Juventude em Crise escrita por Queen Of Darkness


Capítulo 16
A Revelação




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- Oi Fred. - cumprimentou Pedro quando o vira sentado em uma das mesas da lanchonete aos fundos da universidade.

- Oi. - falou Fred, enquanto seu amigo sentava a sua frente. - como vão as coisas?

- Vão bem. - disse Pedro olhando para o lado sem tirar os olhos por um segundo, quando Fred resolveu ver para quem seu amigo tanto admirava não ficou nada contente, por que vira Sophie com suas amigas.

- Ainda rola alguma coisa entre vocês? - perguntou Fred desconfiado.

 

Pedro virou e percebeu que Fred se referia dele com a Sophie.

 

- Entre eu e a Sophie? - questionou Pedro. - Não, desde a viagem agente não se fala direito.

- E você gosta dela?

- Só como amiga. - respondeu Pedro.

 

Fred ficou um pouco aliviado e depois se calou por alguns instantes olhando um pouco Sophie de leve, para que seu amigo não notasse.

 

- Fred, - Pedro quebrara o silêncio. - Eu vi a Bia um dia desses e eu soube...

- Que nós acabamos? - completou Fred.

- É. - afirmou Pedro. - Ela está um pouco abatida.

- Eu não fico feliz por isso, Pedro... A Bia é maravilhosa...

- Eu sei. - interrompeu Pedro, porém, quando se deu conta do que havia dito já era tarde demais.

- Pensei que você não a suportava.

- Não, é... - continuou Pedro. - É só que me deu pena de ver ela daquele jeito...

 

Fred erguera as sobrancelhas e Pedro ficou todo errado, então, perguntou:

 

- E não tem mais como vocês voltarem?

 

Fred negou com a cabeça.

 

- Que pena. -falou Pedro que depois de alguns segundos se levantou. - Minha aula já vai começar.

 

Quando Pedro saíra, Fred também se levantou e foi em direção à lanchonete, chegando à mesma ele pediu um refrigerante, e enquanto esperava trocou olhares com Sophie, ela disfarçou um pouco para que Michele e outra garota não notassem. Fred pagou seu refrigerante que havia chegado e depois o bebeu todo de uma vez, saiu de perto e trocou outro olhar com Sophie. Ele fora para a quadra externa que estava deserta. E segundos depois Sophie aparecera, os dois se beijaram por um bom tempo, até que, ela dissera:

 

- Sabe que namorar assim escondido, é até bom?

 

Fred deu um selinho nela e falou:

 

- Mas, não vai se acostumando não, ta?

- Eu sei. - indagou Sophie. - Mas, eu também estou morrendo de vontade de sair por aí contando a todo mundo que agora você é meu.

 

Os dois ouviram um barulho e foram para trás de uma árvore, era apenas Lucas e o professor de basquete se dirigindo ao ginásio. Fred e Sophie continuaram atrás da árvore, só que agora se beijando.

 

- Eu tenho aula agora. - falou ela com um olhar de tristeza.

- Eu também tenho. - disse Fred fazendo o mesmo olhar de Sophie.

- Agente podia faltar aula. - sugeriu Sophie.

- Não, não posso.

- Então, tá bom! - exclamou ela triste, mas, logo em seguida sorriu por que Fred lhe beijara.

- Se nós não nos virmos mais hoje. Eu te ligo, ta?

- Vou ficar esperando.

 

Os dois trocaram olhares por alguns segundos.

- Eu vou na frente. - supôs Fred e Sophie concordou.

 

Ele se despediu dela com mais um beijo e saiu, depois de algum tempo olhou para trás e viu Sophie ainda encostada na árvore, ela acenou e ele também fez o mesmo. Fred entrara na universidade e subiu até o terceiro andar, onde entrou em uma das salas, a mesma estava um pouco vazia e ele sentou ao lado de Rafael.

 

- Pra quem acabou de terminar o namoro, acho que você está um pouco feliz demais! - exclamou Rafael olhando para Fred.

- Dá pra perceber minha felicidade?

- Dá e muito. - respondeu Rafael. - Só não deixa que a Bia veja você assim.

 

Fred abrira sua mochila e dissera:

 

- Não é por que eu terminei meu namoro com a Bia, que eu estou assim...

- Deve ser mesmo, por que a Bia gente boa, além de ser muito bonita... - disse Rafael. - Mas, qual é o motivo de tanta felicidade?

