Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Chegando perto dos 4.000 acessos, muito obrigada gente, obrigada mesmo! Vc desconhecido, que acompanha minha fanfic, por favor, me deixe saber o que você está pensando, rs. =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475094/chapter/21

Niko fez questão de preparar o almoço naquele dia. No início Félix não queria que o companheiro tivesse que ir para cozinha justo no dia do seu aniversário, chegou a cogitar a ideia de contratar os serviços de outro chef, mas Niko vetou qualquer possibilidade de que isso acontecesse. Ele mesmo iria preparar o almoço da família, até porque cozinhar era um prazer. E ele ainda fez Félix ajudar, o moreno já conseguia fazer muitas coisas na cozinha, mas ele abominava cortar cebolas.

– Olha, eu devo ter mastigado a hóstia da missa de domingo pra você me fazer cortar cebola logo hoje Niko. Eu disse que era melhor contratar outro chef. - Félix protestava com os olhos cheios de lagrimas, enquanto cortava cebolas, Niko recheava uma peça de carne na assadeira para levar ao forno.

– Ah, Félix, essas coisas tem que ser feitas em família. Não teria graça nenhuma contratar outra pessoa ou irmos pra outro lugar.

– É, Carneirinho, você diz isso porque não é você que está com os olhos ardendo.

– Não reclama, Félix - Niko se aproximou e lhe deu um beijo na testa - Eu adoro quando você me ajuda.

– O que eu não faço por você, Carneirinho - Félix resmungou conformado.

Niko voltou a atenção para o que estava fazendo, com um sorriso travesso no rosto. Minutos depois, após ele colocar a assadeira no forno, seu celular tocou. Niko pegou o aparelho e ao ver quem ligava saiu da cozinha para atender.

– Eron?

– Oi, Niko, como vai?

– Eu vou bem, e você?

– Estou ótimo, Niko.

– Que bom, mas porque você tá me ligando?

– Bom, eu me lembrei que hoje é o seu aniversário e... enfim, quis ligar para lhe dar os parabéns. Apesar de tudo que aconteceu entre nós, eu ainda gosto muito de você Niko. Você sempre será uma pessoa muito importante na minha vida.

– Obrigado Eron, você também continua sendo importante pra mim. Desejo tudo de bom pra você.

– Eu fico feliz. Bom, eu só queria...você... enfim, feliz aniversário. Desejo que você seja muito feliz.

– Obrigado, Eron, também te desejo toda felicidade do mundo.

Após se despedir do ex e desligar o telefone, Niko se virou para voltar para cozinha, mas quase desmaiou de susto quando viu Félix de braços cruzados com uma expressão nada amigável no rosto.

– Félix! Que susto!

– "Obrigado Eron, você também continua sendo importante pra mim", pelas contas do rosário, Niko! Então você ainda se relaciona com aquela Lacraia pelas minhas costas?

Niko suspirou fundo e levou as mãos ao rosto:

– Félix, nao é nada disso. O Eron só me ligou para me desejar um feliz aniversário.

– Feliz aniversário? Então vocês dois continuam amiguinhos?
Niko se aproximou de Félix e segurou seu rosto, olhando bem no fundo dos seus olhos:

– Félix, por favor, não vamos brigar hoje. Não aconteceu nada demais.
Félix tirou as mãos de Niko do seu rosto:

– Mas eu ouvi muito bem você dizer que essa Lacraia ainda é importante pra você.

– Félix, vem cá - Niko segurou Félix pela mão e o levou até a cozinha, depois puxou uma cadeira - senta aqui.

Félix ainda bufava de raiva.

– Félix, para com isso vai!? Poxa, nosso dia começou tão bem, porque voce tem que estragar tudo com crise de ciúme?

– Ah, mas eu devo ter dançado zumba nas catacumbas pra você me dizer que eu estraguei o dia. É você que ficou todo animadinho com a ligação da Lacraia e eu que estraguei...

Félix não terminou de falar, pois Niko o interrompeu lhe dando um intenso beijo que o moreno não pôde recusar. Após se beijarem, Félix se acalmou um pouco:

– Olha aqui Niko, se você acha que vai me comprar com beijinhos...

– Eu não quero te comprar com nada. Só te beijei porque eu te amo e senti vontade de te beijar. E eu não quero que NADA, nem ninguém estrague nosso dia. Eu estou com você, Félix, e é com você que eu quero estar.

Félix sorriu timidamente:

– Ah, desculpa Niko. É que eu.. eu confesso, eu morro de ciúme daquela Lacraia, não gosto de pensar na ideia daquela criatura se aproximando de você.

– Na verdade eu até gosto de saber que você sente ciúmes de mim. - o loiro estava calma, mas logo mudou um pouco de tom - Mas não gosto quando você fica tão agressivo desconfiando de mim como se eu fosse capaz de... esse não é o Félix que eu conheci.

Niko não tinha ideia, mas aquelas palavras realmente feriram seu companheiro.

" 'Como se eu fosse capaz de ...' capaz de quê? De fazer coisas que eu mesmo teria feito em outra época e que não gosto nem de me lembrar?"

O moreno engoliu seco. Mesmo depois de todas as provas de amor de Niko, mesmo depois do perdão de Paloma, qualquer resquício de lembrança do passado ainda doía como se uma adaga lhe rasgasse o peito. Sua consciência as vezes lhe pregava peças trazendo a tona o passado que lhe assombrava.

– Desculpa, Carneirinho, eu... - sua voz estava embargada.

– Félix, não, eu... eu não quis...

– Tudo bem, você tem razão. Eu não tenho motivos, nem tenho direito nenhum de desconfiar de você.

