Era de tardizinha quando Daniela, Michele e Yoko estavam no quarto de Sophie para colocar o papo em dia.

- Fala logo Michele, o quê que foi? - perguntou Sophie deitada em sua cama pintando as unhas.

- É que o lance entre a minha irmã e o David está mais sério do que eu pensava. - resmungou Michele. - Só pode ser muita falta de sorte. Quando eu estou afim de um cara minha irmã tem que gostar justamente dele...

- Ela te disse que estava afim dele? - interrompeu Daniela.

- Parece que gosta dele desde o primeiro dia que o viu. - retrucou Michele.

- Que coisa mais melosa. - falou Yoko com uma expressão de nojo. - Mas eu acho que ela não vai ser ameaça, por que o David não gosta desse tipo de garota...

- Não gosta tanto que chegou a convidar a Gisele pra sair. - disse Michele com a voz sarcástica.

 

Daniela e Yoko trocaram olhares e depois olharam para Sophie e perceberam que ela continuava a prestar atenção em suas unhas e não na conversa.

 

- O que você fez? - perguntou Daniela.

- Eu falei para a Gisele que a ajudaria a ficar linda para o David, então eu tive que maquiá-la e até dei um dos meus vestidos a ela.

- Você a ajudou sendo que é sua rival? - questionou Yoko.

- Mas como vocês são lerdas. - indagou Sophie agora olhando para as três. - Lógico que a Michele só fez isso pra ganhar a confiança da irmã...

- Sophie você é realmente brilhante. - concordou Michele. - Eu fiz isso mesmo... E depois ela me contou tudo que houve...

- E aí?

- Vocês não vão acreditar. - retrucou Michele. - Dizendo a minha irmã o David se declarou pra ela...

 

Sophie deu uma gargalhada e disse:

 

- Até parece.

- É sério. - falou Michele. - Ele gosta dela, eu não sei como... E o pior a minha irmã dispensou ele...

- O mundo está realmente perdido. - interrompeu Sophie. - O que é que você está pensando fazer?

- Eu não sei. - respondeu Michele, enquanto Daniela e Yoko continuavam abismadas com o que acabaram de ouvir. - Mas eu não vou perder o David pra brega da minha irmã.

- É assim que se fala. - apoiou Sophie. - Tem que lutar pelo o que você quer.

- Só que isso não vai ser fácil. -lamentou-se Michele. - Eu não sei nem o que fazer.

 

Sophie se ajeitou na cama enquanto Daniela e Yoko a olhavam.

 

- Primeiro você continua se fazendo de muita amiga da sua irmã. - aconselhou Sophie. - Depois eu vou pensar em alguma coisa pra te ajudar...

 

Michele sorriu e agradeceu Sophie. Elas ainda ficaram bastante tempo conversando e enfim as garotas resolveram ir embora. Quando todas já haviam ido, Sophie olhou no relógio e viu que já estava um pouco tarde, então foi até o escritório onde estava Eduardo e perguntou:

 

- Tio onde é que está o Rafa?

- Ele saiu com a Sheron. - respondeu Eduardo.

- Eu já vou dormir, ta? - falou Sophie.

- Há essa hora? - questionou Eduardo.

- É que eu estou com muita dor de cabeça. - mentiu Sophie. - Boa noite.

 

Ela já ia subindo as escadas quando a campainha tocou. Sophie foi até a porta atender, era uma mulher loira, bonita e alta.

 

- Boa noite. - cumprimentou a mulher.

- Boa noite. - disse Sophie. - Desculpa, mas com quem deseja falar?

 

A mulher não respondeu nada por que Eduardo aparecera e pedira que a mesma entrasse.

 

- Sophie... - começou Eduardo. - Essa é a minha namorada, Sabrina.

 

Sophie averiguou a mulher e depois estendeu a mão e disse sorrindo:

 

- Prazer.

- O prazer é todo meu. - retribuiu Sabrina apertando a mão de Sophie.

- Meu tio não me falou muito sobre você. - disse Sophie. - Ficou fazendo suspense.

- Mas de você ele me falou bastante! - exclamou Sabrina.

- A conversa está muito boa, mas nós vamos sair, não é Sabrina?

