Percy Jackson e as alianças de Ouro escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, daqui pra frente as coisas vão ficar mais animadas.
Espero que gostem.



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Acordei com o cheiro de ovos mexidos e bacon vindo da cozinha. Desde que viemos morar juntos Annabeth acordava mais cedo para fazer o café, ela pegava o jornal e deixava em cima da mesa, ligava a TV e me esperava com uma xícara de chocolate, todas as manhas.

Me estiquei e me vesti. Eu ainda estava meio perdido, como em todas as manhas. Peguei as chaves do carro e coloquei no bolso, arrumei as coisas que eu precisaria levar e deixei junto ao jornal na mesa.

Annabeth ainda estava de pijama- Que na verdade, era uma camisa minha- seu cabelo estava preso num rabo e se movimentava pra todos os lados da cozinha, limpando a louça e guardando. Ela me olhou e sorriu, dei um beijo nela quando me aproximei. Peguei minha xícara e me sentei para comer torradas, ovos e bacon. Ela terminou de limpar a bagunça antes de se sentar.

–Bom dia- Ela passou manteiga na torrada- Dormiu bem?

Annabeth sorriu da mesma maneira de antes

–Perfeitamente, mas...- esperei que ela se concentrasse em mim antes de continuar- Queria muito saber qual é o motivo da sua risada. E você ainda está rindo dela.

Ela deu um gole em seu café e terminou de comer. De repente o sorriso em seu rosto desapareceu. Quis voltar no tempo e não ter perguntado nada, mas ela me olhou e deu mais um gole em sua xícara.

–Estava ouvindo a TV ontem enquanto estudava.Estava no canal de humor, só isso.

Annabeth se levantou e tirou seu prato. Foi para a sala e começou a ajeitar suas coisas para a aula.

–Hoje vou nos Jankers- comentou ela- Pelo menos aquela garota não me dá trabalho.

Annabeth adorava dar aulas particulares para filhos de semideuses com défice de atenção e dislexia. Mas ambos de nós sabíamos que logo ela largaria seu trabalho temporário como professora para fazer o que mais gostava, seu sonho desde pequena, ser arquiteta.

Em poucos meses ela receberia autorização para fazer estágio numa construtora, e eu em pouco tempo receberia aval para exercer e realizar as pesquisas marinhas.

Se nossos planos dessem certo, nossa renda aumentaria consideravelmente, e nos sobraria dinheiro para investir em um projeto maior.

–Por pouco tempo- dei um beijo em sua bochecha e peguei minhas coisas- Logo estaremos colocando em prática o que estamos estudando. E você não vai mais precisar dar aulas...

Ela suspirou de alivio.

– Não vamos mais ficar no aperto- ela sorriu suave.

–Não vamos- concordei. Eram só um pensamento mais além, mais no futuro. Mas só de pensar nelas o peso das minhas costas diminuía. Era como se eu estivesse segurando os céus de novo e finalmente eu pudesse soltá-lo.

Abri a porta e me despedi de Annabeth. Ela segurou minha mão e apontou para o relógio.

–Aonde você vai? Ainda faltam quinze minutos!

Entrei para dentro de casa, estava quinze minutos adiantado então podia assistir TV com Annabeth antes de ir para o trabalho.

Na TV o jornal dava as noticias dos Estados Unidos e o resto do países que estavam passando por algum tormento. Em Nova Iorque as coisas não iam bem, perto do rio Hudson um encanamento de gás de cozinha estourou. A região atingida da cidade estava cercada por faixas, até fecharem os registros, acabando com o risco de explosões.

No Brasil, o país da copa, mais um estádio estava atrasado, deixando os diretores e responsáveis e todo o comitê organizador da CBF e FIFA preocupados com prazos.

Nos países baixos havia guerra, na Europa crise. E em Nova Roma, calor e uma movimentação estranha no centro, perto da prefeitura.

–Você vai ter que passar por esse transito- disse Annabeth- Não tem como desviar disso?

Pedi que ela me deixasse ouvir o jornal. A repórter dizia que era alguma interferência de um deus no centro da cidade, provavelmente um objeto perdido e agora esse deus tinha enviado uma equipe para recuperá-lo.

