Dude Fantasy - Os Bons Guerreiros escrita por Rivotril


Capítulo 1
Le Tomo I: Taverna, devaneios e cordeiros à la Melmond


Notas iniciais do capítulo

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Lá pelos lados esquecidos de masmorras e dragões, onde reinos e magias constam como realidade e as fábulas, quando alimentadas, dão à luz as criaturas que nelas contadas, um grupo modesto de aventureiros confabulava sobre os pormenores seguintes de sua custosa jornada na calorosa taverna de Melmond, uma cidadezinha singela e de bom espírito, comum de tempos de relativa paz, mas que já fora muito mais fria nos agourentos invernos outroros do Lich. Ociosos sob as vigas e goteiras da taverna, a companhia de bons guerreiros sustentava-se por um mago-negro, um bardo, um ladrão, um guerreiro e um anão, todos muito bem servidos de jarrões de cerveja-preta e corpulentos assados de cordeiro, – ao fundo, uma fanfarra; tamboretes e alaúdes, virgens e quadrilhas, banda e cantoria. E os bons guerreiros, confabulavam.


– Então... conseguimos o rabo de rato. E agora? - indagou o bardo, Luriance, ao mesmo que, sempre que podia, trocava sorrisos com a filha de camponeses que servia os canecões transbordando espuma. Apesar dos poucos dentes e do nariz torto, tinha seios grandes, e isso lhe bastava.

– Temos que penetrar o subterrâneo das Ilhas Cardia e requisitar uma audiência com o Rei dos Dragões, Bahamut... novamente – esclareceu o mago-negro, Pixeldir, girando um compasso rústico sobre o mapa de papiro da masmorra que teriam de explorar no dia seguinte.

– Isso é curioso, muito curioso mesmo... qual seria a lógica por trás de um acordo desses, é o que me faz pensar. Damos a cauda lombriguenta de um rato carcomido ao Rei dos Dragões e Ele nos abençoa com o a ascensão de nossas doutrinas? Não faz sentido...

– Existem coisas em que o melhor a se fazer é não tentar compreender, lírico... a vida é muito curta para para se desperdiçar com questões... paradoxas como essa... se lhe dizem que o céu é azul, você aceita e pronto - disse o guerreiro, Dwayne, num tom ranzinza, ébrio, com um semblante acabado e deprimente. A barba loura estava por fazer, encardida e espessa, e os cabelos brilhavam de sebo e ganhavam as alturas num ninho grosseiro e rebelde. A cada palavra dita, sentia-se um forte cheiro de álcool.


– E é por isso que você é o guerreiro, Dwayne - disse o mago.

– Ora, pois sou obrigado a discordar, meu amigo de espadas e escudos. A vida é curta para os que não sabem aproveitar, é o que afirmo - o bardo puxou uma das cordas de pelo de unicórnio de sua lira mágica de prata, entoando uma nota amigável e crescente. Quando a camponesa lhe deu um largo sorriso de gengiva, acabou por desafinar. – Apesar de não gozarem da perfeição angelical dos poemas e cânticos, as moças estão em cada canto e em cada colina para nosso júbilo, as corretas e as nem tanto – e as longe disso -, proveitos no palco em que atuamos são o que não faltam.

– Para mim... só existe... só existiu... só existirá... uma única... donzela... - e o guerreiro desabou, pondo-se a chorar como um bebê de peito, mergulhando o rosto barbado entre as manoplas de sua armadura.

– De onde eu vim, o problema desse homem seria resolvido desposando uma virgem cheirosa e corada! - rosnou o anão, Edorp, filho de Adorp, com seu pernil besuntado, ajeitando o elmo adornado por chifres pontudos enquanto alisava a barba volumosa e imponente com suas mãos de broa.

– Miaaaaa.... minha doce Mia... me perdoe... - choramingou Dwayne, e continuou a choramingar.

– Deixe-o chorar. Quem sabe ele recupera parte da sobriedade derramando lágrimas.

– Isso é muito frio, mago. Até para um sujeito envolto em trevas como você. Mas, bem, acho que tem razão –disse o ladrão, Rocco, puxando um fumo de seu cachimbo, uma névoa verde se condensando aos poucos sob o chapéu pontudo. Trepado grosseiramente no banco, fazia-o ranger como uma cadeira de balanço conforme balançava as canelas peludas.

– Minha doce... e ruiva... Mia... eu falhei contigo... falhei como homem que sou... era... miseravelmente...