 

Eduardo foi até o escritório e voltou com o seu casaco e com a chave do carro.

 

- Vamos? - pediu Eduardo à Sabrina.

- Claro. - concordou Sabrina. - Tchau Sophie, adorei te conhecer.

 

As duas se abraçaram e a mulher saiu, porém, Eduardo ficou para perguntar a Sophie o que tinha achado de Sabrina.

 

- Ela é bonita e simpática. - respondeu Sophie.

 

Eduardo sorriu se despedindo da sobrinha e saiu. Sophie foi até a porta e a trancou, depois correu lá pra cima, entrou em seu quarto e foi direto ao banheiro. Após alguns minutos ela saiu e se vestiu com uma roupa que estava sobre a poltrona branca do seu quarto; quando estava toda arrumada, Sophie resolveu descer e sair da casa.

 

Não demorou muito para um carro estacionar ali à frente e ela entrar no mesmo.

 

- Oi Lucas. - cumprimentou Sophie enquanto colocava o cinto de segurança.

- Oi.

 

Ele ligou o carro e acelerou.

 

- Vai demorar muito?  - perguntou Sophie.

- Uns vinte minutos. - respondeu o garoto.

 

Demorou mais ou menos isso, até que eles chegassem e mais ainda para Lucas encontrar uma vaga que pudesse estacionar seu carro. Eles saíram e caminharam uns dois quarteirões até à casa noturna que era bastante iluminada por holofotes. Lucas tirou a carteira e entregou os dois ingressos ao bilheteiro.

 

Quando estavam lá dentro, foram ao grande balcão pediram dois coquetéis a um barman; Lucas novamente tirou a carteira do bolso e resolveu pagar as duas bebidas.

 

- Eu não sabia que você tinha um lado cavalheiro. - indagou Sophie.

- Nem eu sabia. - retrucou Lucas.

 

Os dois foram a uma mesa que ficava nos fundos e se sentaram.

 

- Então quer dizer que você está estudando ciências sociais para virar político?! - falou Sophie.

- É. - concordou Lucas. - Eu quero ser igual ao meu pai.

- Você diz em que sentido? - perguntou Sophie. - Por que eu soube que o seu pai é exemplo de corrupção em pessoa.

- E eu com isso?! - questionou Lucas. - Ele tem culpa se esses idiotas votam nele?

- E como você pretende ganhar a eleição se ninguém vai com a sua cara? - perguntou Sophie.

 

Lucas lhe lançou um olhar de desprezo e respondeu:

 

- Eu posso muito bem comprar votos.

 

Sophie fez um gesto de negação.

 

- Mas como você e seu pai são maus-caracteres - retrucou ela. - Por isso que esse país não vai pra frente...

 

Lucas aplaudiu e falou sarcasticamente:

 

- Olha só quem está falando... a garota mais certa e justa que eu conheço.

 

Sophie balançou com a cabeça e retorquiu:

 

- Eu posso ser errada, egoísta e mesquinha, mas não suporto corrupção.

- Tá bom. - concordou Lucas ironicamente. - Pensa que me engana com essa conversa de boa samaritana.

 

Eles não falaram mais nada por que o cantor havia subido ao palco para começar o show. Sophie se levantou e foi até o balcão, depois voltou com uma garrafa de água mineral.

 

- Sabia que você está... Está deslumbrante nesse vestido. - falou Lucas enquanto a garota voltava a se sentar.

- Por que você está falando isso? - perguntou Sophie. - É por que você nunca elogiou uma pessoa e tem curiosidade? Ou é por que você está afim de mim?

 

Lucas rira sarcasticamente.

 

- Só por que eu te convidei até aqui e te elogiei não quer dizer nada. - retrucou Lucas. - E se eu tivesse afim de você eu dava logo uma direta...

- Que bom. - interrompeu Sophie. - Por que eu já tenho homens demais aos meus pés... E sem falar no meu namorado que modestamente parece mais um deus grego...

 

Lucas rira novamente sarcasticamente.

 

- Só se for depois do atropelamento. - concluiu ele.

- Você morre de inveja do Fred. - retorquiu Sophie.

