Um Diário Nem Tão Querido escrita por The Reaper


Capítulo 48
O Monstro Interior


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aí vamos nós de novo!
Boa Leitora!



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Ah não! Foi a primeira coisa que pude pensar quando eu ouvi a voz de Vincent vindo da porta. Virei-me para encará-lo em busca de uma confirmação desnecessária de sua presença. Ali estava ele de pé encostado no batente da porta, as mãos nos bolsos da calça escura perfeitamente ajustada que combinava perfeitamente com o seu pulôver cor de creme. A luz do luar atingia-o diretamente nas costas, criando um jogo de luzes misterioso e impressionante.

Humpf! Vampiros e sua mania de fazer chegadas triunfais a cada oportunidade. Foi a segunda coisa que pensei antes de interromper minha divagação inútil. Prioridades primeiro, Susan.

–O que você está fazendo aqui afinal?

Ele caminhou para dentro fechando a porta decisivamente atrás dele.

–Bom, eu avisei que viria, não avisei?

–Você disse, mas não poderia ter escolhido uma hora melhor? – quase gritei, minha mãe para ainda nos meus braços.

Ela estava completamente imóvel, os olhos arregalados enquanto fitava com uma mistura de pavor e incredulidade o vampiro loiro que estava há poucos passos de distância.

–Mestre, essa mulher agarrou a senhorita Armstrong e eu a detive – explicou Bloody Dagger gesticulando para minha mãe. Eu nem lembrava mais que ele estava aqui, tão silencioso que ele era.

–Okay B.D. – assentiu Vincent, não parecendo nem um pouco surpreso em ser chamado de “mestre”, o que significava que ele estava acostumado com isso – eu cuido disso. Pode ir.

Sem dizer mais nada o vampiro Rock star simplesmente sumiu, movendo-se tão rápido quanto um raio.

Vincent foi até o sofá e se sentou não tirando os olhos de mim nem um só instante. Ao meu lado, minha mãe começou a tremer enquanto sussurrava.

–É ele...é ele.

Eu a segurei pelos ombros gentilmente enquanto tentava acalmá-la.

–Mãe, você não precisa e preocupar. Eu vou te contar tudo.

Eu continuei dizendo palavras de conforto a ela, na tentativa de fazer com seus batimentos cardíacos se normalizassem, é claro sem sucesso. A impressão que eu tinha era que eles estavam mais altos, como se alguém simplesmente tivesse aumentando o volume até o máximo.

–Susan, pare –Vincent falou do sofá – isso não está ajudando.

–E qual é a sua ideia brilhante? – indaguei exasperada. O que fazer quando se tem uma pessoa completamente traumatizada na sua frente e essa pessoa é ninguém menos que a sua mãe?

–Você tem duas opções – ele continuou – hipnose ou a verdade.

Eu olhei para minha mãe, as palavras de Vincent pesando nos meus ombros. Eu podia realmente contar tudo? Dizer que sua filha era uma criatura híbrida enfiada até o pescoço em problemas? Eu estaria seguindo por um rumo sem volta. Minha mãe nunca mais estaria segura sabendo tudo. Também não estaria a salvo não sabendo. Mas...talvez o pior de tudo fosse o meu medo. E se ela não me aceitasse?

–Susan, você não entende. Ele vai nos transformar em demônios sugadores de sangue! – minha mãe se ergueu apontando um dedo acusatório para Vincent – nos deixe em paz!

–Você não tem que se preocupar comigo Grace – foi a resposta – Susan, é melhor decidir logo.

No fim, eu era capaz de muito, menos de ver minha mãe me olhando como se eu fosse um monstro.

–Se você hipnotizá-la, ela vai conseguir lembrar de algo? Afinal você já fez isso uma vez.

Minha mãe pareceu entender a conversa, pois me olhou com descrença.

–Do que você está falando!

–Ela demonstrou uma resistência surpreendente que pode ser justificado pela herança dela, mas tem um modo de tornar alguém mais susceptível.

Para dar efeito, ele bateu no dente com um dedo. Que droga!

Minha mãe se afastou cautelosamente segurando um vaso como arma enquanto bradava.

–Vá embora demônio!

Sentindo uma pontada no coração eu disse com dificuldade.

–Por favor, faça –eu sabia que não estava certo. Mas uma vida de mentiras era melhor que uma vida de terror.

–Susan, mas o que...

Ela não terminou de falar. Vincent se moveu para ela, os olhos em faíscas azuis.

–Fique calma – disse com autoridade. No mesmo momento minha mãe abaixou o braço colocando o vaso de volta na mesa. Mas ela ainda tinha os olhos assustados e isso foi um sinal claro que ele não tinha total controle sobre ela. Minha mãe pode não ter despertado como bruxa, mas ela ainda tinha algo de sobrenatural nela.

Vincent virou-se para mim.

–Você tem certeza?

Limpei meu rosto, só agora percebendo as lágrimas teimosas que o marcavam.

–Sim.

Então ele a mordeu, o cheiro de cobre enriquecendo o ar de um jeito tentador. Minha mãe fez um ruído estranho e depois relaxou nos braços de Vincent. Um ronco estranho atravessou o ar e eu só percebi muito tempo depois que aquilo vinha de mim. O sangue da minha mãe despertou meus instintos predatórios.

Eu me afastei caminhando em direção a porta aos tropeços. Estava ficando cada vez mais difícil controlar essa coisa. O ar fresco da noite me atingiu assim que eu abri a porta e eu me senti melhor. Sentei-me nas escadas da varanda, colocando a cabeça entre os joelhos, respirando profundamente várias vezes.

–Você parece horrível.

Levantei a cabeça sobressaltada.

–Arthur! O que você está fazendo aqui! – fiquei de pé no mesmo instante.

–Eu vim saber como as coisas estão indo – ele respondeu vagamente sentando no degrau.

Eu o observei com cuidado. Fazia algum tempo desde que eu o vira e ele parecia muito mudado. Estava bem mais magro, o cabelo maior caindo desleixado. Apenas os olhos eram os mesmos. Com aquela impertinência deliberada.

–Você...você está bem? – perguntei espantada.

–Estou ótimo, não deu para perceber? – ele me deu um sorriso irônico.

–O que aconteceu?

–Nada. Não é problema seu, de qualquer maneira – ele deu de ombros – você realmente vai deixar ele bagunçar a cabeça da sua mãe?

–Você ouviu.

–É eu ouvi – Arthur parecia aborrecido – não acha que ela merece a verdade? Ela não é tão fraca quanto parece Susan. Ela consegue

–Eu acho...é eu também acho. Mas eu não consigo

Ele franziu o cenho.

–Isso não vai mudar nada. Isso não é viver, garota. Você vai se arrepender disso.

Eu me afastei para entrar em casa e ele me deteve segurando meu braço.

–Ei! Vo...

Ele não terminou sua frase. Eu tinha pulado nele como uma fera louca atacando-o diante de seu olhar surpreso.


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Notas finais do capítulo

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