– Ouçam, eu adoraria me prolongar no porquê e nas vertentes do pacto com Bahamut, mas vocês mal entenderiam 1/3 do meu discurso. E estamos aqui para beber e relaxar o corpo e a mente – não tanto quanto o nosso amigo aqui, que fique claro. Depois de um merecido descanso, estaremos capacitados para planejar com calma e eficiência os detalhes dos próximos passos de nossa jornada – o mago-negro deu um grande gole em sua cerveja-preta, dedilhando e fazendo anotações em um segundo mapa, esse de uma floresta. – De qualquer modo, um rabo de rato me parece um preço bastante razoável para me tornar um magus...

– Hão de admitir que, no bruto, faz-se visível uma gritante falta de equivalência em tal troca – o bardo afagou sua barbicha pontuda de ouro-branco, frisando uma expressão tensa, realmente intrigado. – Escreverei uma música sobre essa questão tão maravilhosa! O povo dessa cidade parece ser do tipo que recompensa um bom artista – concentrado na inspiração, olhou de esguelha por cima da caneca para o decote de uma servente roliça que passava por ali, atrapalhada com a torre irregular de carnes vermelhas e batatas assadas de uma bandeja carregada.

– Faça o que quiser. Só não nos trapaceie na divisão de lucros, nosso estoque de itens está baixo. Precisaremos de muitas Hi-Potions agora que... - abaixou a voz, certificando-se de que o guerreiro inconsolável, jogado numa posição patética sob a mesa, derrotado, ainda estava perdido em sua bebedeira e depressão. – … agora que perdemos nossa maga-branca...

– Muito me ofende, mago. O gatuno está logo ali. Seus bolsos tintilam a cada mínima polegada, uma incompetência sem tamanho, claro, para alguém que depende da surdina como elemento principal.

– Mas de novo esse papo? Já disse, são clipes para portas e baús trancados e fumos presos por fitas de metal. Tenho muito zelo com o que vou queimar em meu cachimbo, vocês também deveriam ter - o ladrão soltou um anel de fumaça por cima dos bigodes, esse ganhando altura até dissipar-se no teto de madeira.

– Vocês pensam demais, franzinos. O Dragão quer uma prova de nossa coragem, as canções de Duergar contam bem a história. Não tem mistério. Eu acho.

– Isso, meu aliado anão, é o que eles querem que pensemos.

– Eles quem, mago?

– Questões conspiracionais, vocês não captariam, não pegariam o fio da meada. Muita coisa para suas cabeças despreocupadas de mentes acomodadas. Sistemas decimais influenciando registros populares em áreas distintas, compostos duvidosos implementados naquilo que consumimos, a banalização de uma ideia quando empregada sem moderação sob a massa coletiva... coisas de tirar o sono, o cerne boçal da maioria dos conflitos sendo uma delas... há tempos, eu disse há tempos, estão tentando lançar uma tendência vogal denominada visual kei, ideia de um Imperadorzinho de outra dimensão, sabem, começou em um deserto, esse cara, e agora quer propagar suas baboseiras excêntricas pelos demais espaços-tempos. Preciso, até 5 de novembro, aprender uma magia poderosíssima para por fim aos planos das Casas do Parlamento - todos da mesa se entreolharam tremendamente confusos com o monólogo do mago, menos Dwayne, afogado em seus fantasmas do passado. Percebendo o nó de neurônios que fizera em seus companheiros, logo acrescentou:

– Eu falei isso em voz alta? Ora, vamos! Apreciem suas cervejas, apreciem-nas!

– Uau... mas que... caralhos....

– Sinto, meu amigo mago, mas planejo concentrar meu apreço em tópicos um pouco diferentes dos seus - Luriance lançou uma rosa em direção à mesa vizinha, a haste dessa afunilando-se com maestria entre os seios de uma rechonchuda garota com cachos cor-de-mel e sobrancelhas juntas, o botão vermelho adornando seu busto como uma coroa. Deu pulinhos com o susto mas, ao notar o bardo, esse mandou-lhe uma piscadela marota, a qual foi prontamente retribuída entre risinhos e maçãs coradas.

– Careço de fumo. E atributos líricos - debochou Rocco com displicência, ao mesmo que misturava diferentes compostos numa folha de bananeira.

– Precisamos comprar material para os reparos da canoa ainda hoje, não podemos esquecer... - lembrou o mago, levantando um dos mapas contra a chama de uma lamparina.

– ... o que é a vida se não uma grande piada de mal gosto?

– Ainda tenho fome, o alazão dessa taberna é pequeno como esquilo! Ossos demais pra pouca carne, se querem saber! Em meu Monte, lá sim, lá temos comida de verdade, o dobro, quem dirá o triplo desse javali mirrado. Pombas! - reclamou o anão do assado que devorava a dentadas vorazes, segurando o pedaço banhado em sangue e gordura pelo osso partido. Sua voz era alta e grosseira, atraindo olhares e comentários de canto de boca dos curiosos menos acostumados a presenciar um caso de anão agindo como anão - mas o estrangeiro de barbas vermelho-fogo e tranças espalhafatosas não se importava com isso. Na realidade, mal percebia a ligeira atenção que chamava (carne e bebida são entretenimentos o suficiente para um anão que se preze ignorar tudo o que se passa ao redor).

