Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

O primeiro jantar com o César, por favor não esperem grandes acontecimentos. :)



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Félix e Niko ficaram surpresos quando César apareceu na sala de jantar naquela noite. Por mais que o médico tivesse dado um passo a frente na reconciliação com o filho, eles ainda não acreditavam que ele fosse querer se aproximar. Mas aconteceu, todos aqueles meses recebendo cuidado e carinho incondicional de Félix e observando, ainda que de longe, a forma como o filho havia mudado e cuidava com carinho dos filhos de seu companheiro que ele considerava como seus, fez com que César passasse a ver a vida de outra forma. De certo modo, o médico e seu filho tinham muito em comum, ambos começaram a enxergar a vida por uma nova perspectiva depois de muito sofrimento. Ambos haviam feito mal aos outros, ambos haviam se tornado homens poderosos e ambos caíram no poço mais fundo e escuro e foram resgatados pelo amor de alguém que não exigia nada em troca.

Quando César adentrou a sala de jantar, tendo sua cadeira de rodas empurrada por Adriana, o casal fez de tudo para que ele se sentisse acolhido, Félix rapidamente empurrou uma cadeira ao seu lado dando espaço para o pai, mas o médico ainda demonstrava um certo constragimento diante daquela situação:

– Que bom que você veio jantar com a gente, papi. Fica aqui, que eu vou te servir. O Niko fez uma lagosta maravilhosa.

– Eu não consigo comer isso, Félix.

Niko e Félix se olharam. O loiro lançou um olhar como se admitisse que não havia pensando nisso, mas o moreno tinha a solução.

– Se o senhor quiser eu posso te ajudar, papi. Ou o senhor prefere comer outra coisa?

– Não, tudo bem, eu aceito sua ajuda, eu gosto de lagosta, faz tanto tempo que não como.

Niko sorriu e tentou puxar assunto:

– Eu estou muito feliz por o senhor estar aqui com a gente, seu César.

César retribuiu com meio sorriso, enquando Félix destrinchava a lagosta e colocava pequenos pedaços no prato do pai. Ele não tinha nenhuma intimidade com Niko e ainda não se sentia a vontade para conversar com ele. Adriana e Jaiminho permaneciam calados. Quando o médico provou primeiro pedaço, todos ficaram na expectativa.

– Está muito bom. Você cozinha muito bem rapaz.

Niko abriu um sorriso:

– Ah, muito obrigada, seu César. Eu aprendi a cozinhar com minha mãe, sabe? Ela sempre....

Félix fez um sinal interrompendo Niko para que ele não falasse demais, mas César, que não havia percebido pediu que ele continuasse:

– Pode continuar, rapaz, estou ouvindo.

– Então... - Niko olhava pra Félix como se não soubesse o que fazer - ela... ela sempre foi uma cozinheira de mão cheia... enfim, acho que herdei isso dela.

– Hum, minha mãe também era ótima cozinheira, eu sinto saudades da comida dela.

Félix ficou surpreso, nunca vira seu pai falar de sua avó de forma tão carinhosa e nostálgica.

– É mesmo, papi? O senhor quase nunca falava dela pra gente.

– Eu não sei porque eu nunca falei, mas nos últimos tempos eu tenho pensado muito nela. É tudo que me resta agora, tempo pra pensar em tudo que ficou pra trás.

Niko olhava para o companheiro e sogro com ternura. Apesar de nunca ter estado na mesma situação que eles, ele os compreendia bem, sabia que ambos haviam passado por uma grande transformação. Um silêncio se instalou no local, até que César novamente resolveu falar, dessa vez com Jaiminho:

– E você garoto, perdeu o medo da piscina?

– Perdi sim, agora eu sei até mergulhar na parte funda.

– Isso é muito bom. Pelo menos assim você não corre mais riscos.

– Seu César, falando nisso, nós ficamos sabendo que o senhor convenceu o Jaiminho a voltar a ter aulas de natação, ele contou sem querer pro Félix, que depois me contou. Eu queria agradecer o senhor por isso.

– Não foi nada demais, só disse o que eu achava certo.

– De qualquer forma, nós somos muito gratos, papi. - Félix tocou delicadamente o braço do pai.

