Graecus escrita por Duplicata


Capítulo 20
O caminho da Magia


Notas iniciais do capítulo

Demorei um dia a mais para postar, mas por uma boa causa, é que o BC para esse capítulo não estava pronto ainda e hoje ele ficou pronto e digo uma coisa: Ficou lindo!
É assim que eu imagino Hécate, espero que achem legal.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475808/chapter/20

“Não é um tolo. Também quero proteger minha senhora Hécate, mas também quero me proteger, proteger meu chalé, proteger minha mãe Athena, meu acampamento e todas as pessoas inocentes do mundo. Seríamos tolos se achássemos que em momentos como estes estamos seguros, pois nem os deuses estão.”

–-----------------------------------------------------

Durante dois dias inteiros Alec treinou com Artémis e com Apolo, o deus dos arqueiros. O jovem semideus estava começando a melhorar, pois em suas flechas agora estava um peso extra, fazendo com que parecessem o peso de uma adaga e arremessar adagas ele sabia muito bem.

Mas o importante desses dias não foi os treinos de Alec, nem Apolo tentando flertar com as caçadoras de sua celestial irmã ou os desastres naturais que começavam a aparecer com mais força, agora que a ilha de Sardenha na Itália havia sumido assim como fora com Atlântida um dia. O que mais importou foi a comitiva de dois filhos e dois seguidores de Hécate que foram em busca de sua senhora, que se encontrava no Olimpo para uma conferência com Zeus para responder sobre algumas mortes estranhas que estavam acontecendo em que o deus dos deuses suspeitava de magia.

Hermine, filha de Athena e seguidora de Hécate estava pronta para sair no dia do primeiro treino de Artémis com Alec, pois sabia que deveria fazer o percurso de sua senhora o mais seguro possível, por isso levou sua espada Elite de bronze celestial comum junto e usou uma roupa flexível para caso de batalha e por cima usou sua capa de sacerdotisa, em um tom escuro de roxo.

Junto com Hermine, a líder dos quatro semideuses, estava Laurel, filha de Deméter e também uma seguidora dos ensinamentos da deusa e dois filhos de Hécate, Keennan e Misha de 17 e 15 anos, respectivamente, e ambos morenos como ébano, utilizando o mesmo estilo de vestimenta de Hermine, mas com capa azul celeste escuro, com leves estrelas brilhando.

Assim que os quatro semideuses partiram, Hermine tomou a liderança juntamente com Keenan, por serem os mais velhos e juntos partiram na escuridão da noite, com as capas balançando com o sopro de vento, misturando-se em meio ao breu da escuridão.

– Não acredito que vou conhecer a senhora Hécate- Disse Laurel animadamente, com sua adaga em punho para qualquer tipo de ameaça.

– Só não nos desonre Laurel, temos que ser educados para com nossa senhora- Disse Keenan já vendo como seria a atitude da jovem menina de 12 anos.

– Não farei nada errado Keen! Que coisa!- Laurel resmungou.

– Calem-se! Escutaram?- Hermine parou subitamente e apurou a audição, escutando um leve estalar de folhas ficando cada vez mais perto.

– Subam na árvore!- Keenan disse aos dois mais jovens e Laurel e Misha subiram rapidamente nas árvores mais próximas, deixando Hermine e Keenan lá em baixo.

– E vocês?- Sussurrou Misha.

– Psiu!

Hermine e Keenan se enrolaram em suas capas, colocando o capuz e se esconderam atrás de uma moita, ficaram em silêncio absoluto, se misturando em meio a mata e a noite escura. Hermine apagou sua pedra de luz e os dois ficaram quietos, esperando os passos que soavam cada vez mais próximos.

– Aquela Hécate vai vir para cá- Disse uma voz cortante como uma lâmina.

– Não sem escolta. Temos que pegar a escolta dela antes que cheguem até a cidade, ainda estão nos limites da floresta e vão aparecer- Disse uma segunda voz, mais rude.

– Eles sempre fazem tanto barulho e hoje está tudo muito silencioso- Comentou a primeira voz se aproximando mais ainda.

– E se fizermos algo para atraí-los? Você sabe fazer umas vozes infantis que devem convencê-los, então eles virão correndo até nós e nós o mataremos e então nosso Senhor ficará satisfeito conosco e talvez ele nos eleve de padrão e não vamos mais precisar matar gregos inúteis e sim os traidores do nosso povo- Disse a segunda voz e depois riu ao pegar uma enorme tora de madeira e bater numa árvore próxima a Laurel.

– É um bom plano, mas você sabe como é o nosso Senhor, ele não recompensa por um feito apenas, temos que pegar Hécate para ele e então poderemos nos elevar no caminho dele- A primeira voz sentou da árvore em que o outro tinha batido e pelas sombras de suas lamparinas os semideuses repararam que não se tratava propriamente de um monstro, mas de dois gigantes com estranhas pinturas no rosto e mãos, como uma linguagem secreta.

