Trapaças na Noite Escura escrita por Lola Vésper


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o segundo capítulo. Ficaria feliz em ter alguns comentários... Obrigada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475444/chapter/2

Se tudo tivesse dado certo eu estaria em um trem agora. Veja bem, apesar de teremos passado os últimos anos vivendo de pequenos furtos, trapaças e ameaças às pes-soas certas, e que de nenhum de nós podia reclamar de dinheiro durante esse tempo, éramos muito ambiciosos. Depois de certo tempo se tornara fácil assustar as pessoas do bairro em que morávamos, mas fora disso ainda éramos estranhos ao mundo. Por isso quando, três meses antes, Dimitri aparecera com uma das ideias mais perigosas que eu já ouvira, ele foi recebido com muito receio, e com um entusiasmo não pronunciado. Levou quase um mês de persuasão de Dimitri para convencer todos de que era uma oportunidade perfeita e outro um mês para ter boa parte do plano pronta.

Sabíamos que assim que tivéssemos o dinheiro em mãos precisaríamos sair de Moscou, talvez até da Rússia. Mas levou outro mês para arranjar os detalhes – conseguir identidades falsas; descobrir exatamente onde estavam as câmeras de segurança e como evitá-las; sacar todo o dinheiro de nossas já existentes contas bancárias e comprar diamantes com ele, facilitando o transporte, pois diamantes são menores e mais valiosos do que várias cédulas.

Faltavam apenas os últimos detalhes, coisas não muito importantes para serem acordadas, mas já tínhamos a maioria das coisas prontas. Não parecia muito complicado, devo confessar. Era apenas tão simples que ninguém nunca pensaria em fazer isso, então provavelmente eles não tinham se preocupado muito em tomar as devidas providencias. Claro, era arriscado. Se alguma coisa não saísse como planejado estaríamos todos perdidos, mas estávamos dispostos a correr esse risco.

A presença de Irina Yurievna – ou Irina Cara de Rato, como passara a chamá-la –, porém, atrasou um pouco nossos planos. Petrus a levava para boa parte das nossas reuniões, o que nos obrigava a conversar sobre outros assuntos. Dimitri participava cada vez mais ativamente das nossas conversas, e eu sabia que estava cada vez mais interessado em Irina Cara de Rato. Aposto que Hugh sabia disso também, mas Petrus, como o tolo apaixonado que se tornara, não parecia perceber. Na verdade, só conseguia o reconhecer como o homem frio que eu encontrara em um motel barato três anos antes quando Irina Cara de Rato não estava por perto.

E, pior, acho que ele planejava levá-la conosco para fora da Rússia.

Petrus fora atrás das identidades falsas, ameaçando e cobrando dívidas para conseguir o silêncio de qualquer um que estivesse envolvido com isso. Afinal, ele era o temido Rei de Espadas e ninguém ousaria desafiá-lo. O único problema era que entre as identidades falsas havia duas com a imagem de Irina Cara de Rato. Ele tentou esconder isso de nós, mas acabou se atrapalhando brevemente quando foi entregar as nossas identidades, o que foi mais do que suficiente para eu ver um pedaço das fotos nelas. Não consegui ver grande coisa, mas o cabelo quebradiço em uma e o nariz arrebitado na outra não conseguiam esconder sua dona mais rata do que humana.

Eu não estava com certeza feliz sobre isso, mas havia pouco e menos ainda que pudesse fazer a respeito. Então resolvi esperar e comecei a dedicar todos os dias uma secreta oração noturna pela morte rápida de Irina Cara de Rato.

Rezara minhas preces na noite anterior, na antes disso e na antes ainda, em uma sequência ininterrupta e quase viciante, devo admitir, mas não falhei uma noite em meus pedidos pela morte de Irina. Tal como todas as vezes na minha vida, Deus não me respondeu. Ou então entendeu errado o que eu queria dizer e me presenteou com o oposto do que eu desejava, servindo apenas para fortalecer minha teoria sobre a crueldade divina.

Naquela manhã, entretanto, depois de tantas noites de orações, acordei percebendo que a neve resolvera me agraciava com seu frio. Era um final de outubro típico então talvez não devesse estranhar tanto a neve, mas para mim aquilo foi como uma promessa de que as coisas estavam prestes a melhorar. Afinal, coisas boas aconteciam quando nevava, aprendera isso quando ainda era aquela Ania Petrova feia e gorda da minha adolescência, com a cicatriz embaixo da orelha.

Como que para cumprir minha previsão, o telefone tocou no exato momento em que colocava um casaco de pele longo sobre o vestido preto. Não deixei que tocasse nervosamente desta vez, avançando para a cozinha e desejando ouvir a voz de Petrus do outro lado.

