Graecus escrita por Duplicata


Capítulo 4
Depois do sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Cap novo como dito, espero que todos comentem ao final da leitura e deixem a opinião, dicas, críticas e tudo tal tal
Esse cap é revelada a descendência do Alec, talvez meus leitores antigos já saibam quem são os progenitores dele, mas nesse cap vamos ter algumas descobertas.
Aproveitem.



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“- Me diga Alec, como chegou aqui?

– Viajando pelas sombras.

– É filho de Hades então?

– Não, neto dele.”

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O garoto que viera viajando pelas sombras estava sentado na Casa Grande junto com Quíron, o diretor de atividades do Acampamento Meio- Sangue e o Sr.D, o deus resmungão do vinho que ficara condenado a interagir com os adolescentes do acampamento.

Quíron estava apreensivo, pois o garoto continuava no mesmo estado de letargia que viera e não falara mais nada que o nome e isso o deixava preocupado.

– Alec? Você sabe onde está e quem é?- Quíron perguntou.

O garoto mal moveu a cabeça em sinal de concordância.

– Como chegou até aqui Alec?- Quíron continuou tentando fazer o garoto interagir.

O garoto deu de ombros.

– Alef! Responda quando alguém lhe perguntar algo! Hoje em dia os adolescentes são todos insolentes, acham que são maiores que os deuses!- Sr.D reclamou.

– Cale-se Dionísio! Você não está ajudando- Quíron olhou sério para o deus do vinho.

– Tudo bem. Lide sozinho com o Aleke- Sr.D sumiu no ar e Quíron suspirou, era melhor sem o deus para atrapalhar.

Quíron continuou falando, contando sobre o acampamento quando Laurel, filha de Deméter chegou correndo trazendo um copo de néctar para levantar o ânimo do garoto.

– Aqui Quíron- A garota entregou o copo.

– Obrigado. Beba Alec, você irá se sentir melhor.

O garoto bebeu o conteúdo do copo e sentiu gosto de capuchino com marshmallow que sua mãe costumava fazer em dias de inverno, ele se sentiu aquecido e reconfortado.

– Estou melhor, obrigado- Alec disse sua segunda frase em algumas horas no acampamento.

– Me diga Alec, como chegou aqui?- Quíron perguntou novamente franzindo a testa em preocupação.

– Viajando pelas sombras.

– É filho de Hades então?

– Não, neto dele.

– Neto?

– Meu pai é Jace Stephen, filho de Hades e minha mãe é Rovena Marie Levans, filha de Athena.

Quíron sorriu imensamente ao se lembrar de seus queridos campistas.

– Oh! Eles eram ótimos campistas e pessoas. Fico feliz em poder treinar o filho deles- Quíron sorriu novamente.

– Imagino- Alec sorriu de volta, mas sem a mesma intensidade.

– O que aconteceu então?- Quíron perguntou.

– Uns monstros atacaram-nos na nossa casa, ela era protegida, mas não sei. Era cinco e eu matei dois, meu pai e minha mãe lutaram e provavelmente deram a vida por mim. Para eu chegar aqui.

– Sinto muito Alec. Mas vou mandar uma equipe de busca até sua casa, para checar agora mesmo- Quíron foi se dirigindo para a porta, mas Alec o deteve.

– Vou junto.

Quíron o olhou com tristeza, pois o garoto estava sujo e todo desalinhado, mas o pior era sua aura de dor, de perda.

– Tudo bem, mas primeiro vá ao último chalé, dos filhos de semideuses e tome um banho. Lá é seu lar agora filho- Quíron sorriu para o garoto e ele assentiu e foi em direção aos chalés em forma de u que ficavam ali perto.

Quando Alec chegou ao último chalé, ele reparou que aquele era o único que parecia um chalé de verdade, todo de madeira, sem nada de especial como os outros. Era o mais comum.

Alec entrou no chalé e encontrou alguns campistas ali dentro, uma menina veio rapidamente em sua direção, os outros permaneceram em seus afazeres, sem achar nada de especial em um novo campista chegando.

– Olá! Meu nome é Nicol e eu sou sua conselheira. Qual seu nome?- A garota ruiva de olhos verdes com dourado falou abraçando Alec e o levando até um beliche vago.

– Meu nome é Alec- O garoto respondeu timidamente.

– Gostei do seu nome, quantos anos tem?- Nicol continuou puxando assunto.

– 14 anos.

– Uau. Tenho 17. Acho que você é muito novo pra mim. Que triste- A garota sorriu e piscou, deixando Alec sozinho no beliche.

Alec largou na cama então a única coisa que tinha de casa, uma das lâminas de ferro Estígio que pertencera ao pai, para marcar a cama como sua e foi até o pequeno banheiro que tinha ali para tomar um banho rápido, mas não adiantou muita coisa, pois Alec teve que vestir a mesma roupa suja e então saiu do chalé para encontrar Quíron e os outros campistas que voltariam para a casa dele, procurando por sua mãe e seu pai.

