Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 68
Back To Me


Notas iniciais do capítulo

Volteei nessa joça! o/
Eu sei que sumi, mas não me matem... Eu posso explicar u.u O que dizer desse computador que só inventa de dar pau quando eu mais preciso? E quando ele volta do conserto, pasmem: O roteador resolve me dar uma trollada também ;p
Enfim, resolvidos os problemas, ta aí o cap.
Beijos de luz ♥



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POV Marshall

Meu coração batia mais forte do que ele podia suportar, e eu sabia que aquilo não iria durar, por mais que eu quisesse fazer com que o momento fosse eterno. Já aprendi que nada é como eu quero.

Fionna continuava abraçada a mim, e permaneceu lá por muito tempo. Eu também permaneci, sem ousar me mover, porém proferindo lágrimas incontroláveis. A situação não exigia nenhuma palavra... É um daqueles momentos na vida em que não é necessário falar, apenas sentir. E foi isso o que fizemos.

As batidas no meu peito continuavam aumentando cada vez mais, minhas mãos tremiam e eu soava frio. Eu não estava nada bem e sabia disso, mesmo me recusando a tentar melhorar. Eu não quero ficar bem. Eu só quero morrer, de verdade.

Gradativamente, o som do meu coração retumbando passou a ser a única coisa que eu conseguia ouvir. Não sabia se minha visão estava embasada daquele jeito por conta do choro ou se era mais um efeito da minha fraqueza. Logo depois da audição e visão, meu olfato e tato também foram para os ares. Era como se eu não estivesse mais dentro de mim.

De repente o mundo foi empalidecendo, as coisas ao meu redor desfocaram e meu corpo já não estava sob meu controle. Sucumbi nos braços da coelha, que era imaginária. Nos braços do nada, morri sozinho.

°°°

Abri os olhos e tirei a conclusão de que eu devo ser imortal.

Perdi a conta de quantas vezes eu senti na pele a morte me levando e mudando de ideia logo em seguida. Parece que a vida adora me ver sofrer, esse é o plano que os céus tem pra mim: Me impedir de morrer.

Será que é pedir muito? Será que nem isso eu consigo fazer direito?

Eu sutaria de raiva, se tivesse força suficiente para isso. Apenas engoli seco e olhei em volta, na esperança de estar no paraíso, ou em tipo de sala de julgamento, ou quem sabe até no submundo. Sim, eu preferia estar no submundo a continuar vivendo na terra. O chifrudo talvez seja menos maldoso do que as pessoas, vai saber... nada é tão ruim que não possa piorar, não é mesmo?

Minhas expectativas foram novamente frustradas. Eu continuava no hospital, e não ser que eu tenha virado um tipo de alma penada, continuo vivo.

– Pensei que não ia mais acordar hoje... – Escutei a voz de Cake, falando do meu lado – Já cansou de bancar o babaca? Agora vai me deixar terminar de falar?

– O-que aconteceu? – Ignorei a mesma, levando as mãos á testa – Urgh, porque minha cabeça tá doendo tanto?

– Você desmaiou quando resolveu dar a louca e sair fugindo do mundo, com a barriga vazia e a cabeça cheia. É nisso que dá, eu não te avisei? – A velha chata começou o mimimi.

– Por quanto tempo eu apaguei? – Questionei, me levantando.

– Uns oito meses – Ela respondeu, como se fosse pouco.

– Para o mundo que eu quero descer! Como assim oito meses??? - Continuei a encarando, ela de pé e eu sentado naquela maca dura e fria. Meus olhos arregalados e perplexos, e ela com aquele sorrisinho-quase-nada no rosto, que tanto me irritava.

– Brincadeira – Ela riu, quebrando o silêncio – Você tá aí no máximo umas 3 horas.

– Meu... – As palavras me faltaram – Você tem algum tipo de doença? Quer me matar do coração? – Me joguei pra trás, encarando o teto – Eu não sei de onde eu tiro tanta paz de espírito pra lidar com você.

– Digo o mesmo – Ela suspirou, se sentando em uma cadeira em frente a cama – Como está se sentindo?

– Como se uma manada de elefantes tivesse me pisoteado – Respondi – Eu não consigo pensar em nenhuma parte do meu corpo que não esteja doendo.

– Não estou falando fisicamente, idiota – Ela revirou os olhos – Quero saber como é que você tá aqui dentro – E cutucou minha testa

– Não tem nada aí – Tirei sua mão – Nunca estive mais vazio.

