Nós Somos A Evolução escrita por Menina Estrela


Capítulo 2
Pensamentos - Sophie


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Eu sei, "posto só na quinta" mas é que eu tenho bastante capítulos prontos, aí pensei em postar esse, mas agora falando sério, o próximo é só na quinta kkkk E obrigada a Lav, Caio e Anna, que favoritaram, e a RealDiePie pelo primeiro review :3



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“Mas que garota sonsa” Cassie pensou “Até agora não percebeu que o Victor não para de olhar pra ela! Idiota, se fosse eu já teria correspondido ao olhar dele. Veja só, quem não iria querer sair com o garoto mais popular do terceiro ano?”.

Na verdade eu havia percebido, exatamente como a escola inteira também. Mas se as pessoas fizessem ideia dos pensamentos sujos daquele garoto, teriam no mínimo nojo.

Ignorei os pensamentos de Cassie e passei a me concentrar nos de Mike.

“Espera, teorema de Pitágoras? Por que alguém usaria isso numa coisa dessas? É ridículo! Não, não, não. Impossível que isso... Ou será que... Ok, Ok, já vi que vou ter que começar tudo de novo”.

Mike era o garoto mais doce e concentrado que já vi na vida. E também o mais desastrado! Olhei para ele e ri. Ele retribuiu com o rosto corando.

“Puxa, a Sophie sorriu pra mim! E agora, quem sabe... Pare de ser idiota Mike, ela não se importa com você, não deve passar de um nerd qualquer. Onde já se viu os populares se importarem com os fracassados? A não ser para jogá-los dentro de uma lixeira ou enfiar sua cabeça na privada”.

“Populares” - bufei. Eu não me considerava uma popular. As pessoas é quem consideravam.

As pessoas são sujas e nojentas. Egoístas que só pensam nelas mesmas. Você é popular se por acaso se encaixar no padrão de beleza que a sociedade impõe. Pra mim, que se dane a sociedade. Mike era na minha opinião a única pessoa daquela escola que eu aceitaria como um amigo. Doce e gentil, educado e inteligente. Definitivamente uma boa companhia, já que era bem compreensivo. O coitado tinha muitos problemas em casa, mas não deixava os outros saberem disso. Ao contrário do que muitos pensavam, ele era forte.

Continuei a me concentrar em seus pensamentos que se voltaram para matéria, que a dez minutos eu já havia terminado.

Foi quando o Sr. Warner chamou a atenção dos alunos e anunciou um trabalho que seria feito em dupla. Eu não tinha dúvidas de quem eu queria como parceiro, então me virei para Mike e perguntei se ele se importaria de fazer o trabalho comigo antes que Victor se virasse para mim.

_ Ãn, tudo bem eu acho. – ele respondeu.

_ Ótimo, então no final da aula nós combinamos direito.

Voltei a encarar meu caderno e desta vez dei privacidade a ele e seus pensamentos. Não queria saber o que ele estava pensando agora. Me concentrei apenas em mim.

O sinal não demorou a tocar. Saí imediatamente da sala e fui rápido para a aula de sociologia, que foi como sempre entediante. Finalmente o fim do ultimo horário chegou. Corri para fora e encontrei Mike a caminho da caminhonete do pai.

_Mike! – gritei. Tive que correr para conseguir alcançá-lo a tempo – Quando poderíamos fazer o trabalho? – perguntei arfante ao chegar ao seu encontro.

Ele estava corado. Pela primeira vez vi de perto seus olhos cor de mel, que caíam muito bem com seu cabelo castanho bagunçado. O garoto era lindo, talvez a não ser pelo os óculos grandes e redondos.

_ Não sei, ainda temos uma semana até a entrega e não tenho pressa. Mas acho que segunda seria bom. – ele falou me tirando dos devaneios.

_ Segunda então. Pode ser na minha casa? – perguntei.

Ele congelou. Não esperava por essa.

_ Na sua casa? – ele estava obviamente surpreso – Certo, pode ser.

Dei um aceno rápido e segui em direção ao meu carro. Suspirei por mais um dia ter enfim terminado, e saí o mais rápido que pude do estacionamento seguindo para casa. Não era um caminho muito longo. Atravessei o centro da cidade e logo já estava chegando. Guardei o carro na garagem e entrei para dentro.

_ Oi mãe. – falei jogando a mochila no sofá junto com o grosso casaco branco.

_ Como vai querida? – ela perguntou.

_ Acho que bem. Como sempre. – respondi.

_ Acha? – ela se interessou.

_ É. Você sabe, não consigo me enturmar com o pessoal da escola. A propósito o Sr. Warner passou um trabalho e vou ter que trazer um colega aqui. Não é nada muito importante, mas ele virá na segunda.

_ Muito bem, no dia eu irei sair pra deixar vocês a sós fazendo o “trabalho”.

Não gostei da forma como ela se referiu. Deixava a desejar algo que não tinha a ver.

