Rose estava tão animada há minutos atrás, havia acordado cerca de uma hora antes do que o combinado e fora logo acordar a sua mãe falando que se elas não fossem logo se atrasariam. Saltitava pela casa cantarolando hoje eu vou pra escola, eu vou pra escola, o que fazia Hugo emburrar em sua cadeirinha.

Hugo também quer, dizia o resmungão quando fora acordado pelo pai para o café-da-manhã. Mas Rose pouco se importava e continuava a cantarolar hoje eu vou pra escola, eu vou pra escola, enquanto comia o seu cereal e tomava o seu leite com postura de “mocinha” como dizia o seu pai.

Mas agora tudo parecia diferente, ela estava amedrontada. Sua energia e entusiasmo haviam acabado e tudo o que sobrara fora medo. Medo de entrar e ficar sozinha, tudo que ela não gostava era ficar sozinha.

Estava parada na frente da grande porta da escola, onde várias crianças de diversas idades estavam acompanhadas pelos seus responsáveis, algumas estavam assustadas tal como ela, porém outras estavam a todo o vapor. Rose segurava com uma mão a sua mochilinha de rodinhas que brilhavam, lilás com toques vermelhos em glitter, porque era a sua cor preferida. E estava uniformizada com as vestes que a escola pedira, era uma camisa de manga curta com a insígnia da sua “casa”. Que era um leão, o resto do seu uniforme estava em vermelho (por causa da casa) e vestia um short-saia que batia em seus pequeninos joelhos. Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo alto, que insistira para a sua mãe fazer, pois era o seu penteado favorito.

Todo aquele vermelho só realçava a cor de seus cabelos e os verdes dos seus olhos. Suas bochechas rosadas estavam quase sendo ensopadas por uma pequena trilha de lágrimas, que ela fazia questão de segurar. E com a sua outra mão apertava forte (o quanto ela podia) a de sua mãe.

Hermione abaixara para olhar sua filha que estava prestes a se debulhar em lágrimas. A mulher de cabelos fofos a olhava tristemente, aquilo não era só um desafio para a pequena Rose e sim, também, para a sua mãe.

- Olha, Rosie, mamãe vem te buscar logo que a aula acabar. Está bem? – Hermione disse ajoelhada na frente da pequenina que enchia os olhos de lágrimas, deixando que algumas escapassem – não chore pequena – a mulher passou o polegar pela bochecha rosada da menina de cinco anos.

Tudo que Rose mais queria era voltar para casa.

- Vamos, Rose – uma tia da escola disse a ela – sua aula já vai começar.

- Vá, Rosie – Mione disse sorridente e beijou a bochecha molhada da garotinha.

Rosie não conseguia entender o porquê a mamãe dela não poderia entrar junto e passar o dia com os seus coleguinhas. Sua cabeça estava abaixada e ela tentava recuperar a sua compostura. Nunca foi de chorar.

- Mas, mamãe, - disse numa voz dengosa e triste – por que você não entra comigo? – as orbes verdes da pequenina se enchiam de pequenas gotas, que ela segurava para não sair. Mesmo que em vão.

A castanha tentava achar palavras para explicar a menina que ela teria que passar por aquilo cedo ou tarde, mas não conseguia.

- Mamãe tem que trabalhar, amor – Mione disse relutante e com uma voz baixa.

Um garotinho de cabelos loiros e olhos cinzentos se aproximou das duas ignorando a sua mãe chamá-lo. Ao contrário de Rose, o menino usava vestes de tom verde, o mesmo segurava uma mochila, igualmente de rodinhas, que tinha tons azuis fortes.

- Por que tá chorando? – ele disse ao chegar tombando a cabeça para o lado, olhando fixamente a Rose que ainda chorava - Não chora, tá bem? – o mesmo sorriu gentil e para ela quando a mesma o direcionara o olhar. O garotinho passou a mão pela bochecha da menina limpando as lágrimas.

- Scorpius! Deixe-as em paz – a mulher se aproximara deles como um torpedo, porém não tão ágil quanto o pequenino. Colocou as mãos sobre os ombros do filho e direcionou um: “nos desculpe, Scorpius está incontrolável hoje” a Hermione que ainda estava os observando.

O menino pegara a mão de Rose e sorria para ela e a mesma correspondia, secando as lágrimas com a manga da blusa que usava por cima da roupa.

- Eu não quero entrar – protestou a ruiva ao garotinho.

- Vamos lá é legal – disse o loirinho tentando convencê-la. Seu sorriso era tão simples, mas ao mesmo tempo tão cheio de inocência.

- Hmmm... – a garota murmurou.

- Eu sempre vou estar com você, prometo – disse soltando a mão dela numa expressão de seriedade.

- De dedinho? – a menina desconfiou.

- Sim – Scorpius deu o seu dedo mindinho e Rose fez o mesmo, entrelaçando-os.

As mulheres agora conversavam entre si, sobre os seus filhos, e as crianças deram as mãos novamente.

- Mamãe, - Rose a chamou de um jeito gentil – posso entrar agora? – perguntou docemente ainda segurando firme a mão do garotinho que, aparentemente, tinha a sua idade.

- Tem certeza, Rosie? Podemos esperar por amanhã...

- Quero entrar agora - virou o olhar para o garotinho ao seu lado, como desse uma resposta muda para uma pergunta inexistente, e a sua mãe assentiu.

- Claro, Rosie – Hermione se abaixou e beijou a testa da garota – tenha uma boa aula – sorriu doce para a garota.

- Vamos. Já estamos atrasados! – Rosie começou a andar na direção da entrada da escola e junto a Scorpius, se despediram das mães de longe e foram as suas salas.

Rose sempre queria ir a escola para um único fim a não ser estudar: Encontrar Scorpius. Seu melhor amigo há três míseros meses, não faltara a nenhuma aula para não deixar de se encontrar com o mesmo. Eles passaram todo o tempo que podiam juntos, brincando.

Quem poderia entender? São apenas crianças.