolvendo algum problema no acampamento romano. É tão chato namorar alguém tão ocupado!

- Nem me fale – eu disse.

- Ei, ta afim de dar uma volta? Eu cheguei ontem pela manha, e você não vai acreditar no que eu descobri.

Depois da ultima grande profecia, Piper e eu havíamos nos tornados bons amigos. Jason e Annabeth estavam sempre ocupados com projetos ou treinamento, e nós ficávamos, na maioria das vezes, entediados, então começamos a passar mais tempo juntos, ela era uma ótima amiga, e o melhor de tudo, Annabeth não tinha nenhum ciúmes. Não era novidade para ninguém que Piper só tinha olhos para Jason.

Adentramos a floresta. Aquele lugar era cheio de monstros, que os campistas enfrentavam nos caça a bandeiras e outras atividades. Eu verifiquei de Contracorrente ainda estava no meu bolso. É claro que estava.

- Piper, posso saber onde estamos indo? – eu estava começando a ficar nervoso ao ponto que a floresta se fechava atrás de nós.

- Fique tranquilo Percy, já estamos chegando.

Ela andou por mais alguns minutos, depois parou e sorriu. Meus olhos demoraram para se acostumar, mas assim que eu percebi o que era, comecei a sorrir.

Sra O’Leary, minha cadela infernal ( outra longa historia ) estava deitada na grama, e cinco filhotes negos, do tamanho do meu braço. Estavam aninhados perto dela.

- Awww – eu não pude resitir. Eu me aproximei da Sra O’Leary e ela começou a abanar o rabo. Os filhotes correram até mim e Piper, brincando de morder e de correr a nossa volta.

Nico havia trazido um dos cães infernais do mundo inferior no verão passado, para que ele e Sra O’Leary se conhecessem melhor, eu não sabia que ela tinha ficado grávida, até agora.

- Alguem mais sabe desses filhotes? – Eu perguntei a Piper, enquanto um filhote lambia o meu rosto e outro puxava minha camisa.

- Não. Eu tentei contar a Annabeth, mas ela esta com a cabeça na lua, e eu pensei que seria melhor falar com você antes de contar a Quiron, já que a cadela infernal é sua. – ela afagou a única femea da ninhada. – Mas agora é melhor voltarmos, já está começando a escurecer e hoje chegou um novo campista, é um menino com cerca de oito anos, o pai morreu atropelado alguns anos atrás e ele fugiu da casa da avó na semana passada, estamos apostando qual o chalé dele, eu apostei que ele é meu irmãozinho, o garoto parece um querubim.

Piper estava certa. O garotinho tinha cabelos cacheados enrolados e loiro, seus olhos eram de um azul atordoante, ele parecia ter saído de algum comercial de tv. É claro, que Afrodite o reclamou, o garoto se chamava Miguel, e ele adorou Piper de cara, ela disse que fora pelo fato de “ Ela não ser tão metida quanto os outros “ foram as palavras dele.

Depois da fogueira, veio o toque de recolher. Todos os campistas foram para seus chalés, mas eu não estava nem um pouco casado, e decidi ir para a praia, olhar o mar.

É, idai que Harpias te faziam de lanchinho se te pegassem fora da cama? Eu nem ligava, harpias famintas? Pode vir, é fichinha.

Eu sentei na areia, afundando os pés, e me concentrei no barulho das ondas quebrando, era reconfortante, e calmante para mim, Eu fitava a cidade em construção. Des de que nós visitamos o acampamento Romano, Annabeth ficou obcecada por nova Roma, e decidiu que construiria uma cidade igual, mas no estilo grego, no acampamento meio sangue. Ela passara meses fazendo desenhos e planejamentos, arrumando matérias e tudo mais. Eu nunca a vira tão empolgada dês de que fora convocada para reconstruir o Olimpo. O nome da nossa cidade ainda estava em votação. Alguns queriam chamar o lugar de Nova Atena ( os filhos de Atena, claro) , outros queriam chamar de nova Esparta ( os filhos de Ares. ) Os filhos de Afrodite queriam batizar o lugar de Nova Troia, pelo romance de Helena e Paris ou alguma coisa assim.

. Alguns minutos se passaram, e uma figura loira sentou do meu lado, Annabeth sorria.

- Está nesse plano para me responder agora? – eu disse sorrindo.

- Me desculpe Percy, é que eu estou tão empolgada com a cidade...

- Ei, não precisa de desculpar, eu te entendo. – ela sorriu com gratidão.

- Estamos finalmente em paz Percy, da pra acreditar? - Ela disse encarando as ondas. – A anos nós não temos um verão normal por aqui... eu fico até com medo, nenhum pesadelo, nada...

- Fique tranquila, aposto que algo ruim vai acontecer logo, com a sorte que temos.

Ela riu.

Ficamos um tempo em silencio. Até que eu quebrei o gelo dizendo.

- É bom que você tenha deixado o melhor canto da cidade para nossa casa.

- Nossa casa? – ela perguntou, mas eu sabia que ela so disse para me fazer explicar. Ela sabia muito bem do que eu estava falando, so queria ouvir por ela mesma. Tipico.

- Ah, você sabe Annabeth, um canto para nós, quero dizer, não posso morar meus verões no chalé três e o resto do ano na casa da minha mãe...

Eu esperei ela dizer algo, mas ela definitivamente queria me ouvir falar tudo. Eu suspirei.

- Não podemos ficar pulando de um chalé para o outro, quero dizer, já estamos bem grandinhos... quem sabe quando nos casarmos...

- Casar Percy? - ela disse corando.

- Casar. – eu disse com uma naturalidade anormal, acho que eu pensava em uma vida com Annabeth a tanto tempo que isso já havia se tornado normal em minha mente. – Ou... você não quer?

-Percy, você me pegou de surpresa... – eu juro que seu rosto estava ficando como um pimentão.

- Então... você não quer – eu disse me sentindo murchar.

Ela segurou meu rosto nas mãos.

- Percy, é claro que eu quero! Eu não quero passar nenhum dia da minha vida ao lado de outra pessoa que não seja você.

Isso fez meu coração bater mais rápido. Annabeth se levantou, mas eu fui de sentado para ajoelhado, e tirei do bolso um anel de prata com uma pedra azul, linda. Minha mãe tinha ido comprar comigo. Quando ela não estava chorando, tinha me explicado varias coisas a respeito da joia e o porque tinha custado tão caro, mas eu já não lembrava de nada, e sabia que isso não importava.

- Annabeth Chase, você aceita ser minha esposa? – eu disse erguendo o anel.

- É claro que eu quero, cabeça de Alga. – ela disse sorrindo.

Eu coloquei o anel no dedo dela, e nos beijamos. Poderíamos ter ficado ali a noite toda, mas algo nos colocou de volta a realidade. Uma Harpia chiou ao longe.

- Melhor irmos para o chalé – ela disse. – Não quero arrumar encrenca.

- Poderíamos ir para meu chalé... – eu sugeri.

- Com Tyson lá? – ela sorriu – De maneira alguma. Nós vemos amanha, cabeça de alga.

Então ela correu para o chalé de Atena. Eu fiquei ali mais um tempo, com o coração palpitando. Depois voltei ao chalé 3 resmungando sobre Irmão ciclope chegando em momentos inoportunos, e fui dormir.

E acho que pela primeira vez des de que eu descobrira que era um meio sangue, eu sonhei um sonho bom, e não um terrível pesadelo.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! por favor, deixem uma review!