The tears of a broken heart escrita por Ayane


Capítulo 7
Os sonhos despedaçados


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o último capítulo. Espero que gostem, boa leitura :)



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– Pai?

Não era possível. O que ele está aqui a fazer?

– Pai, o que estás aqui a fazer?

Ele entrou naquela que tinha sido a minha casa e a de Nuno por uma noite. Tinha ainda vestida a roupa do casamento.

– Vim impedir esta loucura. O que pensas que estás a fazer Ana? Fazes ideia da cara dos convidados? Do teu noivo?

– Eu não quero saber disso pai, eu apenas quero ser feliz? Será que estou a pedir assim tanto?

– Sim! Tu nunca pensas nos outros, só em ti! Eu sempre tentei fazer o melhor para ti, para o teu futuro. Coloquei-te nas melhores escolas, deite tudo o que querias, até concordei com esta loucura a que chamas amor! – ele quase que cuspiu as últimas palavras como se não tivessem qualquer significado. – Achas mesmo que ele te pode fazer feliz? – apontou para o Nuno que se mantinha firme ao meu lado segurando-me a mão. – Ele não te pode dar nada do que tu desejas! Ele não te vai conseguir dar o que queres, mas aquele rapaz que estava na igreja sim! Ele é um bom rapaz, de boas famílias. Ele pode dar-te tudo o que mais desejas.

– Não pai, enganas-te. Sim, é verdade que o Nuno não é rico, mas ele tem tudo o que preciso, tudo o mais desejo: o seu amor por mim! – as lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. – Ele ama-me pai! Não por ter dinheiro, mas sim porque apesar deste meu feitio complicado, ele consegue ver a pessoa que realmente sou! Ele ama-me por quem sou e não pelo que tenho. É isso o que eu mais desejo: ser feliz ao lado da pessoa que amo!

O silêncio tomou a sala. O meu pai não se movia. Apenas estava ali, de pé a olhar para mim como se tivesse dito a coisa mais idiota de sempre.

– Pai, eu quero ficar com ele. Deixa-me ser feliz, por favor. Eu não te peço mais nada, apenas deixa-me seguir a minha vida com ele, a pessoa que eu mais amo neste mundo. Não me tires a minha verdadeira felicidade!

– Sr. – o Nuno tentou falar com o meu pai, mas foi rapidamente interrompido por ele.

– Tu! A culpa disto é toda tua! – ele rebentou em raiva. - Se não existisses, se não a tivesses levado para longe de mim nada disto estaria a acontecer! A culpa é toda tua!

Ele começou a caminhar na direção do Nuno, continuando aos berros.

– Não pai, não! A culpa não é dele! Nós estávamos destinados a ficar juntos! – coloquei-me entre os dois. – Ele é a pessoa que eu amo, porque não consegues perceber e aceitar isso?

– Não, não posso aceitar. Tu mereces melhor e vais ter, mesmo que eu tenha de cometer uma loucura.

Ele começou a sair da casa, deixando a porta aberta.

– Pai? – tentei ir atrás dele, mas o Nuno impediu-me.

– Deixa-o ir. – ele abraçou-me, deixando-me ver o meu pai a afastar-se de nós. – Quando ele se sentir mais calmo ele vem falar contigo, vais ver. – beijou-me suavemente o cabelo, sempre sem me soltar.

A partir daquele momento, tudo pareceu se mover em câmara lenta.

O meu pai entrou num carro, mas atrás dele estava um homem, vestido de negro, que apontou uma pistola na nossa direção. Mal tive tempo de reagir. Tentei afastar o Nuno. Agarrei na mão dele e levei-o para a cozinha. Tranquei todas as portas. Estávamos em segurança.

– A-ana?

(http://www.youtube.com/watch?v=H03rOIxWcYU)

Virei-me para ele e o que vi foi como que um pesadelo. Ele tinha uma das mãos cheias de sangue enquanto que a outra estava sobre a camisa encharcada de sangue.

– Nuno! – corri para ele. – N-nuno, estás bem? Oh meu deus, o que te aconteceu! Ele acertou-te! – toquei no rosto dele enquanto tremia.

– E-eu estou bem, não te preocupes.