 

Lucas já ia revidar quando olhou para o lado e viu um garoto se aproximar deles, Sophie também não disse nada e ficou nervosa.

 

- E aí gata? - disse ele abraçando Sophie.

- Oi Ruan. - falou a garota desanimada.

 

Ruan olhara para o lado e fez uma cara bem nítida de desagrado ao ver Lucas.

 

- Cadê o Fred? - perguntou Ruan.

 

Sophie ficou um pouco nervosa e pensativa, então respondeu:

 

- Ele foi ao banheiro.

- E o que esse cara está fazendo aqui?

 

Sophie olhou para Lucas e depois sussurrou no ouvido de Ruan:

 

- É que esse chato insistiu pra sentar com agente, entende?

- Nossa que imbecil...

- Pois é. - continuou Sophie. - Então você podia sentar aqui pra não me deixar sozinha enquanto o Fred está no banheiro.

- E ele vai demorar tanto assim? - perguntou Ruan.

- Vai. - respondeu Sophie.

 

Ruan aceitou, mas disse que primeiro ia arranjar uma garota pra ele e depois viria se sentar com os dois. Sophie sentou ao lado de Lucas enquanto Ruan se afastava até uma mesa ao lado cheia de garotas.

 

- Ele vai contar tudo pro Fred amanhã. - lamentou-se Sophie. - Satisfeito?

- Vai dizer que a culpa é minha por esse idiota está aqui? - questionou Lucas.

- Mas foi você que me meteu nessa fria. - reclamou Sophie. - E agora eu tive que convidar o Ruan pra sentar aqui...

- Fala sério. - interrompeu Lucas. - Eu já tenho que aturar esse mané na universidade...

- Pára de reclamar. - pediu Sophie.

- Mas pode deixar que eu vou fazer ele sair daqui sem lembrar nem do próprio nome. - disse Lucas.

- Essa é a intenção! - exclamou Sophie, mas não disse mais uma palavra por que Ruan chegara e sentara ao lado dela e Lucas saiu logo em seguida.

- Engraçado, não é?! - indagou Ruan.

- O quê? - perguntou Sophie um pouco desanimada.

- Eu juro que não entendo por que as mulheres fogem de mim. - retrucou Ruan. - Sophie me responde uma coisa... Eu cheiro mal? Eu tenho mau hálito? Minha roupa ‘ta rasgada?

- Não é nada disso Ruan. - respondeu Sophie. - São coisas que vão além da sua pequena imaginação fértil...

- Do que você está falando? - interrompeu Ruan.

- Se eu contar você não vai acreditar. - disse Sophie sarcasticamente brincando com Ruan. - As garotas não se relacionam com você por que sua beleza é tão ofuscante que elas têm medo de acabarem sendo traídas...

 

Ruan ficou pensativo olhando para cima e então falou:

 

- Tem sentido mesmo o que você acabou de dizer...

 

Sophie se segurou para não rir e Lucas apareceu com três taças de bebida. Ele entregou uma Sophie e Ruan; a garota fingiu que bebeu um pouco e Ruan recusou:

 

- Não, não quero não.

- É melhor você tomar isso agora por que eu já paguei. - retorquiu Lucas com uma voz fria e em tom de ameaça.

- Sabe que me deu uma sede?! - indagou Ruan pegando a taça com a mão tremendo e bebendo tudo de uma só vez.

 

Os três ficaram calados por alguns minutos assistindo o show, até que passara uma garota bonita à frente deles e Ruan virou tanto o pescoço para olhá-la que acabou caindo da cadeira e se estatelando no chão. Sophie e Lucas trocaram olhares de impaciência e nem deram bola para o garoto caído no chão, mas Ruan se levantara e fingira que nada havia acontecido, então voltou a se sentar e disse:

 

- Nossa como o Fred demora no banheiro, não é?

- É que ele ‘ta com um problema terrível de barriga. - falou Sophie olhando para o cantor no palco e Ruan fez uma careta de nojo, então novamente Lucas levantara e quando voltara trouxe mais duas taças, uma para ele e outra para Ruan.

- Não, já está bom pra mim. - recusou novamente Ruan.