– Mas nessa taverna não servem nem alazões e nem javalis... do que ele está falando?

– Devem ser sinônimos de onde ele veio – palpitou o bardo, em tom jocoso.

– Miaaa... minha doce e pura Miaaa... me perdoe...

– Basta, guerreiro! - Edorp esmurrou a mesa, espatifando a carcaça de cordeiro contra o solo, alguns pedaços de carne salpicando conforme ele guturava. – Se tem algo que as minhas profundas cicatrizes me ensinaram, e quando eu digo “ensinaram” quero dizer a ferro e fogo, é que as penas que corroem o coração de um homem só podem ser varridas... pela lâmina de seu aço!! - o anão desafivelou o machado de suas costas, rangendo os dentes tortos e amarelos por cima da lâmina gasta. – RALLY-HOOOOO!!! - com um grito de guerra soberbo, desferiu um golpe certeiro no centro da mesa de madeira, a fenda que abriu-se quase partindo-a meio em seu trajeto. Alguns copos tombaram com o impacto, e Dwayne pôs-se a lamber a cerveja que corria e se perdia por entre as rachas. Mulheres soltaram gritinhos abafados e rapazes oportunos aproveitaram-se da situação, oferecendo um ombro de consolo e um pouco mais. – Não lutamos dias e noites, tampouco sacrificamos nossos irmãos queridos pelas riquezas de Monte Duergar para aturar desaforos, sejam esses de homens ou de deuses! ... ou... ou... como no seu caso... algo assim de espíritos do além! RALLY-HO! RALLY-HO! RALLY-HO!!!!1

O anão simplesmente recolheu a arma e voltou a sentar-se, terminando seu assado troncamente, aos grunhidos, empurrando tudo com longos goles de cerveja. O restante do grupo entreolhou-se desamparadamente, e Rocco parecia estar com uma expressão pálida por trás da névoa verdejante, fitando a fenda sobre a mesa com descrença.

– Sugiro um longo e embaraçoso silêncio depois dessa, que acham?

Logo ao longe, além dos barris de cevada, um grupo fervorou-se em palmas e assobios, possivelmente comemorando o fato de ter ganho a aposta do quanto de prejuízo o anão da vez daria à taverna. Claro, o único a prostrar-se em terror acabou por sendo o próprio taverneiro, catatônico em uma expressão de pavor por um longo minuto. Trago de volta à realidade às sacudidas pelo filho caçula, recompôs-se como pode e dirigiu-se, vacilante como um cão coxo, para a mesa do bando dos bons guerreiros.

– Senhores, senhores! Devo lhes pedir... bem... já deixando claro que... eu entendo, perfeitamente, mesmo... que o senhor anão teve a melhor das intenções, comemorar com os amigos, claro, quando a bebida sobe a cabeça, coisas assim acontecem... bem... nem sempre.. enfim... mas, bem... uma rachadura dessas proporções não é bem vista, sabem...

– Coloque na conta, meu bom senhor taverneiro. Compreendemos a situação, como não poderíamos? Somos cavalheiros esclarecidos e justos, ou quase isso.

– Oh, agradeço a compreensão, senhor, agradeço com sinceridade. Quero que saibam, não os tomo por arruaceiros, longe disso, é algo importante a se frisar, acredito. Bem, já estou me prolongando demais, demais! O trabalho me chama, com licença; não posso deixar Jon Piromaníaco sozinho na cozinha - despediu-se o taverneiro, aliviadíssimo, tropeçando nas próprias botas; estivera visivelmente tenso com a tarefa de dirigir-se a um grupo com um anão temperamental munido de um machado três vezes maior que sua cabeça.

– Uns frangotes, se querem saber. Uma mesinha de nada! - resmungou Edorp, partindo uma lasca de osso entre os dentes. – A música e comida daqui seriam melhores se tivessem daquelas dançarinas de pernas grossas e nuas. A cerveja nem tanto.

– Então... tudo muito bonito, tudo muito bacana... bebida, comida, mulheres bonitas... eu falei bonitas? Eu quis dizer saudáveis... um guerreiro bêbado e depressivo... mas venha cá, Pixeldir... apenas como curiosidade acadêmica... - Rocco inclinou-se em seu banco, em postura confidenciosa, olhando do anão para o mago, movimentando o cachimbo pelo ar, a fumaça esverdeada acompanhando seu compasso. – ... por que raios um anão? Um anão psicopata! Já não temos problemas o bastante para lidar com um aliado de temperamento instável... e explosivo?