– Como podes estar bem seu tolo? Tu foste atinguido!

– E não é nada como nos filmes.

Ele tentou levantar-se, mas a dor não o deixou.

– Não te movas, por favor não te movas. Temos de parar a ferida.

Comecei a andar às voltas na cozinha à procura de alguma coisa que pudesse ajudar.

– Ana, não vá-le a pena. Pára por favor.

– Não me digas para parar! – virei-me para ele rapidamente e com o rosto coberto de lágrimas. – Nunca me digas para parar! Nunca!

– Eu sei, mas anda cá. Vem aqui. – Ele estendeu-me uma das mãos cobertas de sangue. – Vem.

Eu segurei a mão dele e deitei-me junto dele, sem conseguir parar de chorar. Ele colocou os braços dele sobre mim, aproximando o meu rosto do dele.

– Tu sabes que eu te amo certo?

– Que raio de conversa é essa?

– Pois, eu sei. Apenas me pareceu uma boa altura para te dizer o quanto te amo, o quão especial és para mim. Ana, - ele levantou o meu rosto, olhando-me nos olhos. – és a mulher mais incrível que alguma vez eu podia conhecer. És linda, és criativa, tens um sorriso lindo, um feito mais especial ainda. Tens tudo aquilo que um homem podia pedir na vida.

– Nuno, eu…

– Pera, deixa-me terminar. Eu não sou um homem perfeito, tenho muitos defeitos. Mas se há coisa que não me arrependo foi ter-te conhecido. Se pudesse voltar atrás faria tudo de novo! A minha vida não seria nada sem ti, nada! – ele começou a derramar algumas lágrimas enquanto tentava sorrir. – Vivemos momentos inesquecíveis que nunca vamos esquecer. Mas eu quero que sigas a tua vida.

– O quê? Não! Não! Tu ainda… eu posso chamar um médico! Tu não vais… Nuno, tu não me podes deixar!

– Eu sei… - ele beijou-me de forma terna voltando a abraçar-me. – Eu também não quero ir a lado nenhum, mas não acho que temos escolha.

– Por favor, não me deixes… Eu não sou capaz…

– Tens de ser forte! – levantou o meu rosto coberto em lágrimas que simplesmente não paravam. – Tens de fugir daqui, tens de correr, correr, sem parar. TU tens de conseguir ser feliz, mesmo que eu já não esteja aqui. Eu quero que vivas!

– Sem ti? Não me peças o impossível seu tolo!

– Pois, eu sei que parece difícil agora, mas tens de conseguir seguir em frente.

Consegui ouvir alguns passos pela casa. Mais pessoas tinham entrado na casa e de certeza que estavam armados.

– Não. Vem, tenta-te levantar, eu ajudo-te.

– Não consigo Ana. Os meus pés…

– NÃO ME INTERESSA! – gritei desesperada. – Eu não vou embora sem ti! Não vou! Por isso é bom que me deixes ajudar-te!

Ele segurou ternamente no meu rosto.

– Ana, obrigado por não desistires de mim até ao final. – encostou a testa dele à minha, beijando-a de seguida.

– Não... não me deixes… por favor…

– Ana, mesmo que agora nos separem, eu te prometo: eu vou-te encontrar novamente! Pode ser noutra vida daqui a 100 anos, mas eu não vou descansar enquanto não te encontrar novamente e aí, eu vou-te fazer feliz! Ninguém nos vai poder separar, mas agora, tens de ser forte! Eu não sinto o meu corpo, não sou capaz de me levantar. Já mal te consigo ver e eu preciso de te ver, só mais um bocadinho. Por isso, olha para mim.

Olhei para ele.

– Beija-me meu amor. Quero que me beijes e depois de … adormecer, quero que corras! Corre o mais rápido que conseguires! Nunca desistas! Promete-me que vais correr!

– E-eu …

– Ana! Promete-me!

– E-eu prometo. Amo-te Nuno! Amo-te tanto!

– Eu também meu amor, eu também!