– Seu estado é deprimente – Sua expressão era compassiva

– Eu sei – Fechei os olhos – Você tá me deprimindo ainda mais.

– Imagino que sim – Ela coçou a nuca – Olha, foi mal por hoje mais cedo... Eu deveria ter te explicado direito, ir direto ao ponto, antes que você entendesse tudo errado. É sempre isso o que você faz... Não escuta a história até o final e já começa a surtar.

– Você dá muitas voltas até chegar ao que importa – Bufei – Enfim, o que você tem pra me contar dessa vez? Seja breve, eu tô tentando morrer aqui.

– Se você me deixar explicar dessa vez... – Ela começou – O que eu estava tentando te dizer hoje mais cedo, foi que desligaram as máquinas da Fi...

– Você não precisa me lembrar disso, já estou mal o suficiente...

– Calado! – Ela tapou minha boca – Deixa eu falar! Só escuta!

Ela se recompôs, baixando o tom da voz e recuperando a calma.

– ... Então, eles não desligaram as máquinas da Fi porque ela morreu – Ela olhou em meus olhos – Eles desligaram porque ela acordou.

Eu poderia dar outro ataque e desmaiar ali na mesma hora. Já estava na maca mesmo... Mas ao invés disso, involuntariamente, arqueei as sobrancelhas e abri a boca pra dizer algo, mas nada saía.

Logo eu, que sempre tive uma resposta na ponta da língua, que sempre sabia o que dizer, neste momento as palavras me faltaram. Eu não sabia o que falar, nem como agir e muito menos o que fazer.

É um choque que você não espera receber, algo que não dá pra acreditar... Eu não sabia exatamente o que estava sentindo, nem ao menos sabia que aquilo era real ou estava sonhando... Hoje em dia eu não consigo mais acreditar na minha própria mente. Mas se aquilo fosse verdade, se de fato, Fionna estivesse viva, significa que o incidente á 3 horas atrás, naquele quarto, não havia sido loucura da minha cabeça.

Eu realmente havia a abraçado, sentido seu cheio e escutado sua voz. E ela estava viva, bem aqui nesse hospital. É como se todo o mundo voltasse a girar, a vida retornasse a cor e minha alma voltasse a ser o que era antes.

Isso é demais pro meu coração, sério. Eu mal podia conter a confusão de sentimentos que estavam vivos dentro de mim agora. Tudo o que eu consegui dizer foi:

– Vo-você quer dizer que...

– Sim – Ela me interrompeu, com um sorriso no rosto e olhos brilhando, quase marejados – Ela está viva.

POV Finn

Dou um biscoito (ou bolacha) pra quem adivinhar quem foi o emo não compreendido que surtou mais uma vez, entendeu tudo errado só pra variar, desmaiou de fraqueza e foi parar na UTI, graças á uma história mal explicada. Isso mesmo, o gênio Marshall Lee Eu-Me-Corto Abadeer! Na boa cara, esse guri merece um prêmio: Depois de tudo o que ele já passou, quando as coisas finalmente começam a dar certo ele inventa de morrer.

Pelo menos isso foi o que todos pensaram antes de levarem o mesmo ás pressas para a sala de enfermagem. Calma, eu explico do começo:

A treta começou quando Cake e Flame resolveram fazer uma “brincadeira” com o vampiro (ótima ideia, por sinal) e contaram que tinham desligado as máquinas que permitiam que Fionna sobrevivesse. Só esqueceram de contar que ela estava viva (detalhe irrelevante, né gente).

O retardado saiu correndo e chorando até o quarto da coelha e encontrou a sala vazia. Enquanto isso, na recepção, Cake tentava explicar como o plano tinha dado miseravelmente errado para Flame, que contou pra Fionna, assim que a mesma chegou.

Minha irmã, com seu poço de bondade, calma e compreensão, mesmo ainda meio fraquinha, subiu as escadarias e encontrou o idiota do Lee se acabando de chorar e o abraçou. Seria uma boa, tudo estaria esclarecido, se aquele drogado não tivesse achado que ela era uma alucinação da cabeça dele.

O resultado foi que ele apagou ali mesmo, do nada. A coelha se desesperou um pouco (talvez MUITO) e chamou os paramédicos, que rapidamente o levaram até uma maca, o dirigindo até aquela ala de internados, onde ele continua até agora.

O diagnóstico que o doutor nos deu foi que ele apagou devido á um stress muito grande, longo período sem ingerir nada e altos índices de nicotina, junto com um pouco de heroína diluída em muito álcool e éter. Um porre suficiente pra matar um cara com o dobro de sua força.

