Hogwarts não era mais a mesma depois que Voldemort voltara, dois anos atrás. Tinha um aspecto sombrio e assustador, todos andavam com medo e cautela. Harry, Ron e eu mantínhamos distância do resto dos alunos, em um canto escuro de corredor.

_ Eu não sei mais o que fazer. – lamentou Harry. – Dumbledore me falou das... horcruxes, mas onde elas estão? Eu nunca vou encontra-las, e se eu encontrar, o que vou fazer?

_ Eu não sei... talvez se você perguntar á ele... – palpitei.

_ Dumbledore também não sabe. – respondeu Harry.

_ Então pergunte á quem saiba, oras.

_ Uma pena que o único que saiba seja o próprio Tom.

_ Tom? – perguntou Ron.

_ Voldemort.

Eu e Ron trememos quando Harry disse isso.

_ Não tenham medo do nome.

_ Oh, por favor, que faremos? - eu disse ignorando oque Harry acabara de dizer-nos.

_ Sei lá.

_ Nem eu, mas é melhor a gente ir jantar, se algum professor nos vir aqui estamos ferrados. – comentou Ron.

_ Ron tem razão Harry, vamos. – eu levantei e estendi o braço para ele segurar minha mão.

Eu pude ver que Harry estava quase chorando, todos sabíamos que não existia mais esperança, que todos nós morreríamos nas mãos de Voldemort.

_ Fique calmo Harry, vamos achar um jeito. – eu menti.

Eu não consegui dormir imediatamente quando deitei na cama, como costumava fazer á noite, passei as últimas semanas pensando em um plano para matar Voldemort, mas até agora isso foi um fracasso. “Pense Hermione, seja útil para alguma coisa, vamos, pense!” foi quando ouvi um barulho demasiado alto vindo dos primeiros andares do castelo, levantei-me em um salto. Fiquei muito curiosa quando vi que todos continuavam dormindo. Eu não acordei ninguém, apenas desci para a direção de onde veio o barulho.

_ Quem está aí? - eu gritei para o nada.

“Francamente Hermione, você acha que alguém vai te responder?” eu me perguntei.

_ Hei, hei! O que está fazendo fora da cama? – perguntou Filch atrás de mim.

_ Foi você que fez aquele barulho?

_ Que barulho sua pentelha? Saia já daqui, vamos, vá para o seu dormitório.

Foi quando várias vidraças foram quebradas fazendo um barulho quinhentas vezes pior do que o que eu ouvira lá do dormitório. Eu soltei um berro e vi que Filch não sabia o que fazer, tinha uma expressão assustada no rosto.

_ SOCORRO!

Eu tapei os ouvidos e estava agachada encolhida no chão, vários cacos de vidro caiam em cima de mim e eu senti uma pontada nas costas, tinha cortado fundo, senti minha roupa molhar. Quando olhei em volta, haviam várias sombras dando voltas rápidas pelo salão. Eu não conseguia enxergar nada se não isso. “Que diabos está acontecendo.” Eu pensei entre lágrimas. Ouvi uma voz gritar algo e as sombras sumiram, foi quando pude ver atrás delas, todos os alunos estavam lá e Dumbledore tinha a varinha em mão. Harry correu até mim, seguido de Ron. Eu estava fraca por alguma razão que eu não sabia qual. Aquela foi a coisa mais estranha que já me acontecera. Parecia uma espécie de guerra no salão principal. Os alunos duelavam com figuras encapuzadas que uma vez foram as sombras. Dumbledore veio até mim, Harry e Ron.

_ Salvem-se, vamos, fujam!

Pude ver de relance Harry e Ron trocarem olhares preocupados.

_ Pra onde vamos agora? – corremos até um canto.

_ Não existe lugar seguro! Estupefaça! – e uma sombra foi arremessada longe.

Então peguei o vira-tempo que eu carregava comigo e coloquei no pescoço de Ron e Harry.

_ Não Mione!

_ Dê outra ideia, gênio! Reducto! – e uma sombra que pretendia nos atacar foi reduzida a pó.

_ Não posso deixar minha família aqui!

_ Vamos voltar apenas algumas horas!

Então eu o girei, mas foi mais do que eu queria, devido á força e o nervosismo. Então ele travou.

_ Não! NÃO! NÃO! PARE! – eu disse socando a corrente.

Ele parou, mas já era tarde, sentimos o solavanco que não demorou a passar. Caímos de costas em um chão frio e escuro, no mesmo lugar que estávamos á segundos atrás.

_ O-onde est-tamos? – perguntou Rony tremendo.

_ Hogwarts, seu burro. A pergunta é quando estamos. – eu também tremia.

_ O que foi que aconteceu? – perguntou Harry, ainda no chão, passando a mão na cabeça.

_ Voltamos no tempo, voltamos muito no tempo. – eu disse aflita.

Ao contrário da nossa, aquela Hogwarts estava uma calmaria, calmaria até demais. Eu engoli em seco e dei alguns passos a diante em direção ao salão principal, também vazio.

“Perfeitamente, professor Dumbledore.” O meu coração disparou e Harry e Rony, que estavam atrás de mim, correram para debaixo das mesas. Eu fiquei imóvel. “Ouviu esse barulho, senhor?” meu sangue congelou. Eu comecei a tremer mais ainda. Qualquer movimento que eu fizesse faria mais barulho ainda. Olhei pra trás e vi a cara de Ron, que se não estivesse nessa situação, acharia engraçada. Quando ouvi passos virem até o meu encontro e um jovem de cabelos e olhos profundamente negros apareceu. O reconheci no mesmo momento: Tom Riddle, aquele garoto ridículo e arrogante que se tornaria Lorde Voldemort, que mataria os pais do meu melhor amigo e faria de nossas vidas um inferno. Mas ninguém podia negar, seu rosto de anjo era completamente sedutor.

_ Quem é você? – ele perguntou sério apontando a varinha pra mim.

_ Eu sou... Hermione... Jean. – eu disse tremendo incontrolavelmente e dando um sorriso de lado.

_ O que está fazendo aqui trouxa?

_ Eu não sou uma trouxa!

_ O que está fazendo aqui?

_ Estou... hum... perdida.

_ Mentira. Diga-me a verdade.

_ Eu disse a verdade!

Tom me encarou, provavelmente notou que eu estava suando, tremendo e gaguejando mais que o normal. Foi quando Harry fez um barulho embaixo da mesa que deveria ser a da lufa-lufa.

_ O que foi isso? – ele disse caminhando em minha direção, até a mesa onde Harry estava.

_ N-não foi nada...

_ Eu ouvi algo. Você está acompanhada?

_ Hum, não.

_ Tem completa certeza sobre isso?

_ Sim.

_ O que houve com suas costas? - ele perguntou depois de alguns segundos, olhando para minha roupa manchada de sangue.

Esqueci-me que estava ferida, mas realmente, com tudo isso como eu poderia parar pra sentir alguma dor?

CONTINUA...