 

Fred demorou um pouco a responder, por que ele queria contar ao seu melhor amigo o quanto estava apaixonada e que ainda por cima agora era cunhado dele, mas, Sophie havia pedido que não contasse a ninguém.

- É que eu acordei hoje e percebi que o céu está mais bonito.

 

Rafael começou a rir.

 

- Você está de brincadeira com a minha cara, não está?

- Quê que tem? - questionou Fred.

- O céu está mais bonito?! - intimou Rafael. - Se eu não soubesse que você gosta de mulher, eu ia pensar que você...

 

Fred jogara uma bola de papel em Rafael.

 

- Não termina essa frase. - mandou Fred.

 

O professor entrou na sala e logo o local se encheu de gente. Passou mais de uma hora, até que a aula de contabilidade acabasse e os meninos fossem liberados.

 

- Rafael, agora você vai pra onde?

- Eu vou ensinar a Sheron.

 

Fred sorrira e falar desconfiado:

 

- Não sei por que, mas eu estou achando que essas suas aulas com a Sheron estão cada vez mais freqüentes e mais demoradas.

 

Rafael sorriu enquanto ajeitava sua mochila.

 

- Eu sabia! - exclamou Fred. - E aí como é que ela é?

- Legal. - disse Rafael agora olhando pra Fred. - Parece que é a única garota que me entende.

- Então, não sou só eu que estou feliz.

- Eu não sei se ela quer alguma coisa comigo. - indagou Rafael escondendo o sorriso.

- Por que não abre o jogo com ela? - questionou Fred.

- Ainda está muito cedo. - retrucou Rafael. - E eu acho que não tenho coragem.

 

Os dois não disseram mais nada e saíram da sala, desceram as escadas até o térreo e Rafael já ia entrar na biblioteca quando convidara Fred para passar em sua casa mais tarde, Fred aceitou o convite e andou mais um pouco até sair do prédio, atravessou o gramado e quando chegara próximo de seu carro olhou para o lado e teve uma surpresa, por ver Bia tão próxima.

 

- Bia. - falou Fred nervoso.

 

Ela apenas acenou e não disse nada, depois saiu acompanhada de Fernanda. Fred ficou um pouco triste por Bia, mas, estava muito feliz com Sophie, o que compensou um pouco, ele entrou no seu carro e foi até seu apartamento, chegando lá comeu o que dona Conceição havia preparado pra ele, estudou muito e depois foi se deitar. Só acordou às quinze horas. Ele se levantou e foi tomar banho, vestiu sua roupa e saiu apressado até a casa de Rafael.  Quando chegou à casa de seu amigo foi até a porta e tocou a campainha que ficava ali mesmo, um minuto depois ela foi aberta por Sophie.

 

- Você é muito cara-de-pau mesmo, vir aqui me visitar a essa hora.

- Foi seu irmão que me convidou. - disse Fred sério.

- Ah...! - exclamou Sophie - E você veio assim todo cheiroso e arrumado para visitar meu irmão?

- Pra visitar seu irmão e pra ver certa pessoa.

- Eu posso saber quem? - perguntou Sophie.

- É muito particular...

 

Fred parara por que Rafael apareceu atrás de Sophie.

 

- Se você puder depois me encontrar...

- Oi Rafa. - interrompeu Fred rapidamente para que Sophie não dissesse mais nada.

 

Ela olhou para trás e percebeu a presença do irmão.

 

- Pra quê você quer se encontra com o Fred? - perguntou Rafael desconfiado.

 

Fred entrara no hall fechando a porta e disse:

 

- É que nós fizemos juntos aquele trabalho de marketing.

- Verdade. - concordou Sophie nervosa e trocando olhares com o seu namorado. - Agente ficou de se reunir pra concluir, não é isso?

- É. - confirmou Fred. - É isso mesmo.

 

Rafael olhou para os dois com uma expressão de desconfiança, mas, depois deixou passar e convidou Fred pra subir com ele. Enquanto Rafael não olhava para eles, Fred viu Sophie sussurrar:

 

- Foi por pouco.

 

Ele concordou e depois acompanhou Rafael subindo as escadas. Os dois entraram no quarto e Rafael disse:

 

- Você anda muito amiguinho da minha irmã, não acha?

- Foi só um trabalho que nós fizemos. - indagou Fred. - Falando em trabalho você fez aquele dever de contabilidade?

 

Rafael afirmou com a cabeça e Fred continuou tentando desviar do assunto sobre Sophie.