Beijamo-nos profundamente. A dor era demasiada. O desespero de perder o verdadeiro amor … De o ver desaparecer mesmo à frente dos nossos olhos… Que dor insuportável! Continuei a beijá-lo, mesmo quando já não sentia os seus lábios moverem-se. Continuei a beijá-lo mesmo depois de a mão que segurava o meu rosto cair. Continuei a beijá-lo mesmo depois de todo o seu corpo se parar de mover, tornando-se pesado, sem vida. Continuei a beijá-lo mesmo depois de saber que ele já não estava ali, junto de mim. Quando já não aguentei mais, gritei, gritei o mais alto que consegui, segurando o corpo dele junto ao meu.

Ouvi que alguém tentava abrir uma das portas da cozinha. Tinha de fugir mas …

“Corre, tu prometes-te!”

Nuno? Eu … podia estar a ficar doida, mas …

Sim, eu prometi. Eu ... sim, vou correr em direção à minha liberdade.

Segurei no que restava do vestido de noiva ensanguentado e comecei a sair pela porta dos fundos e corri, corri sem parar. Corri em direção à falécia. Só parei quando alcancei o topo. Aproximei-me da beira da falésia e olhei o horizonte. O dia já tinha começado. Mas neste dia, o Nuno já não estava junto de mim. Nunca mais poderia ver o sorriso dele pela manhã, nem discutir com ele. Nunca mais poderia estar nos braços dele. Porque haveria de querer um dia assim?

– Ana! Ana!

Olhei para trás. O meu pai estava a alguns metros de mim.

– Ana! Não cometas nenhuma loucura! Não queiras acabar como a tua mãe, desce já dai!

– Como a minha mãe? - Virei-me para ele. – Acabar como a minha mãe? O que lhe fizeste?

– Eu? Nada. Ela apenas escolheu o futuro dela ao ajudar-te a cometer esta loucura. Não podia admitir que ela me desafia-se desta maneira!

– O que lhe fizeste? – gritei.

– Digamos que ouve um pequeno incêndio ao qual ela não conseguiu escapar depois de chorar pela sua filha desaparecida.

– O quê?

– O desespero pode fazer qualquer um cometer loucuras. Tu não tens de fazer nada a não ser voltar para trás. Vem para casa. Amanhã falamos com as pessoas que estavam na igreja e …

– Não pai! – interrompi-o. – Eu não vou voltar atrás! Como podes-te! A minha mãe… ela apenas queria o melhor para mim! Porque … porque tinhas de a fazer sofrer até ao fim? Fui eu que quis fugir! Ela apenas me ajudou a lutar pela minha verdadeira felicidade! Algo que TU devias compreender!

– Nunca! Eu prefiro ter-te morta a viver com um homem qualquer!

– Não é um homem qualquer! Não era … Ele É o homem dos meus sonhos! E tu conseguiste destruir todos os meus sonhos, todas as minhas esperanças! Dizes que me preferias ver morta… pois, eu também prefiro morrer a viver num mundo onde todas as pessoas que eu amo já não existem!

– Ana! Não!

Ele tentou alcançar-me, mas já era tarde de mais, eu num impulso saltei da falécia sem olhar para trás.

Por vezes a vida não é o que queríamos.

Por vezes, um simples desejo torna-se uma missão impossível.

Por vezes, um simples sorriso torna-se apenas um doce sonho que vai desvanecendo com o tempo.

Por vezes, o desejo de lutar desaparece quando mais precisamos dele.

Sim, muitas vezes, lutar não nos leva a lugar nenhum. Tentar perseguir um sonho apenas nos vai magoar.

Por vezes, o melhor que temos a fazer é desistir e procurar um refúgio onde a dor não nos alcance.

É o que eu quero… desparecer. Quem diria que um simples amor podia trazer tanta dor, tanto desespero, tanta mágoa, tanta saudade.

Não sei se apenas fiquei louca, mas … Vestindo o meu vestido de noiva de um casamento que nunca desejei, com um homem que nunca amei e com sangue do meu verdadeiro amor, posso jurar que no fundo da falécia, eu vi o Nuno. Ele estava à minha espera, com um grande sorriso nos lábios e com os braços abertos, como que a dizer: vamos ser felizes!


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Notas finais do capítulo

Prontos, esta história chegou ao fim. Espero que tenham gostado :) Digam-me o que acharam nos cometários :3



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