– Basta mantê-lo “abastecido” que não teremos maiores problemas com Edorp, simples assim. Por Cosmos, é um anão! O que esperava? Um buquê de margaridas e discussões teológicas?

– Não me sinto confortável com ele. Já me mandou pelo menos dois ou três olhares ameaçadores, e, um deles, foi no momento exato da machadada! Ou foi pelo menos o que eu achei, são olhos miúdos demais pra se ter certeza – disse o ladrão aos cochichos pela concha da mão, a queima verde com cheiro de capim escapando pelos vãos dos dedos.

– Está imaginando coisas, Rocco. Deve ter alguma erva não regulamentada nesse seu fumo.

– Bem, não se pode culpar um homem por ser precavido, certo? - queimou mais um rolo de fumo, olhando desconfiado pro anão, a densa névoa que subiu ocultando seu rosto entre as nuvens.– E se fosse a minha cabeça em seu machado ao invés da mesa? Quem levaria flores a minha mãe? Duvido que qualquer um de vocês se daria ao trabalho.

– Eu não veria problema em tal tarefa. Adoro as torradas doces que sua mãe prepara.

– Não julgue os anões por sua natureza agressiva... já viu as mulheres com que eles são obrigados a dormir? - Pixeldir abanou os braços, dissipando parte da névoa tabacal.– De qualquer maneira, com a perda de Mia, de certa forma perdemos Dwayne também... entenda, com a de desvantagem de 1,5 membros em nossa formação, um preenchimento nessa lacuna fez-se necessário. Para compensar nossa debilitação, precisávamos de um guerreiro de vanguarda... e de fácil persuasão. Eis que Edorp entrou na equação como uma luva. E de nada. - explicou, revisando as provisões do grupo de bolsa em bolsa, a cada uma delas verificando a algibeira de gils, resmungando frustrado através dos grandes olhos amarelos.

– Mas por que não um mago-vermelho? Teríamos um espadachim e um conjurador de magia-branca ao mesmo tempo, dois moogles com uma pancada só!

– O que acham do nome “Nas montanhas da perdição” para um soneto? - perguntou o bardo, absorto em outro decote, completamente distante de qualquer debate.

– Em Monte Duergar, as cervejas são mais geladas e amargas também. E as mulheres têm mais carne, se querem saber. E não temos elfos por lá, não, não.

– Rocco, aprecie sua cerveja. Não vou enumerar novamente meus pontos sobre a neutralidade que é ter um mago-vermelho no grupo.

– É uma classe três-em-um, Pixeldir. Como um curinga!

– Sim, uma classe três-em-um; no que tem de pior das três classes matrizes, diga-se de passagem. Um mago-vermelho não pode aprender feitiços avançados, tampouco equipar-se com equipamentos muito pesados. É como ter um eterno novato no grupo.

– Mas eles são um bocado estilosos, não acham? - comentou Luriance, despejando um frasco de licor de cacau em sua cerveja. – Possuem um gosto excelente para as vestes, tenho que admitir. Quando eu era garoto brincava com frequência de mago-vermelho. Conquistei várias namoradinhas assim, devo muito a essa classe – se é que me entendem. Desculpem, meus olhos estão marejados?

– Ouvi dizer que aqui tem um mago-vermelho, nas redondezas de Melmond... e que é muito poderoso... sabe, daqueles já transcendentais...

– Boatos, boatos sem fundamentos. Você está fumando muito e bebendo pouco, é isso. Está em desarmonia.

– O mago tem razão, doninha! Deve beber e comer bastante, todos os dias, vida de glutão! E fornicar com as fêmeas, como um coelho no cio! HA! Quem sabe assim tem alguma chance de ficar forte e viril como Edorp, filho de Adorp! HAHAHA!!1 – o anão deu uma chave-de-braço em torno do pescoço magricela de Rocco, forçando a axila suada e mal-cheirosa contra o rosto acuado do ladrão, torcendo-o como roupa molhada.

– O anão está exaltado, o anão está exaltado! - suplicou o gatuno da maneira que pode, sufocado, contorcendo-se como um guaxinim degolado, opondo-se àquele antro de pentelhos, procurando evitar a todo custo que lhe invadissem a boca.

– Meu caro Edorp, filho de Adorp, neto de Erathorn, o negro – adiantou-se o bardo, às pressas, interrompendo o gole quase engasgado em sua cerveja com licor. – Que acha de pedir um malboro-saltitante? É famoso por ser o coquetel mais picante da casa, ideal para os bravos e destemidos! Que está esperando, perdendo tempo com essas bebidas de rebentos?

