Um Diário Nem Tão Querido escrita por The Reaper


Capítulo 16
Conselhos De Uma Louca Para Uma Suposta Louca


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal lindas!! Aí vai mais um capítulo feito só para vocês!!
Boa Leitura!!!



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À tarde eu tomei um banho que bem poderia ser relaxante se eu não estivesse soltando fumaça pelos meus ouvidos. Como é que podia uma coisa assim? Ser tachada de louca pela própria mãe!! Isso não tinha cabimento. Agora, para completar eu tinha uma consulta marcada com uma psicóloga. Qual seria a próxima catástrofe da minha vida? Ser internada num manicômio?

Depois de vestida e com os cabelos devidamente penteados (devo confessar que quase fiquei careca fazendo isso), desci as escadas com uma enorme carranca no rosto e me sentei no sofá.

Minha mãe desceu as escadas logo depois. Não pude evitar um comentário sarcástico e soltei.

–Então, não quer logo levar uma camisa de força? Nunca se sabe, afinal eu posso aprontar uma...ah é loucura.

–Nem comece Susan. Nós vamos a consulta e pronto. Nenhum comentário seu vai mudar isso.

–Isso é um absurdo.

–É só uma conversa Susan. Não tem porque ficar chateada assim.

–Diz isso porque não é você que vai aturar o papo furado de uma mulher gorda e mal amada.

–Não julgue antes de conhecer Susan, você sempre erra quando faz isso. Tenho certeza de que vai gostar da Maggie.

Nem sempre, pensei lembrando-me do Vincent. Logo que o conheci eu soube que ele era perigo. E eu tinha toda a razão. Mas eu não ia comentar sobre isso, é claro. Senão eu iria acabar ganhando mais algumas consultas extras.

Sendo assim , apenas acompanhei minha mãe até o carro.

Durante todo o trajeto eu tive que ouvir a senhora Donovan elogiar e elogiar a tal Maggie como se ela fosse à criatura mais perfeita do universo. Eu já estava começando a ficar preocupada com aquilo.

Quando chegamos ao tal consultório eu não podia estar mais nervosa. Pelo que eu pude perceber minha mãe também estava, embora ela nunca fosse admitir.

Fomos recebidas por um rapaz muito magricela e sorridente além da conta. O garoto era tão mirrado que parecia que ia desmaiar a qualquer momento. Parecia não ter mais de quinze anos embora eu soubesse que já devia ser maior de idade para trabalhar naquele local.

–Você deve ser a senhora Donovan, estou certo? – perguntou ele gentilmente.

Minha mãe sorriu de volta e apertou a mãe que ele lhe oferecia.

–Sim, nós temos um horário com a doutora Sullivan. Esta é minha filha, Susan.

Ele me olhou assentindo.

–Sim eu sei. A propósito, sou o Bryan assistente da doutora Sullivan. Me acompanhem por favor ela está aguardando vocês.

Seguimos o assistente esquisito pelos corredores estreitos, extremamente claros e limpos até uma porta onde havia uma placa escrita “M. Sullivan”.

–É aqui. Podem entrar.

Preparei-me psicologicamente para aquele fatídico momento e entrei na sala com minha mãe ao meu lado. Definitivamente, a doutora Maggie não era uma mulher gorda e mal amada, pelo contrário era uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto em toda a minha vida. Dona de um cabelo preto e curto, olhos escuros e um sorriso jovial com covinhas a doutora Sullivan era o retrato da paciência e compreensão. Senti-me mais calma. Não seria uma coisa tão ruim afinal de contas.

–Olá Grace, como é bom ver você! – disse ela levantando-se de sua mesa e vindo em nossa direção para um caloroso abraço.

–Eu digo o mesmo Maggie – respondeu minha mãe.

Depois de uns cinco minutos de blá blá blá tedioso (coisa de gente antiga) a minha mãe notou que eu ainda estava de pé ao lado dela e resolveu me apresentar.

–Maggie, está é a minha filha Susan – disse minha mãe pondo uma mão no meu ombro.

Ela fez um afago na minha cabeça.

–Oh sim eu me lembro de você pequena Sue. Eu visitava a casa da sua mãe com mais frequência quando você era menor.

–Sinto muito, eu não me lembro – disse com sinceridade.

–É claro, como eu disse você era bem pequena. Agora já é uma moça, e muito bonita.

–Obrigada – respondi um pouco constrangida.

–Bom, vamos nos sentar não é mesmo?

Ela apontou para as duas poltronas em frente a sua mesa e voltou ao seu lugar.