 

Só que dessa vez outra garota parara à frente dele e para dar uma de machão, Ruan bebeu tudo de uma golada, mas a mesma garota nem o deu atenção e saiu.

 

- Será que não é melhor você levar um rolo de papel higiênico pro Fred? - perguntou Ruan à Sophie.

- E onde eu vou achar um rolo de papel higiênico, Ruan? - questionou ela impaciente.

- Eu tenho lá no meu carro. - disse Ruan e quando percebeu que Sophie o dera uma expressão de rejeição, ele continuou: - Agente nunca sabe quando vai precisar...

- Olha aqui... Você veio aqui fazer o quê? - perguntou Lucas grosseiramente a Ruan.

- Eu vim assistir o show...

- Então assisti. - mandou Lucas.

 

Ruan assim fez ficou quieto, mas de vez em quando resmungava alguma coisa para si mesmo. E para o desespero dele, Lucas se levantara novamente e pegara mais taças de bebida.

 

- Não. - recusou Ruan pela terceira vez. - Não, depois da terceira eu já caio...

- Se você cair, nós o levantamos. - falou Sophie sarcasticamente.

 

Ruan começou a rir.

 

- Nossa... Isso foi muito engraçado. - continuou ele ainda rindo e quando percebeu que Sophie e Lucas o olhavam sérios, em um instante desapareceu a alegria do seu rosto e então bebeu a bebida alcoólica que havia dentro da taça. Não demorou muito para Ruan ficar um pouco balançado e começara a rir de tudo.

- Eu acho que a bebida já fez efeito. - disse Lucas à Sophie.

- Mas eu acho que é melhor nós darmos mais bebida a ele. - sugeriu a garota olhando para Ruan rindo que nem uma criança.

- O Fred deve está... Já deve ter dado à luz a uma criança no banheiro... - indagou Ruan rindo muito e todo encostado na mesa.

 

Lucas pediu mais uma remessa de bebida só que dessa vez Ruan fez questão de beber o líquido das três taças.

 

- Esse cantor canta muito mal. - falo Ruan à Sophie com uma voz de bêbado. - Ele ‘ta cantando em uma língua estranha que eu não entendo... Isso está muito chato...

 

Sophie concordou, então Ruan subiu na mesa e começou a tirar a camisa dizendo que ia fazer um striptease. Lucas se levantou e puxou Ruan para descer antes que mais pessoas o olhassem.

 

- Lucas, vamos sair daqui? - pediu Sophie.

 

Lucas se levantou e Sophie também.

 

- Mas já vão? - perguntou Ruan meio bambo. - Agora que a festa está ficando boa... E você ainda nem viu eu tirar a cueca...

- Não obrigada. - agradeceu Sophie se retirando da mesa junto com Lucas. - tchau.

- Tchau. - respondeu Ruan. - Não esquece de pegar o Frederico no banheiro...

 

Sophie e Lucas saíram do prédio e foram até o carro. A volta pareceu ter sido mais rápida, e os dois novamente não conversaram muito.

 

- Obrigada pelo convite. - agradeceu Sophie quando estava à frente de sua casa.

- Só foi péssimo por causa daquele imbecil. - retrucou Lucas.

- Ainda bem que foi ele que nos viu. - disse Sophie. - Se fosse outro, nós não o teríamos enganado.

 

Lucas concordou e Sophie saiu do carro se despedindo, depois caminhou pelo jardim e viu os dois seguranças da casa lhe dar “boa noite”, Sophie pegou a cópia da chave que tinha na bolsa e abriu a porta, logo em seguida subiu as escadas vagarosamente. Assim que entrou em seu quarto deitou na cama e não saiu dali até que o sol raiasse.

 

Quando desceu as escadas de manhã, já estava arrumada para a universidade. Ela foi até o escritório do tio, pois o mesmo a havia chamado.

 

- A secretária do seu sogro ligou.

- Do pai do Fred?! - perguntou Sophie achando isso muito estranho.

- Foi. - respondeu Eduardo. - E disse que ele queria falar com você o mais rápido possível.

 

Sophie parou um pouco pensando o que podia ser, mas não achou resposta.

 

- Você não sabe o que ele quer?