 

- Cada conta do meu deu uma folha inteira.

 

Rafael mostrou o dele que estava sobre a mesa e parecia que o mesmo também tinha resoluções de conta muito grande. Depois eles resolveram assistir um filme de ação, os dois sentaram no chão e no decorrer do filme eles comentavam sobre a morte de cada personagem, uns por estrangulamento, outros baleados, outros esfaqueados, quando já havia passado mais da metade do filme, Fred dissera que ia à cozinha beber uma água. Ele saiu do quarto e fechou a porta, se encaminhou lentamente para a da frente e deu uma batida depois a abriu. Sophie estava deitada na cama assistindo televisão.

 

- Eu sabia que você vinha! - exclamou ela. - Qual foi a desculpa?

- Disse que ia beber água. - respondeu Fred. - Por isso eu não posso demorar muito.

- Pode deixar. - falou Sophie se aproximando dele e lhe beijando. - O que vocês estão fazendo no quarto?

- Assistindo Filme. - disse Fred. - Só que é muito mais interessante ficar aqui com você.

- Lógico.

 

Os dois se beijaram novamente, agora ficando por um bom tempo.

 

- Eu tenho que voltar. - comentou Fred. - Antes que seu irmão note.

- Tá bom. - aceitou Sophie. - Mas, depois promete que volta?

- Claro que eu venho.

 

Eles deram um beijo demorado e Fred saiu do quarto de Sophie para o de Rafael.

 

- Demorou.

- Estava com muita sede. - mentiu Fred.

 

E não demorou muito tempo para que o filme terminasse. Rafael desligou a televisão e Fred perguntou:

 

- E aí? Como é que foi com a Sheron?

- O mesmo de sempre.

- Se você gosta mesmo dela, podia contar logo. - aconselhou Fred.

- Não é tão fácil assim. - falou Rafael sentando na cama e olhando para seu melhor amigo. - Então, você não vai me contar por que está tão feliz? Você geralmente é sério...

- Não é nada.

 

Rafael tentou insistir, porém , não conseguiu arrancar nada de Fred, ele foi até o banheiro e quando voltou Fred falou:

 

- Rafa, eu posso te fazer uma pergunta? Só curiosidade...

- O quê?

- Por que você não gosta da sua irmã? Quer dizer... Por que você fala mal dela?

 

Rafael chegou mais perto de seu amigo e questionou:

 

- Eu não te contei?

Fred negou com a cabeça.

- Você quase não fala da sua irmã.

- É que a Sophie já foi uma garota mais correta, pelo menos eu achava...

- E ela não é mais? - interrompeu Fred.

- Está de brincadeira?! - indagou Rafael. - A Sophie atualmente é a pessoa mais errada e egoísta que eu conheço.

 

Fred já ia perguntar algo mais Rafael continuou:

 

- Eu já fui muito unido com ela. Nós, além de irmãos, éramos melhores amigos...

- E por que não são? - interrompeu Fred novamente.

 

Rafael não falou de imediato.

 

- Quando éramos mais jovens, o meu maior sonho era morar no Japão.

 

Fred sorriu.

 

- É sério. - retrucou Rafael.

 

Fred parou logo em seguida, por que seu amigo o olhava sério.

 

- Você nunca comentou isso.

- Por que hoje já não tem muita importância. - explicou Rafael. - O fato é que a Sophie sempre me apoiou, ela até convenceu nosso pai para eu fazer intercâmbio.

- E por que toda essa raiva dela? - questionou Fred.

- Por que de uma hora para outra ela estragou tudo. - respondeu Rafael. - O carro do meu pai apareceu destroçado na garagem e ela colocou a culpa em mim, sendo que foi ela... E aí você pode imaginar o que aconteceu com o meu sonho de ir morar no oriente... Meu pai falou que eu só conseguira realizá-lo no dia que trabalhasse e ganhasse dinheiro suficiente pra me sustentar lá.

 

Fred ficou calado e atento ao que Rafa dizia.

 

- Eu só tinha dezesseis anos. - continuou Rafael. - Eu nunca poderia ir pra lá sem a autorização do meu pai... Daí eu desistir.

- Por que ela fez isso?

- Eu não sei. - disse Rafa. - O pior é que eu não sei, por isso que eu passei a detestá-la... Destruiu meu sonho e nem ao menos disse o porquê...