– RALY-HOOOOOOO! - o anão urrou guturalmente, soltando Rocco da chave e batendo palmas estapafúrdias. Os pedaços de pernil voaram de sua barba ruiva durante uma gargalhada, e um deles caiu dentro da caneca de cerveja do mago-negro. – Pois que seja! Vejam só, esse pomposo me surpreendendo! Um marlboro-saltitante para Edorp! Não, um não! Dois! Nada mais justo do que brindar um achado de porte com meu camarada fresco, digo, bardo!

– Ah, não se incomode... não acho que... não é necessário... Pixeldir, por que um anão?

– Pare de conversa, pombas! Eu insisto, insisto! - Edorp enchia o ombro delgado do bardo com tapas brutos, cada qual arqueando-o para frente e para os lados mais do que o anterior, quase derrubando sua boina, as madeixas douradas caindo-lhe sobre o rosto. – E, se recusar, descerei a bebida por sua goela abaixo com um funil HAHAHA!! É sério.

– Cof! Co! Cof!... com mil infernos... 9999hit infernos... estou dizendo, mago... estou dizendo... gostaria que fosse o seu pescoço, se ainda manteria esse pensamento, não, essa loucura... mas... e quanto a Dwayne? Melhoras? Pioras? - quis saber Rocco, entre tosses secas e lágrimas de esforço escapando-lhe pelos olhos semicerrados. Pegou um fumo e, dessa vez, acendeu-o direto do rolo, a essência exalando mais forte e amarga sem o cachimbo como filtro.

– Aparentemente... - respondeu o mago, trocando de caneca com Edorp enquanto o anão distraia-se em suas comemorações broncas. Quando viu que essa estava pior que a sua própria, pediu outra para uma servente que passava por ali; sem que olhasse, cuspiu na caneca do anão. – … está a ruína em pessoa, como em todas as outras vezes que me fez essa mesma pergunta. E Edorp, vamos, aprecie sua cerveja. O coquetel vai demorar.

– Não a protegi em meu dever... sua vida estava em minhas mãos, e eu a perdi... sou um fracassado, imperdoável... sou o artifício de minha própria destruição... onde vou achar outra ruiva daquelas?

– Não conhece nenhuma passagem altruísta desses seus livros, mago? Poderia ajudá-lo, de repente...

– Sou um mago-negro, até onde lembro, não um clérigo.

– Eu... eu preciso ir ao banheiro... com licença, chapas... não me demoro...

– Lave bem as mãos, meu amigo. E não derrube as manoplas no poço.

– Não deveríamos acompanhá-lo? Pelo menos um de nós... ele não está em seu perfeito juízo, aliás, está a léguas disso...

– Deixe disso, o que demais ele poderia fazer? Cometer suicídio?

(...)

Não demorou muito, um agudo grito feminino irrompeu a taverna. Mais adiante, viu-se Dwayne, trepado sob uma mesa distante, chutando canecas e pratos, metendo o pé no peito de quem quer que tentasse segurá-lo. Ao seu lado, jogada ao chão, uma garota apontava-lhe um dedo acusador, tampando o busto seminu, consternada sob o vestido em trapos, a maior parte desse nas mãos do guerreiro, em um laço tosco e improvisado.

– Eu preciso disso... mais do que a senhorita... com a sua licença, sim? - amarrou o laço em volta do pescoço enquanto pendurava a ponta oposta na viga acima da cabeça, firmando um nó desajeitado e apressado. Fez preces imprecisas aos seus deuses antigos, cantarolando um trecho da tarantela que a banda tocava, então, crente de estar devidamente entregue ao destino, Dwayne jogou-se.

– DWAYNE!! - gritaram todos - menos o anão, que gritou algo indiscernível.

As tiras de pano não aguentaram o peso da armadura, e acabaram cedendo. O espadachim desabou como um fruto passado do ponto, caindo por cima da mesa abaixo de si, quebrando as pernas de madeira, esparramando-se muito pateta contra o chão gorduroso, toda a comida e bebida vindo a cair em seguida por cima de seu corpo maltrapilho - estava a imagem de um ermitão renegado. Os bons companheiros vieram prestar-lhe ajuda corriqueiros, levando-o de volta à mesa do grupo, e o mago precisou pedir um chá verde natural para amenizar o estresse crescente.

– Me desculpeeeeem... eu sou um grotesco.....

– Quantas mesas vocês esperam que paguemos até o final do dia??

– Hã, senhores... ? - o taverneiro, como se evocado por magia.

– Sim, senhor taverneiro. Coloque na conta, coloque na conta!

– Ah, sim! São muito compreensivos, minha nossa, são sim. Oh, a propósito, senhor, venho avisar que o seu chá de cogumelos demorará um pouco para ficar pronto, problema bobo, estamos tendo uma rixa com os ingrediente; a maioria se recusa a entrar na panela.

– Como? Não! Eu pedi um chá verde de ervas naturais, não de cogumelos!