–Pelo menos ninguém vai nos pedir ajuda- comentei, me lembrando da vez em que ajudamos Hermes com seu caduceu.

Annabeth assentiu- Espero que já tenham encontrado quando estiver voltando pra casa. Hoje temos nosso jantar, não se esqueça.

Olhei para ela. Era quase impossível esquecer de algo que esperei tanto tempo. Namorávamos desde os dezesseis anos e finalmente eu ia a pedir em casamento. Com a minha sorte algo ruim aconteceria, como os deuses descerem em sua forma mortal para me pedir favores, eu ficar preso no trânsito e ficar tarde demais para sairmos, ou meu nervosismo me fazer ir parar no hospital. Por isso antes de sair de casa queria colocar as coisas dento do carro: As alianças e as flores, e depois acender uma vela para Poseidon.

–Não vou esquecer. Prometo- Me levantei e fui até nosso quarto da bagunça. Esvaziei uma caixa de papelão e fui sorrateiro até nosso quarto, abri a porta do meu lado do armário e coloquei as flores- que estavam meio secas- e a caixa das alianças dentro da caixa de papel. Para disfarçar procurei algumas folhas soltas dentro do armário, ao lado de onde estava as flores e as alianças, havia uma pilha de roupa que mais tarde eu teria que guardar.Peguei um casaco e joguei por cima da caixa.

Sai como se não tivesse feito nada de especial. Parei na sala para me despedir dela mais uma vez.

–O que tem ai dentro?- Annabeth olhou para a caixa depois para mim, olhou a caixa por alguns segundos e tirou meu casaco de dentro dela, deixando as folhas á mostra- Vai levar um casaco? Não viu o calor que está fazendo?

Ela estava desconfiada.

–É que... er, eu... eu vou deixar numa loja de costura. Está com um rasgo embaixo da manga- peguei o casaco da mão dela e enfiei dentro da caixa junto com os papéis.

–Percy... eu passei isso ontem.

Esperei que ela tirasse a caixa das minhas mãos e descobrisse o que eu estava aprontando. Mas ao invés de um rosto de fúria, havia um sorriso risonho nos seus lábios. Ela estava fazendo força para não deixa-lo escapar.

Aquilo estava me deixando louco.

–Furou quando você deixou dentro do...guarda roupa....droga.

Agora seu comportamento fazia todo sentido. Ela estava feliz, estava rindo porque já tinha descoberto meu plano quando colocou as roupas já passadas dentro do guarda roupa para que eu guardasse. Eu nem tinha pensado em esconder, já que ela só o abria para guardar as roupas que eu deixava para fora, e naquele dia, as roupas estavam para passar. Fui um completo idiota.

Dessa vez ela não aguentou, deixou seu lindo sorriso cobrir seu rosto. Seu cabelo liso/ondulado cor de areia a deixava ainda mais linda, e eu não conseguia me lembrar de ficar chateado por não manter o segredo por mais de um dia, até a hora do nosso jantar. O poder dela sobre mim ainda era o mesmo.

–Quer que eu peça agora?- Revirei a caixa e peguei a caixinha das alianças.Me ajoelhei em sua frente, ainda meio desnorteado com a descoberta.

–Nem pensar! Vamos fazer as coisas direito.

Me levantei, ela me beijou e apontou para a porta.

–Seus quinze minutos se foram- ela pegou minhas coisas de cima da mesa- Não se atrase, vou ficar te esperando- ela me beijou de novo- Volte logo.

–Eu vou, só não esteja tão mais linda do que agora, se não, não vou conseguir dizer uma palavra- Lhe dei um abraso e peguei a caixa, tirei as flores e lhe entreguei, se não colocássemos água nelas, até a noite elas estariam mortas.

Annabeth sorriu alegremente quando as entreguei.

–São muito bonitas- disse ela- Você tem um excelente gosto.

–Tenho mesmo- Pisquei, ela retribuiu com um sorriso sem graça- Mais tarde, quando sairmos para jantar, vou te comprar um ainda mais bonito que esse.