 

Eles ficaram calados por alguns segundos, até Rafael falar:

 

- Depois... Deu a louca nela, e ela resolveu ir para os Estudos Unidos fazer suas peripécias por lá...

- Como assim “peripécias”? - perguntou Fred confuso.

- Eu também não te falei sobre isso?

- Já te disse que você quase nunca falava dela. - respondeu Fred sério.

- Eu tenho primos por lá, a maioria da nossa idade... E quando eu falava com eles me contavam tudo que a Sophie aprontava.

 

Fred tinha medo de saber, mas enfim criou coragem e perguntou:

 

- O que é que ela fazia por lá?

- Só dava uma de galinha pra cima de todos os garotos... Só pra você ver como ela é cínica, ela só se envolvia com garotos compromissados... Só pra se divertir...

 

Uma raiva se espalhou por dentro de Fred, ele não sabia se queria ouvir mais ou sair dali correndo pra não ter que passar a enojar a mulher que amava, mas, Rafael continuou:

 

- Ela sempre teve garotas de que era rival... Sabe o que é que ela fazia? Envolvia-se com namorado delas, fazia com que todo mundo ficasse sabendo, principalmente as garotas traídas, e quando o tonto já estava louco por ela, a Sophie apenas o chutava e depois saia rindo com as amigas de todos eles... E não foi só um não, foram vários... Quase todo mês eu ouvia um caso desses...

 

- Tá bom. - interrompeu Fred. - Eu já entendi por que você não suporta a sua irmã, e você tem toda razão, ela não vale nada.

- Você está bem? - perguntou Rafael ao ver que Fred não estava com uma expressão nada boa.

- Estou. - disse ele se levantando. - Eu já vou indo, por que eu esqueci um trabalho em casa.

- Eu te acompanho até...

- Não precisa. - disse Fred tentando ficar mais calmo pra que Rafael não notasse. - Tchau.

 

Fred saiu do quarto fechando a porta, desceu rapidamente as escadas, atravessou o hall e foi para fora rapidamente, quando estava bem perto do carro, alguém falou seu nome e quando olhou para trás uma raiva tomou de conta dele.

 

- Eu vi você saindo. Você já vai embora? - perguntou Sophie e Fred não respondeu nada. - Eu não acredito que você ia sair sem se despedir de mim.

 

Ela chegou perto dele e já ia abraçá-lo, quando o mesmo recuou.

 

- Fica longe de mim. - mandou Fred.

 

Sophie o encarou e questionou:

 

- Por que você está falando assim comigo...?

- Você não vale nada garota.

- Fred...

- Não já percebeu que eu estou louco por você, que eu já cair nos seus encantos? - indagou Fred com muita raiva. - Por que ainda insiste em brincar comigo?

- Do que você está falando? - interrogou Sophie começando a ficar nervosa.

- Por quê? Não era isso que você estava acostumada a fazer nos Estados Unidos? - retrucou Fred. - Seduzia os namorados das suas rivais, pra depois rir...

- Quem foi que te disso isso? - Os olhos de Sophie se encheram de água. - Foi o idiota do Rafael, não foi?

- NÃO IMPORTA. - gritou Fred ficando vermelho de raiva. - O que realmente importa é que agora eu sei que você não vale nada, é mais falsa que uma nota de quinze... Você me usou...

- Não é verdade. - interrompeu Sophie chorando. - Não é verdade... Eu te amo muito.

- Pára com esse teatrinho, pára de chorar. - mandou Fred.

- Não é teatro. - disse Sophie com a voz tremida. - Tudo que o estúpido do meu irmão deve ter te dito no fundo é verdade, eu não prestava... Quer dizer, eu não presto, mas... Eu estou sendo sincera quando digo que eu amo você...

- Mentira.

- Não Fred.

- É mentira. - retrucou Fred. - Você só me seduziu por que detestava a Bia...

- Eu não te seduzi, eu fiz você se apaixonar por mim. - interropmeu Sophie ainda chorando. - E quando eu me interessei por você, eu nem conhecia a Beatriz...

 

Fred negou com a cabeça e Sophie chorou cada vez mais.

 

- Parabéns. - disse ele. - Você é realmente um gênio na arte da sedução. Eu não quis você e deve ter achado melhor por que foi mais difícil, mas, no final você conseguiu o que queria, por que o palhaço aqui está doido por você...

- Fred não diz isso.

- Quando é que você ia me jogar fora? - perguntou Fred. - Talvez, amanhã você já teria me abusado, não é?

- Não, por que eu te amo...

