– Nico, eu preciso de um tempo! - Thalia olhou dentro dos olhos negros do amado.

– Mas porque?... - A pergunta foi em vão, pois Thalia já estava se distanciando, com lágrimas nos olhos. - Thalia...

Nico não aguentou e se ajoelhou ali mesmo, chorando e vendo Thalia partir. Enquanto a mesma, já estava chorando a muito tempo.
*

Em casa, Nico não parava de se perguntar o porque de Thalia ter dito aquilo a ele. Enquanto estava perdido em pensamentos, ouviu seu telefone tocar.

Era a música deles. Ela estava ligando para ele.

Sem pensar duas vezes, Nico pulou da cama e pegou o celular rapidamente, para que ele não tocasse muito e o atendeu.

–T-Thalia? - Sua voz estava rouca por causa do choro.

– Nico, eu queria explicar para você. - Ela fungou. - Mas não ia dar para ser pessoalmente, eu não conseguiria.

Nico ficou em silêncio. Não sabia o que falar, e também queria que ela falasse tudo, antes de ele se pronunciar.

– Olha, eu só preciso de um tempo, não quero terminar definitivamente, é só que Nico, não sei o que sinto por você. É muito forte, eu quero tentar controlar isso. - Ela fez uma pausa por causa das lágrimas. - Me promete que vamos continuar amigos?

– S-Sim. - Lágrimas rolavam pelo rosto de Nico.

– Tchau Nico. - Sem esperar a resposta, Thalia desligou e deitou-se na cama, tentando entender a si mesma.

1 Mês depois.

POV Nico.

Outro dia sem Thalia comigo. Isso está me matando. Vê-la mas não ter coragem de falar com ela. Isso me corta ao meio.

2 Meses depois.

Três meses.

Três meses e essa conversa ainda tira meu sono. O término não definitivo de Thalia está me destruindo por dentro, enquanto fingimos que está tudo bem entre nós. Agimos como se fossemos apenas amigos, mas não é a mesma coisa de antes do namoro. É falso, pois nenhum dos dois está bem com isso.

Meu despertador tocou, e mais uma vez, não dormi nada de noite. Forcei meu corpo a levantar e me arrastei até o banheiro tomei um banho gelado e vesti qualquer roupa que vi. Desci até a cozinha e tomei meu café da manhã devagar, não estava com pressa mesmo, a primeira aula seria uma chatice.

– Não dormiu de novo Nico? - A doce voz da minha mãe falou atrás de mim.

– Não.

– Thalia de novo? - Era incrível como minha mãe me conhecia. Balancei a cabeça concordando. - Ah Nico, porque não tenta falar com ela?

– Não mãe. - Minha voz estava péssima, minha aparência não deveria ser melhor que minha voz. - Ela não quer falar sobre isso. E eu posso esperar, posso esperar para sempre.

– Esta bem Nico, se você prefere assim. - Ela acariciou meu ombro. - Vá, você vai se atrasar.

Me levantei e peguei a chave do meu Maserati Conversível Vermelho. Eu estava me foçando a ficar acordado, estacionei em uma vaga da escola. Entrei como se estivesse entrando no horário normal de aula, embora eu tenha chegado meia hora atrasado. Bati na porta e coloquei minha cabeça para dentro da sala.

– Posso entrar?

– Onde estava Sr. Di Ângelo?

– Na minha casa ué! - Eu falei, não ia perder a oportunidade de brincar com o professor.

– Entre. - Ele revirou os olhos e voltou a matéria. Me sentei no fundo da sala e vi Thalia. Ela estava tão bonita. Ela se virou para olhar para mim e eu desviei os olhos.

– Nico, você está horrível! - Jason falou se virando para mim. - Cara, o que está acontecendo com você?

– Nada Jason. - Eu deitei minha cabeça na carteira, e em certo momento eu dormi.

Em meu sonho, estávamos de volta aquele parque, naquele dia.

– Thalia, eu te amo! - Eu falei, Thalia olhou para mim surpresa, mas depois sua expressão suavizou e ela me beijou, pela primeira vez.

– Eu também te amo Nico!

Então o sonho mudou, estávamos no mesmo parque, mas em outro dia, que eu sabia exatamente qual era.

– Oi Lia! - Disse com um sorriso, e ela me retribuiu com um beijo, nosso último beijo. - O que foi?

– Nico, eu preciso de um tempo!

Acordei em um sobressalto, com o sinal anunciando que aquela aula tinha acabado. Meu coração estava acelerado. Era por isso que eu detestava dormir, quando dormia os pesadelos vinham até mim, e sempre tinham alguma coisa a ver com Thalia.

– Que bom que acordou Nico. - Thalia me olhava preocupada. - Aliás, que bom que dormiu. Você não parece ter dormido bem hoje né?

– Não. - Nossos olhos se encontraram, eu poderia ficar assim para o resto da minha vida, apenas perdido naqueles olhos azuis, mas Annabeth fez o favor de parar aquele momento.

– Vocês dois não vem? - Ela gritou da porta, desviando a atenção de nós dois.

– Já estamos indo. - Thalia respondeu com uma falsa animação. - Vá na frente.

Annabeth parecia ter entendido, pois ela balançou a cabeça e foi atrás de Percy.

– Porque não tem dormido ultimamente? - Ela sentou na cardeira a minha frente e me olhou preocupada. Pensei em falar a verdade, mas desde aquele dia, nós não tocamos no assunto com ninguém, nem um com o outro, então seria bobagem falar daquilo agora.

– Vários motivos. - Eu falei despreocupado. Ela arqueou as sobrancelhas e eu me calei, mostrando que não falaria nada alem daquilo.