– Santas Magus-Sisters!! Já vou averiguar isso, um memento! Um memento!

– O quê? E a barbárie que sofri ficará assim, impune? Eu fui atacada, brutalizada! -protestou a garota vitimada pelo acesso de Dwayne.

– Senhorita, que lástima, que infortúnio! Permita-me que a ajude - o bardo cobriu a garota com sua capa de linho, aproveitando-se de seus encantos para acalentar o gênio às vésperas da erupção – claro, algumas notas de sua harpa mágica também foram muito úteis. – Violetas são azuis, rosas são vermelhas, até amanhã de noite, estarei com o rosto entre suas pernas.

– Ah, se você diz... seu cabelo é tão bonito...

– Fico feliz que tenhamos esclarecido esse fatídico acontecimento - deu um largo sorriso de dentes brancos, as cordas de sua harpa produzindo uma melodia que apenas a jovem escutava. – Se sentir, na calada fria da noite, aquela necessidade palpitante de esquentar o corpo com o de um homem que sabe como o fazer, nesse cartão está o número de meu quarto. Sabe, quando ir à hospedaria da cidade, basta dizer que o bardo espera companhia.

– Com certeza eu irei... não perderia uma noite ao seu lado por nada nesse mundo... meu amor...

– Ah, pois bem... - o bardo arrepiou-se com a palavra "amor". – ... agora preciso ir... meu amigo precisa de mim. Foi um prazer, senhorita. E lembre-se: agradeça pelos peixes. Adeus! – e correu a passos largos de volta à mesa, quase derrubando a boina púrpura de seus cabelos claros.

– Eu agradeceria muito se vocês não quebrassem mais nenhuma mesa e parassem de vandalizar o local. Aliás, nossos gils agradeceriam.

– Olha, Dwayne... você está precisando de um daqueles momentos de... como é mesmo o nome? Oh, sim... um daqueles momentos de claridade. O Almirante Cid me recomendou um bordel que inaugurou nesse último semestre, nos confins da parte underground de Cornelia. Podemos dar uma passada lá uma hora dessas, pra te botar pra cima e tal.

– De boas bocetas, você quer dizer! Pelas barbas de Pollendina, e com certa urgência! Conheço umas senhoras que fariam o serviço de graça.

– Miaaaa...

– OK, eu desisto. Prefiro encarar um grupo de goblins de calças arriadas. Não no sentido bíblico, claro. Não sou desses.

(...)

– TAVERNEIRO!

Foi então que, sem que ninguém esperasse, o conhecido silêncio cortante de Melmond envolveu a taverna com seu véu arredio e invisível; a música alegre e dançante da banda cessou, os mais ébrios e fervorosos sorveram de uma dose repentina de sobriedade e os heróis se acovardaram, aninhando-se uns aos outros, como filhotes desamparados – todos, com exceção dos bons guerreiros, conheciam aquela voz grave, aquele tom ameaçador: Arthomas, o tirano-rubro e sua desprezível gangue, os valetes-colorados!

– TAVERNEIRO!

Autodenominado capitão de milicia daquelas bandas, era um vilão clássico; tinha parte do rosto encovado coberta por um espesso pano encarnado, os olhos gelados e sem alma sendo os responsáveis por evidenciar sua impassividade crua. O conjunto clássico de mosqueteiro fidelizava-se ao vermelho lúgubre do sangue que costumava derramar, e o chapéu amplo de cume em ponta mergulhava o rosto mascarado em sombras vis e evasivas. Na cintura detinha um longa katana embainhada, parcialmente oculta pela capa mágica, vaidosamente altiva. Consigo, uma dezena de capangas mal encarados, os tais valetes-colorados; todos magos-vermelhos, os hábitos tradicionais à classe, porém desprovidos de máscaras tal como seu chefe.

– TAVERNEIRO! - Senhoras e senhores, gils e itens de valor nos sacos, com a gentileza de vocês. Colaborem, e ninguém servirá de comida aos corvos, como bem já sabem, mas, para o acaso de haver um novato ou outro de primeira viagem... seria lamentável, de verdade, se todos pagassem por um único tolo metido a herói, não concordam? - TAVERNEIRO!

Com um aceno de mão, o líder vermelho dispersou seus valetes pela taverna. Em duplas alternadas, iam de mesa em mesa, com um saco aberto, recolhendo dos diversos clientes seus gils e os pertences que julgavam valiosos; o medo instaurou-se sob aquelas paredes como um hóspede maldito.

– Pensem nisso como um investimento, facilita muito as coisas.

(...)

– O mago-vermelho de que eu falei... na verdade, um magus-vermelho... - coxixou Rocco, precavido.

– Mas que porra?

– Ótimo. Escutem, eles são a força-miliciana dessa região; damos a eles uns poucos gils quando vierem em nossa mesa, e pronto. Podemos dar continuidade ao nosso dia sem maiores problemas.