- Eu não vou ficar mais aqui escutando suas mentiras.

- Fred. - suplicou Sophie.

 

Ele não a deu atenção e saiu no seu carro, dirigiu um pouco transtornado e não demorou muito para desligá-lo e parar um pouco antes que sua cabeça estourasse, quando colocou tudo para fora resolveu não voltar para seu apartamento e foi até um lugar mais reservado com várias casas de muros altos, Fred entrou em rua de pedra e depois apertou a buzina do carro em um portão junto a um enorme muro, que era tão grande que nem se via o final dele. Um homem vestido de terno preto o viu e abriu o portão. Fred ligou o carro e entrou, passou uns cem metros até ver um imenso jardim e aos fundos estava uma mansão que mais parecia um palácio de tão grande e bonita que era além de se ser uma construção de detalhes europeus. Fred estacionou o carro e saiu dele indo até a porta de entrada, ele a abriu e entrou na sala que era tão exuberante quanto a fachada, havia móveis com um aspecto antigo, porém muito fino. Uma mulher alva e bonita de cabelos castanhos claros e olhos claros como os de Fred, se aproximou dele e o abraçou.

 

- Há quanto tempo. - falou ela o examinando.

- Me desculpa. - pediu Fred. - É que eu não queria ver o papai e a senhora também não foi me visitar.

- E você nem me ligou. - retrucou a mulher.

- Me desculpa mãe. - pediu ele novamente, só que agora seus olhos se encheram de água.

- Seu pai viajou! - exclamou a mãe dele. - Janta comigo, hum?

- Eu queria dormir aqui.

- Claro. Você pode vir dormir aqui no dia que desejar, aliás, isso tudo é seu...

 

Ela parou rapidamente por que percebera que uma lágrima havia caído dos olhos de seu filho.

 

- Frederico, pára com isso. - mandou ela. - Não faz nem tanto tempo assim que nós não nos víamos...

- Não é isso, mãe. - disse Fred.

 

Ela enxugou as lágrimas dos olhos de Fred esperando que ele continuasse, porém, ele apenas disse:

 

- Eu quero descansar.

 

 A mãe dele olhou no seu pequeno relógio de ouro, percebeu que era cedo, mas, mesmo assim acompanhou Fred até o antigo quarto dele, esse era bem espaçoso, muito mais do que o seu atual. Ele deitou na grande cama e sua mãe perguntou:

 

- Não vai contar nada à sua mãe?

- Eu vim aqui pra isso. - confessou Fred. - Por que eu sei que você é a única pessoa com quem posso desabafar...

 

A mulher sentou na cama ajeitando seu vestido preto e olhou para o filho.

 

- Quê que foi meu amor?

- Eu briguei com uma garota...

- Eu não acredito que você brigou com a Beatriz... Ela é tão boa moça.

- Não foi com ela mãe. - interrompeu Fred. - Desculpa, mas eu não te contei que eu terminei com a Bia...

- Você terminou com ela?

 

Fred confirmou com a cabeça:

 

- Eu briguei com outra garota, uma namorada nova...

- Mas por quê?

- Por que eu descobri que ela não me ama que me usou o tempo inteiro.

- Não pode ser verdade. - falou a mãe de Fred indignada. - Qual garota em sã consciência, não ficaria apaixonada por um menino assim igual a você? É bonito, bom, inteligente, rico... não tem condição... E olha que eu falo isso, não como sua mãe, mas, dá pra perceber o quanto você seria um príncipe na vida de qualquer garota...

- Menos pra ela. - falou Fred com a voz tremida e deixou cair duas lágrimas de seus olhos.

- Você gosta muito dessa garota?

- Muito, muito mesmo. - respondeu Fred. - E eu magoei a Bia pra ficar com ela.

- Mas, ela não te merece meu filho! - exclamou a mulher.

- Eu sei. - disse Fred.

 

Logo em seguida, os dois se abraçaram e a mulher resolveu sair do quarto e deixar seu filho só, para que ele pudesse pensar em tudo e tomar uma solução, não demorou muito para que Fred caísse no sono. No outro dia quando acordou, ficou um pouco na cama, mas, não pensou no que havia acontecido ontem. Levantou-se e foi até o banheiro tomar banho, depois ele se vestiu e saiu do seu quarto atravessando um grande corredor com umas dez portas, desceu pela escada que ficava na sala de entrada e foi até outra que havia uma grande mesa com umas vinte cadeiras, Fred sentou ao lado de sua mãe que já tomava café, não tinha como não comer, mesmo que ele estivesse abatido, pois, a mesa estava farta de guloseimas.