Realmente, o apelido de “vampiro” nunca foi tão bem empregado: Além de ser mais transparente que o Gasparzinho, o maluco parece não morrer nunca.

Enfim, o negócio é que ninguém sabe quando ele vai acordar. O foda é que Fionna continua se derramando em lágrimas no meu ombro, enquanto eu a abraço e digo que vai ficar tudo bem com ele. Dar apoio moral não é meu forte, realmente, eu preferia estar morto no lugar do Marshall do que ter que ver essa menina chorar.

O único barulho que eu escuto é o choramingo da coelha, já que ninguém se dispõe a dizer uma única palavra naquele clima de velório, até parece que ele já morreu.

Cake se sentiu culpada por ter causado toda essa treta, e resolveu que só iria sair dali quando ele acordasse. E como eu supus que isso demoraria séculos, juntei toda a solidariedade que me faltava e resolvi levar algo pra ela. Porque ninguém merece ficar horas encarando a cara do Marshall sem comer nada.

Ela não era a melhor irmã do mundo, mas mesmo assim, eu me importava um pouco.

Deixei Fionna com Flame e Marcy e me levantei, sem dar explicação alguma, descendo o corredor e parando na frente da máquina de café. Peguei dois Cappuccinos e fui em direção onde a gata estava. Bati na porta e entrei.

– ...Sim, ela está viva – Foi o que eu escutei ela dizer.

O silêncio continuava absoluto. Coloquei os copos no criado mudo e arqueei a sobrancelha, dizendo:

– Ninguém merece mais um louco na família... – Disse baixo – Você tá falando sozinha?

Ela se virou pra mim, com um sorriso de canto e fez sinal negativo com a cabeça, inclinando-a para a esquerda, na direção do vampiro. Me virei para o mesmo, ainda confuso e pude ver que ela não havia enlouquecido – Ele havia acordado.

Mesmo não ligando para esse emo, e achando que ele só serve pra criar confusão, na maioria das vezes, eu senti um alívio por ver que ele estava bem. Assim como Cake, ele não era o melhor cunhado do mundo, mas... Ah, tanto faz. O importante é que ele está bem e que a Fionna vai parar de chorar no meu ouvido.

E na emoção do momento, eu sorri, e disse algo que veio do fundo do meu coração:

– E aí seu emo, cansou de bancar o viadinho?

Cake deu meia volta.

– Nossa... estou feliz em te ver também, cara – Respondeu depois de um tempo. Ele ainda estava digerindo a notícia de que o amor da sua vida estava á salvo... E que, para a sorte dele, ele não conseguiu matá-la sem querer, mais uma vez.

– Pena que eu não posso dizer o mesmo – Tirei uma com sua cara, pra tentar aliviar a tensão do momento – Você tá tão magro que tem que tomar banho de braços abertos, tá ligado? Pra não descer pelo ralo.

– Criativíssimo você – Cake levou a mão á testa e deu uma risada contida.

– Muito obrigada, Finn – Ele sorriu – Como sempre, você tá me ajudando bastante.

– Nah, que isso... – Dei meio riso, num tom de sarcasmo – É a minha obrigação, cunhadinho.

– É bom te de ver de volta – Ele disse baixo. Não tenho certeza se isso foi ironia ou sinceridade de sua parte.

– É... apesar de você ser um pé-no-saco... É bom te ver também – Disse mesmo assim – De verdade.

– Valeu – Ele sorriu com os olhos, que voltaram a brilhar. Ele parecia feliz... um tipo de felicidade contida.

– Bom, acho que eu já atrapalhei bastante... Só vim deixar isso aqui, pra você não morrer de fome, como um certo Marshall por aí – Me virei pra Cake, entregando-a o copo de Cappuccino.

– Own, valeu irmãozinho – Ela me deu um beijo na bochecha e bagunçou meu cabelo. Como eu odeio quando ela faz isso...

– Tá, tá, sem mais afeto! – Me desvencilhei – Eu sei que eu sou muito amorzinho, mas não precisa tanta viadagem.

– Claro... muito amorzinho você – Marshall cruzou os braços e riu – Estou vendo...

– Enfim... – Caminhei até a porta, tentando consertar a cagada que a gata fez no meu cabelo – Vou deixar vocês sozinhos agora, falou.

Não esperei a resposta, apenas bati a porta e saí andando. Eu tinha boas notícias pra contar para uma certa coelha.