(...)

– TAVERNEIRO! - tornou a gritar o magus, dessa vez com uma transparente entonação de raiva na voz severa. – POR QUE A DEMORA, TAVERNEIRO? ESTARÁ SE ESCONDENDO ENTRE AS SAIAS DE SUA ESPOSA OUTRA VEZ? SERÁ A SENHORA SUA DONA A VERDADEIRA DETENTORA DOS CULHÕES?

– Lorde Thomas, oh, Lorde Thomas! Estou aqui! - o taverneiro por fim surgiu, ajeitando sua peruca torta e tapada, afoito como nunca. Tropicou desajeitadamente quando um valete colocou uma perna em seu caminho, o que provocou zombações em coro no grupo de bandidos. – O senhor e esse seu senso de humor invejável, minha mulher ter culhões, poxa vida, que engraçado...

– Meu bom taverneiro; vim para receber minha fatia dos lucros, como deve ter imaginado. Está corado, saudável como um porco, ein ein ein, imagino que a vida tem lhe sido boa, seu gordo sacana – o magus apertou a cara chata do taverneiro com uma das mãos, fechando-a sob ela, espremendo suas bochechas flácidas até formar um bico de peixe, dando bofetadas fracas com a outra. Ao soltar, as marcas da forte pressão ficaram impressas na pele velha.

– Mas... então... era justamente o que eu estava prestes a comentar, que curioso.. Lorde Thomas... não está um pouquinho... adiantado essa semana?

O magus olhou de valete em valete, como se segurando uma sonora gargalhada.

– Mudança de planos, prezado taverneiro! - Arthomas pousou uma mão pesada sob o ombro trêmulo do dono de taverna, dando palmadas firmes e carregadas.– Sabe como é, a dificuldade que nos é imposta; garantir a segurança de cada um de vocês, cidadãos de Melmond, não é nada fácil. Houve uma pequena atualização em nosso contrato verbal, com base nas necessidades de cada um desses nobres justiceiros, taverneiro: duas contribuições durante a semana, ao invés de uma, com um aumento de 50% no valor... para cada uma. Um preço deveras razoável, não acha?

– O q-quê?

– Não "o que", taverneiro. "o que" é a resposta errada para a questão, diria que uma das mais erradas. Veja bem, estamos todos aqui, de muita boa vontade e fé, assegurando a proteção que vocês, povo de Melmond, não tem bolas o bastante para manter. Já se esqueceram do tremendo chute no traseiro que demos naquele vampiro secular? O Conde Lugosi estava lhes causando muitos problemas, não estava? Imagino que ter suas esposas e filhas sequestradas noite após noite não deva ser algo muito agradável de se conviver... seria uma pena se ele voltasse, realmente...

– C-claro que nos lembramos, meu Lorde... seremos eternamente gratos aos senhores por terem livrado nossa gente da terrível maldição do Conde... mas... o valor que está me pedindo... excede um pouco minhas condições... dessa maneira... irei à falência...

– Ora, isso não é problema meu, taverneiro. Trate de renovar-se, então, aumentar os clientes é aumentar os lucros! Assim, seu problema não se tornará meu, e meus valetes não terão motivos para incendiar sua taverna e sua família - ou qualquer outra dessa adorável cidade!

– S-sim, meu senhor... tem... tem toda a razão, como de costume... farei o meu melhor... em prol da comunidade...

– É muito bom ouvir isso, taverneiro, muito bom mesmo. Aprecio com fervor quem recebe de bom grado minha generosidade, verdade. Agora, mostre como é um amável hospedeiro, e vá buscar um barril cheio daquele seu melhor vinho!

– C-como quiser.. Lorde Thomas. - e o taverneiro se foi, aturdido e pálido, remexendo o molho em seu bolso em busca da chave da adega. – Vida de NPC de merda...

– Mas o que é isso? Estamos num velório? Vamos, vamos! Quero a banda tocando e os bêbados cantando, dançando, como há pouco, sim, ouvi a festança do lado de fora, seus calhordas! Isso! Alegria, alegria! Ah, isso, quantos sorrisos bonitos, quanta beleza... - e de suas palavras navalhadas se seguiu a representação; a taverna inteira voltou a festejar e brindar, todos com uma máscara muito fina de falsa alegria, mantida pelo apreço que normalmente se tem por respirar e o coração bater.

(...)

– Anão nenhum abaixa a cabeça para arruaceiros. Anão nenhum se rebaixa diante de palermas vermelhinhos! - Edorp fechou as mãos num punho maciço e grave, cravando as unhas brutas na palma calejada, tentando controlar a raiva; as veias saltavam da testa do anão, pipocando contra a pele enrugada, e gotas de suor brotavam de seus poros, o tom de voz crescendo.