 

- Você vai pra universidade hoje?

- Vou. - respondeu ele a sua mãe.

- Se quiser ficar aqui comigo... - sugeriu ela segurando a mão de Fred.

- Bem que eu queria mãe, mas, acho melhor não perder aula... Algum professor pode passar um teste surpresa...

- Então ta. - depois de comer ele despediu-se de sua mãe e lhe prometeu que ia voltar mais frequentemente para visitá-la.

 

Quando saiu da mansão em que seus pais moravam, ele passou em seu apartamento para pegar sua mochila, depois seguiu em direção à universidade, chegando lá Fred foi direto pra sala e não parou pra conversar com ninguém. Ele sentou ao lado de Rafael que o olhava desconfiado, porém, não perguntou nada, pois o professor havia chegado. Assistiram quatro aulas seguidas; uma de Matemática, duas de Sociologia e uma de conceitos de Direito (a aula que Fred mais gostava e a única que prestou atenção). Rafael esperou que eles fossem liberados, então perguntou:

 

- O que foi que aconteceu ontem lá em casa?

- Do que está falando? - questionou Fred.

- Foi só eu ter contado sobre o que a Sophie fazia que você ficou todo errado.

- Nada haver. - falou Fred ficando feliz por Matheus vir em direção dele e mudar de assunto.

- Fred tem treino de basquete agora.

 

Ele se levantou rapidamente e nem se despediu direito de Rafa, saiu atrás de Matheus e foram para o ginásio, antes de chegar ao mesmo Fred disse:

 

- Matheus?

- Hum?!

- Eu acho que eu não vou jogar. - falou Fred e Matheus parou de andar.

- Por quê?

- Eu estou passando por uns problemas e não estou com cabeça...

- Quê que foi Fred? - perguntou Matheus.

- Coisa minha.

- Então ta. - concordou Matheus. - Mas, sabe que o Lucas vai ficar furioso...

- Eu não tenho medo dele. - interrompeu Fred.

- É... Mas, eu tenho. - confessou Matheus. - Por isso eu já vou indo. Tchau.

- Tchau. - disse Fred e depois voltou a andar e se afastou do ginásio

 

Ele só queria relaxar por que a angústia estava voltando a tomar conta dele, então o mesmo entrou em seu carro e foi até um lugar que ele gostava de ir quando estava triste, até a praia, e ficou feliz por essa estar completamente deserta. Fred estacionou e saiu do carro tirando os sapatos, depois desceu um banco de areia e foi em direção ao mar, olhou para o céu que estava completamente fechado e sem nenhuma vista do sol e chegou ao mar molhando seus pés. Ele olhou para o lado e tomou um susto.

 

- O que é que você está fazendo aqui?

- Eu peguei um táxi e te segui. - respondeu Sophie.

- Agora você deu pra me perseguir?!

- Fred, nós precisamos conversar. - Falou Sophie.

- Eu não tenho nada pra conversar com você. -disse Fred.

 

Ele saiu andando e se afastando de Sophie, porém, a mesma não desistiu e acompanhou ele.

 

- Você acha que se eu não gostasse realmente de você eu estaria aqui, me humilhando?!

- Só quer continuar brincando comigo...

- Se você ouvir o que tenho para dizer, vai mudar de idéia ao meu respeito. - interrompeu Sophie.

- Eu não sei se eu quero mudar de opinião ao seu respeito. - falou ele e novamente se afastando de Sophie.

 

Só que dessa vez ela não saiu atrás dele, apenas disse:

 

- Eu menti pra você.

 

Fred parou imediatamente.

 

- Eu sabia...

- Me escuta. - interrompeu Sophie andando e ficando à frente de Fred. - Não é nada disso que você está pensando.

 

Ele não falou mais nada enquanto olhava Sophie tirar um pouco de seu cabelo do rosto, por que ventava muito e como ela tinha um cabelo um pouco grande ficava difícil.

 

- Quando eu falo que menti pra você. - continuou ela. - Eu me refiro a ter te dito que nunca me apaixonei antes...

- E o que é que isso tem haver? - perguntou Fred. - Aliás, por que não me contou?

 

Sophie olhou para o mar e ofegou, depois pediu:

 

- Eu posso continuar?!

 

Fred ficou calado e os dois trocaram olhares.