O jantar transcorreu tranquilo e na maior parte em silêncio, com assuntos banais que vez ou outra eram levantados como forma de quebrar o gelo. Ainda havia um certo constrangimento, uma barreira invisível entre César e os demais. Ela não seria quebrada da noite para o dia, mas já começa a cair. Quando terminaram de jantar, Félix levou o pai para o quarto, mas antes Niko demonstrou mais uma vez ao sogro o quanto estava disposto a criar um laço de amizade com ele.

– Seu César, eu estou muito feliz que o senhor veio jantar aqui com a gente, de verdade.

– Obrigado... e obrigado pelo jantar, estava muito bom.

– Eu é que agradeço, seu César.

Félix sorria para Niko se esforçando para que lágrimas não descessem pelo seu rosto e saiu empurrando a cadeira do pai. No quarto, enquanto ajudava César a se preparar para se deitar, Félix tentava continuar a conversa:

– Não foi tão difícil se juntar a nós não é, papi?

– Se eu estou morando nessa casa há tanto tempo, acho que é melhor ter uma convivência agradável.

– Você tem razão, papi. Isso me deixa muito feliz.

– Mas Félix, não pense que eu mudei minha forma de pensar sobre a vida que você leva.

– Eu sei disso, papi. - Félix suspirou profundamente - Mas eu sou assim, isso não vai mudar. Eu só queria que o senhor entendesse que eu e o Niko nos amamos. E é graças a ele que eu estou aqui hoje.

– Ele parece ser um bom rapaz, pelo menos é muito educado.

– O Niko é uma pessoa maravilhosa pai. Se o senhor permitisse a aproximação dele... se vocês se conhecessem melhor, o senhor iria gostar muito dele, eu tenho certeza.

– Eu não sei, Félix. Tudo isso é demais pra mim. Mas sabe de uma coisa? Eu simpatizo com aquele menino, o Jaiminho.

– Ah, o Jaiminho é um menino maravilhoso, ele é muito doce, tem uma personalidade muito parecida com a do Niko.

– Hum.

Félix colocou César na cama e ligou o aparelho de som para que o pai pudesse ouvir um pouco de música antes de dormir, como normalmente fazia. Antes de sair deu um beijo em sua testa:

– Boa noite, pai. E... obrigado!

– Boa noite, Félix.

Enquanto Félix ajudava o pai, Niko fazia o mesmo com Jaiminho, o colocando para dormir. Se encontraram no corredor indo para o quarto. Os dois se abraçaram e permanecendo assim por algum tempo.

– Colocou o Jaiminho pra dormir?

– Já, ele ficou bem feliz de ver seu pai jantando com a gente hoje... Feliz, mas um pouco confuso também.

– Acho que todos estamos né? - Félix se soltou dos braços de Niko e lhe fez um carinho no rosto.- Mas aos poucos essa confusão vai se dissipar.

– Eu tenho certeza! - Niko disse olhando no fundo dos olhos do amado.

– Engraçado, Carneirinho, eu... eu me sinto meio vulnerável quando você me olha assim

– Por quê? - Niko sorriu.

– Você me desnuda com esse olhar, Niko. Parece que você enxerga dentro de mim.

– Eu te olho assim, porque eu te amo, Félix.

– Eu também te amo, te amo demais, Carneirinho.

– Você tá feliz?

– Feliz demais. Nunca pensei que tanta felicidade pudesse caber na minha vida.

– Que bom meu amor, é tão bom te ver assim.

– Mas sabe Niko, eu me sinto tão feliz, mas tão feliz que eu chego a ter medo de tanta felicidade.

– Medo por quê, meu amor?

– Não sei, acho que é medo de perder tudo isso. As vezes ainda parece um sonho... um sonho do qual não quero acordar.

– Não fala assim amor, isso não é um sonho, é real, nós estamos aqui juntos e vamos ficar juntos pra sempre.

– Você promete, Niko? Promete que nunca vai desistir de mim?

– Nunca, meu amor. Jamais! - Niko falava sério, mas de repente sorriu - Você tá é maluco se pensa que eu sou capaz de te deixar solto por aí.

Os dois sorriram largamente, um sorriso que logo cedeu o lugar a um beijo caloroso. Foram para o quarto, terminariam aquela noite, se amando mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Bom, capítulo bem calmo, mas pelo tom da história não poderia ser diferente. A fic tá entrando em sua reta final, mais ainda vem momentos bem emocionantes por aí. Aguardem!



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