- Não faço a mínima idéia. - disse Sophie.

 

Eduardo se aproximou e falou:

 

- Eu já estou indo trabalhar...

- Tio, o senhor podia me levar logo! - exclamou Sophie.

- Claro. - aceitou ele.

 

Os dois saíram do escritório e atravessaram o hall saindo de casa, depois foram até o carro e entraram. Eduardo o ligou, e após alguns minutos perguntou à Sophie:

 

- E como vai o namoro com Fred?

- Vai muito bem. - respondeu Sophie.

- E foi com ele que você saiu ontem?

 

Ela não olhou para o tio e respondeu nervosa.

 

- Não... Foi as meninas que me chamaram pra ir a uma festa.

- Sei. - falou Eduardo enquanto olhava um carro pelo espelho.

- E o senhor viu quando eu entrei? - perguntou Sophie desconfiada.

- Eu estava no escritório.

 

Eles não falaram mais nada, apenas se despediram por que Eduardo acabara de estacionar o carro à frente da Universidade Sampton.

 

- Sophie. - chamou Michele assim que a viu.

- Ah... Oi Michele - falou Sophie.

- Você me disse ontem que ia dar um jeito de me ajudar com David...

- E eu já sei. - interrompeu Sophie. - Eu só preciso que você descubra quando ele vai sair desacompanhado durante essa semana.

- E o que você pretende fazer? - perguntou Michele enquanto as duas andavam em direção à entrada da universidade.

- Depois eu te falo. - respondeu Sophie.

- Tá bom. - concordou Michele entrando no térreo do prédio com sua amiga. - Sophie, eu já vou indo por que tenho aula, ta?

 

Michele se afastou rapidamente e subiu as escadas, Sophie já ia fazer o mesmo quando uma pessoa puxou seu braço enquanto subia os primeiros degraus, era Lucas.

 

- O estúpido do Ruan faltou o treino de basquete... parece que ele não veio hoje.

- E por quê? - perguntou Sophie.

 

Mas Lucas não respondeu nada, apenas puxou Sophie para trás da escada e pediu que ela fizesse silêncio. Não demorou mais de quatro segundos para a inspetora Carla aparecer:

 

- Eu tenho que dar aula agora lá no terceiro andar. - disse ela a um funcionário da universidade enquanto subiam as escadas.

- Quê que foi? - questionou Sophie saindo de trás da escada junto com ele.

- É porque ultimamente eu ando me escondendo dela...

- Quem diria. - interrompeu Sophie. - Você que é todo machão fugindo da Carla.

- Sophie dá um tempo. - mandou ele.

- Será que o Ruan não vai lembrar de ter me visto com você? - perguntou ela olhando para os lados.

- Provavelmente. - respondeu Lucas. - Mas se não esquecer o problema é seu.

 

Sophie negou com a cabeça e disse:

 

- Mas como você é grosso, vou te contar hein?!

 

Lucas a repreendeu com um olhar e logo em seguida subiu as escadas. Sophie viu em seu relógio que a aula de Marketing já ia começar, e quando olhou para frente viu Fred caminhando em sua direção.

 

- Oi amor. - disse ela sorrindo.

- O que é que você fazia com esse cara? - perguntou Fred sério.

- Quem? - questionou Sophie se fazendo de desentendida.

- Do Lucas, é claro. - retorquiu Fred.

- Ah! - exclamou Sophie. - É que o Lucas é meu amigo...

- Esse cara não é amigo de ninguém Sophie. - interrompeu Fred.

- Você só fala isso por que não gosta dele. - retorquiu Sophie.

- Não, eu só falo isso pra te proteger. - discordou Fred. - Todo mundo daqui sabe que o Lucas é o pior tipo de gente possível...

- Fred, deixa que eu escolho as minhas amizades e você se preocupe em escolher as suas, ta bom? - falou Sophie, mas depois percebeu que foi muito agressiva com Fred.

- Desculpa. - pediu ele um pouco magoado. - Eu não me intrometo mais na sua vida.

- Você é que tem que me desculpar. - disse Sophie. - Eu não deveria ter falado assim com você... Aliás, nós somos namorados...

- Mas às vezes não parece. - interrompeu Fred.