 

- Quando eu tinha uns quinze anos... O Rafa me apresentou um amigo dele que tinha acabado de mudar para o nosso colégio. - falou ela olhando para a areia que havia em seus pés. - Depois de um tempo um tempo eles ficaram muito amigos, o Rafa idolatrava ele, até por que ele era um pouco mais velho...

 

- Eu não estou entendendo aonde você quer chegar? - interrompeu Fred.

 

- Se você esperar mais um pouco vai acabar entendendo. - Sophie olhou para ele séria e Fred resolver não atrapalhar mais, então ela continuou: - O fato é que... Esse garoto passou a freqüentar demais a nossa casa e eu comecei a notá-lo. Ele era mais velho, bonito e vivia me dando cantada... Eu fazia uma de difícil, mas não teve outra, eu fiquei doida por ele e agente começou a namorar... E a cada dia eu descobria mais o que era me apaixonar, ele foi meu primeiro amor.

 

Sophie parou um pouco e fez uma expressão de dar pena, depois começou a falar de novo:

 

- Estava tudo perfeito, eu namorava um garoto popular, bonito. Meu irmão apoiava agente... Aí... Algumas garotas que estudavam comigo começaram a me alerta sobre ele, diziam que ele me traia, que depois que me deixava em casa saia pras festas...

 

Fred olhou para ela e não sabia se acreditava nessa história, mesmo assim não falou nada, para que Sophie pudesse contar mais.

 

- Eu não acreditei nelas... Ele sempre tinha sido perfeito comigo, como é que podia está me traindo?

- E o que você fez? - perguntou Fred.

- Eu continuei com ele, mas depois eu quis saber se tudo isso era verdade. - respondeu Sophie e uma lágrima caiu do seu rosto. - Eu fui atrás e descobrir que... Ele não só me traia com algumas garotas, como também se relacionava com as que eu detestava pra depois rir da minha cara... E ainda descobri que ele tirou a virgindade de uma menina que eu pensei que fosse minha...

- Enquanto namorava você? - perguntou Fred sentindo nojo desse cara.

 

Sophie afirmou com a cabeça e Fred enxugou delicadamente as lágrimas que caiam dos olhos dela querendo abraçá-la, porém, não fez isso.

 

- O pior foi que depois de ter descoberto tudo... Chegar em casa e ver meu irmão - disse Sophie. - Tudo bem ter sido traída pelo meu namorado e algumas amigas, mas, pelo Rafael... Eu não podia perdoar.

- O Rafael sabia disso? - questionou Fred indignado.

- Claro que sabia. - respondeu Sophie. - Ele era o melhor amigo dele.

 

Sophie voltou a enxugar as lágrimas e continuou:

 

- Eu fiz uma coisa pra que papai não o deixasse ir morar no Japão, que era o que ele tanto queria...

- Essa parte ele já me contou. - interrompeu Fred agora encaixando tudo. - Então, foi pro isso que você fez isso com ele... Mas, por que não disse a ele?

- Eu não queria me estressar mais. - respondeu Sophie. - Eu resolvi ir pros Estados Unidos pra ficar longe de todo mundo e longe do Rafa... E lá eu quis me vingar me envolvendo com os garotos compromissados que davam em cima de mim, pra depois fazer eles se arrependerem de brincar com as namoradas daquele jeito e ainda conseguia dar o troco nas garotas que gostavam de rir de mim...

- Tem sentido. - disse Fred feliz por acabar de entender que Sophie não era má como ele pensava, ela apenas tinha os seus motivos.

- Eu realmente gosto de você, Fred. - falou ela mais calma. - Por que você foi o único que não me usou, você realmente gosta de mim... E se eu não te quis assim que você me disse isso, foi por que eu tive medo... Eu apaixonada pelo melhor amigo do meu de novo, tive medo de que tudo se repetisse...

- Mas não vai repetir, por que eu nunca vou te trair. - falou ele olhando no fundo dos olhos dela. - Não tem nem lógica de eu trair uma princesa como você.  

 

Sophie deu um leve sorriso e Fred a beijou.

 

- Só que agente vai fazer uma coisa agora. - disse Fred depois de algum tempo.

- O quê? - perguntou Sophie.

- Vem. - pediu ele puxando Sophie.

 

Os dois foram até o carro e entraram no mesmo. Fred dirigiu por alguns segundos até chegar ao casarão onde Sophie morava. Ele saiu do carro e abriu a porta do lado de Sophie para que ela também saísse.

