Nós Somos A Evolução escrita por Menina Estrela


Capítulo 1
A Partida - Eileen


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo!
Próximo quinta-feira!
Este é o menor capítulo da história, os outros serão maiores, bjs



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Eileen

A rua estava escura e praticamente vazia. Na verdade, toda a Seattle estava assim. O movimento era fraco e as pessoas pareciam estar fugindo daquele dia cinzento, entrando no primeiro esconderijo que conseguiam encontrar. Mas eu não estava, simplesmente por não saber o porquê. Era estranho então comecei a observar atentamente tudo o que acontecia ao meu redor. As poucas pessoas que passavam e não estavam correndo e se escondendo me olhavam atentamente, o que foi o suficiente para me assustar. Como se elas soubessem que havia algo de errado comigo.

Meus passos aumentaram instintivamente a velocidade quando um grupo de garotos um pouco mais velhos que eu, começaram a me seguir.

_ Aonde você pensa que vai princesa? – uma voz chamou – Não vai me esperar não é? Vai me fazer correr até você?

Respirei fundo sem olhar para trás. Podia sentir o ritmo acelerado do meu coração agora. Apenas mantive o ritmo em direção a lugar nenhum. Eu ainda não tinha um destino.

­­_ Então é assim? – ele gritou de novo – Muito bem, acho que terei de ir até você.

Ele começou a correr e eu também. Foi como algo instintivo, até porque eu já estava acostumada a fugir das pessoas. Correndo a toda velocidade arrisquei olhar para trás, e mais garotos vinham na minha direção. Aquele foi o pior erro da minha vida.

Tropecei em alguma coisa e tentei levantar rápido para continuar no ritmo, mas não fui rápida o suficiente. O mais próximo deles pulou por cima de mim e ambos caímos no chão. Ele estava me prensando tão forte que eu podia sentir as marcas que se formavam em meus pulsos, seu rosto estava tão próximo de meu que eu estava começando a me desesperar. Comecei a gritar desesperada pedindo ajuda enquanto me contorcia, mas ninguém escutou. E eu não via nenhuma outra opção possível, mesmo relutante, mesmo depois de prometer não usar em pessoas normais, mas eu não tinha escolha. Então por um instante simplesmente deixei que ele tocasse meu rosto e parei de gritar. Sua mão direita relaxou um pouco, e me aproveitando disso levantei a minha até que tocasse em seu braço e seu rosto foi ficando pálido, sua pele já quase não tinha mais cor, e ele caiu. Toda a energia de seu corpo tinha sido reduzida praticamente a zero e sido transferida para mim. Ele estava deitado ali como um vegetal, quase morto.

_ Sua vadia! – um outro, aparentemente menor se aproximou bruscamente – O que você fez com ele? O que você fez aberração!

Ele veio em minha direção, mas desta vez fui mais rápida e levantei com um pulo. O resto deles se aproximou e juntos me encurralaram no muro e novamente me vi obrigada a atacar. Com um movimento ágil e quase despercebido, puxei o braço do que estava a minha frente e torci, ouviu-se um pequeno estalo até os outros tentarem atacar. Ele também caiu automaticamente assim como o garoto de antes, e então vieram mais dois em cima de mim. Apavorada, toquei o que estava mais próximo, já não medindo direito meus atos e suas consequências, e logo os dois também estavam no chão.

Ainda restava um, mas escolhi fugir. Havia pessoas suficiente no chão, e eu não queria mais nenhuma delas. Então saí correndo pela rua procurando um lugar para me esconder como as pessoas de antes faziam, mas quando me virei com pressa para o lado, uma mão me segurou forte de forma agressiva, e o último restante deles já estava ali, parado ao meu lado.

_ Eu sei o que você é. – ele sussurrou em meu ouvido – Só mais uma aberração Eileen. Chama isso de dom? Eu chamo de bruxaria. Imagine o que as pessoas vão pensar quando descobrirem o que você faz quando toca alguém? Quando perceberem que você pode matar facilmente...

Nós estávamos mais próximos do que eu estivera antes com o primeiro, seus lábios próximos ao meu ouvido. Ao longe, alguém pensaria facilmente que éramos uma, ao invés de duas pessoas.

_ Ah! - acordei ofegante, o rádio relógio ainda indicava quatro da manhã – Outro pesadelo. – resmunguei me lembrando de como era respirar.

Depois de um longo minuto assim, me levantei e fui em direção ao banheiro. A casa estava silenciosa e vazia como de costume, mas bem menos bagunçada como eu geralmente deixava. Agora, as roupas já estavam guardadas, os papéis na lata de lixo, e a escrivaninha se encontrava vazia. Abri a porta e fui diretamente no espelho encarar meus olhos azuis quase fechados, mostrando o quanto eu ainda estava sonolenta. Eu estava acabada.

Abri a torneira e lavei meu rosto. Tomei um breve café da manhã, até porque eu não estava com fome, e não havia tempo a perder. Hoje meus tios chegariam para passar o fim de semana comigo, com a desculpa de eu não me sentir tão solitária sendo que moro sozinha desde que meus pais morreram há mais ou menos uns cinco anos. O estranho, é que eles nunca se importaram com isso antes.

Eu devia partir antes de eles aparecerem. Eu estava disposta a estar o mais longe possível quando eles chegassem.

Há um ano venho colhendo informações pra descobrir se existe mais alguém no mundo como eu, com um dom. Procurei por acontecimentos estranhos, fora dos padrões normais da sociedade, e recentemente consegui encontrar algo em Las Vegas. E bom, decidi que as minhas buscas começariam por lá. Cismei com isso quando notei que corria perigo, isso duas semanas depois que meus pais morreram. Eles eram os únicos que sabiam que eu podia roubar a força e a energia de quem eu tocasse, ou matar como fiz com o meu antigo cachorro Max. Com o tempo aprendi a controlar isso, mas ainda não consigo quando estou nervosa ou com raiva.

Meus pais também tinham dons. Eu nunca cheguei a saber qual mais garanto que tiveram. O fato, é que eles não morreram por acaso, eu os vi sendo assassinados e então fugi. Sinto remorso até hoje por isso. Fui covarde.

A polícia pensou ter sido suicídio e não quiseram acreditar numa adolescente de treze anos. Agora tenho dezoito, e percebi que quem os matou estava atrás de pessoas especiais como eu sou e meus pais foram um dia. Jurei que como estava sozinha no mundo, e no fundo pensando como uma forma de me redimir, sem ninguém com quem me importar mais, procuraria por pessoas como eu e meus pais e faria o possível para que ficássemos protegidos.

_ Argh! – gemi quando voltei para o quarto – Que droga!

Já eram cinco horas e eu ainda não tinha pegado a estrada, a viagem não era curta. Peguei todo o dinheiro que possuía no banco e algumas coisas para comer, fora água e uma mochila com roupas limpas, se necessário compraria outras no caminho. De qualquer forma, não pretendia voltar. Pelo menos não por um bom tempo. Algo me dizia que encontrar a todos e ainda convencê-los de me acompanhar seria um grande desafio. Sentei no carro, e ajustei confortavelmente o banco. Com um suspiro e uma última olhada para a casa a qual cresci, acelerei observando o pôr-do-sol. O primeiro de muitos que eu ainda veria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!