Escritório da Lizzie - 17:30 - New York

Turbilhões de imagens vieram em minha mente. Era difícil me decifrar naquele momento, era como se automaticamente voltasse ao meu passado, a todos os momentos que presenciei com ele, a todas palavras que o mesmo uma dia havia me dito, a todas as magoas que sofri. Não queria e nem desejaria aquilo novamente para mim, nunca mais. Simplesmente um flashback apareceu em minha mente.

Flashback ON

Pedi permissão a professora para ir ao banheiro, tudo bem que era faculdade mas aquela minha mania ainda me seguia. Olhei me no enorme espelho que havia no banheiro, simplesmente aquelas olheiras nem com corretivo saiam. Ao me virar em direção a porta, percebo que três garotas estavam encostadas nela. Seus rostos eram familiares.

– Poderiam me dar licença? – Tentei ser ao máximo educada.

– Antes de sair, temos que ter uma palavrinha com você minha cara...Lizzie? Não é? – A loira falou. – É o seguinte coleguinha – Ao falar a palavra “coleguinha” me toquei que ambas eras da sala na qual ficava em frente a minha. – Vejo que a novata não sabe das regras, mas farei questão de fazer as honras. Tenho observado que um amigo meu tem reparado muito em ti, e eu não estou gostando nada disso... – Ela se aproximava mais. No ritmo do seu passo, eu andava para trás, e por um segundo pensei que ali seria meu fim naquela faculdade.

– Nacy! – Uma voz vinda da porta a chamou. – Sai de perto dela. – Um cara alto, musculoso, e com um meio topete falou em tom de posse.

– James – Ah, então era ele que ficava me observando? – O que faz aqui? Não sabe que aqui é banheiro feminino? – Doce e suave, aquela tal de Nancy o respondeu

– Não estou dentro, só estou na frente do banheiro, e Lizzie, o que eu te falei? Não quero que fique andando com certas pessoas. Venha cá. – Ele me chamou. Imediatamente sai do banheiro e fui ao seu encontro. Não sei o que ele realmente tinha em mente, mas seguirei seu plano. – E Nancy, fica longe da minha namorada ok? – Namo... o que? Ele me guiou ate o corredor e me parou – Você está bem?

– Sim – Falei aliviada – Obrigada pela ajuda. Não sei o que viram em mim para ter essa atitude.

– Não precisa agradecer. Elas são assim, mal pode ver uma menina bonita e já acham que ela tem que ser inferior. Ah prazer, sou James – Ele estendeu a mão

– Prazer, como já sabe, meu nome é Lizzie – Apertei sua mão em forma de cumprimento. – Espera como sabe meu nome?

– Longa história, depois eu te conto – Ele piscou e sumiu naquele imenso corredor.

Flashback OFF

– Então você tentou fugir? Parece que não funcionou, não é? – Suas falas me tiraram dos meus pensamentos

– Fugir? Não sou mulher de fugir – Encostei me em minha mesa e o encarei – O que você está querendo?

– Serio mesmo? Porque, pelo que eu me lembre, quem se mudou foi você e vejo que conseguiu bastante coisa – Ele analisou minha sala.

– A Allison que me chamou para vir morar com ela. Queria mudar de vida, me ver livre de você

– Acabou de admitir que você fugiu

– Não tínhamos mais nada, era como se fossemos dois estranhos, e quer saber, ainda somos. E novamente, o que você quer aqui?

– Desatenta como sempre né? Vejo que não leu - Ele apontou para o envelope que estava nos meus pés. Em um movimento rápido, o peguei e abrir

Minha cara Lizzie,

O ramo musical nesta época é a mais procurada entre todas. Ter uma boa entrevista com algum artista simplesmente te dará altos valores. Com isso, fui atrás de um artista que provavelmente te ajudará muito. Entrei em contato com ele, e no final decidimos que você e sua empresa jornalística irá cobrir os próximos eventos que o Senhor James Diamond comparecer. Lembre- se, esta oportunidade é única. Pegar ou largar. E também não se esqueça do contrato.
Boa sorte!

Com amor,

John”

Terminei de ler a carta em voz alta e ainda não estava acreditando. Reli várias vezes e ainda a ficha não caiu. Eu terei que trabalhar com o cara que um dia já partiu meu coração?

– Bem, você decide. É pegar ou largar – Cretino, e ainda por cima vem com essas ironias para mim. – Vou te dar mais uma chance. Tenho um compromisso agora, então, amanhã retorno e conversamos ta? – Ele chegou perto de mim – Estou louco para trabalhar com você – Seus sussurros me arrepiaram. Fui seguindo seus passos com o meu olhar.

– James – O chamei - Nós passamos tantos momentos juntos e simplesmente você comete aquele erro!

– Desculpa?

– Desculpar pelo que? Por partir meu coração? Ou por me dar uma das maiores felicidades que já tive e depois tomá-la de mim?

– Pelas duas coisas? – Ele sorriu de lado de saiu.

Bistrô do Jerry - 17:30 - New York

Allison POV

Dias frios em Nova York são até agradáveis. Os agasalhos são lindos e sem falar que frio é ótimo para dormir. Mas ter um dilúvio? Isso estraga toda a graça. Entrei na grande cafeteria, a melhor da cidade. Logo os avistei sentados em uma mesa, rindo.

– Desculpem me pela demora – Falei sentando me ao lado da Stephanie – Ah, e parabéns – A abracei

– Não tem problema, o bom é que meus amigos estão aqui – Ela sorriu

– Trouxe- lhe um presente. Não é algo tão grandioso, mas... – A entreguei a pequena caixa.

– Obrigada amiga – Ela retribuiu com um abraço. – Ainda bem que você chegou, não estava mais agüentando o Carlos com essa conversa de cinema e blá blá blá...

– Ei, achei que estivesse gostando – Ele fez a famosa carinha de pena.

– Coitadinho – Apertei suas bochechas

– Ai – Ele passou sua mão nas bochechas – Mas então garotas, como andam os corações de vocês?

– Batendo? – Steph falou nos fazendo rir

– Ridícula você – Carlos retrucou

– O meu anda normal, sem amor, sem romance, só trabalho – O respondi

– Serio que você continua assim? – Ele me perguntou

– Assim como?

– Sem deixar espaço para um amor. Lili, sei que sofreu por causa deste sentimento, mas está na hora de seguir em frente. – Carlos e sua mania de me chamar de Lili

– Sabe – Steph se pronunciou – Minha mãe sempre dizia que a gente tem que deixar o passado para trás ates de seguir em frente, e é isso que você precisa fazer. Só assim poderá encontrar a sua metade da laranja. – Ri com o que ela disse

– A gente sempre ouve aquela história de que cada um de nós é a metade de uma laranja e que a vida só tem sentido quando a gente encontra a outra metade. Eu não conheço ninguém que sonha em ser uma laranja. Vocês já perguntaram para alguém “ Qual o seu maior sonho?” e a pessoa responder “ Ser uma laranja inteira?” – Depois dessa minha linda filosofia, só ouvir risos e mais risos. Sim, isso que era a metade da laranja. Meus amigos, porém, infelizmente, a metade da laranja do meu sentimento chamado amor deve estar bem longe.