Durante o caminho Alec notou a movimentação do acampamento. Parecia fervilhar em atividade, pois em todo canto havia semideuses treinando, inventando algo ou até mesmo brincando, pois havia garotos e garotas de todas as idades. Alec adorou a agitação, sempre quisera ter irmãos.

Quando chegou a frente à Casa Grande encontrou Quíron com mais quatro campistas esperando-o, todos estavam muito bem armados e então o garoto reparou que fora uma idiotice deixar a espada no chalé, por isso retirou uma das adagas que sempre levava no coturno e a empunhou, era pouco, mas melhor que nada.

– Podemos ir então?- Perguntou um garoto loiro, alto e com uma rala barba também loira, parecia ter uns 18 anos, o mais velho do grupo.

– Acalme-se Matheus, já vamos. Podem se apresentar ao Alec primeiro não é?- Quíron disse.

Matheus bufou e revirou os olhos, mas se apresentou mesmo assim.

– Math, filho de Apolo. Prazer- Math e Alec apertaram-se as mãos.

Uma menina pequena e morena como ébano, mas com olhos incrivelmente verdes a encarou com um riso brincalhão.

– Joana, filha de Hermes- Joana abraçou Alec e voltou de mãos vazias pela primeira vez, pois o garoto não tinha nada nos bolsos.

Outra garota se aproximou então, muito linda, com a pele dourada, cabelo longo e loiro, mas com toda a parte média e das pontas pintadas de azul em diferentes tons, ela usava uma trança lateral e seus olhos castanhos brilhavam ao se aproximar de Alec, o garoto notou que eles pareciam mudar levemente de cor.

– Fay, filha de Íris. Muito prazer- Fay abraçou desajeitadamente Alec, mas o garoto nem se importou muito com isso, apenas sentia o momento.

Ele foi quebrado quando o último garoto se apresentou de forma rude, quase empurrando Fay para o lado. O garoto de cabelo e olhos castanhos se apresentou como Féres, filho de Ares.

Tão logo se apresentaram, os cinco partiram com a ajuda de Argos, o guarda do acampamento Meio- Sangue que possui olhos em todas as partes do corpo, que fora como piloto da velha caminhonete vermelha.

A jornada foi longa e nenhum campista estava a fim de conversar, apenas as duas meninas, Fay e Joana que estavam num canto da caçamba falando alegremente sobre roupas e essas coisas de meninas.

Quando chegaram, Alec ficou pasmo ao ver como sua casa parecia mais um campo de batalha. Antes, a casa era toda linda, com dois pisos, cor de creme com uma cerca e janelas brancas e um belo pátio com uma grama verde e saudável. Havia árvores frutíferas ao redor da casa e muitas flores, mas agora o cenário era outro.

A cerca estava quase toda destruída, a grama fora arrancada em muitas partes e onde o sangue dos monstros pingara, a grama secara. As árvores eram apenas tocos irregulares e havia galhos de árvore para todo canto, mas a casa era o mais desolador. A parte da frente, onde ficava a porta de carvalho fora arrancada do tamanho do Lestrigão e havia lascas de madeira para todo lado, alguns móveis jaziam pela frente, esquecidos.

Alec foi o primeiro a entrar lentamente, com a adaga empunhada e com um brilho de choro nos olhos, pois aquela fora a única casa que tivera e agora ele sentia uma parte dele morrer junto com toda aquela destruição.

O jovem semideus viu que a sala continuava praticamente a mesma, apesar dos estragos que o Lestrigão fizera, mas o segundo andar estava totalmente salvo, sem nenhuma poeira da luta para contar história e isso o deixou meio aliviado, mas mesmo assim, o vazio dele parecia preencher cada canto da casa.

– Alec! Corre aqui atrás!- Gritou Math dos fundos da casa.

O garoto correu escada a baixo, temendo um segundo ataque e saiu aos tropeços para os fundos, mas chegou todo esbaforido para encontrar os outros de cabeça baixa, com as armas na bainha, em tom de luto.

Foi então que Alec viu os corpos dos pais, separados por uma pequena distância e o garoto segurou com todas as suas forças as lágrimas que ameaçavam cair.

– Mãe! Pai!- Alec correu até o corpo do pai que estava numa posição serena e o chamou, colou o ouvido no peito do pai, mas não sentiu nenhum batimento de vida e desolado compreendeu que o pai já não estava mais com ele.

Os outros permaneciam num silêncio respeitoso, compadecendo da dor do jovem campista.

Alec foi então a passos lentos para a mãe, que estava a uma pequena distância e dessa vez não procurou por batimentos, seu coração estava machucado demais para ser decepcionado novamente e enquanto chorava de cabeça baixa sentiu uma mão fraca o cutucando, instintivamente ele procurou a mão e a apertou na mesma intensidade.