– Então comece- Disse o segundo e quando o plano dos gigantes era colocado em ação, Hermine e Keenan também tinham os deles. Os dois eram os mais avançados nos estudos de magia e com um pouco de concentração e umas palavras murmuradas, os dois fizeram cópias de si aparecendo do outro lado, correndo para os gigantes.

– Ali!- Gritou o segundo.

– Pegue-os Otto!- Gritou o sem nome.

– Grrr!- Grunhiu Otto, correndo atrás dos garotos.

O Sem Nome foi atrás de Otto, mas com mais cautela e Keenan desembainhou sua espada longa de bronze celestial, correu furtivamente até o Sem Nome e se misturando com a escuridão, tornou-se invisível. Com um golpe único e certeiro Keenan acertou o gigante no coração, ele ainda brandiu os braços gordos para frente, tentando agarrar o que o matara, mas foi impossível e assim que o seguidor de Hécate tirou a espada do corpo do gigante ele murmurou palavras de agradecimento à proteção de sua deusa.

Otto continuava correndo em círculo atrás dos semideuses e sem que reparasse, passou bem em baixo da árvore de Misha, o garoto vendo a oportunidade, caiu nas costas do gigante, tentando alcançar a espada ao mesmo tempo em que murmura palavras de um antigo feitiço, destinado ao sono. Aos poucos o gigante foi se movendo mais lentamente, murmurando “Jukil, Jukil, Jukil”, o nome do outro gigante. Quando Misha finalmente tirou sua adaga do cinto, Hermine já tinha cravado Elite bem na barriga do gigante e olhava brava para ele.

Assim que o perigo se foi e os semideuses limparam suas espadas do líquido verde escuro pegajoso, todos se juntaram em um círculo, colocaram seus capuzes sobre as cabeças e juntos murmuram à prece em agradecimento a proteção e aos ensinamentos de sua senhora.

“Eu sou a Deusa, eu sou a Bruxa

Eu sou aquela que ilumina e protege

O poder da Grande Mãe está dentro de mim

Que a Grande Mãe

Encha de frutos a árvore da minha vida

Grande Deusa que habita dentro de mim

Santifica cada palavra minha e cada ato meu

Afasta cada sombra da minha vida

Ilumina todas as minhas estações

Torna-me forte na dor

Torna-me belo no amor

Que o teu nome e o teu poder

Sejam sempre o meu nome e o meu poder

Assim sempre foi, assim sempre será”

– Nunca mais faça algo tão imprudente como aquilo Misha!- Hermine começou com o sermão assim que se puseram em movimento novamente.

– A Hermi tem razão, você foi muito inconsequente! Pular num gigante sem ter nem uma adaga na mão?- Keenan apoiou a garota mais velha, pois sabia que o irmão tinha menos conhecimento no caminho da deusa da magia do que ele.

– Eu sei, me desculpem. Mas eu fiz o feitiço do sono e deu certo. Sem ele você nem teria chance de chegar perto dele Hermi- Disse Misha desafiando os avisos dos mais velhos, como só os jovens e inconsequentes sabem fazer.

– Ah claro. Você tem anos a mais de experiência do que eu em luta e no caminho da deusa me desculpe Misha- Hermine ironizou, sem acreditar em como o garoto poderia ser tão irritante, por mais talentoso que pudesse ser.

A noite estava no seu auge e apenas a luz da lua e das estrelas os guiavam na escuridão, mas assim que chegaram ao primeiro campo aberto, eles pararam para invocar a deusa. Os semideuses não precisavam propriamente ir até o Olimpo e buscá-la, podiam invocá-la, mas isso deveria ser feito fora do acampamento e no campo aberto, sem árvores e nada que atrapalhe a luz da lua e das estrelas.

Enquanto Misha e Laurel montavam um circulo com um pentagrama no meio para receberem a deusa em segurança, Hermine e Keenan discutiam num canto sobre o que os gigantes haviam dito.

– Quem você acha que é o Senhor deles?- Perguntou Keenan enquanto murmurava um feitiço para deixar sua capa imaculada como sempre, livre do sangue verde e viscoso dos gigantes.

– Não sei. Pode ser qualquer Titã ou monstro maior- Hermine respondeu olhando para as estrelas tão luminosas como sua senhora.

– Ele disse que deveria pegar Hécate porque ela tem as respostas, possivelmente, então a nossa senhora é a chave para tudo isso, tudo que está acontecendo. Temos de mantê-la a salvo- Disse Keenan.

– Todos nós temos de nos manter a salvo. A noite é sombria e cheia de terrores e não cabe a nós defender tanto assim nossa Senhora, ela é a deusa da magia, sabe tudo no mundo relacionado a essa arte e certamente com um estalar de dedos ela pode acabar com todos os inimigos- Hermine respondeu com certeza, lembrando-se de como estudara tudo o que podia sobre a deusa da magia.

– Tens razão. Sou um tolo- Keennan se queixou, olhando para o chão de grama verde.

– Não é um tolo. Também quero proteger minha senhora Hécate, mas também quero me proteger, proteger meu chalé, proteger minha mãe Athena, meu acampamento e todas as pessoas inocentes do mundo. Seríamos tolos se achássemos que em momentos como estes estamos seguros, pois nem os deuses estão.