Chegando á sala de espera novamente, a cena deprimente era a mesma: Fionna sentada entre Flame e Marcy, que a consolavam, enquanto Chris tentava ligar pra Babi, pra saber como é que estão as crianças, já que ela se dispôs a ajudar, cuidando delas esta noite. Jake, sentado no chão, olhava para o teto, apenas esperando que algo acontecesse.

Eu era o único que estava de pé, na porta da recepção. Tranquilamente e sem nenhuma pressa, observei mais um pouco. Bebi outro gole do Cappuccino, que já estava morno, e proferi:

– Ei, Fi! – Chamei a atenção de todos, em voz alta, que só notaram minha presença agora – Porque essa cara de enterro?

– Eu tenho mesmo que te responder? – Ela disse meio irritada, como se fosse óbvio – Marshall tá quase morto por minha causa e eu não sei se ele vai acordar! Com que cara você queria que eu estivesse? – Sua cara amarrada e voz de choro me cortavam o coração.

– Como assim? – Franzi o cenho, sorrindo – Não estou te entendo.

– Cara, qual é o teu problema? – Christian se levantou, nervoso – Tu não tá vendo que ela já tá mal o suficiente? Todo mundo já tá mal o suficiente! Porque tá dizendo isso?

– Ué... – Inclinei os ombros – Porque o único Marshall que eu conheço tá mais acordado do que nunca, conversando com a Cake.

A feição no rosto de todos era a mesma: aquela cara de nada, quando você faz quando recebe algo que você não esperava ouvir.

– Como é... – Fionna esboçou um pequeno sorriso, se levantando.

– Foi o que vocês ouviram – Assenti – Ele acordou.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu sairia do meio do caminho, antes que todo mundo me atropelasse desesperadamente, indo em direção ao seu quarto. Recuperado de todos os esbarrões, os segui, correndo tão rápido quanto eu podia para vê-los, se amontoando em frente ao 311, batendo sem parar. Ao abrir a porta, Cake também foi atropelada.

Eu não sabia que eles se importavam tanto assim com aquele delinquente.

A expressão “A gente só dá valor quando perde” nunca foi tão bem colocada naquela cena exageradamente melosa que eu via em minha frente.

Encostei-me à quina e apenas assisti.

POV Fionna

Eu não queria acreditar em como a vida poderia ser tão filha da puta!

Na real, qual é a brisa em me colocar no coma durante vários meses, fazer o Marshall parar de viver e virar um zumbi alcoólatra, deixar Violet e Arthur sem mãe nem pai, desestruturar a família inteira, pra quando eu finalmente acordar, na esperança de que as coisas voltariam a ser como antes, a vida vai lá e tira ele de mim?

Isso não pode estar acontecendo, não deve ser real – Era o que eu dizia a mim mesma, enquanto tentava controlar os soluços do meu choro.

Finn fez uma tentativa falha de me acalmar, durante as horas em que Marshall estava na UTI. Eu não o culpo por ser um ogro de tão rude, e as únicas palavras de consolo que ele poderia me dar só pioravam as coisas.

Depois de falhar miseravelmente, ele me deixou com Flame e Marcy e saiu, sem dizer mais nada. Foi até melhor assim.

Eu continuava tentando amenizar o drama, mas as lágrimas não queriam parar de brotar sobre o meu rosto. E eu continuava chorando sem parar, praguejando o destino, enquanto Flame e Marcy tentavam tornar a situação mais suportável. Mas a dor não queria passar... Eu sabia que não ia passar.

Foi quanto Finn voltou até a sala de espera em que estávamos. Se encostou na porta, bebendo um copo de alguma coisa e observando. Eu já não podia ignorar, aquilo estava começando a me irritar. Foi quando ele finalmente abriu a boca, e indagou o porque desse clima de enterro.

Mesmo sendo meu irmão, senti uma vontade incontrolável de esmurrar sua cara até ela ficar irreconhecível. Porque meu, se ele não queria ajudar, pelo menos que não atrapalhasse!

Mas não, é seu dever tornar as coisas mais difíceis, foi o que eu pensei.

Christian já estava quase fazendo o que eu mesma faria, se não estivesse tão fraca, quando ele acabou com o suspense e anunciou o que meu coração estava esperando escutar desde que eu acordei.

Marshall estava bem.