– Alec... – A voz sussurrou e com espanto o garoto viu que era a mãe, Rovena, quem falava.

– Mãe!- O garoto gritou de felicidade em ver a mãe viva e os outros soltaram suspiros de surpresa, pois não haviam percebido o lento movimento de vai e vem do peito da mulher.

– Alec...Estou tenho pouco tempo... Não sei quanto me resta.Escute-me. -Rovena falava em tom baixo, por falta de força e com muita dificuldade, mas pelo filho ela sempre tinha mais um pouco de energia.

A mãe tirou a mão do machucado da barriga e acariciou o rosto do filho e reparou que onde ela tocara nele ficara um rastro de sangue, seu sangue. Uma lágrima solitária escapou da mulher, mas ela reprimiu as outras, tinha que guardar as forças para falar com o filho.

– Tem uma profecia... E você está nela. Seja o herói que eu e seu pai o treinamos para ser- A mãe deu um longo suspiro e puxou a mão do filho para pressionar o machucado com mais força, impedindo o sangue de sair de seu machucado.

– Lá no meu quarto tem um livro falso. Aquele vermelho da coleção gigante. Pegue-o, lá contém tudo o que você deve saber- A mãe fez uma careta de dor, mas continuou.

– Eu e seu pai vivemos por você Alec e vamos morrer por você, como deve ser. Continue o nosso legado, seja um herói. Adeus- A mãe sorriu e fechou lentamente os olhos, pois ela não tinha mais forças. Suas últimas palavras foram sussurradas e doloridas e agora ela via sua força se esvaindo com rapidez.

– Mãe! Não! Fique comigo!- Alec começou a chorar, mas os outros tomaram as rédeas da situação.

Math utilizou seus poderes de cura provenientes do sol para fechar o machucado de Rovena e a estava examinando com cuidado enquanto Féres vigiava para um possível ataque de monstros. Fay e Joana acalmavam Alec.

– Ela está estabilizada, pegue o que você quiser da casa e vamos logo, ainda podemos salvá-la- Disse Math.

Alec assentiu e correu para dentro da casa, mas no caminho pegou a espada da mãe para guarda-la junto a casa, ele não queria portá-la.

O garoto chegou ao quarto dos pais e foi direto para o armeiro que ficava atrás da estante de livros e a guardou lá com muito esmero. Foi então pegar o livro vermelho gigante que a mãe nunca o deixara tocar e agora entendia por que. Quando Alec chegou ao quarto preto que era o seu, sentiu uma dor aguda de tristeza, pois não queria deixa-lo, mas mesmo assim, pegou uma mochila qualquer e jogou todas as roupas que couberam nela, então pegou outra e guardou alguns livros e materiais que julgou útil e numa terceira colocou suas adagas, pegou as duas lâminas de ferro Estígio do pai e algumas outras armas variadas, assim como néctar e ambrosia.

Alec chegou ao fundo da casa com três mochilas e estava um pouco vermelho pelo cansaço, mas viu que seus amigos estavam o esperando com um olhar de pena.

– O que foi?- Alec perguntou.

– O que quer fazer com o corpo de seu pai?- Féres perguntou duramente.

– Vamos levar ao acampamento e vamos cremá-lo, como um herói que foi e é- Alec respondeu e os amigos assentiram, Math e Féres pegaram o corpo falecido de Jace e juntos o levaram para a caminhonete, já Fay e Joana ajudaram Alec a levar as mochilas pesadas.

Durante todo o trajeto de volta Alec segurou a mão da mãe e checava constantemente o pulso dela ao ver as falhas na respiração lenta e curta. No fundo de seu coração, sabia que a mãe não conseguiria viver sem o pai, mas seu egoísmo gritava pela presença dela e com ardor rogou aos deuses que ela vivesse uns anos mais, para guia-lo como ela fizera durante todos esses anos, mas os deuses estavam em pé de guerra e nenhum deles ouviu as preces chorosas do garoto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim. Espero que vocês se apaixonem pela Rov e pelo Jace como eu sou. Eles são protagonistas da trilogia Athenas que conta com Athenas, O Renegado e Ponto de Atração, pra quem quiser saber mais do passado deles, é só ler alguma das fics (e comentar, claro).
Deixem as opiniões e tudo tal.
Até sábado com o próximo capítulo:
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“Quando as chamas de fogo lamberam os cachões, um silêncio respeitoso se instalou em todos os campistas. No silêncio podia ser ouvido o som da natureza, dos grilos cantando e das árvores balançando e também do fogo crepitando levando embora o lamento fúnebre de todo o Acampamento Meio- Sangue.”
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E HOJE TEM SUPERNATURAL MINHA GENTE EP 14 MAHOEEE BORA VER!
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Bjs amo vcs