– Félix, por favor, não fica assim, olha, já passou, vem cá - Niko o abraçou - Eu te amo demais, Félix. Não fica chateado, hoje é um dia tão especial pra nós.

– Você tem razão - o moreno se soltou dos braços de seucompanheiro e lhe fez um carinho no rosto - nada vai estragar esse dia, apaga tudo, vou terminar de cortar essa cebola. Eu já tô chorando mesmo.

Niko o olhava com aquela expressão serena, aquele olhar terno que tinham um poder quase sobrenatural de acalmar seu companheiro e fazê-lo se sentir plenamente feliz.

Era cerca dez horas da manhã quando tiveram essa pequena discussão. Niko continuou com os preparativos para o almoço, com a ajuda de Félix que não demorou muito voltou a reclamar das tarefas que o loiro lhe dava. Niko abria um sorriso terno a cada reclamação. Aquele era o Félix que ele conhecia e amava.

Quando terminou Félix saiu para brincar um pouco com os filhos, enquanto Niko continuava a preparar pratos especiais para o almoço. Niko preparava uma grande quantidade de comida, a pedido de Félix, pois de última hora ele havia dito que talvez sua mãe e Maciel iriam comparecer ao almoço.

Lá fora, Félix observava Jaiminho brincar na piscina, apesar de ser inverno, fazia um pouco de calor, enquanto Adriana brincava com Fabrício.

– Olha só o Jaiminho, Adriana? Já nada igual um peixinho.

– É verdade, seu Félix. Graças a Deus ele superou o trauma.

– É verdade, aliás, eu e o Niko temos de agradecer o professor de natação, ele conseguiu milagres com o Jaiminho, lembro que depois daquele acidente ele não queria entrar na piscina de jeito nenhum.

– É mesmo, agora ele nada direitinho.

– Vem cá, me dá o Fabrício - Félix pegou o bebê no colo - Vem cá meu meninão. Olha, só que linda essa criaturinha, tá cada dia mais parecido com o Niko, olha só os olhinhos verdes, iguaizinhos aos do pai.

– E pensar que o seu Niko quase perdeu esse menino. Mas graças ao senhor ele voltou pra gente. O senhor caiu do céu, seu Félix.

– Foi o Niko que caiu do céu na minha vida, Adriana. Quando eu conheci Carnerinho eu tava passando por um momento tão difícil, você não faz ideia Adriana. Se não fosse por ele eu nem sei onde eu estaria agora.

– O senhor gosta muito do seu Niko né, seu Félix?

– Claro que gosto criatura, gosto demais.

Félix balançava um chocalho para Fabrício, nesse momento reparava novamente nos olhos do menino. Ele via o mesmo olhar terno e calmo que via nos olhos de Niko. Nunca se sentia tão pleno como quando olhava para os olhos do amado. Seu momento de distração foi interrompido quando Jaiminho saiu da piscina e foi correndo até ele:

– Você viu, pai? Eu já sei mergulhar no fundo da piscina.

– Eu vi sim, querido. Você tá nadando cada dia melhor. E pensar que você nem queria mais aprender a nadar.

– É, eu tinha medo, mas o vô César disse... - Jaiminho de repente parou de falar e levou a mão à boca.

– O meu pai? Ele te disse alguma coisa?

– Não, nada não.

– Jaiminho, eu ouvi muito bem você dizer "o vô César disse". O que ele te disse.

Jaiminho ficou pensativo por um tempo. Depois disse:

– Eu não posso dizer, é segredo.

– Ah é? Pelas contas do rosário Jaiminho, então quer dizer que você e meu pai estão cheio de segredinhos agora?

– Não pai, o vô César quase não fala comigo. Foi só uma coisa que ele disse uma vez.

– Jaiminho, senta aqui - Felix olhou nos olhos do garoto - Meu pai te disse alguma coisa rude, algo que te chateou?

– Não pai, ele não disse nada rude.

– Mas então o que ele disse?

– Seu eu contar você promete que não vai falar que eu te contei?

Félix ficou intrigado, mas prometeu guardar segredo.

– Prometo, não vou contar nada.

– Foi um dia que você saiu com o pai Niko, foi pouco tempo depois que eu cai na piscina. A Maria tava levando o vô César pro jardim, aí ele conversou comigo.

– E o que ele te disse?

– Ele perguntou como eu tava, se eu fiquei com medo da piscina.

– Hum.

– Aí eu disse que não queria mais aprender a nadar. Só que ele me disse que eu tinha que ter coragem e enfrentar o medo. E que eu tinha que aprender, porque assim eu nunca iria me afogar de novo e também porque se um dia eu visse uma pessoa se afogando, eu podia salvar essa pessoa.

Os olhos de Félix se encheram de lágrimas.

– Meu pai disse isso?

– Disse. Mas por favor pai, não conta que eu te falei. Ele disse que não era pra eu falar dessa conversa com ninguém.

– Tá bom, meu filho, eu não vou contar nada pra ele. Pode ficar tranquilo. Mas me diz uma coisa Jaiminho, você e meu pai já conversaram outras vezes?

– Quase nunca, ele não gosta de conversar. E também ele não sai muito daquele quarto né?

– É verdade.

– Eu vou nadar mais um pouco pai.

– Vai lá Jaiminho, mas toma cuidado, não vai pular de cabeça viu?

– Tá bom.

Jaiminho saiu correndo e pulou na piscina, acabou levantando tanta água que chegou a molhar Félix e Fabrício, que sorria no colo do pai.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua... esse dia será inesquecível.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Plenitude" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.