Véspera de Natal, 9 horas da noite, Mansão dos Khoury. Todos estavam reunidos. Mesmo Paloma, que vivia uma gravidez difícil, compareceu, permanecendo a maior parte do tempo sentada no sofá maior da sala de estar. Félix e Niko também estavam lá com as crianças. Elas se divertiam brincando na piscina com Niko (a noite não foi suficiente para aplacar o calor). Maciel também brincava com Juninho, assim como Jonathan que interagia com os irmãos e seu pequeno tio.

Apesar dos diversos protestos, César também teve de ser levado, pois não tinha quem o ficasse cuidando na casa em Angra (Adriana estava em merecidas férias). Contudo, preferiu mais uma vez se isolar da família, permanecendo no antigo escritório onde havia sido preparado novamente um quarto para recepcioná-lo.

Félix preferiu não entrar na piscina, disse que não queria estragar suas madeixas com o cloro. Preferiu contemplar a cena, ver sua família feliz, divertindo-se. Não conseguia parar de sorrir, sentia-se pleno, iluminado. Lembrou então do Natal passado, e pensou em quanto a sua vida havia mudado neste ano que terminava.

************

Após a renovação de votos de Paloma e Bruno, Félix fora para a casa de Niko, onde praticamente passava todas as noites. Apesar do cansaço, mais uma vez se amaram. Félix se aconchegava nos braços de Niko, enquanto este fazia carinho em seu cabelo moreno. Félix então se ergue, apoiando o cotovelo esquerdo para encarar os verdes olhos de seu namorado:

– Carneirinho, lembra sobre a conversa que tivemos hoje? Pois como te disse, conversei com Mamy, e tomei uma decisão. Temos uma casa de praia, e quero me mudar para lá, mas quero levar o Papy comigo. Não acho justo ele ficar sendo cuidado pela ex-mulher, ela tem a vida dela, com o marido dela, enfim.... eu quero ter essa nova vida. Como te falei, quero montar um novo restaurante. Sei que vai ser uma grande mudança, mas preciso disso, e preciso de você do meu lado.

Niko acaricia seu rosto e o fita com aqueles olhos ternos:

– Félix, já te disse isso e repito: eu vou para onde você for. Tem muito tempo que quero abrir um novo restaurante. Você tem me ajudado muito na administração dos negócios.

– Carneirinho, mas e seus filhos, a escola do Jaiminho.....

– Você quer dizer NOSSOS filhos. Não se esqueça que essa família também foi construída por você e se vamos viver juntos, você é tão pai de Fabrício e Jaiminho quanto eu.

Félix sorri, nunca havia imaginado ser pai novamente.

– Mas tem também o meu pai, você sabe, ele não aceita muito .....

Niko o interrompe pousando suavemente o dedo indicador em seus lábios:

– Félix, eu quero formar uma família com você, e formar uma família não significa só as alegrias, tem também as dificuldades. Mas to disposto a passar por tudo isso contigo, porque você é o homem que eu amo, sem você não posso mais viver.

Félix abre um sorriso terno, não entendia como um homem tão puro e bondoso poderia amá-lo tanto assim nem como o amava com aquela intensidade. Mil fantasmas haviam passado por sua cabeça antes de iniciar o namoro com Niko: medo de fazer-lhe mal, de "enjoar" daquela relação, de sua alma ser tragada novamente pelo ódio, cobiça e inveja. Contudo, passados alguns meses, o amor e desejo pelo Carneirinho só faziam aumentar.

Seus olhos negros mergulham no oceano verde de Niko, não conseguia resistir àquele olhar. Emocionado, beija-lhe delicadamente os lábios. O beijo se intensifica, as carícias aumentam, mas são interrompidos pelo choro de Fabrício.

– Félix, peraí o Fabrí....

– Deixa que eu vou, Carneirinho.

– Não precisa, eu....

– Pode deixar, se agora vou ser pai da criaturinha, ele precisa se acostumar comigo.

Na verdade, Fabrício já era acostumado com Félix, já levantava os bracinhos e sorria quando o via. Foi até o quarto do menino, trocou-lhe as fraldas molhadas e começou a niná-lo, da mesma forma que havia aprendido com Maryjane. Sem perceber, era observado por Niko através do vão da porta. Ele ficou com os olhos cheios d'água com o "diálogo" que se seguiu:

– Fabrício, você sabia que agora eu vou ser seu pai. Meu filho, meu filho....

Niko não resiste e emocionado abraça Félix delicadamente pela cintura enquanto faz um leve carinho na cabecinha de Fabricio que adormece no ombro de seu amado.