Ela me deu mais um beijo e fechou a porta.

Resolvi levar as alianças comigo e deixar no carro. Assim, quando eu as ver, vou me lembrar de não me atrasar, e chegarei á tempo de sairmos para jantar.

Desci até o estacionamento e peguei meu carro. Deixei o rádio ligado no jornal para que ele me dissesse como evitar o transito, peguei ruas diferentes dessa vez, e em cada esquina com lojas novas e pessoas diferentes, me fazia lembrar da primeira vez que estive na cidade. Não faziam tantos anos assim, mas ela cresceram monstruosamente desde que a vi pela última vez, depois da profecia dos sete. Nova Roma era uma Nova Iorque na Califórnia, só que menor e pouco conhecida.

Eu sentia falta da minha cidade de nascença, o lugar onde cresci e fui criado. Sentia falta dos parques e das milhares coisas á se fazer, das pessoas e principalmente da minha mãe. Agora que os acampamentos estavam juntos, eu via os detalhes Gregos em toda parte, e isso me deixava mais familiarizado. As crianças aprendiam mitologia grega nas escolas, além das romanas. Nem mesmo os bairros estavam divididos por pais divinos, o que deixava toda a população aliviada- Não teríamos um Apartheid, só que com gregos.

Essa unificação uniu dois grupos de semideuses, além de suas barreiras de proteção, como o velocino e as muralhas romanas. Os templos passaram por reformas, perto do rio que cortava o Acampamento, haviam construído templos para os deuses da água, além de Poseidon- Já que na cidade não havia mar- dentro de Nova Roma haviam mais dezoito só no centro. Para chegar até a prefeitura se passava pelos templos de Hades,Plutão,Zeus e Júpiter, Hera Juno, Atena e Minerva.

Annabeth ficou feliz em saber que estavam construindo um templo para sua mãe, além de Minerva. As duas não eram respeitadas pelos romanos, Atena era vista como a vilã e Minerva como uma deusa menos importante.

O comentarista do jornal falou sobre o objeto perdido de um dos deuses. Eles não sabiam informar de espécie de objeto era, de que deus pertencia, se era grego ou romano, ou se demoraria para ser encontrado. Disse que as barreiras de proteção foram checadas depois do tumulto.

Agora nós acreditávamos que não seriamos atacados ou os deuses nem qualquer outro ser mágico e divino consiga se infiltrar no Acampamento Unificado com facilidade. Mas com as noticias de hoje,acho que os pretores terão que se certificar de que as coisas estão em seus devidos lugares, pela segurança do acampamento.

Eu estava entretido com as informações do rádio que não percebi uma sombra escura passar em frente ao carro. Ela bateu no vidro e na lataria da frente, me fazendo parar no acostamento.

Desci do carro já imaginando o pior, se eu tivesse atropelado alguém, não seria uma coisa legal para se contar á sua namorada bem no dia do seu noivado.

–Meus Deuses, você está...- Deitado no chão, de frente para o para choque, havia um enorme pássaro de penas compridas e negras, um bico curvo na ponta e enorme garras. Em suas costas havia um símbolo de um raio.

–Que sorte- reclamei- matei um gavião de Zeus... ou Júpiter.

Tentei ajudar o pássaro, ou pelo menos tira-lo do meio da rua. Mas quando me aproximei ele grasnou, suas assas enormes taparam minha visão, só pude perceber quando ele entrou dentro carro e parou em cima da caixa.

Aquilo me fez lembrar de um episódio onde um macaco de Hermes rouba as alianças de namoro que daria á Annabeth.

–De novo não!- corri até o carro e tentei fechar a porta, mas ele escapou pelo vidro da janela do passageiro.

Entrei com pressa e revistei a caixa. Os papeis ainda estavam lá, mas a caixa das alianças havia sumido.

Olhei para o outro lado da rua. Meu sangue pulsava nas veias e senti vontade de socar alguma coisa. Ele estava lá,em cima do poste, com a caixinha nas garras, olhando para mim...

Ele estava me desafiando.


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Notas finais do capítulo

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