Meu rosto enrijeceu, eu não sabia como agir. Ninguém sabia pelo jeito, já que tudo continuou em silêncio. E numa fração de segundos, o mundo voltou a girar, e meu corpo involuntariamente se levantou... e o único comando que recebi foi: Corra. Foi o que todos fizeram, atropelando o pobre Finn, que não teve tempo de sair do caminho.

Não me pergunte onde eu arrumei forças, eu apenas fui. Como se não houvesse amanhã, subi as escadarias o tão rápido quanto eu podia, corri até a ala da enfermaria e disparei em direção ao 311, que ficava bem no fim do corredor daquele hospital que estava sempre vazio e monótono.

Amontoamo-nos todos na porta, que estava fechada. Batemos desesperadamente, e quando ela se abriu, lá estava Cake, com seus olhos arregalados e surpresos ao ver tanta gente aglomerada na porta. Não esperamos que ela dissesse alguma coisa, apenas entramos, passando por cima da mesma assim como passamos por cima de Finn.

E ao entrar, meu coração se aqueceu. Um sorriso involuntário se abriu no meu rosto e de repente eu soube, meu mundo finalmente voltou á vida.

POV Marshall

Se eu pudesse definir esse dia em uma única palavra, ela me faltaria. E se eu tivesse que contar essa história pra alguém que não tenha a presenciado, ela não acreditaria.

Eu também não acreditaria se não tivesse vivido ela.

O fato é que nada nesse mundo seria capaz de descrever o que eu sentia agora. Em nenhuma língua, dialeto ou idioma existia uma expressão para a mistura de sentimentos que residiam dentro de mim.

Eu só sei dizer que quando eu vi a coelha entrar desesperadamente naquela sala, alguma coisa dentro de mim voltou a viver. É como se eu estivesse morto por todo esse tempo, e algo tivesse feito meu coração voltar a bater, meu sangue voltar a correr pelas veias, minha pele corar, o brilho dos meus olhos voltarem a cintilar e toda a minha vida tivesse sido devolvida pra mim.

Porque ali, bem na minha frente estava a mulher da minha vida, a mãe dos meus filhos e minha razão de viver. Ali na minha frente estava o motivo pelo qual meu coração batia e eu ainda estava nesse mundo.

Seus olhos azuis, pelos quais eu me apaixonei desde a primeira vez que eu os vi, estavam cheios de lágrimas, mas mesmo assim ela sorria. Aquele sorriso, que era a razão do meu, colocou as coisas no lugar, de repente.

E eu, que até um minuto atrás era uma bagunça, agora era plenitude.

Sem que eu pudesse controlar, também sorri, meu rosto corou e meus olhos ardiam, queriam chorar. Mas desta vez, eu não segurei as lágrimas e deixei que elas corressem livres. Numa fração de segundos, que durou uma eternidade, ela se aproximou de mim e me abraçou.

Eu não podia acreditar que isso realmente estava acontecendo, mas sabia que era real. É meio difícil de explicar, mas não importa. Nesse momento, eu não ligo pra mais nada, nem penso mais em nada. Apenas retribuí seu abraço e a apertei com todas as minhas forças, que não eram muitas, mas suficientes para não deixa-la ir embora de novo.

Nesse curto período de tempo, não pensei em coisa alguma, apenas senti. Seu calor, seu cheiro, sua presença. Ela voltou pra mim, e estava ali, comigo... Isso era tudo o que eu poderia querer.

Foram muitos minutos abraçados, ambos chorando feito duas crianças. Um dos melhores minutos da minha vida, que eu não queria que terminassem. Talvez tenha durado menos do que eu tive a impressão, mas pra mim, aquilo foi como um pequeno infinito. Ela desfez o abraço de repente e olhou nos meus olhos, fiz o mesmo.

Seus olhos eram como o mar... Tão azuis e tranquilizadores, que eu poderia ficar horas admirando sem me cansar.

Ela os fechou e se aproximou mais, colocando as mãos sobre meus ombros. Também fechei os meus, sentindo sua respiração contra a minha, repousei minha mão sobre sua cintura e nossos lábios finalmente se encontraram, depois de tanto tempo separados.

Aquilo foi tudo o que eu precisei pra saber que a coisa mais estúpida que eu fiz foi pensar em desistir de viver. E colado contra meu corpo estava o motivo de tudo isso.


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Notas finais do capítulo

Eita Giovanaaaa! :v O forninho do Marshall caiu!
Pronto gente, revivi a Fionna... Agora vocês desistiram de me matar? ;-; Obg.
Beijo no coração, até semana que vem (Penúltimo capítulo!!! Tuts tuts)