Mas quando a voz veio, percebi que não pertencia a Petrus. Era a voz de um animado Dimitri que parecia não ter certeza do que estava falando.

– Arman? – ele chamou e até hoje tento imaginar a quem pertencia o nome. – Arman, eu preciso perguntar uma coisa, eu acho que…

– Está bêbado? – perguntei do meu lado da linha, franzindo a testa. – Drogado, tomou algum alucinógeno?

– Ania? – Dimitri pareceu só então perceber com quem falava. – Ania, onde está Arman, ele… – ele fez uma pequena pausa, talvez saindo de um sonho insano. – Não importa. Eu queria mesmo falar com você… Eu…

De repente ele parecia o garoto recém-saído da adolescência que aparentava. Soava confuso e talvez constrangido, procurando o melhor jeito de dizer algo para o qual não havia modo confortável de falar.

– Eu só estava pensando… Você já dormiu com tantas pessoas…

Eu não conseguia entender o que estava acontecendo com Dimitri. Não soava como ele mesmo, sempre tão confiante e brincalhão.

– Dimitri… Você está chapado? – perguntei confusa e chocada.

– Eu só… – o garoto hesitou. – Bom… Irina veio na minha casa ontem à noite… – confessou meio incerto. – Disse que confundiu os apartamentos, devia ter ido até o de Petrus, e eu… – Dimitri considerou se devia continuar, a voz vacilante. – Ah, deixa para lá. Esquece. Esse não é o tipo de coisa que eu devia te contar.

– Espera…

Mas Dimitri provavelmente não me ouvia mais. Ouvi o barulho da ligação en-cerrada logo depois, indicando que ele desligara.

Olhei irritada para o telefone, quase sem acreditar no que tinha acontecido. Di-mitri não parecia completamente sóbrio, mas não tinha certeza se era apenas uma animação extasiante ou se estava mesmo sobre o efeito de álcool ou drogas. Resolvi que não me importaria com a confissão embaralhada de Dimitri e, tentando não pensar no que ele dissera, fui até a sacada do apartamento, enfiando a mão no bolso e tomando um maço de cigarros.

Fiz as mãos em forma de concha em volta do cigarro e traguei profundamente. A neve cobria o mundo exterior, transformando tudo em branco e cinza com a poluição e a parte da fumaça que soltei. Sorri para mim mesma, pensando em como seria dali alguns dias, em que eu estaria longe de Moscou e de Irina Cara de Rato, se tivesse alguma sorte.

Ela fora até a casa de Dimitri, e eu não podia garantir o que fizera lá. Se falasse para Petrus sobre isso, o loiro poderia ter um ataque de fúria, e a traição nem precisaria ser real. Mas eu não me atrevia, era arriscado demais. Não podia colocar a união da nossa sociedade em cheque as vésperas de um trabalho importante.

Afinal de contas, pelos cálculos que tínhamos feito, poderíamos conseguir mais de cento e sessenta e dois bilhões de rublos (1). E você deve concordar comigo que era um dinheiro pelo qual valia a pena correr certos riscos.

Acabei decidindo não comentar nada com Petrus, prezando a nossa sociedade. Decidi também que se pensasse demais em Irina Cara de Rato acabaria enlouquecendo, então bani a mulher ratinheira dos meus pensamentos pelo resto da manhã. Uma última nuvem de fumaça escapou por entre meus lábios para a imensidão daquele mundo coberto de neve, antes que eu voltasse para dentro do apartamento barato.

Desci para o McMills depois de retocar meu perfume, e lá, já bebendo uma cer-veja, encontrei Dimitri.

O homem estava virado de costas para mim, então não me viu quando entrei. Eu não podia ver o que ele estava fazendo, mas a garrafa de cerveja em cima de sua mesa era bem visível. Ocupava a mesma mesa que estávamos acostumados, na mesma cadeira de sempre, mas mesmo sem ver seu rosto, percebi que havia algo diferente: ele estava um pouco mais encurvado sobre a mesa do que de costume.

Tentando esquecer a ligação confusa que ele me fizera, soltei uma risada assim que estava perto dele o bastante para que me ouvisse. E, sem cerimônias, ocupei o meu lugar vazio.

– Voltou a beber refrigerante (2), Senhor Valete? – perguntei.

Dimitri olhara para mim assim que anunciei minha presença, mas não fez muito mais do que forçar um sorriso. Parecia agora meio cansado, completamente diferente do telefone algumas horas atrás.

– Já se sentiu tão completamente confusa que nem mesmo a vodca parecia boa?