– Edorp, Edorp! Não cause confusão! Não cause... não nos foda, porra! - preveniu o mago, esforçando para manter o tom de voz baixo, procurando convencer o anão do mesmo.

– Eles são... kefkiistas...

– Uma gangue de mais de uma dezena; o líder deve valer por uns 3 homens, tratando-se de um magus. Não teríamos chance.

– Exato! Ouça o mago, ouça o bardo, Edorp. Se quisermos prosseguir com a jornada, precisaremos das cabeças sob o pescoço!

– Anão nenhum... jamais... se curvará... pelas batalhas travadas no Monte Duergar, pelos filhos perdidos... jamais - os olhos do anão transbordavam uma fúria flamejante, e a pressão que seus pés tensos exerciam começava a ceder uma cratera sob o solo. Estava de costas para a entrada, mas eram visíveis suas trepidações; seria uma questão de tempo até que chamasse a atenção do grupo inimigo.

– Conheci um cara que se meteu com kefkiistas uma vez. Bom, conheci o que sobrou dele, pelo menos. Até hoje tem dificuldade em acordar com a cama seca.

– Edorp, filho de Adorp, ou seria o contrário? Que seja; espere pelo marlboro! Veja só, não terá outra oportunidade tão cedo, não prefere degustar de um saboroso coquetel exótico ao invés de brandir o machado a esmo e acabar por matar a nós todos? Parece-me muito mais favorável, ao meu ver.

– Pela honra da casa, pelo brasão...

– Conhecem a origem do culto kefkiista? Seus membros se consideram parte de um conceito filosófico, mas, não importa o que me digam, pra mim eles não passam de um bando de cultistas obcecados. E extremistas.


– Estou começando a reconsiderar aquele chá de cogumelos...

– No dia mais claro, na noite mais escura...

– Se pedir com jeitinho, será que eles poupam meu rosto?

– Pixeldir, use Sleep, use Sleep, Pixeldir!

– E faria-o se pudesse, acredite, mas as economias não deram para comprar essa magia em nossa última visita à loja de magias.

– Em todas as dezenas de vezes que visitamos lojas de magias? Sleep é uma das magias mais baratas!

– Pois bem, não sei a imagem que lhes vêm à mente quanto à definição de mago-negro, mas, se eu quiser, um dia, ser respeitado e conhecido pela alcunha de "Pixeldir, O Implacável", tenho que focar-me em magias ofensivas.

– Pro inferno, Pixeldir! - o ladrão quase engasgou com a fumaça de seu fumo. – E eu pensei que você fosse a mente estratégica por trás do grupo!

– Não se pode culpar um homem por ser suscetível, não? É uma falha comum...

– Eu teria o prazer de proferir um encanto semelhante, mas... digamos que, como Pixeldir, nos últimos tempos andei me especializando em ciências, hm... um tanto específicas. Deveria ter recrutado uma anã, Pixeldir. Não... espere... assim foi melhor, onde eu estava com a cabeça...

– EM NOME DAS RIQUEZAS DE DUERGAR!! - levantou-se Edorp de súbito, derrubando seu banco, batendo no peito largo como um gongo aos berros e cuspes; a luta interna contra sua natureza impulsiva seria mais fácil se tivesse uma virgem para cada valete sob o colo. – COMEREI OS FÍGADOS DESSES PATIFES NO JANTAR, ARRANCAREI SUAS TRIPAS PELO TRASEIRO E ENFORCAREI-OS COM ELAS!!!

– Merda.

– RALLY-HOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

– Fodeu.

– DECEPAREI OS BRAÇOS, SURRAREI TODOS ATÉ A MORTE COM OS PRÓPRIOS MEMBROS AMPUTADOS E EMPALAREI OS QUE RESISTIREM! RALLY-HO!!! DANÇAREI SOBRE A CARNIFICINA!!! RALLY-HO!!! BANHAREI-ME EM SEU SANGUE!!! RALLY-HO!!!

– Suponho que, ao menos, morreremos como homens. Certo?

– ARRUUUUUUUU!!1

Apesar dos brados e ameaças e injúrias em caixa alta de Edorp, ninguém sequer notou seu estardalhaço; e logo todos saberiam o porquê...

– Esperem.... onde está Dwayne? - perguntou... alguém.

(...)

A alguns passos dali, no meio do salão, de frente para a gangue-carmesim, a espada longa e pesada desembainhada e apontada contra o temido líder dos valetes...

... estava Dwayne.

– Eu vou... enfiar essa espada... no seu rabo... - bufou o espadachim bêbado, quase apagando com o excesso de álcool do próprio hálito.

(...)

Às vezes, um homem é o homem certo para determinado tempo e lugar. Ou não.


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