Keenan não respondeu, pois não sabia o que dizer a menina. Ela sempre fora muito inteligente, ligada a filosofia e a pensamentos críticos e profundos sobre qualquer coisa e geralmente causava o efeito de monólogo com as pessoas, pois geralmente quando ela falava sobre algo, a outra pessoa não tinha uma resposta a altura.

O filho de Hécate foi salvo por seu irmão, Misha que veio avisar que tudo estava pronto.

Assim que chegaram ao local da invocação da deusa, viram que os jovens tinham trabalhado bem. Misha havia feito um pentagrama perfeito dentro de um círculo com o brilho das estrelas, que nada mais era do que um feitiço de iluminação. Esse era o primeiro feitiço que os seguidores da deusa aprendiam, para invocá-la na necessidade.

Hermine tomou seu lugar em frente ao pentagrama, o símbolo de proteção mais potente usado no chalé de Hécate e entoou em forma de cântico as palavras que aprendera de um velho livro verde.

“Eu invoco a Grande Deusa,

Senhora de todas as coisas

Oh! Grande Mãe me abençoe através de Seu poder

Senhora dos encantos da noite,

Senhora dos mistérios da Magia

Que a sua bênção se espalhe sobre mim!

Que os seus poderes e encantos sempre

Conspirem ao meu favor

Oh! Senhora do céu noturno,

Deusa da Madrugada

Oh! Deusa das três faces,

Traga-me os Dons da Lua!

Na Crescente me de coragem,

Na Cheia invada-me com teu amor.

Na Minguante traga-me sabedoria!

Dançaremos e cantaremos em volta do circulo,

Na hora noturna do feitiço

Traga boa sorte para nós que temos fé

E venha até nós nesse símbolo de proteção.

Pelo poder de seu nome

Que assim seja

E que assim se faça!”

Todos os garotos suspiram quando em um estalo de luz divina, Hécate apareceu a frente de seus filhos e seguidores, usando um vestido negro como noite e sobre ele uma capa tão negra e luminosa como se tivesse sido um pedaço do céu. A deusa dos longos cabelos de ébano olhou com seus olhos negros para as crianças e seu sorriso iluminou cada canto de todo o vasto campo.

– Meus filhos e seguidores, respondi ao seu chamado e agradeço-lhes por tamanha dedicação que dispõem sobre mim- A deusa sorriu e sua imagem parecia tremular um pouco, mostrando suas três faces.

– Minha deusa, é uma honra conhecê-la. Meu nome é Hermine e sou sua sacerdotisa e sempre estou ao seu serviço- Hermine tirou o capuz e abaixou a cabeça, numa reverência.

– Também é uma honra conhecer minha sacerdotisa- Hécate sorriu e olhou para os filhos- Misha e Keenan, é muito bom ver em como seguem fielmente meu caminho, meus filhos.

A deusa sorriu ternamente e os dois jovens coraram ao conhecer a mãe, consternados em demasia para dizer algo.

– E você é Laurel... – A deusa mal terminou a fala e a menina correu até ela e se jogou em seus braços, a deusa riu de divertimento e abraçou sua seguidora com carinho- Sim, é a doce Laurel.

– Laurel!- Ralhou Keenan, mas a menina fingiu não ouvir e ficou ao lado da deusa.

– Tenho um presente a vocês por terem vindo me buscar- A deusa chegou perto de Laurel e soprou sobre seus olhos, depois a abraçou novamente e murmurou algumas palavras, a menina agradeceu, mesmo sem saber o que era.

O mesmo aconteceu com os outros três jovens e todos agradeceram, mas ninguém tinha ideia do que era aquele presente, que era um feitiço todos tinham notado, mas não sabia para quê.

– Olhem meus filhos e vejam como a noite é clara e tão luminosa como qualquer manhã ensolarada- A deusa disse e os filhos obedeceram, olhando em volta e foi então que repararam que a noite não parecia mais escura e que todos os cantos sombrios, de repente, passaram a ser claros.

– Oh! Obrigado pelo presente minha senhora e mãe- Disse Misha.

– Podemos ir para o acampamento agora que enxergam como eu e sei que serão guardiões melhores agora- A deusa saiu de sua proteção e juntos eles enfrentaram uma floresta que agora não estava mais tão escura e cheia de terrores, como se todo o mal tivesse ido embora para o caminho da Magia ser feito, ofuscado com todo o brilho e pureza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse cap particularmente grande. As orações e invocamentos não são de minha autoria, foram tirados de sites que eram dedicados a Hécate.
Agora falta muito pouco para os semideuses saírem em missão, pois a tríade divina está composta, Ártemis, Apolo e Hécate serão os deuses que vão dar uma luz ao caminho do Alec.
—-
Próx cap:
“Sabem a história de Athena e Aracne e como tudo aconteceu no final. Pois bem, essa é uma revanche.”
—-
Bjs bjs até domingo!