Encostei-me a cadeira, cruzando os braços, sem dizer nada para ele. Eu e Dimitri nunca fomos muito íntimos e eu não soube se estava brincando ou falando a sério. Normalmente tinha sempre um sorriso no rosto para piadas, mas desta vez não parecia tão divertido. Ainda em silêncio, acenei para o barman, pedindo um copo de quirche. Curvei-me sobre a mesa então, aproximando-me mais do garoto a minha frente.

– Nosso negócio ainda está de pé, certo? – indaguei enquanto o encarava fixamente.

Ele riu maliciosamente, um flash do Dimitri que eu conhecia.

– Claro que sim – disse, – Acha que eu desistiria tão fácil, Ania? Nós vamos conseguir o dinheiro tão rápido que quanto derem pela falta, estaremos nos banqueteando longe daqui. Só preciso ter certeza de que desempenhará seu papel direito.

Sorri, sem dar uma resposta concreta, mas imaginado que seria mais fácil do que muita coisa que eu já fizera até então.

Como a única mulher participando da sociedade efetivamente, logo ficou óbvio que seria eu que abriria o caminho para os outros entrarem. Tudo que eu tinha que fazer era entrar e seduzir quem fosse necessário, sempre com uma arma com silenciador escondida onde eles não podiam ver. Como antiga prostituta isso parecia fácil, muito fácil…

Tinha que esconder meu resto das câmeras também e essa era a parte difícil. Dimitri conseguira para nós um mapa sobre onde estava cada uma delas, e era necessário decorar isso. Devo confessar que, apesar das minhas habilidades, minha memória não é das melhores, infelizmente. Mas estava ficando cada vez melhor nisso, e você sabe que cento e sessenta e dois bilhões de rublos são um bom incentivo para melhorar a memória e decorar um mapa.

Não parecia algo tão impossível no final.

Nesse momento o barman colocou o copo de quirche na mesa e agradeci com um aceno de cabeça, olhando-o duramente depois disso.

Estava acostuma a ir ao McMills, mas o bar não tinha a melhor das famas. Claro que isso era ótimo, pois evitava encontros indesejados e garantia um silêncio maior, já que mais da metade das pessoas ali guardava secretos e não queriam que ninguém os relevasse, então não contava os dos outros também. Mas eu não pretendia ser a próxima vítima de envenenamento do bar. O McMills já fizera suas vítimas, normalmente pago por gangues rivais, causando brigas e discussões de vez em quando. Como Dama de Copas, eu tinha meus inimigos. Enquanto mantivesse o medo, pelo menos, sabia que estava segura.

O barman não desviou o meu olhar. Tomei um gole da bebida e descobri que viveria mais um dia.

Quando ele se afastou, voltei minha visão para Dimitri, bebendo sua cerveja. Não sabia que havia refrigerantes no McMills, mas não podia deixar se imaginar que ele soava um tanto infantil. Não pela primeira vez naquele dia, perguntei-me sobre sua idade. Ele nunca parecera tão novo quanto naquele momento, mais próximo da idade que eu achava ter.

Dimitri parecia meio distraído, e eu não soube o que falar, então fizemos silêncio. É difícil dizer quanto tempo se passou, mas eu já tinha esvaziado meu copo quando ele levantou a cabeça, voltando os olhos bonitos para mim e disse, em uma voz distante:

– Ainda está aí? – começou, mas logo depois mudou de assunto: – Quer dizer… Posso lhe perguntar alguma coisa, Ania?

Assenti, mas Dimitri não teve tempo de colocar sua dúvida em palavras. Nesse ponto alguém puxou uma das cadeiras da nossa mesa e se sentou, sem grandes cerimônias.

Às vezes Hugh me assustava sobre como conseguia ser tão discreto e se misturar tão facilmente a escuridão. Devia ter percebido a chegada do outro, já que estava de frente para a porta, mas ou estava distraída demais com o estado de quase demência de Dimitri, ou Hugh era bom mesmo no que fazia.

O mais alto nos cumprimentou com um aceno de cabeça, olhando para o copo vazio onde antes estava meu quirche e pedindo uma garrafa de vodca logo em seguida. Dimitri voltou a descer os olhos para seu copo de cerveja e engoliu a pergunta que queria fazer, sem voltar a tocar no assunto. Hugh percebeu o que o mais novo tomava, mas não fez muito mais do que franzir o cenho rapidamente. Quando sua bebida chegou e ele se serviu dela, Hugh se virou rapidamente para mim e perguntou se eu tinha alguma ideia de onde estava Petrus. Confessei que não o via fazia alguns dias. Hugh fez suas as minhas palavras e Dimitri apenas levantou a ca-beça, alarmado. Eu desconfiava que o sumiço de Petrus – embora não muito esquisito, já que nem sempre dávamos satisfações sobre onde estávamos – tinha alguma coisa a ver com Irina Cara de Rato.