 

Sophie não falou mais nada, apenas roubou um beijo do namorado.

 

- Não vamos discutir. - pediu ela.

 

Fred olhou nos olhos castanhos de Sophie por alguns instantes.

 

- Você sempre me convence, não é? - questionou ele.

 

Ela sorriu e deu um selo nos lábios dele.

 

- Vamos pra aula de Marketing?

- Ah! Hoje não vai ter aula, por que o professor viajou. - contou Fred. - Você tem algo pra fazer?

 

Sophie pensou e lembrou que o pai de Fred havia ligado por que queria falar com ela, mas a mesma resolveu não contar ao namorado.

 

- Eu vou passar lá no escritório pra deixar uns papéis e se quiser nós podíamos ir passear depois. - sugeriu Fred.

- Não. - discordou Sophie. - É que eu vou aproveitar agora para... Para levar o meu carro pra lavar...

- Depois você faz isso. - pediu Fred.

- Ah não, não acho melhor agora. - discordou Sophie. - E mais tarde agente se encontra.

- Ta. - concordou Fred dando um beijo nela.

 

Sophie saiu do prédio da universidade e se dirigiu a pista de asfalto que ficava a uns setenta metros, quando chegou lá acenou para um táxi e depois entrou nele. Após uns dez minutos o homem estacionara à frente de um enorme edifício. Sophie tirou a carteira da bolsa e pagou o motorista.

 

- Com licença. - pediu ela à recepcionista, quando já estava dentro do edifício. - Eu gostaria de saber se o Sr.Alves se encontra.

- Ele acabou de chegar. - respondeu a moça. - Eu acho que ele já deve estar no escritório.

- Obrigada. - agradeceu Sophie se afastando da moça e pegando o elevador até o último andar.

 

Assim que as portas do mesmo se abriram, Sophie saiu e acabou se deparando com a mãe de Fred.

 

- Olá. - cumprimentou a mulher dando um beijo de cada lado do rosto de Sophie.

- Como a senhora vai? - perguntou a garota sorrindo.

- Iria estar bem melhor se meu filho aparecesse mais vezes lá por casa. - respondeu ela.

- É... Eu sei D.Catarina. - falou Sophie. - É que o Fred anda muito ocupado. Ele também nem tem muito tempo pra mim, ainda mais agora que ele arranjou esse emprego num escritório de advocacia...

- Eu sei. - interrompeu Catarina sorrindo. - Eu já soube desse emprego... Ele deve está muito feliz por está trabalhando com duas coisas que gosta... Advocacia e Administração...

 

Sophie olhou desconfiada para sua sogra, sabia que Fred gostava de Advocacia, mas pensava que ele só fazia Administração por que seu pai praticamente o obrigara, ou talvez ele não tenha dito isso a sua mãe, para que a mesma não brigasse com o marido.

 

- Mas o que você faz aqui? - continuou D. Catarina.

 

Sophie nem se tocara e respondeu nervosa:

 

- É que... O Fred me pediu pra vir buscar uma agenda dele, que tinha esquecido aqui.

- Sei. - disse D.Catarina. - Eu tenho que ir Sophie, por que estou muito ocupada.

- Tudo bem. - respondeu a garota sem graça e esperou a sogra desaparecer dentro do elevador para ir até sofá que havia ali e sentar nele.

 

Dois minutos depois uma mulher saiu de dentro da sala.

 

- Sophie! - exclamou ela indo até a mesa e tirando o telefone do gancho. - Eu só vou ligar para avisá-lo que você está aqui.

 

Sophie não disse nada e esperou até que a mulher lhe desse uma resposta.

 

- Ele disse que você já pode entrar.

- Obrigada. - agradeceu Sophie se levantando e entrando na sala.

 

O pai de Fred se encontrava logo à frente sentado em sua poltrona de couro, Sophie sentou em uma cadeira também de couro que ficava na mesa dele.

 

- Bom dia Sr. Alves. - cumprimentou ela.

- Bom dia Sophie.

 

Ela olhou para o lado e depois para ele e então perguntou:

 

- O que o senhor deseja falar comigo?