 

- O quê agente está fazendo aqui? - perguntou ela.

- Vem cá. - pediu Fred.

 

Os dois entraram na casa e logo no hall viram Eduardo.

 

- O Rafa está aqui? - perguntou Fred a Eduardo que parecia está apressado a sair.

- Ele está na cozinha. - respondeu Eduardo, depois de despediu dos dois e saiu.

 

Sophie negou com a cabeça.

 

- Não é isso estou pensando, é?

 

Fred não respondeu e pediu que Sophie o acompanhasse até a cozinha, ela pensou um pouco e depois resolveu acompanhá-lo. Quando o Rafael viu os dois entrarem na cozinha de mãos dadas, ele perguntou logo:

 

- O que significa isso?

 

Sophie fez que ia sair, mas Fred a segurou delicadamente.

 

- A Sophie tem uma coisa a te dizer. - falou Fred.

- Não. - disse ela.

- Sophie. - brigou Fred. - Eu vou deixar vocês a sós.

- Não, fica. Por favor.

 

Fred concordou; e a garota olhou para o seu irmão que não estava entendendo nada, depois se aproximou do mesmo.

 

- Você ainda se lembra do Marcos?

 

Rafael olhou para o lado e depois indagou.

 

- Aquele meu amigo que você namorava?!

 

Sophie confirmou com a cabeça e olhou para Fred que estava atrás dela.

 

- Ele te contava tudo? Sobre o que ele fazia?

 

Rafael riu.

 

- Fala sério, Sophie. - disse Rafa. - Ele era mais velho... você acha que ele ia sair contando o que fazia para um pirralho que nem eu?

 

Sophie ficou surpresa e olhou para Fred.

 

- Mas vocês não eram melhores amigos? - questionou Sophie.

- Ele só dizia isso pra jogar videogame comigo. - retrucou Rafael. - Aliás, acho que ele só se aproximou de mim para ficar com você.

 

Sophie foi até a cadeira mais próxima e se sentou.

 

- Agora fala logo o que você quer, por que eu tenho um monte de assuntos pra estudar. - falou Rafa.

 

Sophie demorou a abrir a boca e depois perguntou:

 

- Então, você não sabia que o Marcos me traía?

 

Rafael não respondeu de imediato.

 

- Como assim o “Marcos te traía?” - questionou Rafa.

- Eu pensei que você soubesse! - exclamou Sophie um pouco surpresa.

- Ele te traía?- perguntou Rafael abismado. - Mas ele parecia ser doido por você, Sophie.

- Só na nossa frente - retrucou Sophie.

- Se você tivesse me contado, eu tinha pegado esse cafajeste e...

- Desculpa. - interrompeu Sophie. - Eu achei que você sabia, na hora eu não pensei direito e acabei estragando seu sonho...

- Então foi por isso? - perguntou Rafa olhando Sophie concordar com a cabeça. - Por que você não me perguntou?

- Desculpa, mas, quando eu descobrir eu fiquei transtornada e com vontade de me vingar de todo mundo... Eu não pensei direito. - respondeu Sophie. - Me desculpa Rafa?

 

Rafael não disse mais nada, apenas deu um abraço na sua irmã e quando os dois se desgrudaram ele retrucou.

 

- Nós passamos quatro anos brigados, por causa disso?!

- Acho que sim. - falou Sophie dando seu lindo sorriso. - Mas, nada teria sido resolvido se não fosse pelo Fred.

 

Fred se aproximou dos dois.

 

- É bom ter um amigo como você! - exclamou Rafa.

- Agora ele também é seu cunhado. - disse Sophie.

 

Ela e Fred se abraçaram.

 

- Se lembra aquela história de ver o céu mais bonito? - perguntou

Fred.

- Então, era por que você estava apaixonado pela minha irmã?

 

Fred confirmou acenando a cabeça.

 

- Tanto que eu te aconselhei a não ficar com ela... - retrucou.

 

Sophie se aproximou dele e lhe deu uns tapas.

 

- Então, quer dizer que aconselhava o Fred a não ficar comigo, não é imbecil?

 

Rafael e Fred riram.

 

- E adiantou alguma coisa? - questionou Rafa. - E eu vou ficar de olho em vocês, viu? Principalmente em você Frederico.

- Frederico?! - indagou Sophie rindo, Rafael fez o mesmo e Fred não gostou que caçoassem do seu nome.

 


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