_ Mãe, você não precisa sair, somos só amigos. O Mike não...

_ Mike? – ela pareceu surpresa.

_ É, por quê? – coloquei a mochila no sofá – Quem você pensou que fosse?

_ Pensei que seria o Victor. Ouvi falar que ele está investindo em você. – ela disse com o sorriso malicioso de volta aos lábios.

_ Argh. – bufei – Ele é um nojo. Devia saber o que ele pensa.

Minha mãe ficou claramente descontente.

_ Ouvindo de novo os pensamentos dos outros? Sophie, o que conversamos sobre isso? – ela repreendeu.

_ Ei! Eu te dou privacidade lembra? E ao papai também. Será possível que eu não vou poder usar a única coisa que eu tenho de bom nem sequer fora daqui? – me indignei.

_ O combinado era que... – eu já havia escutado o combinado milhares de vezes. Já estava me cansando.

_ O combinado era que eu daria privacidade para a nossa família e para quem quer que esteja dentro desta casa. – falei firme tentando impor a minha vontade.

_ Escuta, não quero discutir está bem? – ela suspirou e depois continuou – Terá de passar o final de semana em casa. Hoje é sexta e eu e seu pai iremos viajar em nome da empresa. Voltaremos no domingo.

_ Vou ficar sozinha? – indaguei meio alterada – De novo?

_ Eu lamento, mas vai. – ela pegou minha bolsa para levar até o quarto.

_ Que ótimo. – resmunguei.

Subi para o meu quarto e me joguei na cama. Estava cansada de tudo e com a cabeça cheia de coisas. Fechei os olhos e adormeci pelo resto da tarde. Nem sequer vi meus pais saírem. Levantei e já estava de noite. Fiquei assistindo televisão até o sono voltar. Aquele dia se passou assim, simples e vazio.

Já no sábado, depois de uma tarde inteira comendo e selecionando seriados, quando já eram quase oito horas da noite, recebi uma visita inesperada.

_ Mike? – perguntei surpresa ao abrir a porta.

_ Oi. Eu precisei sair de casa pra me esquivar das brigas dos meus pais. Não tinha pra onde ir então... – ele estava nervoso.

Tecnicamente Mike estava na minha casa agora, então tive que ignorar seus pensamentos.

_ Certo, não precisa dizer mais nada. – interrompi – Eu entendo o que quer dizer. – acenei com a mão para que ele entrasse e abri um pouco mais a porta.

_ Obrigada. – ele respondeu entrando.

_ Eu estava na sala esperando uma pizza. Vamos pra lá, tenho um baralho aqui e a gente pode jogar se você quiser. – ofereci.

_ Baralho? – ele me encarou fundo.

_ Algum problema? – perguntei – Se quiser nós podemos fazer outra coisa.

_ Não, não, baralho seria bom. Deixaria minha mente dispersa dos problemas. – ele disse.

_ Que tal pôquer? – sugeri me sentando no sofá.

_ Não sei jogar isso. – ele disse se sentando ao meu lado.

_ Truco? – insisti.

_ Também não. – ele arqueou uma sobrancelha.

_ Buraco? – eu já estava quase desistindo.

_ Sinto muito. – me senti frustrada – Mas sei jogar canastra! – ele anunciou.

_ Muito bem, então será canastra. Opa! A pizza chegou.

Ele me encarou. Foi quando dei em mim e vi como fui burra!

_ Como você sabe? – ele me olhou curioso.

Percebi o vacilo que dei. Eu havia percebido a chegada do entregador por causa de seus pensamentos, e nem me dei conta do que estava dizendo. Eu estava tão acostumada a ser um pouco eu em casa que me esqueci de que Mike não sabia de nada. Tentei ignorar a pergunta e esperei que o entregador tocasse a campainha. Em seguida, atendi a porta e peguei a pizza de calabresa levando para a sala. Busquei pratos e talheres e nos servi.

Mike ainda me encarava.

_ Eu distribuo as cartas. – ele disse e me senti aliviada por não ter me questionado.

Tenho que admitir que não foi um jogo fácil. Ele era bom, ganhou três vezes seguida. E eu não podia ser tão humilhada assim, por isso acabei cedendo ao desejo de ler a sua mente e antecipar suas jogadas, além de claro, saber que cartas ele tinha em mãos.

_ Não é possível! – Mike gritou – Você me bloqueou em quase todas as rodadas! Só conseguiria isso se soubesse exatamente as minhas cartas. A não ser que você...

_ Eu não olhei suas cartas. – adiantei – Tecnicamente falando. – sussurrei a ultima parte.

“O quê?” ele pensou. Eu estava invadindo sua privacidade agora, dentro da minha casa. Minha mãe me mataria. “Acho que eu não deveria ter vindo até aqui. Fui estúpido.”.

_ Você não foi estúpido. – respondi quase que automaticamente me arrependendo no instante seguinte.

_ Quê? – Mike se assustou – Você... – ele engasgou – Sophie, como você sabe disso, eu...