- Eu vou direto ao assunto. - disse o Homem. - Eu soube que o meu filho está trabalhando em um escritório de advocacia, não é isso?

 

Sophie concordou com a cabeça, então o Sr.Alves continuou:

 

- Aposto que você não foi a favor disso, não é? Aliás isso pode prejudicar a formação dele.

- Eu realmente não fui a favor disso. - confirmou Sophie. - Acho que esse emprego na é a altura do Fred... Agora, eu não acho que irá prejudicar a formação dele, por que o Fred está estagiando na área de Marketing...

- Claro que não vai prejudicar ele por esse lado. - interrompeu o homem. - Mas por outro lado, ele sempre gostou de Direito e estagiar em uma empresa que cuida disso, vai lhe desviar um pouco de seu real curso.

- Desculpa, mas, onde é que eu entro nessa história?

 

O Sr.Alves a olhou com um sorriso discreto.

 

- Você não sabe o quanto eu estou feliz pelo Fred namorar você, Sophie. - falou ele. - Eu conheço o seu pai muito bem... Sei que ele é um homem de renome e que tem uma multinacional. Eu não poderia ficar mais feliz por saber que o Fred está com uma garota de tão boa família e que é um ótimo partido.

- Obrigada Sr.Alves. - agradeceu ela sorrindo.

- E estou errado quando digo que você é ambiciosa? - perguntou ele.

- É. - concordou Sophie. - Eu sou sim.

- Quem bom. - disse o Sr.Alves sorrindo. - Por isso eu sei que você vai poder me ajudar a tirar Fred desse maldito emprego...

 

O sorriso sumiu imediatamente do rosto de Sophie.

 

- Como assim?

- Você não acha um desperdício eu ter criado todo esse patrimônio para o Fred jogar tudo fora por conta de uma coisa boba?!

- Claro que eu acho. - concordou a garota. - Mas, de maneira nenhuma isso é uma coisa boba... É o que  Fred gosta de fazer, da mesma forma que o senhor gosta disso tudo.

- Agora eu que não estou lhe entendendo Srta.Menezes, explique-se. - pediu o pai de Fred.

- Desculpa Sr.Alves, às vezes eu também não concordo com algumas coisas que o Fred faz, a forma com ele se acha inferior ao outros. - disse Sophie. - Mas em relação a isso... É que meu pai não queria que eu fizesse Moda, eu insisti, disse que era o que eu realmente gostava de fazer, até que o convenci... E se o senhor prestar atenção, a profissão que o Fred quer exercer é muito boa, talvez ele não ganhe tão bem quanto um empresário, mas quem sabe com o tempo...

- Eu já entendi tudo. - interrompeu o homem. - E desconfio que se preocupe com o Fred...

- É o senhor que não se preocupa com ele. - rebateu Sophie. - Pelo menos não com a felicidade dele.

- E quem é você pra discutir se eu me preocupo ou não com o meu filho? - questionou ele. - Você só pode estar com ele por conta da condição financeira...

- Olha aqui, o senhor mesmo disse que eu tenho uma ótima condição. - retorquiu Sophie. - Dinheiro não é problema na minha família.

- E se ele fosse pobre...?

- Aí é outra história. - falou Sophie se levantando. - Passar bem.

 

Quando já ia virando para sair seu sogro disse:

 

- Se eu fosse você pensaria duas vezes antes de recusar meu pedido.

 

Ela voltou novamente a olhar para ele.

 

- Eu posso acabar com relacionamento de vocês dois. - ameaçou Sr.Alves.

- O senhor acabou de dizer que eu sou o melhor partido que o seu filho poderia arranjar. - retrucou Sophie.

- Mas, eu prefiro mil vezes que meu filho se relacione com uma pobretona que esteja ao meu comando, do que uma patricinha de nariz empenado.

 

Sophie ficou com tanta raiva daquele homem, mas não queria abrir mão de Fred por nada.

 

- Eu vou fazer o que o senhor pede, mas saiba que está estragando a felicidade do seu filho.

- Ele ainda vai me agradecer! - exclamou ele.

- Agora eu entendo por que o Fred não lhe suporta. - retorquiu Sophie saindo definitivamente do escritório.