– Entendo. - Ela olhou para o teto. Ela sempre fazia aquilo quando queria começar uma conversa, mas não tinha nada para falar. - Quer cabular?

– Anh? - Eu olhei para ela confuso.

– Ah, não me venha com esse anh?. Eu sei que você quer cabular. - Ela olhou nos meus olhos. - Vamos! Eu também não quero ficar nas próximas aulas.

– Então está bem.
*

Passamos um dia inteiro juntos, coisa que não fazíamos a meses. E dessa vez, não era falso, estávamos nos divertindo de verdade, apesar de eu ter de me controlar sempre que ela ria, para não beijá-la.

Deixei ela em casa, e ao vê-la entrando, meu coração se apertou. Era como se eu nunca mais fosse passar um dia assim com ela, o que eu achava bem provável. Cheguei em casa e me deparei com uma Maria di Ângelo preocupada.

– Onde você estava Nico? - Ela não parecia brava, só preocupada. - Bianca disse que você cabulou a aula.

– Eu dormi na primeira aula e cabulei as outras com Thalia. - Assim que falei o nome de Thalia, os olhos da minha mãe brilharam, mas pararam de brilhar assim que viram que minha expressão não era das mais felizes.

– Entendo. - Ela fechou os olhos. Abriu-os e olhou para mim. - Filho, você deveria falar para Thalia o que você está passando por causa dela.
– Não vou falar mãe! - Eu praticamente gritei, mas me arrependi. - Eu não tenho coragem, e também, ela pediu um tempo. Mas dia menos dia ela vai falar comigo sobre isso, para o bem ou para o mal. Sei que não estou aguentando isso mas eu posso esperar mãe! - Uma única lágrima caiu do meu olho e rolou até chegar em meu queixo. - Eu posso esperar para sempre!

– Nico, você já me disse isso! - Ela estava se forçando para não me abraçar, sei disso. - Mas você não pode esperar Nico!

– Sei que isso parece para sempre mãe, mas esse é o preço que tenho que pagar! Não fui um bom namorado, eu acho. Tenho que esperar até ela se decidir. - Fiz uma pausa. Mais uma lágrima caiu de meu olho. - Até esse dia, não tem mais nada que eu possa fazer!

Minha mãe me olhou preocupada, mas ficou em silêncio, enquanto lágrimas caiam de meus olhos. Eu estava cada vez desmoronando mais.

Subi rapidamente e me tranquei em meu quarto. Bianca bateu em minha porta, mas eu a ignorei. Estava muito mal para falar com qualquer pessoa.

eu telefone tocou. Era nosso toque. Ela está me ligando. Ela não me liga desde aquele dia.

Peguei o celular soluçando e atendi.

– Oi Thalia. - Minha voz estava rouca e eu estava falando embolado.

– Nico, é que sua jaqueta ficou comigo, quer que eu te devolva agora? Aqui em casa está chato mesmo. - Ela me perguntou com uma voz que não parecia a dela, estava doce. Naquele momento eu estava com raiva até mesmo dela, então não aguentei.

– Thalia preciso falar com você. - Eu falei entre soluços.

– Nico, não acho que...

– Thalia apenas escute. - Eu respirei fundo. - Eu não posso mais mentir. Toda vez que eu te deixo meu coração fica triste, e eu quero voltar ver seu rosto esta noite, porque eu não aguento isso... - Fiz uma pausa pois eu estava falando tudo muito rápido. - Outro dia sem você comigo, é como uma lança que me corta no meio. Quando você liga meu coração para de bater. Quando você vai embora ele não para de sangrar. Mas eu posso esperar, eu posso esperar pra sempre.

– Nico... - Thalia tentou falar mais eu não deixei.

– Eu só precisava dizer isso. - Eu respirei e deixei ela falar.

– Nico, não sabia que se sentia assim.

– Mas me sinto. - Eu respirei fundo. - Quanto a minha jaqueta, eu vou buscá-la.
*

– Oi Thalia, já estou aqui. - Eu falei assim que ela atendeu o telefone.

– Está bem, vou descer. - Ela falou e desligou. Pude ouvir umas pessoas gritando e depois vi Thalia saindo de casa. Ela estava com a mesma roupa que usou o dia inteiro, eu também estava então não era problema.

– Aqui está. - Ela disse rouca me entregando a jaqueta e saindo. Seus olhos estavam inchados e vermelhos.

– Espera Thalia. - Nem eu sei porque falei isso, mas ela se virou.

– O que é Nico?

– O que eu te disse pelo celular...

– O que tem?

– Apenas esqueça está bem?

– Não dá Nico!

– Porque?

– Porque você está sofrendo por minha causa. - Ela secou uma lágrima. - Me sinto culpada.

– Eu não deveria ter dito nada.

– Foi melhor Nico. - Ela me surpreendeu. - Nico eu te amo.

Assim que falou, Thalia se virou e começou a andar calmamente.

– Se me ama, porque faz isso comigo e com você mesma?

Ela parou subitamente, como se ela batesse em uma parede invisível.

– Porque meu amor é muito forte Nico. - Ela continuava de costas para mim. - Não consigo controlá-lo!

Eu andei até ela, a virei e a beijei. Foi como se estivéssemos beijando um ao outro pela primeira vez.

– Não precisa controlá-lo! - Eu olhei dentro de seus olhos. - Apenas deixe-o fluir.

E então, ela retribuiu meu beijo.

Nico...

– O que?

– Promete que vai ficar comigo para sempre?

– Prometo. - Eu encostei nossas testas. - Eu te amo Thalia Grace!