_ Sei o quê? – tentei soar indiferente.

_ Que eu... Acabei de pensar... Como você respondeu ao meu pensamento? – ele ainda me encarava assustado.

_ Eu não respondi a nada. Você deve ter imaginado ou coisa assim, eu estava calada. – me senti culpada por mentir.

_ Não estava não! Eu quero a verdade! – ele exigiu.

_ Não tem nenhuma verdade! – comecei a gritar junto com ele – É tão difícil acreditar que você imaginou coisas?

_ É difícil simplesmente porque eu não imaginei! – eu o encarei friamente – Você sabe disso!

_ Você está louco Mike! Bateu com a cabeça é? Qualquer ser humano com um pingo de inteligência saberia que estou certa. – olhei meio sarcástica.

Eu o havia ferido. Insinuado que ele era burro. E eu sabia muito bem que ele odiava isso, ser chamado de burro. Eu feri seus sentimentos.

_ Eu vou embora. – Mike disse se levantando bruscamente em direção a porta.

Me senti vazia mais uma vez. Eu não poderia deixa-lo ir embora assim...

Ele bateu a porta e imediatamente comecei a chorar. Eu não queria ter dito isso. Mas era muito perigoso para ele saber. Corri para a janela e o observei ir embora. Ele nunca mais iria querer olhar na minha cara.

Fui para o quarto e tranquei a porta. Dormi quando fui vencida pelo cansaço e pela exaustão, e acordei no outro dia cansada, com os olhos inchados da noite anterior. O baralho e os pratos que usamos para comer pizza ainda estavam na sala. Limpei tudo, e guardei o baralho, tentando me esquecer de ontem. Eu pediria desculpa na escola.

Evitei o máximo possível ter que conversar com meus pais quando eles chegaram. O domingo passou rápido.

Na segunda não encontrei Mike na escola. Ele havia faltado, e como o esperado não foi a minha casa também. E assim se seguiu os próximos três dias.

Fiquei preocupada. Tive que fazer sozinha o trabalho e ninguém sabia do paradeiro de Mike. O que era muito estranho levando em conta que ele levava os estudos muito a sério. Fiquei sabendo um tempo depois que sua mãe havia chamado a polícia, e Mike estava desaparecido. Tive uma vontade incessante de quebrar alguma coisa. Eu sentia tanto sua falta...

Até que depois de uma semana, minha mãe recebeu um telefonema.

_ Filha, eu... Bem... Não sei como te dizer isso. – ela me encarou triste.

_ O que aconteceu? – perguntei angustiada.

_ É sobre o garoto Mike. Conhece? – ela perguntou.

_ O que tem ele? – exigi apressada – O encontraram?

Dava para perceber de longe a minha expectativa.

_ Sim. – ela disse por fim.

Respirei aliviada.

_ E ele está bem? – quis saber. Pela expressão que ela fez imaginei o pior – Ele morreu? – me desesperei.

_ Não! Não é isso, é que... Querida, ele foi encontrado um pouco longe daqui, em uma pequena floresta. Me disseram ao telefone, que ele aparentemente pode ter sido sequestrado, e agora está no hospital. Pelo que soube o encontraram todo machucado, mais um pouco e poderia estar morto. A polícia acha que queriam algo dele, ou que talvez tenho sido vítima de uma tentativa de latrocínio. – ela parou para suspirar antes de continuar – Sophie, por favor, não me diga que você contou a ele que...

_ Não. – me apressei a afirmar, a cabeça a mil – Quer dizer, desculpa, eu não cheguei a contar, mas ele percebeu e esteve aqui em casa no sábado, alguém deve tê-lo visto saindo daqui. - pude sentir a vontade de chorar novamente – Eu não imaginei que eles ainda estariam atrás de mim mãe! Pensei que isso já tivesse acabado! – choraminguei.

_ Você tem noção do que fez trazendo o garoto aqui? – ela se alterou – Agora está correndo perigo! E seu amigo também! Não vê a encrenca em que se meteu? – ela gritava, o que me assustou ainda mais.

_ Eu não o trouxe, ele que veio. – tentei explicar.

_ Vou falar com seu pai agora, e juro por Deus que vamos embora daqui o mais rápido possível. Londres não é mais segura pra você. – ela disse correndo para o telefone.

_ A gente vai embora de novo? Está brincando! Deixar Mike? – eu queria morrer.

_ É Sophie. Vamos embora de novo. – ela estava decidida.

_ Mas mãe! Mike não...

_ Ele ficará mais seguro com você longe dele. – ela interrompeu. Parte de mim sabia que era verdade – Terá tempo para se despedir, eu prometo. Se ficarmos muito mais aqui, você já sabe.

Senti uma sensação de desespero que não me pertencia.

_ Acabei de sentenciar a morte do único garoto de quem já gostei na vida. Sinto muito Mike. Eu não queria isso.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro só falar que eu concerto ok? bjs