O que apenas me fez lembrar minhas orações noturnas e a neve que sempre prometia algo bom. Imaginei se qualquer um dos que estavam sentados comigo tinham sentimentos parecidos. Hugh parecia ver o que os outros não viam, mas Dimitri já con-fessara que achava Irina Cara de Rato bonita.

Pensando nisso, lembrei sobre o que ele dissera sobre a mulherzinha e sua ida ao apartamento dele. Talvez Dimitri soubesse onde Petrus estava, então me voltei para ele e perguntei em voz alta se ele sabia de alguma coisa, mas o homem se limitou a negar rapidamente com a cabeça. Ele não me pareceu sincero, entretanto, então insisti no as-sunto, mencionando Irina Cara de Rato. Com os olhos um pouco arregalados e olhando de canto de olho para Hugh, ele confessou que vira a mulher fazia pouco tempo, mas que não sabia onde estava o namo-rado dela.

O uso da palavra namorado me irritou um pouco, mas tentei não demonstrar meu desconforto. Se Irina Cara de Rato ao menos não fosse namorada de Petrus…

– Imagino que Petrus não deve estar muito longe – disse, deixou um pouco de meu desagrado transparecer na voz – Já que Irina Yurievna está por aqui. Afinal, eles provavelmente não ficariam separados por muito tempo…

Dimitri soltou um grunhido, mas Hugh preferiu manter seu habitual silêncio, apenas esticando-se para trás e deixando uma das cicatrizes no punho a vista. Encarei-a como a uma velha conhecida pouco querida, pensando na que eu própria tinha. O que me fez pensar mais uma vez na neve lá fora, várias imagens invadindo minha mente sem que eu pedisse, mas controlei-as e bani-as da minha mente como já tinha feito tantas vezes antes. Tentando não pensar nisso, peguei o maço de cigarros no bolso do meu casaco, coloquei um na boca e ofereci a Dimitri e Hugh também, mas apenas o segundo aceitou. Acendi ambos os cigarros, a mão em forma de concha enquanto o fazia, e traguei profundamente do meu. Normalmente não era permito fumar no McMills, mas eu resolvera esse problema alguns meses antes.

Estava pronta para perguntar para Hugh sobre os diamantes que ele ficara responsável por negociar, quando, desta vez atenta, vi alguém entrando no bar. Não demorei a perceber que era Petrus, acompanhando por Irina Cara de Rato. Ele com um sorriso no rosto e usando um terno azul marinho que eu não reconhecia; ela com seu ar ratinhei-ro e cabelos armados demais.

Os dois se aproximaram de nós, sentando-se nos mesmos lugares que tinham sentado tantas vezes, rindo como se o mundo fosse cor de rosa.

Sentia nojo deles.

Franzi a testa, estranhando a atitude de Petrus.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Como assim? – ele retrucou. – Irina estava apenas me contando sobre um ami-go que ela encontrou hoje.

Pelo sorriso no rosto deles, percebi que ela não devia ter contado nada sobre ter entrado no apartamento de Dimitri. Isso ou garoto estava drogado e alucinara com a presença dela, apesar de agora não ele parecer alterado.

– Sério? – falei, com um falso sorriso. – Você podia contar para nós também sobre esse amigo.

Petrus e Irina Cara de Rato se entreolharam, sem graça. Percebi que estavam escondendo algo de nós. Ou melhor, Petrus estava escondendo algo de mim. Eu sabia que ele tinha seus segredos, mas por alguma razão isso apareceu um insulto.

Percebendo o rumo que a conversa poderia tomar, e, talvez querendo evitar um clima tenso às vésperas do nosso golpe final na Rússia, Hugh que normalmente não falava muito durante nossas conversas virou-se e disse:

– Sabe, estávamos mesmo falando que vocês dois andam meio sumidos…

Desta vez o sorriso do casal foi sincero.

– Ah, sim! – Petrus disse, parecendo bem mais confortável em tocar a namorada do que quando a apresentara para nós. – Eu e Irina…

Devo admitir que não ouvi muito do que ele disse e não me lembro muito bem do resto daquela noite. A verdade é que não prestei muita atenção enquanto Petrus e Irina Cara de Rato contavam sobre o que tinham feito juntos nos dias em que não ouvimos notícias deles.

Tudo o que eu conseguia pensar era que mesmo dias de neve eram mentirosos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(1) Equivalente a aproximadamente 11 bilhões de reais.
(2) Cerveja era considerada um refrigerante na Rússia até 2011.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trapaças na Noite Escura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.