–Então vocês estão aqui por causa de um problema em particular, estou certa? – perguntou ela.

–A minha mãe está aqui por um problema particular – retruquei – eu só estou aqui por que ela me obrigou.

–Susan, é melhor parar – disse minha mãe em aviso.

Maggie olhou para nós duas enquanto parecia ponderar sobre algo.

–Grace você pode nos dar um minuto? Eu queria conversar com a Susan.

Minha mãe franziu o cenho, mas assentiu finalmente.

–Está bem, estou lá fora.

–Obrigada – disse Maggie.

Quando minha mãe deixou a sala Maggie começou a falar.

–Susan, sua mãe me deixou a par de tudo que aconteceu. Segundo ela você disse que seu novo vizinho é um vampiro. É isso?

–É, eu disse – respondi – as antes que você diga qualquer coisa, eu não estou louca ok?

–Então, você acredita mesmo nisso?

Revirei os olhos. Estava bom demais para ser verdade.

–Olha doutora isso é mais complicado do que parece tá? Pode parecer um absurdo mas o que eu sei é que...

Ela me encarou incentivando-me a terminar de dizer o que eu queria. Por um minuto pensei a dizer para ela tudo o que eu sabia sobre o Vincent, mas acabei desistindo. De que adiantaria? Eu não tinha nenhuma prova e, além disso, se o Vincent descobrisse que eu continuava a espalhar seus segredos por aí eu bem podia acabar despertando o lado negro dele que pelo que eu tinha visto, não era nada legal.

–Você dizia? – perguntou Maggie.

–Eu não sei bem o que eu vi – disse por fim.

–Você tem amigos Susan? – perguntou ela.

–Eu não entendi. Porque essa pergunta agora?

–Apenas responda, por favor.

–Sim, eu tenho alguns.

–Sua mãe me contou que você tem apenas duas amigas que frequentam a sua casa.

–Bom, todo mundo tem amigos mais próximos que outros – respondi.

–Claro. Susan, você se sente sozinha? Sabe, sua mãe trabalha muito e você passa a maior parte do tempo no seu quarto. É um tanto incomum para uma jovem da sua idade.

–Eu gosto de ficar no meu quarto – retruquei – e não consigo ver o que isso tem a ver com o assunto.

Ela assentiu com a cabeça mas eu tive a impressão que ela nem me ouviu.

–Quando se é jovem às vezes é difícil falar de nossos sentimentos Susan. Às vezes ficamos tão sufocado com nossas próprias divagações e procuramos desesperadamente por algo que possa...nos libertar – disse ela com um brilho sonhador nos olhos.

–Doutora Sullivan eu...

Ela continuou falando como se eu nem estivesse ali.

–Então começamos a ver o que queremos ver. Coisas para colorir o nosso tedioso mundo preto e branco tornando-o colorido e encantador, do jeito em que lemos nos nossos livros.

–O que?! - indaguei confusa. Aquela mulher não dizia mais coisa com coisa.

–É tão comum, tão comum ser uma menina sonhadora que traz s seus sonhos para a vida real! – dizia ela se erguendo da poltrona e falando como se recitasse um poema Elisabetano.

Ai meu Deus, pensei assustada. A psicóloga é birutinha.

–Mas não se preocupe Susan eu sei exatamente o que você precisa – disse ela alegremente voltando ao normal (eu acho).

–Mais do que é que você está fa...

–Um amigo! – disse ela me cortando enquanto mexia numa gaveta e erguendo um caderninho – aqui está ele!

–Mas isso é um diário – eu disse tentando trazê-la para a realidade.

–Exato! Ele será seu novo amigo! – respondeu ela agitando o objeto na minha frente.

–Então...você quer que eu converse com o diário? É isso? – indaguei confusa.

Ela riu.

–Não bobinha. Quer dizer mais ou menos. Eu quero que você escreva o seu dia-a-dia nesse diário. Conte tudo o que sente, desabafe de verdade. Vai descobrir maravilhas.

–Isso é uma piada?

–Claro que não é muito sério.

–Eu não vou escrever em um diário – retruquei irritada – isso é coisa de idiotas.

–Pode parecer bobo, mas é um exercício maravilhoso – disse Maggie – como eu disse você vai descobrir muitas coisas.

–Não parece bobo, é bobo. E eu já estou descobrindo várias coisas, e uma delas é que você é maluca! – disse levantando-me e saindo daquele lugar o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

E então? Aguardo seus comentários ok?
Beijão!!!